Logística

Como compensar as emissões de carbono na logística?

Doutora em Ciências Biológicas, Silvia Fazzolari Corrêa conversou conosco sobre alternativas para a descarbonização logística.

A logística é uma das áreas que mais contribuem para as emissões de carbono, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde o transporte rodoviário predomina.
Com a crescente pressão para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, o setor logístico enfrenta o desafio de equilibrar eficiência operacional com sustentabilidade ambiental.
Controlar e compensar as emissões tornou-se mais do que uma obrigação regulatória. Trata-se também de uma vantagem competitiva, em um mercado cada vez mais consciente.

Para aprofundar o entendimento sobre como as empresas podem medir, reduzir e compensar as emissões de carbono na logística, entrevistamos Silvia Fazzolari Corrêa. Ela é doutora em Ciências Biológicas e coordenadora dos cursos de pós-graduação na área de meio ambiente do Senac EAD.
Com vasta experiência em impactos e gestão ambiental, Corrêa compartilhou conosco um pouco do seu conhecimento no campo logístico. Prossiga a leitura!

As melhores práticas para medir as emissões de carbono

De acordo com Corrêa, a medição das emissões de carbono na logística pode ser realizada de forma aproximada ou precisa, dependendo das ferramentas e métodos utilizados. 

“Uma forma relativamente fácil para medir as emissões de gases por veículos considera a distância percorrida, o porte do veículo e a sua potência, o peso da carga e as condições das estradas”, explica a pesquisadora.

No entendimento de Corrêa, embora esse método forneça apenas uma estimativa, ele pode ser útil para uma avaliação inicial da frota. 

“Sensores infravermelhos são muito utilizados por sua estabilidade e capacidade de seleção em relação ao gás medido, mas há outros equipamentos, como analisadores de gases, aparelhos de cromatografia gasosa e espectrômetros de massa”, detalha a professora.

Além dessas ferramentas, Corrêa destaca a importância do GHG Protocol e do GLEC Framework, que oferecem métodos padronizados para calcular as emissões de carbono em diferentes modos de transporte e operações logísticas. 

“O GLEC Framework é um guia universal que combina métodos existentes de cálculo, preenchendo lacunas e proporcionando uma estrutura comum para expedidores, transportadores e serviços de logística”, afirma ela.

As principais estratégias para reduzir e compensar emissões

Para Corrêa, “as empresas de logística precisam, em primeiro lugar, pensar em diminuir suas emissões”.

A especialista diz que isso começa com uma análise detalhada da frota, identificando oportunidades para otimização dos roteiros e modernização dos veículos. 

“A adoção de veículos elétricos, quando possível, pode trazer uma redução significativa nas emissões de CO² e outros GEE”, observa.

Contudo, nem sempre é possível alcançar a redução desejada, especialmente em operações de grande escala. 

Nesse caso, a compensação a partir de projetos relacionados à contenção ou captura de gases de efeito estufa é a alternativa. 

“Se não for possível alcançar menor nível de emissões, o que pode ser feito é a compensação, com investimentos no mercado de créditos de carbono”, sugere Corrêa.

As certificações e os padrões internacionais

Para que a compensação de carbono seja reconhecida e confiável, Corrêa aponta para a necessidade de certificações por órgãos internacionais. 

“Uma das certificações mais reconhecidas é a VCS – Verified Carbon Standard, que estabelece diretrizes e critérios para a certificação dos créditos de carbono”, explica. Ainda de acordo com a professora, outra certificação importante é a Gold Standard. Ela avalia projetos em áreas como energias renováveis e gestão florestal sustentável.

“É preciso seguir os padrões estabelecidos pelas certificadoras, o que proporciona segurança e confiabilidade aos investidores e compradores desses créditos”, reforça Corrêa.

Os desafios e as soluções aplicáveis ao setor logístico

Um dos maiores desafios enfrentados pelo setor logístico na compensação de suas emissões é a falta de infraestrutura adequada, especialmente no Brasil, onde o transporte rodoviário é predominante. 

“A condição das estradas, muitas vezes péssimas ou intransitáveis, aumenta bastante o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de CO²”, observa Corrêa.

Por conta disso, segundo a docente do Senac EAD, uma solução seria diversificar os modais de transporte, como o fluvial e ferroviário, que apresentam menor consumo de combustível. 

Além disso, a regulamentação do mercado de carbono no Brasil, atualmente em trâmite no Congresso, poderia trazer mais segurança para as transações de créditos de carbono. 

“O Projeto de Lei 412/2022, que regulamenta o mercado de carbono, está em revisão e, ao ser aprovado, trará segurança e confiabilidade às transações”, comenta Corrêa.
Apesar das dificuldades, Corrêa destaca que o mercado de carbono no Brasil tem um grande potencial, mas ainda é incipiente. 

“As negociações são realizadas diretamente entre as empresas no mercado voluntário, mas o volume é muito baixo face ao potencial que o país apresenta”, diz.

A partir dos tópicos apresentados por Corrêa, podemos concluir que investir em tecnologias de medição, otimização de rotas e frota são tópicos importantes para termos uma logística mais sustentável.

FONTE: Como compensar as emissões de carbono na logística? (intermodal.com.br)

 

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Portonave conquista selo prata do Programa Brasileiro GHG Protocol 🥈

O GHG Protocol é uma referência mundial na verificação e qualificação de organizações na emissão de gases de efeito estufa 🌏

A Portonave, terminal portuário privado, localizado em Navegantes, recebeu o selo prata no Programa Brasileiro GHG Protocol (PBGHG), realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), devido à publicação do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) completo, com informações das emissões diretas e indiretas referentes ao ano de 2023. Neste ano, a Companhia aderiu ao Registro Público de Emissões (RPE), plataforma pública, que disponibiliza as emissões de GEE de forma transparente. Desde 2010, o Terminal publica anualmente as emissões de GEE com base na metodologia do GHG Protocol nos seus Relatórios de Sustentabilidade.

Para obter o selo prata do PBGHG, a Portonave divulgou informações sobre as fontes dos Escopos 1 (emissões liberadas como resultado direto das operações da própria empresa), 2 (emissões indiretas, provenientes da energia elétrica adquirida para uso da própria organização) e 3 (emissões indiretas com fontes sobre as quais não tem controle direto). A iniciativa proporciona transparência aos processos e estimula a adoção de práticas sustentáveis. Para conferir o Inventário de Emissões de GEE da Companhia, acesse: https://registropublicodeemissoes.fgv.br/estatistica/estatistica-participantes/2354.

O Terminal Portuário é signatário do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) da Agenda 2030 e está alinhado às práticas ESG (Meio Ambiente, Social e Governança). Atualmente, o foco da empresa é a redução das emissões diretas (Escopo 1), assim como as emissões indiretas (Escopo 2) que, desde 2022, são 100% provenientes de fontes renováveis.

Investimentos em infraestrutura sustentável
A Companhia realiza aquisições de equipamentos ecológicos, e por meio dessas iniciativas, de 2016 a 2023, obteve uma redução de cerca de 60% das emissões de GEE para cada TEU (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) movimentado, atingindo, em 2023, o menor índice da série histórica. Durante esse período, a redução das emissões somou quase 50 mil toneladas de carbono equivalente (tCO2e), principalmente, devido à eletrificação dos 18 Rubber Tyred Gantry (RTGs), guindastes de movimentação de contêineres, antes operados a diesel. Após a eletrificação, os equipamentos tiveram redução de 96,5% na emissão de gases poluentes.

Em prol da descarbonização, nos últimos anos, o Terminal Portuário também realizou a compra da primeira Eco Reach Stacker da América Latina, equipamento para movimentação de contêineres, com redução de 40% da emissão de GEE, e instalou 318 placas fotovoltaicas para geração de energia limpa. Desde 2022, anualmente, obtém o certificado I-REC, o que garante a aquisição de energia limpa para as operações da empresa, deixando de emitir 5.164,022 tCO2e. Neste ano , iniciou as operações do primeiro Terminal Tractor Elétrico do Sul do país, e realiza a Obra do Cais, um investimento de R$ 1 bilhão para o recebimento de navios maiores e possibilitará infraestrutura para o abastecimento das embarcações por meio da energia elétrica, o que reduzirá consideravelmente as emissões de gases poluentes.

Parcerias para descarbonização no setor portuário
A Portonave se tornou membro, neste ano, da Aliança Brasileira para Descarbonização de Portos, iniciativa que surgiu de uma parceria entre o Porto de Itaqui e a Valencia Ports, com objetivo de buscar soluções integradas com a colaboração dos mais diversos atores, nacionais e internacionais, como outros portos, empresas e sindicatos. Além disso, e parceria com a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), a Companhia realiza um levantamento dos riscos das mudanças climáticas na infraestrutura portuária, que inclui a estruturação de um plano de ação para o Terminal.

Sobre o Programa Brasileiro GHG Protocol
O Programa Brasileiro GHG Protocol foi criado em 2008 pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces) e WRI Brasil, instituto de pesquisa, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), World Business Council for Sustainable Development (WBSCD) e 27 Empresas Fundadoras. É uma adaptação do método GHG Protocol ao contexto brasileiro e desenvolve ferramentas de cálculo para estimativas de emissões de gases do efeito estufa (GEE), e é uma iniciativa voluntária.

As organizações podem receber um dos três selos:
• OURO: o inventário publicado é verificado por um organismo de verificação acreditado pelo Inmetro.
• PRATA: publicação de um inventário completo, o que inclui todas as fontes de emissão referentes à organização.
• BRONZE: indica a publicação de um inventário parcial, que não contabiliza todas as fontes de emissão de Escopo 1 e Escopo 2.

O Registro Público de Emissões
O Registro Público de Emissões (RPE) é a primeira plataforma no país para divulgação dos inventários corporativos de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) das organizações participantes do Programa Brasileiro GHG Protocol. O RPE possui a maior base de inventários organizacionais públicos da América Latina, com mais de 4 mil inventários divulgados.

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