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Portos ao redor do mundo começam a fazer triagem de tripulantes para o mpox

Nos portos ao redor do mundo, os marinheiros estão sendo triados para mpox após a detecção de uma nova cepa mais transmissível do vírus na África.

Portos em Singapura, Índia, Bangladesh, China e Uruguai estão entre os que implementaram verificações de saúde para qualquer navio que tenha viajado recentemente da África.

Toda a tripulação de um navio foi colocada em quarentena na semana passada na Argentina devido ao temor de que lesões cutâneas encontradas em um marinheiro fossem uma cepa de mpox, algo que, após os exames de saúde, foi posteriormente identificado como catapora.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o mpox como uma emergência de saúde pública global pela segunda vez em dois anos, à medida que uma nova variante do vírus se espalhou rapidamente na África.

O mpox, uma infecção viral que causa lesões com pus e sintomas semelhantes aos da gripe, geralmente é leve, mas pode ser fatal. A variedade clade 1b do mpox gerou preocupação global porque parece se espalhar mais facilmente por meio de contato por proximidade.

Fonte: Splash247
Ports around the world start screening crews for mpox – Splash247

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Cresce interesse estrangeiro e setor portuário prepara nova fase de fusões e aquisições

Bastante aquecido, o setor portuário brasileiro caminha para nova onda de fusões e aquisições (M&A, na sigla e inglês), à medida que cresce o interesse de investidores estrangeiros pelos ativos. As operações na mesa de negociação somam ao menos R$ 7 bilhões, considerando apenas a participação dos controladores nas empresas de capital aberto à venda. O interesse, segundo fontes envolvidas nessas transações, tem sido pela correlação dos portos com o agronegócio e com o setor de óleo e gás, além de grandes operadores globais em busca de consolidação.

No momento, ao menos quatro ativos estão à venda, segundo fontes: Wilson Sons, CLI (Corredor Logística e Infraestrutura), Porto Sudeste e Santos Brasil. “Estamos observando movimentação das operadoras globais”, disse uma fonte, que pediu anonimato. Segundo ela, os armadores estão se posicionando em busca de consolidação e no Brasil o olhar tem sido pela região Sudeste. O jogo, segundo a fonte, está nas mãos desses grandes operadores, que direcionam os fluxos globais de produtos.

O primeiro negócio que deve sair, segundo interlocutores, deverá ser a venda do controle do Wilson Sons ao fundo de infraestrutura americano I Squared, segundo fontes. A venda da fatia da Ocean Wilsons na Wilson Sons é um processo antigo no mercado, mas aqueceu apenas recentemente. A companhia vale R$ 7,3 bilhões na bolsa, segundo dados do Valor Data, com base no fechamento de 22 de agosto. A controladora detém fatia de 56,5%.

Em 2011 o ativo chegou a ser oferecido, mas a operação não deslanchou. Na época, o principal desafio foi a precificação, além da dificuldade de achar um grupo interessado em todos os ativos da companhia, que opera terminais de contêineres bem-sucedidos, mas relativamente pequenos, além de serviços de rebocadores, ativos offshore e centros logístico. No processo, o BTG Pactual trabalha para os vendedores. O Bank of America e Santander atuam para a I Squared, de acordo com fontes.

A gestora, que tem cerca de US$ 40 bilhões de ativos de infraestrutura sob sua gestão em todo o mundo, abriu escritório no Brasil em meados de 2023 e desde então já anunciou a compra de 49% da empresa de geração distribuída Órigo Energia.

Outro processo que está na rua, apurou o Valor, é o da CLI. Os atuais controladores, a australiana Macquarie Asset Management e a gestora IG4 Capital, engajaram o Citi no processo de venda, disseram fontes na condição de anonimato.

Uma pessoa a par do tema afirma que o processo está em fase de estudo preliminar e que não há conversas com potenciais interessados, que ainda não foram identificados. A saída da IG4 é apontada como natural, dado que a gestora de private equity (que compra participação em empresas) entrou no ativo no fim de 2020. Já o Macquarie, que comprou uma fatia da empresa em 2022 e tem uma visão de mais longo prazo, não necessariamente sairia do negócio, dizem fontes. A CLI opera terminais de grãos no Porto de Itaqui (MA) e em Santos (SP) – estes últimos, em sociedade com a Rumo, que tem 20%.

O Mubadala também busca um comprador para o Porto Sudeste, conforme fontes. O UBS BB e Goldman Sachs foram mandatados para assessorar a transação, disseram interlocutores.

“Esse tipo de atividade no Brasil vai continuar ativo e a maioria dos portos tem exposição a commodities, seja grão, seja líquidos (petróleo), que segue aquecido”, disse uma das fontes consultadas pelo Valor. Segundo essa fonte, o setor vai demandar muito investimento, levando a mais crescimento, algo que tem atraído o interesse global. Além dos grandes fundos de infraestrutura, o setor também tem sido olhado de perto por tradings. O fato das receitas dos portos estarem, mesmo que indiretamente, ligadas ao dólar, também tem ajudado a ampliar o interesse pelos ativos aos olhos dos estrangeiros.

Segundo uma fonte, o interesse chinês tem chamado a atenção, incluindo a da gigante China Merchants Port.

Outro ativo portuário que pode ser alvo de aquisição é a Santos Brasil, que opera terminais de contêineres e, mais recentemente, granéis líquidos. Trata-se de um investimento já bastante maduro do Opportunity, principal controlador da empresa. Nos últimos anos, têm sido apontados como principais interessados a Maersk e a MSC, grupos de navegação que já operam terminais de contêineres em Santos e querem expandir sua atuação no porto, mas fontes dizem que neste momento não há nada em curso.

A percepção é que nos últimos meses o preço da empresa vinha alto demais para a negociação, em meio à movimentação aquecida e às filas em Santos. Porém, o cenário pode mudar caso avance o projeto de um novo terminal de contêineres em Santos, o chamado STS10. Após declaração do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, de que a licitação poderá ser feita em 2025, as ações da Santos Brasil despencaram 8,9% na quinta-feira (22), e encerraram o pregão a R$ 12,62.

De todo modo, no momento o processo está morno, segundo fontes. Além disso, a discussão sobre o STS10 ainda depende de uma série de decisões, e pode haver fatores positivos para a empresa, como a possível ampliação do terminal, que também está na agenda do governo.

O porto de Itapoá é outro ativo sobre o qual, segundo fontes, existe expectativa para uma operação futura de M&A. O porto tem como controlador a Portinvest, veículo formado pelo grupo Battistella e pela gestora BRZ. A Maersk é sócia minoritária com 30% da companhia. Pessoas próximas ao grupo, porém, negam o interesse em vender o ativo. Uma delas afirma que hoje a empresa está em fase de expansão e não seria o momento de saída para os atuais sócios.

Rafael Schwind, do escritório Justen Pereira, lembra que não é novidade o interesse de estrangeiros no setor portuário no Brasil, algo que já vem sendo notado na última década. “E hoje estamos vendo mais uma vez esse interesse, seja em leilões, seja na aquisição de controle”, afirma. Schwind frisa também que investidores estrangeiros ainda são pouco presentes nesse setor e que, com isso, há espaço para uma participação maior.

Especialista do setor portuário, Casemiro Tercio, da 4 Infra, aponta que o interesse do estrangeiro também ocorre por grupos, do agro por exemplo, que buscam a verticalização. “A verticalização do agro elimina custos de transação”, lembra. Do lado de investidores financeiros, como fundos, o olhar se volta, segundo ele, para ativos maduros. Já no segmento de contêineres, explica, o interesse se trata de um movimento de defesa. “Essas empresas olham os ativos para proteger seus negócios, que é a navegação”, diz.

Marcos Pinto, sócio-diretor da A&M Infra, também afirma que grupos de navegação devem buscar cada vez mais investimento em terminais, principalmente com a vinda de navios de grande porte ao país.

Procurados, Wilson Sons, I Squared, IG4, Macquarie, Mubadala, Opportunity, BRZ e China Merchants não comentaram.

Fonte: Valor Econômico
Cresce interesse estrangeiro e setor portuário prepara nova fase de fusões e aquisições | Empresas | Valor Econômico (globo.com) 

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Brasil envia delegação oficial ao porto de Montevidéu

No dia 15 de agosto, uma importante delegação de autoridades e empresários brasileiros em missão comercial ao Uruguai foi recepcionada no Edifício Sede da ANP, liderada pelo Secretário Nacional de Hidrovias do Ministério dos Portos e Aeroportos do Brasil, Dino Antunes Dias Batista.

A comitiva foi integrada pelo embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles; o diretor-superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas; o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger; o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Eduardo Nery; o diretor da ANTAQ, Alber Vasconcelos; o CEO do Grupo Brasil Export, Fabricio Guimaraes Juliao; o diretor-geral da Rede BE News, Leopoldo Figueiredo; e a presidenta do Conselho Feminino do Brasil Export, Gilmara Temóteo.

Pela ANP, participaram o vice-presidente da ANP, Daniel Loureiro; a diretora vocal, Alejandra Koch; a gerente-geral, Susana Pierri; o subgerente-geral, Horacio Lannes; a gerente da Área de Comercialização, Ana Rey; o gerente da Área de Operações e Serviços, Gerardo Adippe; a subgerente da Área de Comercialização, Elisa Kuster; e a chefe da Divisão Secretaria.

Daniel Loureiro deu as boas-vindas aos visitantes, afirmando que é uma decisão de Uruguai que a infraestrutura portuária do país sirva para complementar e oferecer serviços a todas as nações vizinhas. Ele lembrou que a ANP já possui excelentes relações comerciais com os estados de Mato Grosso e Rio Grande do Sul, especialmente para o transbordo do minério de ferro que chega ao Rio da Prata vindo de Corumbá. Também mencionou as boas perspectivas comerciais e até turísticas que a interconexão com o estado do Rio Grande do Sul, através da lagoa Merín, terá no futuro.

Dino Antunes expressou sua gratidão pela oportunidade de conhecer de perto a logística portuária que transporta o minério de ferro de Corumbá. Ele explicou que o Brasil está disposto a avançar na integração comercial com o Uruguai e, por isso, mais de 60 pessoas, entre autoridades governamentais, executivos de associações empresariais e diretores de empresas de diversos setores, fazem parte da delegação. Também agradeceu o apoio recebido do embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles.

O CEO do Grupo Brasil Export, Fabricio Guimaraes Juliao, também agradeceu ao embaixador uruguaio por ter liderado desde o início este movimento de integração, que envolve um debate permanente entre os múltiplos atores públicos e privados envolvidos. Comentou que no Brasil estão cientes de que possuem canais navegáveis, que não equivalem a hidrovias, e por isso acreditam ser necessária a criação de uma política de hidrovias, fundamental para a relação Brasil-Uruguai.

Fonte ANP- Uruguai
Visita oficial de delegación del gobierno brasileño al puerto de Montevideo | ANP

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Porto de Itajaí pede R$ 25 milhões à Portonave para pagar dívida de dragagem

Há quase 14 dias a dragagem no canal de acesso ao Complexo Portuário do Itajaí-Açu, no Litoral Norte de Santa Catarina, que dá acesso ao Porto de Itajaí, está sem manutenção, por conta da suspensão da empresa holandesa Van Oords, que faz o serviço

A suspensão das atividades se dá por conta de uma dívida de R$ 35 milhões, para que os serviços sejam reestabelecidos, o Porto de Itajaí solicitou R$ 25 milhões à Portonave, em Navegantes.

Fábio da Veiga, superintendente do Porto de Itajaí, chegou a participar de reuniões em Brasília (DF) na última segunda-feira (12), e em Itajaí na quarta-feira (14), mas não conseguiu a liberação do montante. A informação foi confirmada pela assessoria do terminal.

A reunião em Itajaí foi com a superintendência e a Portonave, no intuito de discutir a ajuda da empresa para o pagamento da dragagem, com o R$ 25 milhões de Navegantes, os outros R$ 10 milhões seriam pagos pela prefeitura de Itajaí.

Em contrapartida, a Portonave receberia o valor aportado a partir de junho de 2025, em 12 meses, como uma antecipação tarifária.

Ao ND Mais, a Portonave informou que ainda não foi decidido se haverá esse empréstimo ao Porto de Itajaí e o terminal está em tratativas preliminares no sentido de contribuir com uma solução para a continuidade do serviço de dragagem.

“Essa solução não necessariamente é financeira e qualquer divulgação realizada de forma precipitada pode atrapalhar a condução da análise pela alta gestão da companhia”, traz a nota da Portonave.

Já em contato com a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), foi informado que o pedido é iniciativa exclusiva do Porto de Itajaí com a sua contratada para o serviço da dragagem.

“Sabe-se que o Porto pediu ajuda financeira ao Ministério dos Portos e a quem mais pudesse colaborar. A Antaq não participou dessas tratativas. Sabemos que houve reuniões e o Porto propôs valores que entende necessários para retomar o adimplemento do contrato”, traz a nota da agência.

O gráfico abaixo compara as exportações e importações de contêineres no Porto de Itajaí entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022, período em que as operações de contêineres começaram a diminuir no porto. Os dados são do DataLiner.

Fonte: Dataliner

Porto de Itajaí está na dependência do Governo Federal

A Autoridade Portuária de Itajaí aguarda repasse de R$ 50 milhões por parte do Governo Federal para pagar a dívida, que ainda não teria sido feito em razão do período eleitoral.

Além da segurança às embarcações maiores que transitam pelo Complexo Portuário, a operação é de extrema importância para recuperar a profundidade do canal em até 14 metros. Essa medida ainda possibilita que a grande vazão das águas das chuvas que descem do Vale do Itajaí possam se dissipar com maior facilidade.

De acordo com a assessoria do porto, a draga de sucção está em manutenção, motivo pelo qual a dragagem estaria parada. O ND Mais tentou contato com a Van Oords, que não retornou até a publicação desta matéria.

Ao portal, a assessoria da Antaq informou que não foi comunicada pela empresa sobre a paralisação dos serviços, e disse que “realiza, neste momento, a devida fiscalização para assegurar o cumprimento integral do contrato, garantindo que todas as cláusulas sejam rigorosamente observadas”.

Fonte: ND Mais
Porto de Itajaí pede R$ 25 milhões à Portonave para dívida (ndmais.com.br)

 

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Como é a operação de novo terminal em polo portuário em Santa Catarina

Em operação, o Terminal Gás Sul é mais um investimento de grande porte no complexo portuário da baía da Babitonga, onde estão instalados portos público e privados em São Francisco do Sul e Itapoá, além de outros terminais em fase de construção ou licenciamento. O investimento nas estruturas para regaseificação foi de R$ 500 milhões, em empreendimento da New Fortress Energy (NFE), multinacional com sede nos Estados Unidos. O terminal vem funcionado desde o primeiro semestre após liberações e, com nova autorização pela Agência Nacional de Petróleo, consolida a operação.

O processo de regaseificação começa com a trazida de gás natural liquefeito (GNL) por meio de navios, chamados de metaneiros. O GNL é extraído no Brasil ou mesmo em outros países do mundo, o que garante a maior oferta do combustível, sem dependência, por exemplo, de um só fornecedor. O gás é levado pelo metaneiro para uma plataforma flutuante, denominada unidade de armazenamento e regaseificação (FSRU, na sigla em inglês).

A plataforma está instalada no mar, na região do Sumidouro, na entrada da Babitonga, a 300 metros da costa. O GNL é regaisificado na unidade e levado por gasoduto submarino até estação de transferência, em Itapoá. Dali, é enviado para o Gasbol, o gasoduto Brasil-Bolívia, já em Garuva, por onde é distribuído para o consumo. A tubulação de conexão entre a unidade marítima tem 33 km de extensão. A autorização é para a regaseificação de até 15 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

Os motivos para a escolha do local são semelhantes aos alegados em outros empreendimentos portuários na Babitonga, como maior profundidade natural e sem efeitos climáticos adversos. O diretor comercial da NFE, Edson Real, aponta o local como “ideal”. Também há outros motivos, como a capacidade de fornecimento de gás às regiões Sul e Sudeste, proporcionada pelo local de ligação com o Gasbol, e o compartilhamento da faixa de domínio de oleoduto da Petrobras, o que evita desapropriações e corte de vegetação.

Fonte: NSC Total
Como é a operação de novo terminal em polo portuário no Norte de SC – NSC Total

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Acordo entre APS e PRF trará maior segurança ao fluxo de caminhões com destino ao Porto de Santos

A Autoridade Portuária de Santos (APS) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciaram uma ação conjunta visando o rastreamento e segurança no fluxo de caminhões que se dirigem ao Porto de Santos. Trata-se de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado no dia 24 de julho passado, com o objetivo de compartilhar informações e sistemas, que contribuirão para a produção do conhecimento de inteligência e o planejamento de ações visando a mobilidade, combate à violência no trânsito e enfrentamento à criminalidade, além de proporcionar o rastreamento dos caminhões com destino ao complexo portuário de Santos, desde sua origem.

“Esta parceria é mais um avanço nas ações da APS no sentido de disciplinar e trazer mais eficiência e segurança no trabalho dos valorosos caminhoneiros que atuam no Porto de Santos “, afirmou o presidente da APS, Anderson Pomini.

O ACT possibilitará, também, a realização de vistorias e treinamentos em conjunto, quando necessário.

Acordo entre APS e PRF trará maior segurança ao fluxo de caminhões com destino ao Porto de Santos – DatamarNews

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Capacidade de contêineres dos portos de SC vai superar Santos em 3 anos

Investimentos privados ampliam capacidade, mas deficiência na infraestrutura rodoviária é gargalo para movimentação efetiva, diz Antaq

O estado de Santa Catarina vai superar a capacidade de movimentação de contêineres de Santos em cerca de 3 anos, graças ao investimento que Portonave e Porto Itapoá estão fazendo para ampliar suas instalações. O complexo portuário paulista tem capacidade de movimentação de 5,3 milhões de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano. A estimativa foi apresentada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em reunião na Federação das Indústrias de SC (FIESC) no dia 22. Na avaliação do gerente regional substituto da Antaq, Lucas Sampaio Ataliba, com a maturação da operação do Porto de Itajaí após a nova concessão, em cerca de 5 anos, a expectativa é que a capacidade de movimentação de contêineres por portos catarinenses chegue a 6,5 milhões de TEUs por ano.

A perspectiva, embora positiva, traz importantes alertas para os empresários brasileiros que fazem comércio com o exterior e desafios relevantes para o setor público. Isso porque esse aumento de capacidade, para ser efetivamente convertido em movimentação de cargas, vai representar também a necessidade de ampliação e capacidade de transporte rodoviário. “A infraestrutura rodoviária em SC já é um gargalo e o aumento no volume de cargas vai piorar a situação que já é crítica nos acessos aos portos. A iniciativa privada foi forçada pelo mercado a fazer investimentos para atender a demanda, mas o setor público precisa acompanhar”, afirmou Ataliba.

O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, corrobora essa avaliação. “Santa Catarina precisa pensar em alternativas para a BR 101. A rodovia está chegando ao seu limite e em alguns trechos já funciona como uma via urbana. Além da expectativa de aumento do tráfego de caminhões para atender a demanda do comércio exterior, temos de levar em conta o crescimento populacional e do turismo no nosso litoral, que pressionam o principal corredor logístico catarinense”, destacou.

Durante os quatro primeiros meses de 2024, foram 221.525 acessos de caminhões na Portonave, um aumento de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. Por dia, cerca de 2,1 mil caminhões acessam a estrutura, porém, já houve picos de mais de 3 mil caminhões. A entrada de acesso de caminhões no Porto Itapoá registrou 47.073 movimentos em maio, superando o recorde anterior de abril de 2024, com 45.827 caminhões.

Outros desafios
A infraestrutura rodoviária não é o único desafio para o crescimento das operações nos portos. A oferta de serviços retroportuários também preocupa e limita a competitividade dos portos catarinenses. De acordo com a Antaq, a capacidade estática estimada dos depósitos em SC (para armazenagem de contêineres vazios, por exemplo) não supera 100 mil TEUs/mês, num mercado de mais de 200 mil TEUs/mês e aproximadamente 2,5 milhões TEUs/ano.

“A FIESC é testemunha das dificuldades que os exportadores e importadores enfrentam, tendo recebido inúmeras reclamações das indústrias, prejudicadas pelas despesas de demurrage (tempo de estadia do contêiner por prazo maior do que o acordado) ou da falta de janelas de atracação nos portos. O prejuízo é imenso, não só pelo aumento dessas despesas, mas também com a perda de confiabilidade e da reputação das empresas, que não conseguem cumprir seus prazos e contratos”, explica o presidente da Câmara de Transporte e Logística da FIESC, Egídio Martorano.

Ao final de 2023, houve sério problema no acúmulo de contêineres vazios nos nos terminais de armazenagem (depots) com a entrada de devolução de importações e a falta de saída para a exportação, devido a paralisação do terminal de Navegantes pelo fechamento do canal de acesso. Durante os últimos 3 meses do ano, a abertura de janelas superaram, muitas vezes, os 20/30 dias, acarretando demurrage aos importadores, pela impossibilidade de devolver os contêineres aos armadores.

Investimentos
Reconhecendo o potencial de Santa Catarina e a demanda reprimida para a movimentação de contêineres, os terminais portuários catarinenses estão investindo. Na Portonave, são R$ 1 bilhão em recursos para adequar o cais para receber navios maiores, de até 400m. Contudo, para a realização da obra, um dos berços de atracação está fechado desde janeiro, e a previsão é de que a adequação – a ser realizada em duas etapas – esteja finalizada no primeiro semestre de 2026.

Mesmo com o fechamento de um dos berços, a movimentação de cargas (TEUs) recuou apenas 9,43% no acumulado do ano até maio no terminal de Navegantes. O desempenho ainda foi prejudicado pelo fechamento do canal de acesso por alguns dias durante o período. “Mesmo com a paralisação parcial, é uma capacidade de operação que impressiona, é o estado da arte em movimentação de contêineres, entre as melhores do mundo”, destaca Ataliba.

No Porto Itapoá, a expectativa é investir R$ 2 bilhões para ampliar a capacidade nos próximos anos. Recentemente o terminal inaugurou a fase III de expansão, com mais 200 mil m² de pátio e um armazém de 8 mil m². Com essa ampliação, o Porto Itapoá passou a operar um dos maiores pátios de contêineres do Brasil, com capacidade de movimentar até 2 milhões de TEUs. A empresa e o governo do estado também propuseram uma parceria para viabilizar o projeto de dragagem do canal de acesso à Baía da Babitonga – que movimenta mais de 60% das cargas portuárias do Estado de Santa Catarina.

Já a autoridade portuária de Imbituba tem R$ 95 milhões previstos em investimentos na infraestrutura do porto para a recuperação, reforço e ampliação do Cais 3, que permitirá o recebimento de navios maiores, passando de 200 metros, para cerca de 270 metros, além da instalação de equipamentos mais modernos de movimentação de cargas. A movimentação de contêineres em Imbituba está em ascensão e no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024 somou 40.412 mil TEUs, um aumento de 59,33% frente a igual período do ano anterior. As restrições operacionais dos demais terminais catarinenses têm colocado Imbituba no radar dos armadores e empresários, na avaliação da Antaq.

Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC
Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas

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Paulo Bornhausen assumiu a Secretaria de Articulação Internacional nesta quinta-feira

O ex-deputado federal terá também a missão de captar mais investimentos para o Estado

Terminou o suspense e o ex-deputado estadual Paulo Bornhausen (PSD) será empossado secretário de Articulação Internacional e Projetos Especiais do governo Jorginho Mello, nesta quinta-feira (4), pela manhã, na Casa d’Agronômica. O assunto era especulado há duas semanas, desde que se confirmou a exoneração do então titular da pasta, Juliano Froehner.

A pasta ganha uma característica a mais com a ampliação para projetos especiais. Bornhausen avaliava a entrada no governo Jorginho Mello e agora fala que aceitou o desafio de “corpo e alma”. Agora, terá como missão captar mais investimentos e buscar ações estratégicas de desenvolvimento.

O governador fez o dever de casa, arrumou o governo e parte para cuidar do futuro de Santa Catarina com muita garra. E isso passa por captar mais investimentos e ações estratégicas de desenvolvimento. Aceitei o desafio de corpo e alma.

Paulo Bornhausen

O ex-deputado é filiado ao PSD, que, desde que o deputado federal Ricardo Guidi, hoje no PL, assumiu a Secretaria de Meio Ambiente e Economia Verde, declara que não faz parte da administração de Jorginho Mello. Nesta quarta-feira (3), o partido repetiu o comportamento e emitiu uma nota, assinada pelo presidente estadual da sigla:

Currículo passa pela a atração de investimentos internacionais

O ex-deputado federal chegou a afirmar que estava “pensando e pensando” sobre a possibilidade de assumir uma função no primeiro escalão do governo Jorginho Mello (PL). Não tratava o assunto como um mero convite, mas como uma construção, com um propósito e que precisa ser afinada na administração estadual. E sobre um eventual convite oficial, vindo do governador, disparou: “Te diria que são boatos, porém simpáticos!”.

Paulo Bornhausen é reconhecido como um construtor de partidos, fez isso com o DEM, a refundação do PFL, e depois com o PSB na era do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, falecido em 2014, em plena campanha presidencial. Ele já foi secretário de Estado, de Desenvolvimento Econômico, no governo Raimundo Colombo (PSD), e teve participação efetiva na implantação da BMW em Santa Catarina, além de enxotar um drama para os brasileiros: a Contribuição Permanente sobre Movimentação Financeira, a CPMF, quando foi deputado federal (exerceu três mandatos na Câmara e um como estadual).

Saiba mais em SCC
Paulo Bornhausen assumirá a Articulação Internacional (scc10.com.br)

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Faltam navios e frete marítimo deve subir 10% até a virada do ano Bruno Cirillo

Exportar soja e milho deve ficar ainda mais caro até o final de 2024. Isso porque os preços do frete marítimo estão pressionados no mundo inteiro, com mercados de EUA e China em destaque nesse movimento, mas que não deixam de fora o Brasil. Na economia norte-americana, apesar dos juros em alta, o consumo segue firme, demandando por mais importações.

Nos portos chineses, o fluxo marítimo sofre reflexos dos conflitos no Mar Vermelho, que atrasam as entregas desde outubro do ano passado. O aumento esperado é de até 10% no transporte marítimo até dezembro, “sendo que os custos deverão ser muito inconstantes até agosto”, prevê Mario Veraldo, CEO da mexicana MTM Logix, startup especializada em digitalizar cadeias de suprimentos globais, sediada na Cidade do México.

00Falta de navios nos portos atrapalha fluxo global de commdoditiesNa economia norte-americana, com uma forte presença no agro global, o FED (Federal Reserve, banco central dos EUA) manteve em sua última reunião, no 1º de maio, as taxas de juros mais elevadas desde 2001, entre 5,25% e 5,50% ao ano, país historicamente acostumado a taxas irrisórias. No entanto, a cobrança maior pela circulação do dinheiro não impediu que o nível de compras dos norte-americanos, que são o maior mercado consumidor do planeta, ficasse inalterado ou até mesmo maior.

Um exemplo foram as vendas da Black Friday em 2023, que atingiram um recorde de US$ 9,8 bilhões (R$ 48,6 bilhões), 7,5% acima do registrado no ano anterior, de acordo com o Adobe Analytics. É a necessidade de reposição dos estoques que mantém a pressão sobre o frete marítimo.

No caso do mercado chinês, ele concentra o maior volume global de exportação – somando todos os setores da economia –, com US$ 2,6 trilhões (R$ 13 trilhões) em 2023. E também é um grande importador. No caso do Brasil, o país tem a China como seu maior parceiro comercial, sendo o principal importador do agro brasileiro (US$ 165 bilhões ou R$ 650 bilhões).

Quando os fluxos comerciais são afetados no “dragão asiático”, o custo do frete de modo geral é alavancado no mundo todo. O exemplo atual é o caso do conflito no Mar Vermelho e no Canal de Suez (rotas comerciais dos chineses à Europa), onde navios são atacados pelo movimento Houthis, do Iêmen, apoiado pelo Irã e em retaliação à invasão da Faixa de Gaza, por Israel, contra os palestinos. O conflito naval adicionou, em média, de 10 a 15 dias no prazo dos fretes comerciais.

Além dos fatores macro-econômico e geopolítico, certa desorganização do setor de cargas e portuário leva a um funil, o que provoca escassez de recursos logísticos. “Não há contêineres suficientes, forçando o aumento das tarifas dos equipamentos disponíveis para todos”, diz Veraldo.

O executivo lembra que o frete marítimo vem em uma tendência crescente desde a pandemia, em 2020, chegando no início de 2022 com um frete até 5,7 vezes mais caro do que antes da Covid. De acordo com o Ministério da Economia, o frete chegou a US$ 11,1 mil (R$ 55,5 mil) por contêiner de 40 pés em janeiro daquele ano, mas isso não pode ser levado em conta como faixa histórica. O período foi de absoluta exceção.

O que se viu com o retorno da normalidade, foram os preços históricos ficarem aquecidos novamente. Em janeiro deste ano houve um salto de 153% nos preços do frete, ante dezembro de 2023, diz a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). O contêiner de 40 pés saiu de US$ 1,3 mil (R$ 6,6 mil) para US$ 3,4 mil (R$ 17,2 mil) no período.

Forbes: O que mais explica esses atuais aumentos do frete?

Mario Veraldo: Isoladamente, as taxas de juros deveriam ter sido um impedimento para o aumento das tarifas de frete, pois deveriam desacelerar as economias por causa da redução do consumo. Entretanto, as altas taxas de juros não desaceleraram a economia dos EUA o suficiente, criando a necessidade de reposição de estoques bem antes da temporada de pico esperada.

Além disso, os 10 a 15 dias adicionados por causa da situação do Mar Vermelho, causou pressão nos trânsitos de 30% da frota global, especialmente na China. Não há contêineres suficientes, forçando o aumento das tarifas dos equipamentos disponíveis para todos. Isso, por sua vez, tem um efeito composto em vários negócios, com o México e o Brasil particularmente afetados, dada a sua dependência das importações chinesas.

F: Qual é o peso do frete marítimo, atualmente, na composição dos preços da soja e milho?

MV: Para uma viagem de 37 dias, de Santos à China, usando um navio com capacidade de 30 mil toneladas e uma taxa de fretamento diária de US$ 15 mil (R$ 76 mil), o que dá um custo total de US$ 555 mil (R$ 2,8 milhões) para o transporte.

Com o preço da soja a US$ 460 (R$ 2,3 mil) por tonelada, o custo total da soja no navio seria de US$ 13,8 mil (R$ 69,9 mil) nos 37 dias. Isso eleva o custo total geral, incluindo o frete, para US$ 14,3 mil (R$ 72,5 mil). O custo de transporte é 3,5% do custo da commodity.

F: No caso de Brasil e China, a falta de contêineres impacta em que medida as relações comerciais?

MV: Em vez de esperar uma semana por um contêiner cheio com carga, as companhias marítimas naturalmente vão empurrar os contêineres vazios o mais rapidamente possível para se beneficiarem do aumento das tarifas nas principais rotas. Para as importações da China agora se está pagando muito melhor do que há dois ou três meses.

Para o granel seco, usado no transporte de grãos, os preços também aumentaram, principalmente devido a tempos de trânsito mais longos, o que criou uma disponibilidade menor para os mesmos navios do que antes de dezembro de 2023. Os preços já subiram 60% em alguns negócios. Isso porque os preços dependem muito da disponibilidade de navios.

F: Esse aumento de 10% nos próximos meses deve impactar de algum modo as contas das empresas do setor agropecuário?

MV: Para os importadores, isso irá diretamente para o preço do produto, e a única compensação possível é a taxa de câmbio, ou seja, se o real se valorizar em 10% será possível compensar a variação. Para as exportações, segue-se um padrão semelhante, mas ao contrário.

O que é essencial notar é que o impacto não relacionado ao transporte marítimo é agora maior do que o relacionado diretamente, com a situação do Mar Vermelho, por exemplo, elevando os preços das commodities. Para as exportações, o aumento de preço compensará facilmente os aumentos das taxas de frete, mas para as importações, nem tanto.

F: De que modo isso pode ser observado pelas tradings e grandes produtores nos próximos meses?

MV: O aumento do custo decorre de problemas reais de disponibilidade de equipamentos. Portanto, o impacto deverá se dar sobre os atrasos nas exportações de algumas commodities, uma vez que elas precisam aguardar o retorno dos navios da China (o destino mais comum das exportações brasileiras).

Um dos pontos hoje, especialmente para as exportações de grãos, foram as tristes enchentes no Rio Grande do Sul, que podem afetar as colheitas e pressionar ainda mais os preços. Há, também, a necessidade de exportar a esses preços altos, forçando os preços de transporte ainda mais.

Saiba mais em Forbes:
Faltam navios e frete marítimo deve subir 10% até a virada do ano – Forbes (ampproject.org)

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SEM ESPAÇO NO PORTO DE SANTOS, CONTÊINERES MIGRAM PARA OUTROS ESTADOS

Há duas semanas, Danilo Veras, vice-presidente de Políticas Públicas e Regulação do grupo Maersk, a segunda maior empresa de navegação do mundo, afirmou numa audiência pública que o maior porto de contêineres do Brasil, o de Santos (SP), entrou em “colapso”.

A forte declaração foi negada pela APS (Autoridade Portuária de Santos), alegando que o porto vem quebrando recordes de movimentação. Mas os sinais que chegam de outros portos do país indicam que esse tipo de carga pode estar migrando da região que concentra o maior PIB do país, com forte concentração da indústria, e que é, por isso, a preferida para essa movimentação.

Na mesma semana da audiência pública, a Companhia Docas do Rio de Janeiro informou que pela primeira vez o Porto do Rio de Janeiro recebeu quatro grandes navios conteineiros ao mesmo tempo. Os terminais locais vinham enfrentando baixos índices de ocupação há alguns anos.

A ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) aprovou uma operação emergencial da Portocel, um terminal de carga geral no Espírito Santos, para receber cargas de contêineres por 90 dias, e já determinou que a empresa peça uma mudança definitiva para o novo perfil de carga.

Segundo apurou a Agência iNFRA, para conseguir exportar uma produção maior prevista para este ano, os produtores de algodão montaram uma nova logística que usará três portos do país, fugindo de Santos, onde em média navios estão esperando mais de 20 horas para aportar, tempo que dobrou em relação à média dos últimos anos.

O problema da falta de espaço para que a movimentação aconteça no porto paulista tem sido motivo de reclamação de outros setores, como o de exportação de café, e é apresentado pelas empresas de navegação como estrutural, devido aos atrasos nos investimentos previstos de ampliação dessa capacidade, o que tem elevado o preço da logística para todo o país, nessa avaliação.

A autoridade portuária local e parte dos operadores indicam que o problema é conjuntural, causado por uma série de fatores que reduziram a capacidade no porto e em outros terminais na região de influência, e que os investimentos já previstos nos próximos anos pelas atuais operadoras darão conta da demanda projetada.

O Porto de Santos é o maior da América do Sul. O gráfico abaixo ilustra as exportações e exportações de contêineres entre janeiro de 2021 e abril de 2024.

Exportação e Importação de Contêineres do Porto de Santos | Jan 2021 – Abril de 2024 | TEUs

Problemas em série desde 2022

Os fatos para indicar um problema conjuntural começam com o fim da operação do porto de Itajaí (SC) desde 2022. A unidade chegou a ser uma das maiores do país e está fechada desde que a APM Terminals, que pertence ao grupo Maersk, decidiu não seguir no contrato e o governo não conseguiu fazer a licitação a tempo para um novo operador.

Em frente a Itajaí, a TiL, operadora portuária do grupo MSC, maior operador de navios do mundo, opera o terminal privado de contêineres de Navegantes (Portonave), que entrou em obras no ano passado e, com isso, reduziu momentaneamente sua capacidade.

Em janeiro deste ano, o BTP, maior terminal de contêineres de Santos (SP) e que é uma sociedade entre APM Terminals e TiL, registrou um incidente com um navio, o que está impedindo a operação em um dos três berços de atracação.

Para completar o quadro, desde a tragédia no Rio Grande do Sul, em maio, o terminal de contêineres de Rio Grande (RS) também tem registrado dificuldades para a operação pelos problemas logísticos causados pelas enchentes para que os contêineres cheguem e saiam da unidade, especialmente por via terrestre.

Santos Brasil sem mudanças

Para Antonio Carlos Sepúlveda, CEO da Santos Brasil, são esses fatores conjunturais que podem estar levando a um estresse momentâneo em Santos. Só para o caso da BTP, Sepúlveda diz que o seu terminal teve que absorver cerca de 1/3 dos navios que seriam atendidos pelo terminal concorrente.

Esse fator é o que está levando ao aumento do tempo de espera dos navios em Santos, mas que segundo ele isso está restrito aos que aportam no terminal BTP, devido especificamente ao problema com o berço. Ele garante que não houve mudanças significativas no tempo de atracação para o Santos Brasil.

“Não sei que colapso é esse. Recebi o maior navio de contêineres que vem para essa região e ele chegou às 2h da manhã na barra e às 6h estava atracado aqui. Movimentamos 140 contêineres por hora e no outro dia ele foi embora às 7h45”, disse o CEO da companhia.

Sepúlveda lembra ainda que há outros fatores que não têm relação direta com a capacidade de movimentar contêineres nos terminais que impactam a operação, especialmente os problemas para contratar a mão de obra avulsa, o baixo calado operacional para grandes navios no canal de acesso em Santos e a falta de investimento nos acessos terrestres do porto.

“Ponto de Alerta”

O BTP confirma que o acidente levou a uma redução na capacidade de movimentação e que o conserto, causado pelo rompimento do cabo de uma embarcação atracada no berço 1 do terminal, deve estar concluído em julho, o que retomará as operações na unidade aos níveis de 2023.

Mas, em nota à Agência iNFRA, a empresa defende que as ampliações são necessárias. “Recentes estudos mostram que se você observar a curva de demanda em relação à capacidade operacional, que é a que deve ser olhada, já estamos em ponto de alerta no Porto de Santos e, até 2026, esse patamar crescerá a um nível insustentável”, informa a empresa, indicando os estudos que apontam níveis insatisfatórios quando a demanda alcança 70% da oferta.

A APS afirma que a capacidade atual de Santos está em 5,9 milhões de contêineres/ano (sem as restrições no BTP) e que a movimentação em 2022 foi de 5 milhões, e a de 2023, 4,8 milhões. É acima do preconizado internacionalmente para os terminais de contêineres.

Obras mais importantes não priorizadas

Julio Favarin, sócio fundador da Garin Partners, aponta que o melhor indicador de que a capacidade em Santos está aquém da demanda é o fato de que os preços cobrados pela Santos Brasil estão subindo fortemente há três anos, segundo relatórios de bancos e analistas da empresa, que tem capital aberto na bolsa, sem que isso reduza a movimentação da unidade.

Para ele, há de fato um problema conjuntural com a movimentação de contêineres, o que não afasta o problema estrutural da falta de capacidade em Santos, que impede o crescimento da demanda e faz com que a unidade perca a capacidade de ser o grande hub port, concentrando cargas de grandes navios que operam no exterior para redistribuí-las em navios menores pela costa atlântica da América do Sul.

Favarin avalia que a falta de capacidade para movimentar contêineres em Santos ainda pode perdurar por muitos anos, já que o principal e mais desenvolvido projeto de ampliação, o STS10, foi abandonado na atual gestão.

“Se fosse listar obras importantes para a economia do país, seria o aumento da capacidade de contêineres em Santos com o STS10 e o aprofundamento do canal de acesso do porto. Por algum motivo, isso não foi priorizado”, disse Favarin.

APS: capacidade equacionada até 2030

Em lugar desse grande terminal de contêineres, o STS10, no Saboó, a APS pretende fatiar a área em três para criar um terminal de passageiros, manter o atual terminal de carga geral e fazer uma ampliação do BTP. Ou outro grande terminal seria construído em outra região, a Vila dos Criadores, mas é uma ideia ainda conceitual, que demorará pelo menos uma década caso vingue.

A APS garante que, independentemente do novo grande terminal na Vila dos Criadores, os projetos de expansão dos atuais terminais de contêineres [BTP, Santos Brasil e DP World] previstos até 2026 já dariam conta da demanda estimada no Plano de Zoneamento do Porto de Santos para contêineres.

“Considerando o cenário atual, sem a implantação de novos terminais e sem adensamentos, a expectativa […] é que a capacidade atinja 7,5 milhões de TEUs até 2030, o que equacionará a capacidade do parque portuário frente à demanda projetada, no mínimo, até 2035”, informa a empresa.

A empresa diz ainda que, além das ampliações já previstas em contrato, o adensamento da área do BTP no Saboó e do Santos Brasil para a região da Prainha, que está em avaliação, poderia elevar a capacidade do porto para 9 milhões, o que suportaria a demanda até 2040.

Fonte: Agencia Infra

Sem espaço no porto de Santos, contêineres migram para outros estados – DatamarNews

 

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