Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Informação, Internacional, Mercado Internacional

Superávit comercial brasileiro aponta para um ano melhor, mas o cenário é desafiador

O superávit da balança comercial brasileira deve atingir US$ 77,3 bilhões neste ano, segundo a média de 12 estimativas de consultorias e instituições financeiras coletadas pelo Valor Data, com projeções variando de US$ 71,4 bilhões a US$ 93 bilhões.

No ano passado, o superávit comercial do Brasil totalizou US$ 74,6 bilhões, uma queda de 25% em relação a 2023.

Economistas ouvidos pelo Valor apontam para melhora do saldo comercial em 2025 em razão de maior safra agrícola e aumento de produção de petróleo, que devem favorecer as exportações, enquanto a importação deve desacelerar com o desaquecimento da demanda doméstica. Há, porém, avaliam, grandes incertezas no cenário internacional, intensificadas neste ano pela expectativas em relação à política de Donald Trump na Presidência dos EUA. Um impacto maior que o esperado em preços commodities é um ponto de preocupação.

A fuga de dólares do país ao fim de 2024 evidenciou a importância da contribuição de um saldo comercial robusto para o país. O mês de dezembro foi marcado por uma saída recorde de dólares do país. Até novembro, o fluxo cambial operava no campo positivo, bastante apoiado pelo resultado forte da conta comercial, que acompanha os movimentos das exportações e importações. No saldo anual, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 18 bilhões, o terceiro pior resultado nominal desde1982.

“A balança comercial robusta foi o que evitou uma saída de dólares ainda mais significativa do país em 2024”, aponta Iana Ferrão, economista do BTG Pactual. “Caso a balança voltasse para os níveis pré-pandemia, por exemplo, abaixo de US$ 50 bilhões em 2025, teríamos, no contexto atual, um déficit em transações correntes em patamar mais preocupante. Com a manutenção de um fluxo financeiro de saída significativo, o Banco Central provavelmente teria que atuar vendendo mais reservas internacionais. Esse cenário aumentaria de forma significativa a vulnerabilidade externa do Brasil e depreciaria ainda mais o câmbio, com impacto sobre a inflação e juros.”

O BTG Pactual projeta superávit comercial de US$ 87 bilhões em 2025, pelo critério Secretaria de Comércio Exterior da Secex/Mdic. Segundo o banco, as exportações devem ser favorecidas por crescimento da safra agrícola, estimado em 10%,contrastando com a queda de 7,5% em 2024. Além disso, é esperada expansão em 2025, também de 10%, na produção de petróleo, após frustrações no ano passado decorrentes de paradas para manutenção e atrasos operacionais por greves em agências reguladoras.

As commodities devem seguir como destaque nos embarques, diz Ferrão. “O câmbio mais depreciado contribuiu para impulsionar o aumento do quantum exportado, mesmo com uma produção menor ao tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, levando os exportadores a direcionarem uma parcela maior da produção para o mercado externo. Esse movimento permanecerá ao longo de 2025, em um contexto em que a produção também será expandida.”

Para o economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a balança de 2025 é uma “senhora incerteza”. Ele projeta US$ 80 bilhões de superávit, também pelo critério do Mdic. “Temos um lado da história que é positivo, que é o aumento da safra de grãos ante 2024.

Só que temos enormes incertezas do lado da absorção externa e nos preços, seja preço em dólar dos bens produzidos e vendidos, seja preço do câmbio.”

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que a projeção da entidade é de superávit de US$ 93 bilhões em 2025, mas uma das suas grandes preocupações é o impacto que uma política tarifária que o governo Trump pode trazer às cotações de commodities.

Para Ferrão, uma imposição de tarifas dos EUA a produtos chineses, com acirramento do conflito comercial entre os dois países, pode trazer aumento da demanda chinesa por produtos brasileiros. Isso, diz, porque a China também imporia tarifas mais altas contra os EUA. A China, diz, poderia aumentar a demanda por produtos brasileiros como soja, petróleo e derivados e carnes. Isso ocorreu em situações similares no passado, como durante a guerra comercial entre EUA e China iniciada em 2018.

Mas um aumento das tarifas de importação de produtos chineses pelos EUA da China também pode resultar em desaceleração da atividade econômica chinesa, o que poderia reduzir os preços das commodities exportadas pelo Brasil e prejudicando o saldo comercial brasileiro. O impacto nos preços das commodities dependeria da intensidade da desaceleração da atividade na China.

Em resumo, aponta Ferrão, o efeito líquido pode ser positivo se o Brasil for capaz de reposicionar seus produtos nos mercados globais. Um câmbio mais depreciado ajudaria nisso, aponta. Outra condição é que a desaceleração da economia chinesa não seja mais expressiva do que se espera e, portanto, não haveria redução adicional significativa dos preços das commodities.

O efeito líquido pode ser negativo, prossegue a economista, se a redução adicional nos preços das commodities for muito expressiva e o Brasil não conseguir aproveitara oportunidade de ampliar suas exportações para a China e outros países que também sofrem com barreiras comerciais impostas pelos EUA.

O gráfico abaixo mostra um histórico das exportações de contêineres do Brasil para a China entre janeiro de 2021 e novembro de 2024. Os dados são do DataLiner da Datamar.

Exportações de contêineres para a China | Jan 2021 – Nov 2024 | TEUS

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O impacto, ressalta, depende da magnitude do aumento das tarifas, de qual será o efeito sobre os preços das commodities e de como o Brasil se reposicionará neste novo contexto.

Ribeiro, da BRCG, também destaca a intenção de Trump de elevar a produção americana de petróleo, outro fator que pode ter impacto na exportação brasileira da commodity, que, em 2024, foi o item mais exportado pelo Brasil.

Mais pessimista, Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, diz que na questão China-Estados Unidos, o Brasil será prejudicado de qualquer jeito. “Ou por conta de uma redução do comércio internacional, por conta de uma guerra comercial global. Ou porque os Estados Unidos e a China chegarão a um acordo e teremos uma redução das exportações de produtos agrícolas para os chineses.”

Em 2025, porém, a exportação de soja ainda não será afetada, diz Leal. “Se houver um acordo ao longo do primeiro semestre entre China e Estados Unidos, pode ser um problema para a safrinha de milho do segundo semestre e para a safra de 2026. Este ano estamos atualmente no momento de embarques da soja. Por conta da questão do calendário e na expectativa de que essas negociações entre EUA e China não caminhem de forma rápida, creio que a safra a ser exportada em 2025 está meio que blindada.”

Leal estima que o superávit da balança comercial brasileira fique este ano em torno de US$ 85 bilhões, podendo chegar próximo de US$ 90 bilhões. Em 2024, houve queda de superávit grande em relação aos US$ 98,9 bilhões de 2023, lembra. Segundo Masisso, não foi somente porque a exportação caiu em 2024, mas também porque a importação aumentou. Segundo dados da Secex, o valor embarcado no ano passado caiu 0,8% contra 2023. A importação subiu 9%. Em 2025, diz, a expectativa é de alta das exportações e nas importações é esperado uma queda, em razão da alta muito grande de 2024.

No ano passado, destaca Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, houve uma alta muito grande na quantidade desembarcada. O valor das importações, diz, só não cresceu mais em razão da queda de preços. Ainda segundo dados da Secex, o volume importado cresceu 17,2% em 2024 contra o ano anterior. Em sentido oposto, os preços médios caíram 7,4%.

Para 2025, diz Barbosa, a expectativa, com o desaquecimento esperado para a atividade doméstica, é de pelo menos algo próximo da estabilidade no quantum de importação. Devem ser afetados, diz, o desembarque de bens de capital, em razão do aumento de juros, e também bens de consumo, que dependem de renda e de crédito.

Para as exportações, além do bom desempenho da safra agrícola, o câmbio desvalorizado também pode ajudar, diz Barbosa. Ele projeta superávit comercial de US$ 80 bilhões em 2025. A estimativa, explica, considerou dólar com preço um pouco abaixo de R$ 6. O movimento de depreciação no último período, diz, pode ajudar as exportações.

Além disso, ele aponta a diversificação da pauta de exportação brasileira. “Alguns itens começam a ganhar relevância, não só em termos de valores, como também de novas possibilidades de exportação”, diz. Entre os exemplos, ele cita café, algodão,açúcar e aço. “Há também as proteínas animais, caso de sucesso da indústria exportadora brasileira, seja em bovinos, suínos e aves, que devem prosseguir contribuindo positivamente nos próximos anos.”

Fonte: Valor Econômico
Superávit comercial brasileiro ruma para ano melhor, mas tem cenário desafiador | Brasil | Valor Econômico

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Crescimento econômico do Brasil deve desacelerar para 2,2%

Segundo o Banco Mundial, o crescimento econômico do Brasil deve desacelerar de 3,2% em 2024 para 2,2% em 2025, principalmente devido a uma política monetária ainda restritiva. A inflação deverá permanecer próxima ao limite superior da meta do Banco Central em 2025.

O Banco Mundial destaca que o consumo privado e um mercado de trabalho forte continuarão sendo os principais motores do crescimento brasileiro. No entanto, de acordo com o recém-divulgado relatório Global Economic Prospects, a política fiscal provavelmente terá uma capacidade limitada de estimular a atividade econômica, já que o governo prioriza a resolução de questões urgentes de sustentabilidade fiscal.

O relatório também alerta para potenciais ameaças ao crescimento do Brasil, incluindo instabilidade fiscal, inflação persistente, políticas monetárias restritivas e os impactos das mudanças climáticas, como secas causadas pelo fenômeno La Niña. No cenário externo, o crescimento econômico lento da China gera preocupações sobre sua capacidade de reduzir a demanda global por commodities, afetando o setor exportador brasileiro.

Para a América Latina e o Caribe, o Banco Mundial prevê taxas de crescimento modestas de 2,2% em 2024 e 2,5% em 2025, uma redução de 0,2 ponto percentual em relação ao relatório de junho, devido ao declínio nos níveis de consumo.

“A América Latina e o Caribe devem se recuperar em 2025 e 2026, apoiadas pela queda da inflação e por políticas monetárias mais acomodativas. Fatores internos e externos, incluindo os preços das commodities e o aumento da demanda global, terão um papel significativo”, afirma o relatório.

Fonte: Valor International
Brazil’s economic growth projected to decelerate to 2.2% | Economy | valorinternational

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Exportações de commodities dominam Porto de Santos, mas ZPES podem mudar cenário

Zona de Processamento de Exportação é vista como caminho para agregar valor e impulsionar a industrialização

Os recordes de exportação nos portos brasileiros, em especial no de Santos, são constantes. O valor agregado, no entanto, é mais baixo, pois o País exporta basicamente commodities, ou seja, produtos do agronegócio, como a soja. Para se ter uma ideia, 53% das exportações do complexo portuário santista e 39% do total de movimentação do Porto (embarque mais desembarque) representam commodities (produtos sem processamento), segundo dados da Autoridade Portuária de Santos (APS). A qualificação deste processo encontra eco na criação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

As ZPEs são áreas de livre comércio destinadas à produção de bens para exportação e à prestação de serviços vinculados à atividade exportadora, geralmente próximas a portos. A Área Continental de Santos é a região estudada para essa finalidade pela capacidade de expansão e a proximidade com o complexo portuário santista.

Jornalista e especialista em Finanças Públicas, Rodolfo Amaral observa que, na elaboração de um Plano de Negócios visando uma área industrial de natureza incentivada, é preciso identificar os produtos primários hoje exportados pelo Porto de Santos que possam passar pelo processo de industrialização.

“A pauta é extensa, reunindo siderurgia, calçados, têxtil, cerâmica, granito, pescados, fruticultura, soja, milho, café, entre várias outras opções, incluindo equipamentos diversos. O tema precisa ser amplamente debatido com o setor privado para identificação de interesse de investimentos”, afirma.

O consultor portuário Luis Claudio Montenegro considera a ZPE como a representação de um modelo de desenvolvimento. E lembra de como o comportamento da indústria brasileira, com foco no mercado nacional, acabou favorecendo o crescimento de outros países.

“Com os processos de globalização, alguns países, principalmente os asiáticos, após a década de 1980 perceberam que o volume demandado pelos mercados globais seria imensamente maior que os mercados internos, e que o modelo de industrialização deveria ser focado nas exportações e no ganho de escala da produção. Com isso, conquistaram posições no mercado internacional de forma consistente e conseguem ser competitivos com nossas indústrias”, explica

Coreia do Sul é exemplo de desenvolvimento industrial

O consultor portuário Luis Claudio Montenegro costuma usar o índice de Complexidade Econômica para comparar os resultados da politica econômica nos países que tiveram um grande salto de desenvolvimento nas últimas quatro décadas. O indicador avalia o nível de complexidade de produção para exportação de um país e mostra que há uma forte correlação disso com o avanço econômico – ou seja, países com baixa complexidade produtiva tendem a ser menos desenvolvidos economicamente do que os dotados de alto nível dessa característica.

“No caso, a Coreia do Sul exporta quase três vezes ○ valor exportado pelo Brasil, sendo que sua pauta de exportação é baseada em sistemas eletrônicos integrados, química fina, tecnologia em transporte, máquinas, com uma participação de mais de 2,7% do mercado global. Já o Brasil tem suas exportações baseadas em commodities e possui participação no comércio internacional de cerca de 1,2% do mercado internacional. Temos muito a evoluir olhando para o modelo sul-coreano”, detalha,

Secretário de Assuntos Portuários e Emprego de Santos, Elias Júnior foi um dos integrantes da Missão Internacional Porto & Mar Brasil – Coreia do Sul 2024, realizada pelo Grupo Tribuna ao país asiático este ano. Entre outros locais, a comitiva de aproximadamente 50 pessoas visitou a fábrica da Hyundai na Coreia do Sul. O modelo é considerado por ele o melhor exemplo para Santos.

“A eficiência logística é determinante no valor do produto final, seja para exportação ou para o mercado interno. Tivemos um exemplo importantíssimo disso, que é a indústria da Hyundai ao lado do porto. Sessenta e cinco por cento do que é produzido naquele parque industrial é para exportação”, diz ele.

Ele lembra da integração logística daquele país, com produção indo direto para o navio. “É um ganho de produtividade fundamental para o desenvolvimento da indústria nacional”.

China

Coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da UniSantos, Célia Ribeiro cita a China como exemplo, em razão das Zonas Econômicas Especiais (ZEEs). Trata-se do principal mecanismo de abertura da economia do pais, constituindo zonas de livre comércio,
estabelecidas por meio de legislação mais flexível, com a redução ou até mesmo a isenção de impostos.

“A China possui cerca de 33% das mais de 7,5 mil Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) espalhadas por mais de 70 países. Elas têm estimulado a implantação de indústrias”, afirma

FONTE: Porto Tribuna
Exportações de commodities dominam Porto de Santos, mas ZPEs podem mudar cenário

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Conselho da UE busca adiar a Lei Anti-desmatamento

Os membros do Conselho da União Europeia, o principal órgão decisório do bloco, chegaram a um consenso na quarta-feira para solicitar um adiamento na implementação da Lei Anti-desmatamento, originalmente prevista para 30 de dezembro.

O conselho agora informará o Parlamento Europeu sobre a recomendação para que o órgão possa decidir se acatará o pedido e adiar o início efetivo das novas regulamentações.

O Conselho da UE seguiu uma proposta previamente sugerida pela Comissão Europeia em setembro, após enfrentar intensa pressão de vários Estados-membros e exportadores de produtos agrícolas, como Brasil e Malásia. Composto por representantes em nível ministerial dos 27 países do bloco, o Conselho é um órgão legislativo que compartilha responsabilidades com o Parlamento Europeu. Em alguns momentos, ambos os órgãos têm peso igual, enquanto em outras situações, o Parlamento detém autoridade suprema.

No caso da Lei Anti-desmatamento, qualquer possível adiamento na sua implementação dependerá da decisão dos 720 legisladores do Parlamento Europeu em sua sede em Bruxelas. O Parlamento realiza sessões deliberativas todas as quintas-feiras, mas a agenda da semana não menciona explicitamente a Lei Anti-desmatamento.

Até agora, essas posições serviram como elementos de pressão política e econômica, mas não garantem que o Parlamento concordará necessariamente com o adiamento. “O adiamento permitirá que países terceiros, Estados-membros, operadores e comerciantes estejam totalmente preparados em suas obrigações de due diligence”, afirmou uma declaração do Conselho da UE.

Due diligence envolve garantir que produtos provenientes de áreas desmatadas não entrem no território europeu. Cacau, café, carne bovina, borracha, madeira, soja e óleo de palma e seus derivados estão entre as commodities agrícolas incluídas nesta lista.

O pacto antidesmatamento da UE deve impactar severamente o ambiente de comércio internacional. Veja abaixo as principais commodities mais exportadas do Brasil para a Europa em termos de volume, de acordo com dados do DataLiner.

Principais cargas exportadas para a Europa | Jan-Ago 2024 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Se os legisladores do Parlamento Europeu concordarem com o adiamento proposto, a implementação da nova lei começará em 30 de dezembro de 2025 para grandes operadores e comerciantes, e em 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas.

Fonte: Valor Internacional

Clique aqui para ler o texto original: https://valorinternational.globo.com/agribusiness/news/2024/10/17/eu-council-seeks-to-delay-anti-deforestation-act.ghtml

Fonte: Conselho da UE busca adiar a Lei Anti-desmatamento – DatamarNews

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O crescimento das exportações com conteúdo tecnológico

Houve crescimento de dois dígitos para Aeronaves, Instrumentos e Aparelhos profissionais, fotográficos e Máquinas e Aparelhos Elétricos.

A exportação de produtos brasileiro com intensidade tecnológica vem crescendo desde 2020.
Houve uma queda em relação ao total exportado, mas devido ao boom das exportações de commodities.

Quando se comparam as duas linhas – da produção total e a dos intensivos em tecnologia -, embora em bases diferentes, percebe-se uma aceleração no crescimento dos intensivos.

Na análise dos produtos, nos 12 meses acumulados em relação ao período anterior, houve aumento de 2% nas exportações, de 7,1% nos produtos de intensidade tecnológica, e crescimento de dois dígitos para Aeronaves, Instrumentos e Aparelhos profissionais, Aparelhos fotográficos e Máquinas e Aparelhos Elétricos.

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Exportações do agronegócio brasileiro atingem mais de US$ 15 bilhões em maio

Os produtos que mais contribuíram para abrandar a queda das exportações no mês foram café verde, algodão não cardado nem penteado, celulose e açúcar de cana em bruto.

As vendas externas brasileiras de produtos do agronegócio foram de US$ 15,05 bilhões em maio de 2024. Esse resultado correspondeu a 49,6% das exportações totais do Brasil. O valor em maio foi 10,2% inferior na comparação com os US$ 16,76 bilhões exportados no mesmo mês de 2023. Em termos absolutos, houve uma queda de US$ 1,71 bilhão nas vendas externas. Esta diminuição ocorreu em função dos menores preços médios de exportação e, também, devido à redução do volume global exportado. 

Os produtos que mais contribuíram para abrandar a queda das exportações no mês foram café verde (+US$ 392,21 milhões), algodão não cardado nem penteado (+ US$ 337,30 milhões), celulose (+ US$ 298,95 milhões) e açúcar de cana em bruto (+ US$ 114,63 milhões). 

PRODUTOS BRASILEIROS 

Um dos destaques das exportações brasileiras do agronegócio, o complexo sucroalcooleiro continua registrando recordes de exportação. O setor elevou as exportações de US$ 1,24 bilhão em maio de 2023 pra US$ 1,43 bilhão em maio de 2024 (+15,3%). O volume recorde de açúcar exportado para os meses de maio foi o fator responsável por esse bom desempenho.

Vale ressaltar que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou uma produção 46,3 milhões de toneladas de açúcar para a safra 2024/2025, maior volume de produção de açúcar em toda a série histórica. Com essa produção recorde, o Brasil exportou 2,81 milhões de toneladas em maio (+16,7%).

As carnes também estão entre os principais setores exportadores do agronegócio brasileiro, sendo responsáveis por 14,2% de todas as vendas externas do agronegócio. Foram registrados US$ 2,13 bilhões em maio de 2024, valor 2,0% superior na comparação com os US$ 2,09 bilhões exportados no mesmo período de 2023.

Houve embarques recordes em três tipos de carnes: 211,98 mil toneladas exportadas de carne bovina in natura em maio de 2024 (recorde de todos os meses); 430,26 mil toneladas de carne de frango in natura (recorde para os meses de maio); e 91,63 mil toneladas de carne suína in natura (também recorde para os meses de maio).

Os produtos florestais ficaram na terceira posição dentre os principais setores exportadores do agronegócio, registrando US$ 1,55 bilhão em vendas externas (+25,5%).

Ao contrário do complexo soja e das carnes, houve elevação nos preços médios de exportação nos produtos florestais. O principal motivo dessa alta ocorreu devido ao incremento do preço internacional da celulose, que passou de US$ 403 por tonelada em maio de 2023 para US$ 551 por tonelada em maio de 2024 (+36,8%). A China é o principal importador desse produto brasileiro.

EXPORTAÇÕES JANEIRO A MAIO 

No acumulado de 2024, as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 67,17 bilhões (-0,2%). O declínio das exportações ocorreu em função da queda dos preços dos produtos exportados (-9,8%), uma vez que o índice de quantidade apresentou crescimento de 10,7% nos cinco primeiros meses do ano. O agronegócio representou 48,4% das exportações totais brasileiras.

ACUMULADO DOZE MESES (JUNHO DE 2023 A MAIO DE 2024) 

No período acumulado dos últimos doze meses as exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 166,38 bilhões, o que significou crescimento de 2,4% em relação aos US$ 162,53 bilhões exportados nos doze meses imediatamente anteriores. Com esse valor, a participação dos produtos do agronegócio no total exportado pelo Brasil no período foi de 48,5%.

As importações, por sua vez, totalizaram US$ 17,49 bilhões, cifra 1,3% inferior à registrada nos doze meses anteriores (US$ 17,72 bilhões), e representaram 7,2% do total adquirido pelo Brasil no período.

 

Saiba mais em Gov.br:
Exportações do agronegócio brasileiro atingem mais de US$ 15 bilhões em maio — Ministério da Agricultura e Pecuária (www.gov.br)

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Crescem exportações, mas há desafios pela frente

O Brasil bateu recorde de exportações em 2023 (US$ 339,7 bilhões) com saldo comercial também inédito de US$ 98,8 bilhões (+60,6%), conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Trata-se de uma expansão 10 vezes superior à média mundial, graças, entre outras razões, à retomada das relações bilaterais com vários países como China, Indonésia, México, Vietnã, Argélia, Uruguai e Paraguai e, ainda, à retirada de restrições americanas aos tubos de aço brasileiros, além do ingresso de novas empresas (+2%) no comércio internacional, totalizando 28.500 exportadoras.

A expectativa do governo para este ano é de um novo recorde de US$ 348 bilhões, pelo jeito, uma meta pode ser factível, a julgar pelo desempenho do primeiro bimestre. Janeiro e fevereiro fecharam com recorde de US$ 11,9 bilhões, um avanço de 145,9% sobre os US$ 4,9 bilhões de igual período de 2023, 111,8% dos quais em fevereiro. Nas importações, o Brasil chegou a US$ 240,8 bilhões em 2023, 11,7% sobre 2022 (US$ 272,6 bilhões).

Desafios múltiplos no setor de exportações
“Acordos comerciais são fundamentais para eliminar barreiras, tracionar as reformas internas, promover a competitividade industrial e incentivar o aumento da produtividade”, afirma Ana Karina Frota, presidente do Conselho de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Ceará e gerente do Centro Internacional de Negócios da FIEC. A seu ver, os acordos definem as regras que podem gerar mais assertividade e segurança jurídica ao ambiente de negócios, equilibrando condições de competição em mercados prioritários e facilitando o comércio e os investimentos.

A tendência, entretanto, é de um “crescimento contido” no comércio global que terá que enfrentar múltiplos desafios. Ela refere-se à desaceleração econômica em um contexto de condições financeiras limitadas com impacto sobre os negócios que terão que estar alinhados com cooperação global, integração comercial, tensões financeiras e inflação persistente. Ana Karina Frota alerta que em termos econômicos, o Brasil depende mais dos EUA do que da China, cenário que deve ser revertido em favor da China, o que exigirá maiores investimentos diretos chineses no Brasil.

Em sua análise, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) revelou ainda que “as empresas americanas são as principais concorrentes das empresas brasileiras no tocante à exportação de bens para os mercados asiático e europeu e que, enquanto a corrente de comércio entre Brasil e China se mostrou superavitária para a economia brasileira, a balança comercial com os Estados Unidos foi deficitária.

Reformas estruturais
Para a ampliação do intercâmbio comercial, a FIEC alinha antigos percalços como o custo do transporte, encargos, taxas e tarifas, além da velha burocracia, fruto de uma legislação já ultrapassada. Mas acredita que se o Brasil implementar reformas estruturais para reduzir o Custo Brasil, fortalecerá a competitividade da indústria nacional.

A gerente do CIN alerta para a necessidade crescente de práticas comerciais sustentáveis, dadas as exigências inegociáveis de mercados desenvolvidos por certificações e etiquetas “verdes”. E lembra que a União Europeia sinaliza a transição para uma economia circular com o objetivo de minimizar resíduos e otimizar o uso de recursos.

Mudança de paradigma
Para Igor Maia Gonçalves, sócio da APSV Advogados e presidente da Câmara Setorial de Comércio Internacional da Agência de Desenvolvimento do Ceará (ADECE), a dinâmica globalizada das relações comerciais e a interdependência econômica em comunidade levaram a significativas mudanças de paradigmas num sistema interconectado.

Por conta disto, ele aponta a pauta de sustentabilidade que tem impulsionado mercados estratégicos de exportações e importações, como o de energias renováveis. Também cita a conformidade regulatória nos parâmetros de compliance internacionais que dá maior competitividade nas relações negociais, o que explica o crescente interesse por certificações como o de Operador Econômico Autorizado. E, ainda, a capacidade de inovação tecnológica e a desburocratização de processos, temas recorrentes nas agendas de COMEX.

“Cada vez mais atributos como transparência, origem dos produtos, práticas éticas de fabricação e sustentabilidade tendem a ser compreendidos como uma vantagem competitiva e exigência de mercado”, observa, acrescentando que são iniciativas que podem impactar diretamente nos laços comerciais do Brasil com mercados importantes como China, Estados Unidos e União Europeia.

Comércio intrarregional
Igor Gonçalves vê nos acordos comerciais a saída para fortalecer e diversificar as parcerias para exportações. E lembra que a relação com os países do Mercosul é extremamente estratégica para o fortalecimento intrarregional do comércio exterior, com destaque para a Argentina. Otimista com o retorno, ainda neste ano, das negociações brasileiras com diferentes blocos comerciais, o executivo elogia o esforço da diplomacia brasileira, incluindo a presença no G20.

As oportunidades emergentes, entretanto, requerem ações voltadas à desburocratização e investimentos em tecnologia porque a digitalização de processos e transparências de dados são pontos que geram segurança e agilidade nas relações comerciais e são vistas com bons olhos pelo mercado internacional. “A agenda de transição energética tem sido conduzida globalmente de uma forma bastante orientada e convergente e, junto com a descarbonização, abre importantes janelas de oportunidade para exportações, especialmente para o hidrogênio verde”, diz. Mas alerta que o processo de mudança traz a necessidade de desenvolvimento de tecnologias que possam viabilizá-lo.

Convergência de interesses
A cônsul honorária da Alemanha no Ceará, Piauí e Maranhão, Marlene Pinheiro Gonçalves, diz que a parceria histórica entre os dois países tende a se fortalecer, dada a convergência de interesses, notadamente na área da energia, onde a Alemanha precisa diversificar sua matriz energética, e no processo de descarbonização. Os dois temas são foco do Instituto alemão GIZ, equivalente à Associação Brasileira de Cooperação. No Ceará, o SENAI abriu o Instituto Paulo Picanço para a formação de técnicos capazes de viabilizar o hidrogênio verde.

Para ela, a Alemanha quer continuar estreitando relações comerciais com o Brasil como seu quarto maior parceiro, mas não só na energia, como também na forte agricultura brasileira, além da migração técnica cooperativa, atraindo profissionais para a área da saúde, onde registra déficit. A cônsul lembra que há muito a ser explorado nesta cooperação e que a Alemanha aposta no potencial brasileiro diretamente através de suas empresas já instaladas (ThyssenKrupp, Volkswagen, Siemens, Mercedes-Benz, BASF) e no apoio técnico e financeiro voltados à inovação, citando o banco de desenvolvimento KFW.

Suprimento local ou próximo
O diretor de Comércio Exterior da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), Arno Gleisner, diz que o comércio internacional será impactado mais fortemente pelos conflitos, seguidos pelos desequilíbrios ambientais, pelo aumento da classe média, pela desaceleração da economia da China e pela busca de fontes de suprimento locais ou mais próximas.

Os inúmeros episódios vivenciados a partir da pandemia e das guerras mostraram que fornecedores distantes ou sujeitos à insegurança poderiam ser pelo menos parcialmente substituídos por suprimentos mais próximos e seguros, fator que tende a beneficiar o Brasil.

Dentro deste cenário, predomina na Cisbra a opinião de que o maior dos acordos em andamento, o Mercosul–União Europeia, seja um caminho que trará resultados positivos. Da mesma forma, no médio prazo, a entidade aposta nos acordos com o grupo da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e com Singapura. Todos, entretanto, enfrentarão os desafios históricos do Custo Brasil, logística, infraestrutura e tributos.

Para Arno Gleisner, a infraestrutura é um dos setores mais promissores no comércio exterior pelo seu retorno, mesmo sendo investimentos demorados. A agropecuária, mesmo já sendo o carro-chefe brasileiro, ainda tem um mercado crescente com possibilidades de diversificação e com disponibilidade de áreas. “Nos serviços há significativo potencial de crescimento porque a geografia e os recursos naturais do Brasil o tornam potencial credor no mercado de carbono, bem como fonte de suprimento de energia verde”, comenta.

Acordos relevantes
Também o presidente do Conselho de Administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Arthur Pimentel, entende que as relações comerciais internacionais – exportações e importações – mudaram a partir de 2021, quando a Organização Mundial do Comércio (OMC) anunciou a nova política comercial em função de alterações geopolíticas contemporâneas. Ganham força os conceitos de nearshoring, friendshoring e powershoring, priorizando produtores próximos a mercados consumidores, realocando cadeias produtivas em países aliados, e transferindo processos produtivos para países com energia mais limpa e com menor custo, respectivamente.

“As relações comerciais entre países emergentes têm se tornado relevantes no atual cenário internacional, em função da escalada econômica e política de países como China, Índia, Brasil e Rússia”, afirma Pimentel observando que as vendas externas possibilitam para esses países geração de emprego, aumento de escala de produção, aquisição de conhecimento e aproveitamento de ganhos com especialização em diversas etapas das cadeias de valor.

Igualmente para a AEB, os acordos de livre comércio, em princípio, são concebidos para facilitação do comércio, a começar pelo Mercosul-União Europeia, negociado ao longo de 20 anos. “Ocorre, entretanto, uma distância entre finalizar e efetivamente ratificar e implementar, de forma plena, esse acordo, já que enfrenta inúmeros obstáculos políticos e setoriais com relação ao meio ambiente e social”, comenta Pimentel. A seu ver, há uma realidade a ser enfrentada pelos exportadores brasileiros, principalmente em termos de barreiras não tarifárias impostas às importações de produtos agrícolas fora do bloco, fator que pode impactar de maneira negativa as exportações brasileiras e atrasar a conclusão do acordo.

Em todos os blocos, o fato mais recente atende pelo nome de sustentabilidade e é uma tendência crescente. “É importante reconhecer que a prática da sustentabilidade ainda não constitui uma prioridade para grande parte das empresas que operam com o comércio exterior. Há muitos desafios a enfrentar na implantação de práticas e processos sustentáveis em âmbito internacional”, admite Pimentel.

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Crescem exportações, mas há desafios pela frente – TrendsCE

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