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Governo negocia aumento da cota de açúcar brasileiro nos EUA

Outras sugestões em análise são o aumento da cota para exportação de carne bovina e a abertura de mercado para o limão do Brasil

O governo brasileiro colocou na mesa de negociação com os Estados Unidos a ampliação da cota de exportação de açúcar para lá. O pleito antigo do setor nacional, maior produtor mundial, ganhou força em Brasília como uma possível moeda de troca diante da pressão do presidente Donald Trump por redução na tarifa de 18% cobrada pelo Brasil para a entrada do etanol americano aqui.

Outras sugestões em análise são o aumento da cota para exportação de carne bovina e a abertura de mercado para o limão do Brasil. Os temas serão negociados em bloco, não por setor, e em nível de governos, disseram pessoas a par do assunto. As discussões envolvem ainda o possível tarifaço contra o aço e o alumínio brasileiros e são coordenadas pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente, Geraldo Alckmin.

Atualmente, a cota preferencial de açúcar para acesso ao mercado americano pelo Brasil é de 146,6 mil toneladas isentas de impostos. Está dividida entre 39 empresas do Nordeste do país. Há alguns anos, o governo tenta ampliar essa quantidade para algo em torno de 300 mil e 400 mil toneladas, mas enfrenta resistências. Não há confirmação se o pedido foi mantido nesse patamar.

Em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram 876,7 mil toneladas, com uma receita de quase US$ 440 milhões. Acima da cota, o produto é taxado em cerca de 80%. Produzido em 26 dos 50 Estados americanos, o açúcar é considerado um produto “superprotegido” e de difícil negociação por pessoas que acompanham o assunto em Brasília. Os negócios são considerados irrisórios por fontes da indústria, em comparação com os embarques totais de mais de 33,4 milhões de toneladas de açúcar do Brasil no ano passado, com faturamento de US$ 15,9 bilhões.

A avaliação dos técnicos do governo é que o açúcar tem relação direta com o etanol, produto para o qual os americanos querem mais espaço no Brasil, o que pode justificar o atendimento ao pedido desta vez. “Etanol e açúcar para o Brasil são indissociáveis”, disse uma fonte. Isso porque a maior parte do biocombustível brasileiro é produzido a partir da cana-de-açúcar. Nos Estados Unidos, porém, o etanol é feito de milho, o que baliza argumentos do outro lado da mesa sobre efeitos em indústrias diferentes no caso da ampliação da cota.

O assunto já foi tratado na videoconferência do vice-presidente Geraldo Alckmin com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Na ocasião, o governo brasileiro propôs a criação de um grupo de trabalho para tratar das relações comerciais entre os dois países.

“A estratégia é tentar ter alguma moeda de troca na questão do etanol caso se encaminhe para ter uma redução de tarifa do lado brasileiro”, disse uma fonte do governo. A conquista de mais espaço para o açúcar seria uma forma de “compensação”, avaliou.

FONTE: Globo Rural News
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