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Com a ajuda dos EUA, o México pode se transformar em uma potência econômica global; saiba como

O México está investindo pesado para fortalecer sua economia, reduzindo a dependência da China e apostando no “Made in Mexico”. A ideia é atrair investimentos dos EUA e se tornar uma das 10 maiores economias do mundo.

Nos últimos anos, o México tem sido palco de uma transformação econômica significativa, tentando se consolidar como uma das dez maiores economias do mundo. Entrelaçado com seu maior parceiro comercial, os Estados Unidos, e enfrentando uma relação ambígua com a China, o país se encontra em uma encruzilhada que pode definir seu futuro econômico.

Com um plano audacioso apresentado pela presidente Claudia Sheinbaum, o México propõe fortalecer sua produção local e reduzir a dependência das importações asiáticas. Mas será que essa estratégia é suficiente para superar os desafios impostos por potências globais como a China?

O contexto atual: México entre os EUA e a China

O México tem uma relação histórica e econômica profunda com os Estados Unidos. A proximidade geográfica e o Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC) garantem uma troca comercial robusta, posicionando os EUA como o principal destino das exportações mexicanas.

Por outro lado, a China desempenha um papel estratégico no comércio mexicano. Desde 2016, a China tem se consolidado como o segundo maior parceiro comercial do México, aproveitando o país como um ponto de entrada para os produtos chineses no mercado norte-americano. Essa dinâmica, no entanto, enfrenta críticas e desafios, especialmente no cenário de tensões comerciais globais.

O impacto do primeiro mandato de Trump no comércio global

Durante seu primeiro mandato, Donald Trump implementou tarifas rigorosas sobre produtos chineses, alterando significativamente o comércio global. Para a China, isso significou buscar alternativas, e o México se tornou uma dessas rotas estratégicas. Empresas chinesas aproveitaram as cadeias logísticas mexicanas para driblar as tarifas e acessar o mercado dos EUA.

Essa situação, embora benéfica para o México em termos de investimentos, também gerou críticas de Trump, que acusou o país de ser uma “porta dos fundos” para produtos chineses. Agora, com a possibilidade de um segundo mandato, novas tarifas podem atingir não apenas a China, mas também o México, colocando ainda mais pressão sobre a economia mexicana.

Uma resposta estratégica à dependência da China

Para enfrentar esses desafios, o México lançou um plano ambicioso que visa revitalizar sua produção local. A estratégia é clara: reduzir as importações asiáticas e fortalecer as cadeias de valor internas.

O projeto inclui a criação de 100 parques industriais em 12 regiões estratégicas, conhecidos como “Pólos do bem-estar”. O governo oferece incentivos fiscais, financiamento para pequenas e médias empresas (PMEs) e apoio à adoção de tecnologias avançadas. Esses esforços ecoam a estratégia usada pela China nas décadas de 1990 e 2000, quando o país investiu maciçamente em sua cadeia produtiva para se tornar um gigante global.

Nearshoring e o fortalecimento do “Made in Mexico”

Outro ponto crucial do plano é o nearshoring, uma tendência que aproveita a proximidade geográfica do México com os Estados Unidos para atrair investimentos e reduzir custos de transporte. Essa estratégia busca transformar o “Made in Mexico” em um selo de qualidade e competitividade no mercado global.

Os setores têxtil, tecnológico, de calçados e móveis estão no centro dessa transformação. O objetivo é aumentar a participação mexicana no comércio internacional para 15%, consolidando o país como um dos principais players globais.

México no comércio global

Apesar das iniciativas promissoras, o México ainda enfrenta desafios consideráveis. O segundo mandato de Trump pode trazer novas tarifas e tensões comerciais, enquanto a China continua a ser um concorrente poderoso no mercado global.

No entanto, com uma estratégia clara de autossuficiência econômica e integração regional, o México tem o potencial de se posicionar como um líder econômico na América do Norte. O tempo dirá se o país conseguirá transformar sua ambição em realidade e equilibrar sua relação com os EUA e a China.

FONTE: CPG click petróleo e gás.
Como o México pode se tornar uma potência econômica global competindo com a China e contando com a ajuda dos EUA

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O Brasil entra no mapa do nearshoring

Como a América Latina se torna uma nova fronteira para empresas globais e pode aumentar sua relevância no mandato de Trump

*Roberto Patiño

Nos últimos anos, a dinâmica das cadeias de fornecimento globais passou por transformações significativas, impulsionadas por uma série de fatores geopolíticos, econômicos e tecnológicos – da pandemia aos conflitos armados. Nesse mundo hiperestressado, uma das tendências que surgiram foi o nearshoring.

Trata-se de uma estratégia em que as empresas transferem suas operações de manufatura, serviços ou centros de distribuição para países mais próximos de seus mercados-alvo, em vez de optar pelo tradicional offshoring em países mais distantes. Essa alteração, que tem um cunho logístico evidente visando a mitigar vulnerabilidades, como as interrupções de fluxo, melhora a flexibilidade e a eficiência logística.

Nesse contexto, a América Latina, o Brasil em particular, tem se destacado como destino estratégico para empresas globais que buscam mais eficiência, redução de custos e resiliência nas cadeias de suprimentos.

De acordo com relatório da JLL sobre nearshoring, a proximidade com mercados-chave como os Estados Unidos, a qualidade da infraestrutura e a oferta de mão de obra qualificada fazem da região uma alternativa viável para companhias que buscam reduzir sua dependência de fornecedores distantes.

O Brasil ainda tem como vantagem um mercado local atrativo, com mais de 200 milhões de possíveis consumidores, e homogeneidade geopolítica. O estudo ainda aponta que São Paulo, mais precisamente, figura entre as “top 5” cidades em cinco dos sete critérios de performance de nearshoring: histórico de investimento estrangeiro, força de trabalho, mercado potencial, mercado imobiliário estruturado e performance logística.

Toda essa movimentação pode ajudar a impulsionar a indústria latino-americana como um todo, garantindo mais representatividade econômica global para a região. Nesse sentido, a eleição de Donald Trump pode acrescentar mais um impulso para o nearshoring.

Durante seu primeiro mandato, Trump implementou uma série de políticas voltadas para reduzir a dependência das cadeias de fornecimento asiáticas e reorientar a produção para países mais próximos dos EUA. Sua abordagem de America First promoveu uma agenda protecionista, que incentivou empresas a repatriar suas fábricas e centros de distribuição para os Estados Unidos ou para países próximos, como México – e o Brasil conseguiu aproveitar parte dessa onda.

Então, como deve ficar o nearshoring?

O cenário para o próximo ano, especialmente com as mudanças políticas que podem ocorrer nos EUA, será decisivo para o futuro do nearshoring na América Latina. Políticas de relocalização de produção e de fortalecimento da indústria doméstica continuarão a ser uma prioridade estratégica para os EUA, o que pode manter o Brasil e a América Latina no radar de empresas globais em busca de alternativas mais próximas.

Com a continuidade da tendência de diversificação das cadeias de suprimento e a necessidade de resiliência diante de crises globais, o Brasil tem a oportunidade de se consolidar como um hub importante para o nearshoring, especialmente em setores-chave como tecnologia, indústria automotiva, energia renovável e agronegócio. Para que aproveitemos esse potencial, será fundamental que o país continue a melhorar seu ambiente de negócios, permaneça investindo em infraestrutura e mantenha políticas voltadas para a atração do capital estrangeiro.

*diretor de Integrated Portfolio Solutions da JLL

FONTE: Exame
https://exame.com/colunistas/genoma-imobiliario/o-brasil-entra-no-mapa-do-nearshoring/amp/

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