Ambos adotaram tom pacífico em relação à China, e falam em ‘manter’ relações amistosas e estabelecer ‘pontes’ com asiáticos e norte-americanos
O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços , Geraldo Alckmin (PSB), e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) , Josué Gomes , deixaram claro o dilema que o País enfrenta em relação aos produtos chineses. Em entrevista ao programa Dois Pontos , vodcast do Estadão , eles reforçaram que o mundo está “endurecendo” nas relações com a China . Mas também destacaram a necessidade de ter pontes com asiáticos e norte-americanos.”O mundo está endurecendo com a China. O Brasil tem uma característica diferente porque somos um grande exportador de alimentos, e a China é o nosso maior importador de alimentos. O Brasil sempre teve um comércio internacional bem distribuído entre os diversos blocos econômicos do mundo. Vamos manter assim”, declarou Gomes.
No Brasil, diversos segmentos do setor industrial pressionam por aumento de impostos nas importações asiáticas. Um dos casos – sem previsão para decisão na Câmara de Comércio Exterior (Camex) – é o pedido é para antecipar imediatamente a retomada da cobrança de alíquota de 35% na importação de carros elétricos. Os Estados Unidos, por exemplo, taxaram em 100%. Outro apelo, já foi rejeitado, como antecipou a Coluna do Estadão : o aumento de 16% para 35% para pneus de ônibus e caminhão .
O vice-presidente da República recordou que a China é o maior parceiro comercial e que os Estados Unidos são os maiores investidores dos brasileiros. “Então, nós temos que ter pontes com os dois”, concluiu Alckmin. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2023, o comércio bilateral alcançou US$ 157 bilhões, um recorde histórico.
Já os norte-americanos foram o principal destino das exportações brasileiras no primeiro semestre de 2024. Segundo o Monitor do Comércio Brasil-EUA da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), divulgado em julho, o Brasil exportou um valor recorde de US$ 19,2 bilhões para os EUA nos primeiros seis meses do ano, o que marca um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado . O comércio bilateral entre Brasil e EUA totalizou US$ 38,7 bilhões no período, marcando um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior.
Em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia externado o desejo de construir uma “parceira estratégica de muitos anos” com o mandatário chinês , Xi Jinping . O líder da China virá ao Brasil nos dias 18 e 19 de novembro para participar da Cúpula de Líderes doG-20, no Rio de Janeiro.
A mais de 30 portos — incluindo 5 dos 10 mais movimentados da América do Norte — podem ficar sem nenhum tipo de operação portuária nos próximos dias.
Isso porque os principais sindicatos de estivadores e trabalhadores portuários dos EUA estão ameaçando entrar em greve, caso um novo contrato com as empresas de transporte não seja assinado.
O acordo termina na semana que vem e, para a renovação, os pontos de discórdia são um aumento no pagamento dos trabalhadores e o cancelamento de planos para automatizar as operações com contentores.
Se as partes não chegarem a um entendimento, 45 mil estivadores garantiram que vão parar de trabalhar — o que, basicamente, afectaria toda a cadeia de transporte marítimo da Costa Leste dos EUA.
A paralisação pode causar 5 bilhões de dólares em prejuízos todos os dias ao fazer com que produtos que têm como destino os mais diferentes cantos do mundo fiquem parados.
O atraso nas docas pode chegar a impactar 60% de todos os embarques dos EUA, podendo impactar na inflação do país.
O Governo Biden pensa em desviar as cargas para o Canadá ou fazer o transporte pela ferrovia. No entanto, nenhuma das duas ideias devem ajudar o suficiente, e a Casa Branca não descarta intervir nas negociações.
Quase 69% de todos os produtos comercializados pelos EUA são transportados via marítima . Por lá, os portos empregam mais de 31 milhões de americanos e movimentam mais de 5 trilhões de dólares por ano.
Greve nos portos dos EUA pode ser a pior em décadas para a economia do país
A greve, que seria a primeira nesses portos desde 1977, poderia interromper o fluxo de uma grande variedade de mercadorias sobre as docas de quase todos os portos de carga do Maine ao Texas
O tempo está se esgotando para evitar uma paralisação de trabalho nos portos ao longo de toda a Costa Leste e do Golfo, no que pode se tornar a greve mais prejudicial à economia dos EUA em décadas.
Os membros da International Longshoremen’s Association estão prontos para entrar em greve às 12h01 ET (horário do leste dos EUA) de terça-feira (30) em três dúzias de instalações espalhadas por 14 autoridades portuárias. Há poucos sinais de que um acordo possa ser alcançado até o prazo estabelecido pela ILA e pela United States Maritime Alliance, que usa a sigla USMX. A aliança marítima representa as principais linhas de navegação, todas de propriedade estrangeira; bem como operadores de terminais e autoridades portuárias.
A greve, que seria a primeira nesses portos desde 1977, poderia interromper o fluxo de uma grande variedade de mercadorias sobre as docas de quase todos os portos de carga do Maine ao Texas. Isso inclui tudo, de bananas a cerveja, vinho e bebidas alcoólicas europeias, juntamente com móveis, roupas, utensílios domésticos e automóveis europeus, bem como peças necessárias para manter as fábricas dos EUA operando e os trabalhadores americanos nessas plantas no trabalho. Também poderia interromper as exportações dos EUA que agora fluem por esses portos, prejudicando as vendas para as empresas americanas.
Ainda sim, câmbio brasileiro acumula desvalorização de 11,03% no ano até esta quinta (26)
O dólar encerrou nesta quinta-feira (26) em queda de 0,59%, cotado em R$ 5,4452.A queda corrobora com o bom desempenho do real no mês. De acordo com levantamento da consultoria Elos Ayta, a moeda brasileira valorizou 3,95% em setembro, até o fechamento deste pregão.
Então vale a pena alocar nesses países o dinheiro mais barato, obtido com juros menores, em outro.
“Além disso, tem alguns dados que ajudam a melhorar o humor do investidor com o Brasil. O Banco Central elevou para 3,2% sua projeção de crescimento para o PIB em 2024, com dados melhores do segundo trimestre motivando essa revisão, por parte da indústria e serviços”, pontua.
Com isso, o real tem o melhor desempenho em comparação com o dólar entre as principais divisas. Logo atrás, vem outras moedas de economias emergentes, ficando o rand sul-africano em segundo lugar (3,78%) e a rupia indonésia (2,77%).
Apesar do avanço em setembro, o real ainda figura no grupo das principais moedas do mercado com pior desempenho contra o dólar.
Desde o começo de 2024, a moeda perdeu 11,03% ante o dólar.
Neste recorte, o Brasil está na quarta posição entre as divisas que mais desvalorizaram, atrás da Argentina, México e Turquia, que registram desvalorizações de 16,54%, 13,81% e 13,64%, respectivamente.
O que pesa sobre o desempenho da moeda ao longo do ano é um cenário de incertezas no país, sobretudo as desconfianças dos mercados com a capacidade de o governo federal manter uma política fiscal equilibrada.
Acordo firmado visa alinhar ações conjuntas e fortalecer conexões para divulgar diferenciais catarinenses e fomentar a troca de informações para subsidiar decisão de investir no estado
Assinatura do termo de cooperação ocorreu nesta sexta (27) durante reunião de Diretoria da FIESC (Foto: Filipe Scotti)
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) e a SCPAR Invest SC, agência de atração de investimentos do governo de Santa Catarina, firmaram nesta sexta-feira (27), um acordo de cooperação institucional para promover o estado para potenciais investidores. A assinatura do acordo ocorreu durante a reunião da Diretoria da FIESC e contou com a presença do diretor-presidente da agência, Renato Lacerda.
O objetivo da parceria é fortalecer a relação entre a entidade e a SCPAR Invest SC, por meio de ações conjuntas para divulgar os diferenciais de Santa Catarina e o compartilhamento de informações para embasar a decisão de abertura ou expansão de negócios no estado.
Para o presidente da Federação, Mario Cezar de Aguiar, a proximidade do setor público com o setor produtivo é fundamental. “Essa parceria é importante para Santa Catarina e a oportunidade de juntos fomentarmos a captação de investimentos para projetos relevantes no estado, além de unirmos forças para divulgar nossos diferenciais e o que nos torna o segundo estado mais competitivo do País”, explicou Aguiar.
O presidente da SCPAR Invest SC, Renato Lacerda, destacou que a parceria é marco para a entidade e solidifica um sonho antigo de ter uma atividade coordenada de atendimento aos empresários catarinenses que desejam expandir e também os que procuram nosso estado para desenvolver atividades aqui. “Já tivemos uma parceria com a FIESC, com resultados importantes e que nos mostrou a necessidade de fazermos ações de promoção e busca de investidores mais ativamente. Vamos trabalhar juntos para atrair investimento estrangeiro, viabilizar Parcerias Público Privadas (PPPs), realizar missões internacionais e coordenar ações para a atração de empresas para compor nossa cadeia produtiva”, afirmou.
Também participou da assinatura o diretor de Atração e Promoção de Investimentos da SCPAR InvestSC, Rodrigo Prisco Paraíso.
A produção de grãos e oleaginosas na Argentina pode chegar a 143 milhões de toneladas na temporada 2024/25 sob condições climáticas normais, o que pode impulsionar as exportações para o maior volume em quatro anos, informou a bolsa de grãos de Rosário.
Dadas as condições normais, as exportações de soja, milho, trigo e outras culturas do país podem aumentar para 101,5 milhões de toneladas, disse a bolsa em um relatório desde a temporada 2020/21.
A Argentina, maior exportadora mundial de óleo e farinha de soja e grande fornecedora de milho, poderá, no entanto, colher uma safra total de apenas 128,8 milhões de toneladas se não houver chuva suficiente, acrescentou.
Por enquanto, as condições de umidade do solo são adequadas no centro agrícola da Argentina, mas os campos agrícolas do oeste e do norte do país precisam urgentemente de chuvas.
O plantio de soja deve começar no mês que vem, enquanto os produtores começaram a plantar milho nas últimas semanas.
(Reportagem de Maximilian Heath; Edição de Sarah Morland)
Projeto bilionário de expansão teve a quarta fase anunciada a clientes
O Porto Itapoá anunciou ao mercado nesta quinta-feira (26) a quarta fase de um bilionário projeto de expansão. O novo investimento, de R$ 500 milhões, inclui a compra de novos equipamentos e a ampliação de área de operações. Com isto, o terminal projeta se tornar, até 2033, o maior porto de contêineres da América do Sul – título que, hoje, pertence ao Porto de Santos.
A apresentação ocorreu no “território” da concorrência, em Itajaí, durante o Itapoá Day. O Complexo Portuário do Itajaí-Açu, que integra os portos de Itajaí e Navegantes, é o segundo no país em movimentação de contêineres.
A nova fase de expansão do Porto Itapoá é a quarta, em um programa de ampliação que tem multiplicado a capacidade do porto. Somados aos investimentos já anunciados e em andamento, são R$ 3 bilhões aplicados ao projeto.
Na quarta fase estão previstos o repaginamento dos gates, 120 mil metros de área adicional e a compra de novos equipamentos – o oitavo portêiner e 12 RTGs, que são os guindastes de pátio. A etapa já está em andamento, com previsão de conclusão em 2025.
Felipe Fioravanti Kaufmann, diretor de Desenvolvimento de Negócios do Porto Itapoá, diz que os investimentos acompanham a demanda de mercado.
– O mercado impõe o aumento de capacidade. Hoje, de Santos (SP) a Rio Grande (RS), são movimentados 8,6 milhões de TEUs (medida que corresponde a contêineres de 20 pés. Até 2040, serão 15 milhões – diz.
O Porto Itapoá tem vantagens competitivas como a área disponível para expansão e o acesso aquaviário marítimo – diferente do Complexo Portuário do Itajaí-Açu, por exemplo, onde o canal de acesso é fluvial, no Rio Itajaí-Açu.
Por outro lado, o porto ainda tem restrições em relação ao tamanho dos navios. Nesta semana foi aprovada a licença ambiental aguardada há sete anos para obras no canal de acesso à Baía da Babitonga – que inclui os portos de Itapoá e São Francisco do Sul. O que deve aumentar o limite para embarcações com até 366 metros de comprimento.
– Estamos preparados operacionalmente para receber navios de 400 metros, em tamanho de guindastes, por exemplo. Falta termos o acesso aquaviário – avalia Kaufmann.
As obras, em parceria com o Governo do Estado, serão custeadas pelo porto privado. A operação ainda depende de autorização do Ministério dos Portos e Aeroportos, já que se trata de um modelo inédito de financiamento de obras de acesso.
Outro desafio para Itapoá são os acessos rodoviários, especialmente nas rodovias estaduais que conectam o terminal à BR-101 e à BR-280. A expectativa é que o Estado invista em melhorias para aumentar a fluidez no transporte de contêineres, atendendo à ampliação de demanda.
O Porto Itapoá registrou em 2024 o melhor semestre de sua história. Foram 597mil TEUs movimentados de janeiro a julho, 12% a mais do que no primeiro semestre de 2023. Seu principal concorrente, em Santa Catarina, é a Portonave, em Navegantes.
As importações brasileiras de lácteos caíram 25,19% em agosto com relação a julho e 4,6% sobre o mesmo período do ano passado. As exportações tiveram queda expressiva de 57,14% no comparativo mensal e 29% no anual.
Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que apontam o déficit em volume da balança comercial, que recuou 23,9% de julho para agosto, para aproximadamente 183,6 milhões de litros em equivalente leite, gerando um saldo negativo de US$ 81 milhões.
Importações de lácteos
O Brasil importou 187,8 milhões de litros em equivalente leite em agosto. As compras de leite em pó foram as que mais caíram, em 30,8% em relação a julho, passando a representar 69,8% do total adquirido.
O volume desse produto importado da Argentina e do Uruguai, especificamente, ficou em cerca de 120,9 milhões de litros em equivalente leite, queda de 30% com relação a julho. Com a oferta menor no mercado, o preço médio do leite em pó importado subiu 6% no mesmo período, a US$ 3,49/kg.
Exportações
O país exportou cerca de 4,2 milhões de litros em equivalente leite em agosto. A redução se deu principalmente pelo menor volume de leite em pó enviado ao exterior, alcançando apenas 100 mil litros em equivalente leite, 98% a menos que em julho.
Essa queda, por sua vez, se deveu à interrupção das compras de Cuba. Em julho, o país havia importado 5,2 milhões de litros em equivalente leite do Brasil. O preço médio do leite em pó exportado subiu 12% de julho para agosto, a US$ 10,00/kg.
Produção de leite no Brasil
A recuperação da produção, como era previsto no início de agosto, não aconteceu principalmente por conta do excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio, que fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto.
Além disso, a entressafra no Sudeste e Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar, o que comprometeu o bem-estar animal, a produção de forragens para alimentação, que eleva o custo de produção e limita a oferta.
Como a produção não se recuperou conforme o esperado, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos dentro da expectativa. Já o consumo tem se mantido firme; e os estoques, nos laticínios, já estão abaixo do normal, o que pode elevar as cotações em setembro.
A pesquisa do Cepea com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostrou que, em agosto, apesar de o UHT e o leite em pó terem se desvalorizado, o preço da muçarela já tinha aumentado por conta de menor estoque, que também foi impactado pela pela diminuição das importações, já mencionada anteriormente.
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Lideranças industriais que fazem parte do grupo Coalizão Indústria expressaram preocupação nesta quarta-feira (25) com movimentos em direção a uma negociação pelo acordo de livre comércio entre Mercosul e China.
Segundo os presidentes de entidades que representam diversos setores industriais, o setor já enfrenta uma “invasão chinesa” que coloca em risco investimentos previstos da ordem de R$ 825,8 bilhões. Assim, um acordo com a China seria um desastre, conforme definiu Fernando Valente Pimentel, presidente da Abit, associação da indústria têxtil.
O Uruguai, que assumiu em julho a presidência pro tempore do Mercosul, é entusiasta de um tratado de livre comércio com os chineses. Altos representantes do bloco sul-americano e da China retomaram recentemente conversas com o objetivo de aprofundar a relação.
Presidente da Abiplast, entidade que representa a indústria de produtos plásticos, José Ricardo Roriz Coelho observou em entrevista coletiva à imprensa que, diante de barreiras enfrentadas em outras grandes economias, os produtos chineses estão buscando mercados abertos para entrar – entre eles, o Brasil. Segundo Roriz, embora a capacidade da economia esteja tomada, “ninguém está investindo”.
“As indústrias estão receosas em investir. Precisamos investir mais, mas com essa espada no peito, não temos perspectiva futura melhor para que esses investimentos aumentem”, declarou Roriz.
Marco Polo de Mello Lopes, coordenador da Coalizão Indústria, classificou como “predatória” a importação vinda da China em certos mercados. O “ataque chinês”, como foi descrito o avanço de produtos do gigante asiático, resulta de uma política de Estado cujo objetivo é escoar uma gigantesca capacidade ociosa, com redução de preços e exportações feitas com margens negativas, comentou Marco Polo. Ele também é presidente do Instituto Aço Brasil.
“Sem acordo, já vivemos esse tsunami, com o acordo vocês podem imaginar o que pode acontecer”, declarou o coordenador do grupo industrial ao abordar os movimentos entre Mercosul e China. Ele projetou que R$ 500 bilhões em investimentos – ou seja, 60% do total previsto – serão paralisados se o “tsunami chinês” não for contido.
Também presente na coletiva de imprensa da coalizão, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, defendeu que não é momento de falar de acordo comercial com a China, já que a indústria automotiva passa por momento de transição tecnológica, para a qual estão sendo anunciados pesados investimentos. As montadoras vêm cobrando do governo a volta imediata do imposto cheio, 35%, sobre carros híbridos e elétricos importados, cuja origem, principalmente, é a China.
A China revelou esta semana seu maior pacote de estímulo econômico desde a pandemia, incluindo cortes nas taxas de juros e reduções nas reservas, em uma tentativa de impulsionar sua economia em dificuldades.
Lynn Song, economista-chefe no ING, disse que “ainda há espaço para mais flexibilização nos próximos meses, já que a maioria dos bancos centrais globais está agora em uma trajetória de corte de taxas”. No entanto, muitos outros economistas estão céticos sobre se as medidas seriam suficientes para resolver os problemas econômicos mais amplos enfrentados pela China. Eles estão desconfiados quanto à real capacidade do governo de atingir sua meta de crescimento anual de 5% (somente isto?!? E os 10% anuais no passado?!?) enquanto a economia luta contra a deflação e a fraca demanda.
PEQUIM (Reuters) – O banco central da China divulgou nesta terça-feira seu maior pacote de estímulo desde a pandemia para tirar a economia de seu estado deflacionário e voltar a atingir a meta de crescimento do governo, mas analistas alertaram que mais ajuda fiscal é vital para atingir essas metas.
O pacote mais amplo do que o esperado, que oferece mais financiamento e cortes de juros, marca a mais recente tentativa das autoridades de restaurar a confiança na segunda maior economia do mundo, depois que uma série de dados decepcionantes levantou preocupações sobre uma desaceleração estrutural prolongada.
Mas analistas questionaram até onde as injeções de liquidez do Banco do Povo da China serão produtivas, dada a demanda de crédito extremamente fraca por parte de empresas e consumidores, e observaram a ausência de quaisquer políticas destinadas a apoiar a atividade econômica real.
“Esse é o pacote de estímulo mais significativo do banco central desde os primeiros dias da pandemia”, disse Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics.
“Mas, por si só, pode não ser suficiente”, acrescentou, dizendo que pode ser necessário mais estímulo fiscal para que o crescimento retorne a uma trajetória em direção à meta oficial deste ano, de aproximadamente 5%.
As ações e os títulos chineses avançaram e as ações asiáticas atingiram máximas de dois anos e meio com o presidente do banco central, Pan Gongsheng, anunciando planos para reduzir os custos de empréstimos e injetar mais fundos na economia, bem como para aliviar a carga de pagamento de hipotecas das famílias. O iuan saltou para um pico de 16 meses em relação ao dólar.
Pan disse em uma coletiva de imprensa que, em um futuro próximo, o banco central reduzirá o montante de dinheiro que os bancos devem manter como reservas – a taxa de compulsório – em 50 pontos-base, liberando cerca de 1 trilhão de iuanes (142 bilhões de dólares) para novos empréstimos.
Dependendo da situação de liquidez do mercado no final deste ano, a taxa de compulsório poderá ser reduzida ainda mais em 0,25-0,5 ponto percentual, disse Pan.
O banco central também reduzirá a taxa de recompra reversa de sete dias, seu novo índice de referência, em 0,2 ponto percentual, para 1,5%, bem como outras taxas de juros.
“A medida provavelmente chega um pouco tarde demais, mas antes tarde do que nunca”, disse Gary Ng, economista sênior da Natixis. “A China precisa de um ambiente de taxas mais baixas para aumentar a confiança.”
Pan não especificou quando as medidas entrarão em vigor.
MEDIDAS PARA A CRISE IMOBILIÁRIA
O pacote de suporte ao mercado imobiliário incluiu uma redução de 50 pontos-base nas taxas de juros médias para hipotecas existentes e um corte na exigência de entrada mínima para 15% em todos os tipos de moradias, entre outras medidas.
O mercado imobiliário da China tem sofrido uma grave desaceleração desde seu pico em 2021. Uma série de incorporadoras deu calote, deixando para trás grandes estoques de apartamentos indesejados e uma lista preocupante de projetos não concluídos.
Pequim removeu muitas restrições à compra de moradias e reduziu drasticamente as taxas de hipoteca e os requisitos de entrada em resposta, mas até agora não conseguiu reanimar a demanda ou deter a queda dos preços das casas, que caíram no ritmo mais acentuado em mais de nove anos em agosto.
A crise imobiliária pesou muito sobre a economia e prejudicou a confiança do consumidor, uma vez que 70% das economias das famílias estão depositadas em imóveis. Analistas continuam não convencidos de que as medidas mais recentes terão um impacto significativo.
“As famílias que não têm certeza sobre suas perspectivas de renda em um mercado de trabalho fraco podem não estar dispostas a assumir uma alavancagem maior”, disseram os analistas da Gavekal Dragonomics em uma nota sobre as medidas mais recentes.
O banco central chinês também introduziu duas novas ferramentas para impulsionar o mercado de capitais.
A primeira – um programa de swap com tamanho inicial de 500 bilhões de iuanes – permite que fundos, seguradoras e corretoras tenham acesso mais fácil a financiamento para comprar ações; e a segunda oferece até 300 bilhões de iuanes em empréstimos baratos do banco central a bancos comerciais para ajudá-los a financiar compras e recompras de ações de outras entidades.
Os dados econômicos de agosto não atenderam às expectativas, aumentando a urgência para que as autoridades implementassem mais medidas apoio.
Do ponto de vista fiscal, os governos locais têm acelerado a emissão de títulos para ajudar a financiar projetos de infraestrutura, mas analistas dizem que pode ser necessário mais.
“É necessária uma política fiscal agressiva para injetar uma demanda econômica genuína”, disseram os analistas do ANZ em uma nota sobre as medidas do banco central.