Economia, Informação, Inovação, Negócios, Tecnologia

DeepSeek provoca fortes perdas em ações de empresas vinculadas à IA

Desde o lançamento, os modelos R1 e V3 conquistaram uma onda de consumidores que levaram a DeepSeek ao topo da Apple App Store no fim de semana

A startup chinesa DeepSeek lançou na semana passada um chatbot de inteligência artificial (IA) generativa comparável aos modelos da OpenAI – ou até superior em algumas performances – e com recursos menores, utilizando chips menos avançados. Desde o lançamento, os modelos R1 e V3 conquistaram uma onda de consumidores que levaram a DeepSeek ao topo da Apple App Store no fim de semana, além de alcançarem o topo em rankings de chatbots IA.

A rápida ascensão do novo modelo de IA chinês de poucos recursos, mas alta performance, assustou o setor de tecnologia em escala global nesta segunda-feira (27). Na Ásia, o tombo de 8% do SoftBank – banco japonês que integra o projeto Stargate dos EUA – pesou sobre a Bolsa de Tóquio, que encerrou em perda de quase 1%.

Na Europa, os índices acionários são pressionados pelas ações de tecnologia e, em Wall Street, o futuro do Nasdaq perde mais de 4%, com salto de 47% do índice de volatilidade VIX – uma espécie de termômetro do medo. Analistas consultados pelo Wall Street Journal apontam que essa ascensão rápida levanta questões sobre os gastos elevados de big techs americanas para financiar seus modelos de IA e coloca em xeque a valorização elevada de ações de fabricantes de chips.

Segundo a empresa, treinar o R1 custou US$ 5,6 milhões, valor que exclui gastos com pesquisa e desenvolvimento, mas que é significativamente menor em comparação com a faixa de US$ 100 milhões a US$ 1 bilhão citada no ano passado pelo CEO da rival americana Anthropic para criar um modelo parecido.

Na semana passada, a OpenAI e a Oracle também se comprometeram a investir bilhões de dólares na iniciativa Stargate para impulsionar o setor de IA nos EUA.

A DeepSeek também disse em um relatório técnico que usou um cluster de mais de 2 mil chips Nvidia para treinar seu modelo V3, em comparação com dezenas de milhares de chips que normalmente são usados para treinar modelos de tamanho semelhante.

Os chips também são menos avançados do que os de concorrentes, frente ao aumento de sanções dos EUA sobre exportações de semicondutores para a China.

FONTE: CNN Brasil
DeepSeek provoca fortes perdas em ações de empresas vinculadas à IA | CNN Brasil

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Agronegócio, Economia, Exportação, Importação, Industria, Informação, Internacional

Piscicultura brasileira registra crescimento nas exportações em 2024

Conforme informações divulgadas pela Embrapa Pesca e Aquicultura, as exportações da piscicultura brasileira apresentaram um crescimento recorde em 2024, com aumento de 138% em valor, alcançando 59 milhões de dólares. Em volume, o crescimento foi de 102%, passando de 6.815 toneladas para 13.792 toneladas, o maior aumento desde 2021.

O principal responsável por esse incremento foram os embarques de filés frescos, que atingiram 36 milhões de dólares, seguidos pelos peixes inteiros congelados, com 17 milhões de dólares.

A tilápia continua sendo a principal espécie exportada pelo Brasil, representando 94% das exportações nacionais do setor, com um total de 55,6 milhões de dólares, o que representa um impressionante crescimento de 138% em comparação com o ano anterior. Esse aumento consolidou a tilápia como a estrela da piscicultura brasileira no comércio internacional.

De acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, o motivo do aumento de 138% no valor exportado deve-se à redução no preço da tilápia no mercado interno. ”Houve uma importante queda no preço da tilápia pago ao produtor ao longo de 2024. Se, no final de 2023, o preço da tilápia pago ao produtor chegava a uma média de R$9,73 o quilo, ao término de 2024 esse valor caiu para R$ 7,85, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)”, explica.

O aumento da cotação do dólar frente ao real também é outro fator que justifica o aumento das exportações, além da elevação da produção da tilápia. “Houve um aumento de produção da espécie, e o mercado interno não absorveu a maior oferta. Com isso, as empresas buscaram outros países para vender o pescado”, explica Pedroza.

Os Estados Unidos destacaram-se como o maior destino do peixe brasileiro, sendo responsáveis por 89% das exportações do setor, com um valor total de 52,3 milhões de dólares. Nesse contexto, a tilápia foi, sem dúvida, a principal espécie exportada para os norte-americanos, mantendo sua posição de liderança no mercado. Confira a seguir um histórico das exportações brasileiras de peixes para os Estados Unidos a partir de 2021. Os dados são do DataLiner:

Exportações Brasileiras de carne de peixe e peixe congelado para os Estados Unidos | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Apesar do crescimento recorde nas exportações em 2024, a balança comercial de produtos da piscicultura fechou com déficit de US$ 992 milhões, devido ao aumento das importações que atingiram US$ 1 bilhão. O salmão é a principal espécie importada na piscicultura pelo Brasil, seguido pelo pangasius. Houve um aumento de 9% em valor da importação do salmão e em 5% em volume, atingindo a marca de 909 milhões de dólares. Isso corresponde a 87% do volume total importado pelo país”, afirma Pedroza.

Fonte: Oeste Notícias 
Piscicultura brasileira apresenta aumento nas exportações

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Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Informação, Sustentabilidade

França pede adiamento de regra ambiental da UE

O governo da França pediu para a União Europeia (UE) suspender uma nova diretiva de sustentabilidade corporativa (padrões ambientais e de direitos humanos) que alega ser onerosa demais para as empresas.

Tem boa possibilidade de ser atendido, o que teoricamente poderá beneficiar também exportadores brasileiros. Paris está aumentando as pressões para a Comissão Europeia rever a aplicação das regras de sustentabilidade em meio à estagnação econômica europeia, para tentar melhorar a competitividade em relação aos EUA e a China.

Ao mesmo tempo, sob pressão dos agricultores, a França continua querendo descarrilhar o acordo comercial União Europeia-Mercosul, alegando justamente que o entendimento não protege suficientemente a área ambiental.

A diretiva que o governo Macron deseja suspender por tempo indeterminado é  conhecida como Corporate Sustainability Due Diligence Directive (CSDDD), aprovada em março de 2024. Para o governo francês, na forma atual, a regra resulta em ‘custos consideráveis’ e é ‘um inferno’ para as empresas. A avaliação é que a UE foi longe demais nessa lei que complementa um pacote verde que inclui a lei antidesmatamento, normas sobre minerais provenientes de zonas de conflito e o regulamento relativo à proibição de trabalho forçado.

A diretiva exige que as empresas e seus parceiros – incluindo as etapas de fornecimento, produção e distribuição -, previnam, suprimam ou reduzam em suas operações o impacto negativo ambiental e em direitos humanos. Esse impacto inclui trabalho em condição análoga à escravidão, trabalho infantil, exploração laboral, perda de biodiversidade, poluição ou destruição do patrimônio natural.

As regras aplicam-se a empresas da UE e de terceiros países, portanto devendo impor novos e significativos custos administrativos para exportadores de todo o mundo.

Segundo o cronograma, a partir de 2027, a regra atingiria empresas com mais de 5.000 trabalhadores e faturamento superior a € 1,5 bilhão a nível mundial. A partir de 2028, entram empresas com mais de 3.000 trabalhadores e faturamento de € 900 milhões a nível mundial. As restantes entrariam a partir de 2029, incluindo aquelas com mais de 1.000 trabalhadores e faturamento superior a € 450 milhões a nível mundial.

As regras também se aplicam às franquias ou acordos de licenciamento que garantam identidade corporativa comum, com faturamento mundial superior a € 80 milhões, se pelo menos € 22,5 milhões resultarem de royalties.

Essas empresas têm de integrar a devida diligência em suas políticas, fazer investimentos para tratar impactos negativos em direitos humanos e no ambiente resultantes de suas operações, obter garantias contratuais junto a seus parceiros, melhorar o seu plano empresarial ou prestar apoio a pequenas e médias empresas parceiras para garantir o cumprimento das novas obrigações.

Também precisam adotar um plano de transição para tornar o seu modelo de negócios compatível com o limite de aquecimento global de 1,5 °C fixado no Acordo do Clima de Paris, que foi justamente liderado pela França.

As companhias que não respeitarem as novas regras correm o risco de sofrer “naming and shaming” (denúncia e divulgação), o que afeta suas reputações, e multas até 5 % do faturamento líquido em todo o mundo.

Para evitar nesse caso litígios e multas elevadas, as empresas brasileiras precisariam comprovar práticas mais rigorosas de gestão de risco e sustentabilidade, ao fazer negócios na Europa.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as áreas comerciais brasileiras que poderiam ser mais afetadas com a diretiva incluem: fabricação e comércio atacadista de têxteis, couro e produtos afins, inclusive calçados; agricultura, silvicultura, pesca, fabricação de produtos alimentares e comércio atacadista de matérias-primas agrícolas, animais vivos, madeira, alimentos e bebidas; extração de recursos minerais independente de onde são extraídos, incluindo petróleo bruto, gás natural, carvão, metais e minérios metálicos, não metálicos e produtos de pedreiras.

O gráfico a seguir, feito com dados do DataLiner, traz um histórico das exportações brasileiras de contêineres para os países da União Europeia:

Exportações brasileiras em contêineres para a União Europeia | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUs

Para Rodrigo Pupo, advogado especialista em comércio e ambiente na MPA TradeLaw, em São Paulo, se a demanda francesa for atendida, seria uma ajuda também para o Brasil, porque postergaria o ônus de cumprir a nova regra, “que sem dúvida faria com que empresas europeias deixassem de comprar do Brasil pelo simples fato de ser do Brasil”.

Em teoria, a suspensão demandada por Paris ajudaria, mas é preciso ver os detalhes da proposta formal, e da decisão da UE, nota uma fonte com amplo conhecimento das práticas europeias. ‘Não estamos em momento de generosidade’, diz. ‘Estamos em momento de cada um por si e zero coerência’’.

Na sexta-feira (24), o governo francês somou-se ao ataque frontal dos agentes econômicos europeus sobre a diretiva que deveria pesar inicialmente sobre 55 mil empresas europeias, além das estrangeiras. O movimento coincidiu com anúncio da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, de que faria uma iniciativa sem precedentes para simplificar os negócios na Europa – aparentemente em linha com a demanda da França e dos agentes econômicos locais.

“A Europa precisa acelerar a marcha se quiser manter o crescimento nos próximos 25 anos”, disse. “Por isso, pedi a Mario Draghi que elaborasse um relatório sobre a competitividade europeia. E, com base nisso, na próxima semana a Comissão Europeia apresentará nosso roteiro, que orientará nossos esforços nos próximos cinco anos.”

As prioridades serão: aumentar a produtividade fechando a lacuna de inovação; desenvolver um plano conjunto de descarbonização e competitividade para superar a escassez de competências e mão de obra e reduzir a burocracia. O objetivo dessa estratégia, segundo ela, “é possibilitar um crescimento mais rápido, mais limpo e mais justo, garantindo que todos os europeus possam se beneficiar dos desenvolvimentos tecnológicos”.

Na semana passada, a Business Europe, representação europeia das empresas, apresentou à Comissão Europeia demandas relacionadas a 68 diferentes regulamentações em 11 setores, incluindo nas áreas de energia e clima e de agronegócio.

No fim do ano passado, a UE já atrasou por um ano, até o começo de 2026, a implementação de sua principal política de combate ao desmatamento, que proibirá o acesso ao mercado comunitário de seis commodities – carne bovina, soja, café, óleo de palma, madeira e cacau, além de seus derivados – produzidas em zonas de smatadas a partir de 2020.

Fonte: Valor Econômico
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/01/27/franca-pede-adiamento-de-regra-ambiental-da-ue.ghtml

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Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Informação, Internacional, Mercado Internacional

Superávit comercial brasileiro aponta para um ano melhor, mas o cenário é desafiador

O superávit da balança comercial brasileira deve atingir US$ 77,3 bilhões neste ano, segundo a média de 12 estimativas de consultorias e instituições financeiras coletadas pelo Valor Data, com projeções variando de US$ 71,4 bilhões a US$ 93 bilhões.

No ano passado, o superávit comercial do Brasil totalizou US$ 74,6 bilhões, uma queda de 25% em relação a 2023.

Economistas ouvidos pelo Valor apontam para melhora do saldo comercial em 2025 em razão de maior safra agrícola e aumento de produção de petróleo, que devem favorecer as exportações, enquanto a importação deve desacelerar com o desaquecimento da demanda doméstica. Há, porém, avaliam, grandes incertezas no cenário internacional, intensificadas neste ano pela expectativas em relação à política de Donald Trump na Presidência dos EUA. Um impacto maior que o esperado em preços commodities é um ponto de preocupação.

A fuga de dólares do país ao fim de 2024 evidenciou a importância da contribuição de um saldo comercial robusto para o país. O mês de dezembro foi marcado por uma saída recorde de dólares do país. Até novembro, o fluxo cambial operava no campo positivo, bastante apoiado pelo resultado forte da conta comercial, que acompanha os movimentos das exportações e importações. No saldo anual, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 18 bilhões, o terceiro pior resultado nominal desde1982.

“A balança comercial robusta foi o que evitou uma saída de dólares ainda mais significativa do país em 2024”, aponta Iana Ferrão, economista do BTG Pactual. “Caso a balança voltasse para os níveis pré-pandemia, por exemplo, abaixo de US$ 50 bilhões em 2025, teríamos, no contexto atual, um déficit em transações correntes em patamar mais preocupante. Com a manutenção de um fluxo financeiro de saída significativo, o Banco Central provavelmente teria que atuar vendendo mais reservas internacionais. Esse cenário aumentaria de forma significativa a vulnerabilidade externa do Brasil e depreciaria ainda mais o câmbio, com impacto sobre a inflação e juros.”

O BTG Pactual projeta superávit comercial de US$ 87 bilhões em 2025, pelo critério Secretaria de Comércio Exterior da Secex/Mdic. Segundo o banco, as exportações devem ser favorecidas por crescimento da safra agrícola, estimado em 10%,contrastando com a queda de 7,5% em 2024. Além disso, é esperada expansão em 2025, também de 10%, na produção de petróleo, após frustrações no ano passado decorrentes de paradas para manutenção e atrasos operacionais por greves em agências reguladoras.

As commodities devem seguir como destaque nos embarques, diz Ferrão. “O câmbio mais depreciado contribuiu para impulsionar o aumento do quantum exportado, mesmo com uma produção menor ao tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, levando os exportadores a direcionarem uma parcela maior da produção para o mercado externo. Esse movimento permanecerá ao longo de 2025, em um contexto em que a produção também será expandida.”

Para o economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a balança de 2025 é uma “senhora incerteza”. Ele projeta US$ 80 bilhões de superávit, também pelo critério do Mdic. “Temos um lado da história que é positivo, que é o aumento da safra de grãos ante 2024.

Só que temos enormes incertezas do lado da absorção externa e nos preços, seja preço em dólar dos bens produzidos e vendidos, seja preço do câmbio.”

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que a projeção da entidade é de superávit de US$ 93 bilhões em 2025, mas uma das suas grandes preocupações é o impacto que uma política tarifária que o governo Trump pode trazer às cotações de commodities.

Para Ferrão, uma imposição de tarifas dos EUA a produtos chineses, com acirramento do conflito comercial entre os dois países, pode trazer aumento da demanda chinesa por produtos brasileiros. Isso, diz, porque a China também imporia tarifas mais altas contra os EUA. A China, diz, poderia aumentar a demanda por produtos brasileiros como soja, petróleo e derivados e carnes. Isso ocorreu em situações similares no passado, como durante a guerra comercial entre EUA e China iniciada em 2018.

Mas um aumento das tarifas de importação de produtos chineses pelos EUA da China também pode resultar em desaceleração da atividade econômica chinesa, o que poderia reduzir os preços das commodities exportadas pelo Brasil e prejudicando o saldo comercial brasileiro. O impacto nos preços das commodities dependeria da intensidade da desaceleração da atividade na China.

Em resumo, aponta Ferrão, o efeito líquido pode ser positivo se o Brasil for capaz de reposicionar seus produtos nos mercados globais. Um câmbio mais depreciado ajudaria nisso, aponta. Outra condição é que a desaceleração da economia chinesa não seja mais expressiva do que se espera e, portanto, não haveria redução adicional significativa dos preços das commodities.

O efeito líquido pode ser negativo, prossegue a economista, se a redução adicional nos preços das commodities for muito expressiva e o Brasil não conseguir aproveitara oportunidade de ampliar suas exportações para a China e outros países que também sofrem com barreiras comerciais impostas pelos EUA.

O gráfico abaixo mostra um histórico das exportações de contêineres do Brasil para a China entre janeiro de 2021 e novembro de 2024. Os dados são do DataLiner da Datamar.

Exportações de contêineres para a China | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUS

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O impacto, ressalta, depende da magnitude do aumento das tarifas, de qual será o efeito sobre os preços das commodities e de como o Brasil se reposicionará neste novo contexto.

Ribeiro, da BRCG, também destaca a intenção de Trump de elevar a produção americana de petróleo, outro fator que pode ter impacto na exportação brasileira da commodity, que, em 2024, foi o item mais exportado pelo Brasil.

Mais pessimista, Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, diz que na questão China-Estados Unidos, o Brasil será prejudicado de qualquer jeito. “Ou por conta de uma redução do comércio internacional, por conta de uma guerra comercial global. Ou porque os Estados Unidos e a China chegarão a um acordo e teremos uma redução das exportações de produtos agrícolas para os chineses.”

Em 2025, porém, a exportação de soja ainda não será afetada, diz Leal. “Se houver um acordo ao longo do primeiro semestre entre China e Estados Unidos, pode ser um problema para a safrinha de milho do segundo semestre e para a safra de 2026. Este ano estamos atualmente no momento de embarques da soja. Por conta da questão do calendário e na expectativa de que essas negociações entre EUA e China não caminhem de forma rápida, creio que a safra a ser exportada em 2025 está meio que blindada.”

Leal estima que o superávit da balança comercial brasileira fique este ano em torno de US$ 85 bilhões, podendo chegar próximo de US$ 90 bilhões. Em 2024, houve queda de superávit grande em relação aos US$ 98,9 bilhões de 2023, lembra. Segundo Masisso, não foi somente porque a exportação caiu em 2024, mas também porque a importação aumentou. Segundo dados da Secex, o valor embarcado no ano passado caiu 0,8% contra 2023. A importação subiu 9%. Em 2025, diz, a expectativa é de alta das exportações e nas importações é esperado uma queda, em razão da alta muito grande de 2024.

No ano passado, destaca Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, houve uma alta muito grande na quantidade desembarcada. O valor das importações, diz, só não cresceu mais em razão da queda de preços. Ainda segundo dados da Secex, o volume importado cresceu 17,2% em 2024 contra o ano anterior. Em sentido oposto, os preços médios caíram 7,4%.

Para 2025, diz Barbosa, a expectativa, com o desaquecimento esperado para a atividade doméstica, é de pelo menos algo próximo da estabilidade no quantum de importação. Devem ser afetados, diz, o desembarque de bens de capital, em razão do aumento de juros, e também bens de consumo, que dependem de renda e de crédito.

Para as exportações, além do bom desempenho da safra agrícola, o câmbio desvalorizado também pode ajudar, diz Barbosa. Ele projeta superávit comercial de US$ 80 bilhões em 2025. A estimativa, explica, considerou dólar com preço um pouco abaixo de R$ 6. O movimento de depreciação no último período, diz, pode ajudar as exportações.

Além disso, ele aponta a diversificação da pauta de exportação brasileira. “Alguns itens começam a ganhar relevância, não só em termos de valores, como também de novas possibilidades de exportação”, diz. Entre os exemplos, ele cita café, algodão,açúcar e aço. “Há também as proteínas animais, caso de sucesso da indústria exportadora brasileira, seja em bovinos, suínos e aves, que devem prosseguir contribuindo positivamente nos próximos anos.”

Fonte: Valor Econômico
Superávit comercial brasileiro ruma para ano melhor, mas tem cenário desafiador | Brasil | Valor Econômico

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Em negócio bilionário, JBS compra 50% de gigante de ovos que tem unidade em SC

Acordo avalia a Mantiqueira, que tem planta em São João do Itaperiú, em R$ 1,9 bilhão

Líder mundial em carne bovina, a JBS adicionou mais um tipo de proteína ao portfólio. A empresa anunciou na manhã desta segunda-feira (27) a aquisição de 50% da Mantiqueira, uma das maiores produtoras de ovos da América do Sul. O negócio inclui, além de metade das ações com direito a voto, a subscrição de 48,5% do capital social da companhia.

Em fato relevante divulgado ao mercado, a JBS informou que o valor do investimento será estabelecido “segundo regras comuns a este tipo de negócio”. A companhia avaliou a produtora de ovos em R$ 1,9 bilhão.

Hoje a Mantiqueira tem unidades em seis estados do país, incluindo Santa Catarina, onde mantém uma planta em São João do Itaperiú. Com mais de 3 mil funcionários, a empresa produz 4 bilhões de ovos por ano, com uma capacidade de 17,5 milhões de aves. É dona das marcas Mantiqueira, Happy Eggs e Fazenda da Toca, com presença em mercados de 16 estados brasileiros e exportações para a América do Sul, Ásia, África e Oriente Médio.

“Este acordo representará para a JBS o ingresso no setor de ovos e reforça sua plataforma global diversificada por geografias e por proteínas, que têm permitido à companhia continuar crescendo com resultados sólidos”, destacou a JBS no fato relevante.

Atualmente a empresa já atua em bovinos, frangos, suínos, aquacultura (salmão) e
proteínas alternativas (plant-based e cultivada). Com a concretização do investimento, a JBS terá o controle da Mantiqueira compartilhado com o sócio-fundador a companhia, Leandro Pinto. A conclusão do negócio, no entanto, ainda depende de aprovações regulatórias.

FONTE: NSC Total
Em negócio bilionário, JBS compra 50% de gigante de ovos que tem unidade em SC – NSC Total

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O que muda para a indústria com a regulamentação da reforma tributária

Entenda como o novo modelo de tributação sobre consumo vai afetar os produtos industriais

Na última quinta-feira (16) o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou o primeiro dos projetos que regulamentam a reforma tributária, por meio da Lei Complementar nº 214/2025.

O texto foi aprovado pela Câmara e pelo Senado em 2024 e agora foram estabelecidas as regras para o funcionamento e as cobranças do novo sistema de tributação sobre o consumo.

Mesmo que ainda leve alguns anos para a aplicação efetiva das mudanças – a transição é gradual e começa em 2026 -, a garantia das alterações no sistema tributário dão uma mostra da desburocratização econômica e, consequentemente, do aumento da competitividade industrial e dos investimentos que devem beneficiar o país.

Na prática, a ideia é fazer com que esses tributos sejam reduzidos a:

  • Imposto sobre Valor Agregado (IVA) – vai agregar o IBS – Imposto sobre Bens e Serviços e o CBS – Contribuição Sobre Bens e Serviços; e
  • Imposto Seletivo, popularmente conhecido como Imposto do Pecado

Que todas essas abreviações elevam os custos de tudo, a gente já sabe, mas vale destacar que alguns desses tributos causam imbróglios que poderiam ser facilmente evitáveis, tanto para o consumidor quanto para o empreendedor.

Por exemplo, imagine que você seja dono de um negócio e precise comprar insumos para produzir: você pagará o PIS e a Cofins nessa compra. Quando você, fornecedor, vende esse produto para que seja comercializado, o PIS e a Cofins aparecem novamente. E de novo quando esse produto chega até a mão do consumidor. Com a reforma, essa cascata de impostos vai acabar.

É claro que, com essa “dança das cadeiras de impostos”, algumas coisas vão ficar mais caras e outras mais baratas, mas a ideia é que a carga tributária fique em 28%, em média, segundo o governo. Atualmente, a nossa ultrapassa 30%, mas as alíquotas de cada produto são variáveis em decorrência dos impostos.

A Agência de Notícias da Indústria separou alguns casos que mostram como essa reforma pode afetar o nosso bolso, com base na reformulação dos tributos:

Alimentação

Com a nova regra, algumas categorias de alimentos da cesta básica nacional serão totalmente isentas do Imposto sobre Valor Agregado (IBS e CBS). A cesta básica nacional é tida como uma métrica de alimentos que buscam garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável, à saúde e ao bem-estar da população brasileira.

Além disso, as carnes bovina, suína, ovina, caprina e de aves e produtos de origem animal e miudezas comestíveis de ovinos e caprinos também foram adicionadas à cesta básica nacional. Ou seja, estarão isentas de tributação.

Embora não componham a cesta básica nacional, ovos, frutas e produtos hortícolas também não entrarão na tributação. Veja os alimentos totalmente isentos:

Segundo o texto sancionado, uma lista de outra categoria de alimentos terá 60% de desconto na cobrança do IBS e da CBS. São eles:

Saúde: medicamentos e dispositivos médicos

A nova regra prevê uma redução de 60% nos impostos de todos os medicamentos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e fórmulas produzidas por farmácias de manipulação.

Uma lista de cerca de 400 princípios ativos para tratamentos graves terão alíquota zerada, e alguns produtos médicos e serviços de saúde terão alíquota reduzida em 60%, como produtos de home care (cuidado de pacientes em casa), serviços de instrumentação cirúrgica e de esterilização.

A alíquota zero também se estenderá a equipamentos médicos e ortopédicos, como eletrocardiógrafos, aparelhos de ressonância magnética, raio-X, brocas odontológicas, etc.

  • Pets: medicamentos, vacinas e soros de uso veterinário também pagarão 60% a menos de imposto
  • Planos de saúde: empresas poderão considerar como crédito de IBS e CBS planos de saúde comprados para funcionários. Planos de saúde para animais domésticos terão redução de 30% na alíquota.

Imóveis

Operações imobiliárias de pessoas físicas ou jurídicas, como locação, cessão onerosa e arrendamento também serão tributadas com a CBS e o IBS.

Pessoas físicas que, por ano, arrecadarem abaixo de R$ 240 mil com o aluguel de imóveis não serão tributadas. O texto cria dois redutores — social e da alíquota de tributação — para ajustar e diminuir a carga tributária.

  • Redutor social: o mecanismo reduz a base de cálculo da tributação e será aplicado nas compras de imóveis e lotes residenciais e no aluguel residencial. O objetivo é beneficiar famílias com renda mais baixa e imóveis populares. Pela lei, o redutor social será de: R$ 100 mil na compra de imóveis novos; R$ 30 mil na compra de lote residencial; e R$ 600 para o aluguel de imóveis residenciais. Os valores serão atualizados mensalmente, depois da eventual sanção da proposta, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do Brasil
  • Corte na alíquota: a proposta estabelece também que haverá cortes lineares nas alíquotas do IBS e da CBS aplicadas em transações imobiliárias. Segundo o texto, a alíquota-comum será reduzida em 50% em todas as operações com imóveis e em 70% nas operações de locação, cessão onerosa e arrendamento.

Insumos agropecuários

Os animais e a prática agropecuária também entraram na lista de beneficiados pela reforma, uma vez que o texto também estabelece redução de 60% nas alíquotas do IBS e CBS de produtos com este fim.

Confira alguns dos produtos da lista:

  • Biofertilizantes (NCM 3101.00.00)
  • Fertilizantes (adubos)
  • Corretivos de solo
  • Inoculantes e microorganismos para uso agrícola
  • Bioestimulantes e bioinsumos para controle fitossanitário
  • Máquinas e implementos agrícolas, destinados ao produtor rural; e
  • Outros equipamentos diretamente vinculados ao processamento e manejo agrícola

A lista também inclui melhoramento genético de animais e plantas, inseminação artificial, plantio, irrigação, colheita, pulverização de agrotóxicos, entre outros. Mas os itens listados no benefício precisarão de certificação e registro junto aos órgãos reguladores, como o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Anvisa e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – quando for aplicável.

O que deve aumentar?

O Imposto Seletivo, que ficou conhecido como Imposto do Pecado, vai ter o efeito contrário das regras acima. O novo tributo vai ser aplicado a produtos que podem causar algum mal à saúde ou ao meio ambiente, por isso, com a reforma, pretende-se desestimular o seu consumo.

De acordo com o texto, o Imposto Seletivo vai incidir uma única vez sobre o bem ou serviço, sendo vedado qualquer tipo de aproveitamento de crédito do imposto com operações anteriores ou criação de créditos para operações posteriores.

Na prática, além do valor do produto ou serviço, o consumidor que optar por adquirir esse bem, pagará uma taxa extra. Essa medida visa dificultar o acesso a produtos que, mesmo que tenham liberação para uso, causam algum dano à saúde, como cigarros e bebidas alcoólicas, ou ao meio ambiente, como meios de transporte que liberam gases poluentes. Veja a lista:

Próximos passos: e agora, o que virá?

Depois da sanção da primeira lei da reforma, o governo ainda precisa aprovar outras normas para regulamentar a mudança da tributação no país. Será necessário aprovar o Projeto de Lei que cria o Comitê Gestor do IBS, da distribuição da receita do IBS entre os estados e municípios e de outras questões relativas apenas aos estados e municípios. Para isso, falta o envio de outros três projetos de lei ao Congresso Nacional:

  • Definição das alíquotas do Imposto Seletivo;
  • Regulamentação dos Fundos de Desenvolvimento do Amazonas e da Amazônia Ocidental;
  • Regulamentação da forma de aporte dos recursos ao Fundo de Desenvolvimento Regional e ao Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais.

Além desses projetos, o Ministério da Fazenda também trabalha com a elaboração das normas que vão disciplinar o IBS e a CBS.

FONTE: Agencia de Notícia da Indústria
O que muda para a indústria com a regulamentação da reforma tributária – Agência de Notícias da Indústria

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Seis aeronaves e investimento saudita: nova companhia aérea uruguaia anuncia início de operações

A Sociedad Uruguaya de Aviación (SUA) realizará um evento no qual revelará detalhes operacionais e o modelo de aeronave selecionado.

Em 28 de janeiro do ano passado, durante a Feira Internacional de Turismo da Espanha, a Sociedad Uruguaya de Aviación (SUA), uma nova companhia aérea local, foi apresentada oficialmente.

Depois de meses sem anúncios, a empresa anunciou um evento para 28 de janeiro no Aeroporto Internacional de Carrasco, Montevidéu. Lá, serão revelados os detalhes operacionais, o início das atividades e o modelo de aeronave selecionado, de acordo com o portal Aviacionline.

A SUA operará aeronaves Airbus A220-300 sob um contrato de arrendamento com a companhia aérea letã airBaltic. Dessa forma, se tornará a primeira companhia aérea da América Latina e do Caribe a operar com esse modelo.

Além disso, este acordo marca a introdução do modelo de negócios de leasing, manutenção e seguro tripulado da airBaltic na região.

A frota da companhia uruguaia será composta inicialmente por seis aeronaves que serão integradas gradualmente ao longo de um período de 18 meses. No médio prazo, eles planejam expandir a frota para 10 aeronaves em três anos.

Embora ainda não tenham anunciado rotas específicas, seus objetivos vão além do transporte de passageiros: buscam estabelecer o primeiro centro de manutenção e operações do Airbus A220 no Uruguai e na região e instalar um simulador de voo para treinamento de pilotos nos próximos cinco anos.

O projeto tem o apoio do governo uruguaio, apesar de grande parte do financiamento vir de capital privado da Arábia Saudita.

Além do apoio do governo, há etapas administrativas a serem concluídas: a companhia aérea precisará obter seu AOC e o Airbus A220 seu certificado de tipo antes de iniciar as operações regulares.

FONTE: Portal Montevidéu
Seis aeronaves e investimento saudita: nova companhia aérea uruguaia anuncia início de operações

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Economia, Importação, Informação, Internacional

Retorno de Trump aumenta tensões para a economia brasileira

Analistas alertam que o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe um novo nível de incerteza para o já desafiador cenário econômico do Brasil.

Nos últimos dois anos, a política fiscal “fortemente expansionista” do Brasil elevou a economia além de seu potencial, aumentando os riscos inflacionários. Esse contexto doméstico agora se cruza com “fortes ventos contrários vindos do exterior”, que devem se intensificar, escreveram Silvia Matos e Armando Castelar na edição de janeiro do Boletim Macro do FGV Ibre, compartilhado com exclusividade ao Valor.

Para Elizabeth Johnson, analista da TS Lombard, o retorno de Trump adiciona outro elemento de imprevisibilidade às perspectivas econômicas do Brasil. Apesar de ser um dos países menos dependentes dos EUA na América Latina e de ter um déficit comercial com o país, “há preocupação de que o Brasil e seu líder de esquerda, o presidente Lula, possam se tornar alvos fáceis para Trump enquanto ele impulsiona sua agenda ‘América Primeiro’”, explicou Johnson em um relatório aos clientes.

A pesquisadora do FGV Ibre, Lia Valls, lembrou também dos comentários anteriores de Trump sobre as “altas tarifas de importação” do Brasil e a falta de reciprocidade, levantando a possibilidade de investigações sob a Seção 301. Essa lei comercial dos EUA permite ações retaliatórias caso empresas americanas sejam prejudicadas.

Valls explicou que os bloqueios dos EUA paralisam atualmente o mecanismo de resolução de disputas da OMC, dificultando que o Brasil conteste tais medidas ou imponha contrarretaliações. “Assim como no primeiro mandato de Trump, o caminho é pela negociação”, disse ela.

Embora um aumento generalizado de tarifas sobre produtos brasileiros pareça improvável, Valls não descartou aumentos setoriais, particularmente em aço ou possivelmente produtos de carne, influenciados por lobbies industriais nos EUA.

Guerra comercial global

Os impactos indiretos também podem ser significativos. Johnson, da TS Lombard, alertou que uma prometida guerra comercial poderia desestabilizar a China—maior parceiro comercial do Brasil—e a economia global. Enfrentando múltiplos desafios, como dívida pública crescente, alta inflação e desaceleração econômica, o Brasil corre o risco de um “pouso forçado” antes das eleições presidenciais de 2026, especialmente se o conflito comercial afetar exportações agrícolas ou levar a medidas populistas para gerenciar as consequências.

Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, observou que a aparente moderação de Trump em relação à China durante seu discurso inaugural, juntamente com sua recente aproximação ao presidente chinês Xi Jinping, pode indicar disposição para negociar. No entanto, isso pode prejudicar as exportações de soja do Brasil, que se beneficiaram durante o primeiro mandato de Trump devido às tensões comerciais entre EUA e China.

“Não acredito que o raio caia duas vezes no mesmo lugar”, disse Leal. “Acho que o Brasil será prejudicado de qualquer forma em relação à China e aos EUA, seja por uma redução no comércio internacional, por uma guerra comercial global, ou porque os EUA e a China chegam a um acordo, reduzindo nossas exportações agrícolas para lá.”

Atualmente, a China absorve quase 75% das exportações de soja do Brasil. Embora a safra de soja de 2025 esteja praticamente garantida, um acordo EUA-China no primeiro semestre do ano poderia comprometer as exportações brasileiras de milho no meio do ano e a safra de 2026, acrescentou Leal.

O compromisso do Brasil com uma política externa e comercial de não alinhamento poderá ser testado pelas crescentes tensões entre EUA e China. Valls, do FGV Ibre, destacou a importância de o Brasil assinar o acordo comercial Mercosul-União Europeia como um passo para diversificar suas relações comerciais.

“O acordo ainda requer aprovações e, mesmo após aprovado, inclui um cronograma de redução tarifária que, em alguns casos, leva até 18 anos. No entanto, pode desviar o comércio de importações dos EUA, particularmente no setor industrial. Notavelmente, um marco foi negociado para tratar de minerais críticos, o que poderia afetar os interesses dos EUA nessa área”, observou Valls.

Ao mesmo tempo, a China tem se preparado para uma possível retaliação dos EUA sob Trump. No final de 2024, durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, os dois países assinaram 37 acordos, incluindo memorandos sobre tecnologia, saúde e inovação. Significativamente, a China abriu seu mercado para exportações brasileiras de sorgo, o que Valls interpretou como uma estratégia preventiva contra potenciais conflitos EUA-China.

Acordo de Paris

A saída de Trump do Acordo de Paris, ordens executivas restringindo incentivos para a transição energética e anúncios de aumento na produção de petróleo sinalizam que os EUA estão “virando as costas para o mundo”, alertou Leal, da G5 Partners. Ele observou que essas ações podem apresentar desafios ao Brasil, que ocupa uma posição-chave nas discussões globais sobre clima, e potencialmente minar a conferência climática COP30, marcada para novembro em Belém.

Diplomaticamente, a presidência do Brasil no bloco BRICS em 2025—cujos membros incluem China, Rússia e Irã—adiciona outra camada de complexidade. Os EUA há muito veem o BRICS com ceticismo, e quaisquer discussões renovadas sobre uma moeda comum dentro do bloco podem provocar ações retaliatórias da administração Trump, alertou Leal. Como presidente do BRICS, “o Brasil estará sob os holofotes”, e Trump não hesitará em reagir se o bloco desafiar os interesses dos EUA, disse Leal.

Fonte: Valor International
Trump’s return escalates tensions for Brazil’s economy | Economy | valorinternational

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Calor e seca impactam produção de café no Brasil

O Brasil produziu 54,2 milhões de sacas de 60 kg de café na safra 2024/25, de acordo com dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Esse volume está 1,1% abaixo da estimativa anterior da agência e representa uma queda de 1,6% em relação à safra de 2023. Esse foi o quarto relatório da Conab sobre o ciclo 2024/25, que foi concluído em todas as regiões produtoras de café, incluindo as áreas de colheita tardia do Espírito Santo. Apesar da queda em relação a 2023, a safra é 6,5% maior que a do ciclo 2022, outro ano de bienalidade positiva, quando a produtividade é naturalmente maior devido à alternância entre anos de alta e baixa produção da cultura.

Os últimos quatro anos têm sido desafiadores para os produtores de café no Brasil. Condições climáticas adversas, incluindo geadas, calor extremo, secas e chuvas irregulares, afetaram severamente o desempenho das plantas.

Em 2024, a produtividade média nas plantações de café do Brasil caiu 1,9% em relação a 2023, atingindo 28,8 sacas por hectare. Essa queda foi atribuída, em grande parte, às condições climáticas desfavoráveis do ano anterior, que impactaram as regiões centrais produtoras de café.

Dê uma olhada no gráfico abaixo e descubra quais países importaram o maior volume de grãos de café do Brasil nos primeiros onze meses de 2024, segundo dados do DataLiner da Datamar. Clique no link abaixo para solicitar uma demonstração.

Principais destinos de exportação de café | 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Embora o clima seco durante o inverno e o início da primavera tenha acelerado o amadurecimento e a colheita dos grãos, as condições quentes e áridas causaram um desenvolvimento desigual dos grãos, reduzindo sua qualidade. Muitas plantações apresentaram um mix de grãos verdes e maduros na mesma safra.

Em algumas regiões, grãos menores e fora do padrão precisaram ser colhidos, exigindo uma quantidade maior para atingir o peso comercial padrão de 60 kg por saca. Além disso, o rendimento do café processado caiu, com grãos mais leves do que o habitual agravando a situação.

Em Minas Gerais, maior estado produtor de café do Brasil, a colheita totalizou 28,1 milhões de sacas, uma queda de 3,1% em relação a 2023. As plantações de café na região enfrentaram desafios significativos devido a secas prolongadas e altas temperaturas após abril, quando as chuvas praticamente cessaram.

Esse padrão climático impactou severamente a produção de café conilon, que caiu 5,9%, totalizando 14,6 milhões de sacas. Por outro lado, a produção de café arábica cresceu 1,8%, alcançando 39,6 milhões de sacas.

No Espírito Santo, outro importante estado produtor de café, a safra de conilon caiu 3,1%, totalizando 9,8 milhões de sacas, principalmente devido a episódios de calor intenso entre outubro e dezembro de 2023.

Em São Paulo, as plantações de café tiveram um desempenho melhor, com a colheita aumentando 8,2%, alcançando 5,4 milhões de sacas. No entanto, esse crescimento foi inferior aos 11,5% projetados inicialmente, já que secas prolongadas e altas temperaturas impactaram a produtividade.

A Bahia também registrou queda na produção de café, totalizando 3,1 milhões de sacas, uma redução de 9,7% em relação a 2023. A principal cultura do estado, o conilon, caiu expressivamente 14,8%, totalizando quase 2 milhões de sacas, enquanto a produção de arábica aumentou ligeiramente 0,8%, alcançando 1,1 milhão de sacas.

Em Rondônia, a produção de café sofreu uma queda significativa devido às condições climáticas adversas no final de 2023 e à redução da área de cultivo. Como resultado, a produção de conilon no estado despencou 31,2%, totalizando pouco mais de 2 milhões de sacas.

Fonte: Valor International
Drought, heat take toll on Brazilian coffee production | Agribusiness | valorinternational

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Número de empresas dos EUA que considera sair da China bate recorde

Estes são os maiores números desde o início da pesquisa, em 2020

A China enfrenta um novo desafio: o número de empresas americanas que considera deixar operações no país avançou para o maior nível desde 2020, segundo relatório anual divulgado nesta quarta-feira (22) pela Câmara do Comércio Americana (AmCham, em inglês) da China.

Entre as razões, os entrevistados citaram o crescimento de atritos com os EUA, as tensões geopolíticas globais, impactos de novas tarifas e o reajuste de objetivos estratégicos em outros países.

Conforme o levantamento, 17% dos participantes já começaram o processo de realocar a produção em países fora da China em 2024, enquanto 13% estão considerando a ideia, mas não tomaram nenhuma ação efetiva sobre. Estes são os maiores números desde o início da pesquisa, em 2020.

Entre essas empresas, os destinos mais considerados são países em desenvolvimento da Ásia (38%) – como Índia, Vietnã, Tailândia, etc. Na sequência, estão os Estados Unidos (18%) e países desenvolvidos da Ásia (14%), como Japão e Coreia do Sul. Já o número de entrevistados que não considera sair da China caiu para 67% no ano passado.

A China continua como destino central para investimentos de muitos entrevistados, mas sua posição está mais dividida. Apenas 12% consideram o país como “prioridade número um”, 26% o colocam no “top 3” e 31% citam como “uma prioridade elevada entre muitas outras”. Por outro lado, 21% das empresas americanas não colocam mais a China como prioridade de investimentos, uma alta de 3 pontos porcentuais em relação a 2023 e praticamente o dobro do registrado em 2020.

A pesquisa da Amcham China foi conduzida entre 21 de outubro e 15 de novembro de 2024, período entre as eleições presidenciais dos EUA que deram vitória à Donald Trump, com amostra total de 368 empresas americanas de diferentes setores.

FONTE: CNN
Número de empresas dos EUA que considera sair da China bate recorde | CNN Brasil

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