Portos

Porto catarinense investe R$ 1 bilhão para receber os maiores navios do mundo, de até 400 metros

Dona de autorização para operar o maior terminal de contêineres do Sul do Brasil, no Porto de Navegantes, em Santa Catarina, e menor apenas do que os de Santos (SP), a Portonave começou, em janeiro, uma obra orçada em R$ 1 bilhão em seu cais. O investimento tem como objetivo tornar o porto capaz de receber navios de até 400 metros de comprimento, que são os maiores em circulação transportando cargas pelo mundo. Nesse espaço, cabem quase quatro gramados do Maracanã e 24 mil TEUs, a unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés (6,09 metros), o padrão da indústria.

Para se ter a dimensão do porte desses navios, na quinta-feira, 1º, desembarcou no Porto de Santos o maior cargueiro que já chegou ao País, o MSC Natasha XIII, construído em 2018, com 366 metros de comprimento, e capacidade de 14,4 mil TEUs. Na última semana, também foi notícia o início da viagem do Icon of the Seas, o maior navio de cruzeiro do mundo, que tem 365 metros, que saiu de Miami, Flórida, no sábado, 27. Já a Vale, nos últimos anos, passou a operar supernavios de minério, que são graneleiros com capacidade de suportar mais peso que uma embarcação de contêineres, mas que não ultrapassam os 362 metros de comprimento.

Na Portonave, em Navegantes, o maior navio a já atracar foi o APL Yangshan, do armador CMA CGM, com 347 m de comprimento e capacidade de 10.800 TEUs. “Essa é a nossa capacidade atual. Precisamos capacitar o nosso terminal para receber a geração de navios de 366 metros. Então, estamos adequando já para até 400 metros”, afirma o diretor-superintendente da Portonave, Osmari de Castilho Ribas. “Os navios de 400 metros não devem chegar em curto prazo, mas temos de olhar para o longo prazo. Temos autorização do terminal, não uma concessão ou arrendamento, e ela se renova automaticamente a cada 25 anos.” A Portonave começou a operar em 2007, como o primeiro terminal privado de contêineres do País.

As obras atuais, as maiores, desde o início do seu negócio, devem levar 27 meses e serão executadas em duas fases. Enquanto um lado, de 450 metros, do porto estará em obras, o outro seguirá em operação normalmente, para não comprometer fortemente as atividades. “Esse mercado exige investimentos permanentes em infraestrutura”, diz Ribas. O Porto de Santos também está em ciclo de investimentos para permitir a atracagem de navios de 400 metros.

Obras como essas envolvem não apenas a infraestrutura portuária, mas também demandam dragagem para aprofundamento dos canais, já que as embarcações de maior porte possuem também um maior calado – a parte do casco que fica submersa.

Segundo informações do Ministério de Portos e Aeroportos, atualmente 19 portos brasileiros estão aptos para receber navios com mais de 300 metros – incluindo Santos, Navegantes, Paranaguá, Pecém, Fortaleza, Suape e Açu -, além de alguns terminais aquaviários da Transpetro, subsidiária da Petrobras para logística e transportes.

O Porto de São Sebastião (SP), por exemplo, ainda não recebe navios com este comprimento, porém, na modelagem para o seu futuro arrendamento, está previsto o investimento para construção de novo berço de atracação que será capaz de receber navios de até 400 metros, informa o Ministério. Já o Porto do Rio de Janeiro iniciou em dezembro a dragagem que permitirá receber navios de 366 metros. Já o Porto de Fortaleza Docas (CE), que recebe atualmente embarcações de até 300 metros, contratou estudos para indicar a viabilidade e quais obras precisarão ser realizada para uma ampliação da capacidade.

Todos esses possíveis investimentos serão beneficiados pela renovação até 2028 do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto), anunciada pelo governo na terça-feira, 23. O programa pode representar uma desoneração de até R$ 5 bilhões em um período de cinco anos, segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Implementado em 2004, o Reporto isenta empresas do pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição para o PIS/Pasep, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Imposto de Importação. A previsão era que os benefícios fiscais seriam extintos no ano passado.

“Foi importante essa prorrogação para os investimentos acontecerem, até para não se inibir os aportes. Pelo mundo, não se tributa investimentos em infraestrutura. Essa é até a espinha dorsal da reforma tributária”, diz o diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Conceição da Silva. “Além disso, o Reporto tem um impacto de menos de 1% nos gastos fiscais federais.”

Para a ABTP, esses incentivos são necessários para que os investimentos no setor portuário alcancem a meta de R$ 54,8 bilhões, até 2026, prevista no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em torno de R$ 44 bilhões deste valor seriam relacionados a investimentos privados.

CONTINUA…

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Porto catarinense investe R$ 1 bilhão para receber os maiores navios do mundo, de até 400 metros – Estadão (estadao.com.br)

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Mercado Internacional

PREÇO DE FRETE MARÍTIMO DISPARA 173% COM ATAQUES NO MAR VERMELHO E AFETA O MERCADO GLOBAL

Custo de transporte de carga nas principais rotas mundiais já é o dobro do praticado até 2019. Crise só não é maior do que a do auge da pandemia de Covid, em 2020

Os ataques dos rebeldes Houthi iemenitas a navios mercantes que se dirigem para o Canal de Suez através do Mar Vermelho estão causando uma das maiores perturbações no comércio global desde a pandemia. Pelo menos 18 companhias marítimas, incluindo a gigante dinamarquesa Maersk, já redirecionaram suas rotas através da África do Sul para evitar a passagem pelo estratégico Golfo de Aden.

A mudança aumenta significativamente os custos e prolonga as viagens entre a Ásia e a Europa. O impacto nos preços do frete foi praticamente instantâneo: quase triplicaram desde meados de dezembro, quando os ataques se intensificaram.

A plataforma de reserva de carga Freightos.com estima que transportar produtos em um contêiner de 40 pés (12 metros de comprimento, 2,3 de largura e 2,4 de altura) da Ásia para o norte da Europa custa agora US$ 4 mil dólares (€ 3.650), 173% a mais do que em meados de dezembro, informa a Bloomberg.

Para carga da Ásia para o Mediterrâneo, o preço sobe para US$ 5.668 (€ 5.175), e algumas empresas cobram até US$ 6 mil nas rotas que partirão em meados de janeiro. Da Ásia aos EUA, as taxas sobem menos, 55%, para US$ 3.900.

Outro dos índices de referência, o Shanghai Containerized Freight Index (SCFI), que mede as taxas de transporte de produtos importados da China, aumentou 161% desde 15 de dezembro, passando de US$ 1.029 para US$ 2.694.

Todos esses preços são aproximadamente o dobro dos de 2019, antes da Covid-19 atingir o comércio global, mas ainda estão bem abaixo dos valores máximos registrados durante a pandemia. Nos momentos de maior colapso naquele ano, os preços do índice SCFI ultrapassaram os US$ 5 mil, o dobro dos níveis atuais.

A milícia rebelde afirma ter como objetivo punir Israel pela guerra em Gaza. O aumento dos custos dos transportes ameaça a economia global com um novo revés inflacionista, embora os especialistas estejam confiantes de que o efeito será limitado.

O aumento dos preços dos transportes surge em um momento delicado para a situação econômica, marcada pela incerteza e pela ressaca de uma escalada inflacionista (e seus efeitos) que começava a abrandar.

O impacto da atual crise no Oriente Médio é considerável. As companhias marítimas estão alterando seus itinerários para evitar o Mar Vermelho, rota por onde circula entre 12% e 15% do comércio mundial, muitas vezes contornando o Cabo da Boa Esperança.

“Um número significativo de companhias marítimas, cerca de 18, já decidiu redirecionar os seus navios em torno da África do Sul para reduzir os ataques aos navios e limitar o impacto que isso tem”, afirmou o secretário-geral da Organização Marítima Internacional (IMO), Arsenio Domínguez, em discurso para o Conselho de Segurança da ONU. Para os cargueiros isso significa acrescentar em média 10 dias às viagens e mais gastos com combustível. A crise causou uma redução de 25% no tráfego comercial através do Canal de Suez.

Os ataques contra esta rota comercial já começaram em novembro, pouco depois da invasão terrestre de Gaza por Israel, na sequência dos ataques terroristas do Hamas, em 7 de outubro. E pioraram desde dezembro. “O objetivo inicial era navios ligados a Israel, mas com base nas informações que recebemos em acontecimentos recentes isso já não parece ser o caso”, alertou Domínguez.

Desde meados de novembro, 23 navios comerciais foram atacados. O último ocorreu no fim de semana passado, contra a gigante dinamarquesa Maersk, apesar de os Estados Unidos terem lançado uma operação para patrulhar a área.

A Maersk anunciou esta semana que vai pausar mais uma vez as rotas que passam pelo Canal de Suez, seguindo os passos da companhia marítima alemã Hapag-Lloyd. A francesa CMA-CGM anunciou um aumento de 100% nas tarifas nas rotas entre a Ásia e o Mediterrâneo. As empresas aumentam as suas tarifas quando a sua capacidade de carga e a frequência das viagens são reduzidas, neste caso porque as viagens são consideravelmente alongadas pela necessidade de alterar itinerários.

Links abaixo referentes ao assunto:

Frete marítimo dispara 170% com ataques no Mar Vermelho e afeta comércio global (globo.com)

Preço do frete marítimo dispara 173% com ataques no Mar Vermelho e afeta comércio global – Jornal O Sul

Frete marítimo dispara 170% com ataques no Mar Vermelho e afeta comércio global – SINDICOMIS

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