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Diálogo é saída para superar tarifas dos EUA, diz CEO da Amcham

Para Abrão Neto, experiência anterior mostra que compor com governo Trump reduz impactos econômicos e pode garantir manutenção de interesses brasileiros.

CEO da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), Abrão Neto, 42 anos, afirma que o “diálogo” é a solução para que o governo brasileiro reduza os impactos das medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que reassumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, o republicano vem impondo tarifas de importação a outros países. Já anunciou sobretaxas no aço e no alumínio que atingem o Brasil, assim como indicação de barreiras para o etanol.

Abrão Neto divulga nesta 2ª feira (17.fev.2025), na arena da Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, a pesquisa anual “Plano de Voo 2025”, em evento realizado em parceria com o Poder360. O levantamento exclusivo com 775 empresários, ouvidos entre 16 de dezembro e 21 de janeiro, trata de questões internas do Brasil, como riscos econômicos, reforma tributária e crescimento dos negócios, e também de questões envolvendo a relação com os EUA. Eis a íntegra (PDF – 481 KB). “Se nós fizermos uma avaliação do que aconteceu em 2018, no primeiro mandato do Trump, quando também houve a aplicação de sobretaxa sobre o aço e o alumínio, o Brasil conseguiu uma negociação para o setor do aço que foi positiva para o setor e para os interesses brasileiros”, disse o CEO da Amcham nesta entrevista ao Poder360, em que ele aborda a conjuntura nacional e internacional.

Assista à entrevista (16min04s):

Leia a entrevista:

Poder360 – A pesquisa “Plano de Voo 2025” diz que 72% dos empresários afirmam que a incerteza do cenário econômico brasileiro é o principal desafio para o crescimento. O que é preciso para dissipar essa incerteza?

Abrão Neto –  Essa pesquisa mostra resultados muito interessantes e atualizados da percepção do setor empresarial sobre o  desempenho da economia em 2025. Por um lado, há um sentimento de certo otimismo, quando 92% dos participantes dessa pesquisa indicam uma expectativa de crescimento nas suas receitas. Crescimento esse que viria pelo aumento do mercado doméstico, pelo aumento das suas produções e vendas e também por ganhos de eficiência. Desses 92%, mais de um terço entende que os seus ganhos em 2025 serão superiores a 15%, ou seja, um percentual bastante relevante. Agora, esse otimismo vem temperado por um conjunto muito significativo de desafios, tanto em relação à economia como em relação à política. Esses foram os dois fatores principais de desafios [apontados na pesquisa] para o bom resultado das empresas em 2025. Em primeiro lugar, são os fatores econômicos; em segundo lugar, a incerteza política.

Dentro da dimensão econômica, são conhecidos os principais elementos de apreensão do setor empresarial, a começar pelos juros crescentes, passando pelo equilíbrio fiscal —há muita preocupação em relação a um deficit fiscal e ao crescimento da dívida pública. Também há uma preocupação com a inflação. E, por fim, com o câmbio. Então, esses quatro grandes elementos que influenciam diretamente a atuação das empresas estão no radar de acompanhamento e terão, obviamente, um impacto direto no resultado dos negócios neste ano. Importante destacar que, no cenário econômico, existem elementos internos —o nosso cenário interno é desafiador por essas questões —, mas há também uma conjuntura internacional bastante delicada e que inspira cuidados. Isso também apareceu na pesquisa.

Mas o que, internamente, o governo precisa fazer para dissipar essa essa incerteza? Acho que a discussão principal hoje está muito relacionada ao equilíbrio fiscal. Então, é a adoção de medidas adequadas para estabilizar esse cenário fiscal, estabilizar o deficit público e, com isso, gerar mais confiança nos agentes de mercado, retomada e crescimento de investimentos, um quadro econômico que permita tanto um crescimento saudável do PIB —a previsão do Boletim Focus, para esse ano, é de 2% —e também um quadro que leve a um retrocesso, uma redução dos juros nos próximos anos.
Levando em consideração a guerra comercial aberta, levada adiante pelo presidente Donald Trump agora no início do seu mandato, como isso deve afetar? Qual o impacto para o Brasil? E qual o impacto, na sua avaliação, para os negócios?

Brasil e Estados Unidos têm uma relação comercial e econômica extremamente importante. Os Estados Unidos são a principal economia do mundo, e as políticas adotadas pelos governos americanos têm uma influência determinante nos rumos da economia mundial.

A pesquisa também mostra que o principal fator de atenção no cenário externo são as medidas e políticas da nova administração americana. Então, há, obviamente, uma consciência, um interesse e um reconhecimento do impacto que essas novas medidas, as novas prioridades do governo Trump, trarão para a economia mundial, em particular para a economia brasileira.

E aí eu acho que há algumas dimensões pelas quais essa análise pode ser feita. Primeiro ponto de vista macroeconômico: várias das medidas que vêm sendo anunciadas pela nova administração dos Estados Unidos são consideradas medidas que podem ter um viés inflacionário para alta. Então, restrições de migração, restrições comerciais, restrição de arrecadação —tudo isso pode ter um impacto inflacionário. Um exemplo: um estudo da Goldman Sachs fala que, para cada aumento de 10 pontos percentuais no imposto de importação dos Estados Unidos, isso pode se traduzir no aumento de 1 ponto percentual na inflação americana.

Só para deixar claro que é um impacto inflacionário nos Estados Unidos.

É um impacto inflacionário nos Estados Unidos, mas um impacto inflacionário nos Estados Unidos que, se concretizado, tem um efeito sobre todo o mundo. Se os Estados Unidos, para conter uma alta da inflação, precisam elevar os seus juros, isso muda o equilíbrio em todo o globo e afeta todas as demais economias, em particular as economias emergentes, aí incluído o Brasil. Então, a dimensão macroeconômica e como as políticas dessa nova administração vão afetar os fundamentos econômicos —e isso, por consequência, se distribuir pela economia global —é um ponto fundamental.

O outro ponto diz respeito às medidas comerciais. No primeiro dia de governo, Trump anunciou a sua nova política comercial, e essa nova política comercial é muito calcada na utilização de tarifas. Várias tarifas já foram anunciadas contra Colômbia, México, Canadá e China. Recentemente, tarifas contra todas as importações americanas de aço e alumínio, que inclusive afetam o Brasil. E é interessante que, em todas elas, ou em grande parte delas —Colômbia, México e Canadá —, houve negociações entre os governos desses países e o governo americano, chegando a soluções, em alguns casos, temporárias.

E aí, a pesquisa nos traz talvez o que seja a indicação mais relevante dela: para grande parte desses respondentes, para 60% dos participantes, o Brasil deveria ter uma postura proativa em relação aos Estados Unidos. Deveria buscar se aproximar, ampliar o seu diálogo de maneira a explorar novas oportunidades à luz de uma nova conjuntura e também conseguir resolver de maneira satisfatória, construtiva e amigável eventuais questões que surjam na relação bilateral, como, por exemplo, essa anunciada agora, das restrições do aumento de sobretaxas no aço e alumínio.

Então, isso indica claramente qual é a visão do setor empresarial em relação à forma como o Brasil deve buscar se relacionar com os Estados Unidos, de uma maneira construtiva e positiva.

A pesquisa fala sobre como o Brasil deve agir. Como o senhor avalia a ação do Brasil? Porque foi uma ação, a princípio, de cautela. Lembrando que o presidente brasileiro já chegou a dizer na época da campanha de 2024 que o retorno do Donald Trump seria “fascismo e nazismo voltando a funcionar com outra cara”. Então, existe um tensionamento político anterior, mas existem também as atitudes atuais do governo em relação a essa sobretaxa do aço e do alumínio, principalmente. Queria uma avaliação do senhor sobre as reações de cautela e observação do governo brasileiro agora e como essa relação de cautela e observação do governo brasileiro agora e como essa relação política de Lula — verbal— pode influenciar a relação entre Brasil e Estados Unidos.

Olha, o melhor caminho para se buscar resolver desentendimentos e solucionar essas medidas que foram anunciadas —e novas medidas que serão anunciadas pelo governo americano —é o diálogo. Não há dúvida alguma de que o diálogo, a negociação e a composição oferecem as melhores soluções para preservar os interesses brasileiros e para permitir a continuidade de um fluxo muito importante de comércio e investimentos entre Brasil e Estados Unidos.

Os Estados Unidos são o principal mercado de exportação de bens industriais do Brasil. Hoje, existem quase 10.000 empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos, e os Estados Unidos são o principal investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de investimentos de mais de US$ 350 bilhões. Então, quando a gente discute uma relação desse porte econômico, com interesses importantes de ambos os lados, a solução é certamente a negociação.

O governo brasileiro é um governo experiente. Até o momento, todas as reações em relação às sobretaxas do aço e do alumínio têm sido colocadas de maneira muito ponderada, indicando cautela e interesse em abrir conversas com o governo americano.

Se nós fizermos uma avaliação do que aconteceu em 2018, no primeiro mandato de Trump, quando também houve a aplicação de sobretaxas sobre o aço e o alumínio, o Brasil conseguiu uma negociação para o aço que foi positiva para o setor e para os interesses brasileiros. E se nós observarmos agora as medidas recentes, como eu comentei, com o México, com a Colômbia e com o Canadá, houve interesse do lado americano e disposição desses parceiros para negociar. Nós acreditamos que essa é a melhor saída, que essa tem sido e deve continuar sendo a postura do governo brasileiro, e que isso vai permitir impulsionar os negócios entre os dois países.

E o tensionamento político

O tensionamento político: nós estamos falando de um relacionamento de Estado. Entre dois Estados soberanos, que além dos seus governos, têm uma trajetória longa e muito sólida de relacionamento. Eu acredito que uma visão de Estado prevalece nesse momento e que os interesses de se buscar ter um bom relacionamento também prevalecerão e abrirão um caminho para uma possível construção de soluções negociadas.

Queria voltar um pouco para os aspectos mais internos abordados na pesquisa “Plano de Voo 2025”, que é o impacto da reforma tributária aprovada pelo governo. Trata-se de uma reforma tributária com foco na questão dos impostos sobre consumo, e a pesquisa diz que esse impacto da reforma sobre a competitividade, no médio prazo, vai ser positivo. Ou seja, essa competitividade vai melhorar: 47% dos empresários ouvidos dizem que vai melhorar. Então, de certa forma, há um certo otimismo. Mas o governo, quando foi eleito —e mesmo depois de eleito —falou também de uma reforma no Imposto de Renda. E uma reforma no Imposto de Renda é uma reforma que mexe estruturalmente em questões de desigualdade —e a desigualdade é uma chaga histórica brasileira. O senhor acha que existem condições políticas para o governo aprovar uma segunda reforma tributária com foco no Imposto de Renda?

A aprovação da reforma tributária sobre o consumo aconteceu de maneira inédita depois de quase 30 anos de discussão, em que, nos últimos anos, houve um amadurecimento e uma evolução muito grande no debate público. Essa maturidade certamente foi determinante para se criar as condições políticas que permitiram a aprovação dessa reforma sobre o consumo.

A pesquisa traz dados muito interessantes que mostram que 47% esperam ganhos de médio prazo na sua competitividade. É bom também pontuar o outro lado: 30% entendem que haverá aumento de complexidade e perda de eficiência tributária. Então, ainda há um momento de análise, entendimento e compreensão por parte das empresas sobre como essas mudanças, bastante estruturantes, vão afetar sua atuação.

Outro ponto muito interessante que nós perguntamos é sobre a avaliação da capacidade e da dificuldade de adaptação. Aqui, 47% também entenderam que essa adaptação vai acontecer, obviamente, e grande parte dela com necessidade de ajustes, mas são ajustes factíveis. Isso é uma boa notícia, e a gente espera que essa reforma melhore o ambiente de negócios do Brasil.

A discussão sobre a reforma da renda tem menos maturidade do que a reforma sobre o consumo. Então, eu entendo que ainda há um caminho pela frente: uma discussão com a sociedade, uma discussão com o Congresso, uma discussão mais ampla para que se avalie quais são as condições de se avançar ou não. E o tempo é, obviamente, relativamente curto, em razão da perspectiva de eleições presidenciais em 2026.

FONTE: Poder 360
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Brasil tem déficit comercial com a China pela primeira vez na história recente

Pela primeira vez no histórico recente do comércio exterior, o Brasil iniciou o ano com um déficit inédito no intercâmbio com a China, principal parceiro comercial desde 2009.

Em janeiro, a balança registrou superávit chinês de US$ 583 milhões, resultado de exportações brasileiras de US$ 5,470 bilhões frente a importações de US$ 6,052 bilhões.

Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Em janeiro, as exportações para a China recuaram 30%, reduzindo a participação chinesa no total de vendas externas brasileiras, de 24,7% em 2024 para 21,7% em 2025. No mesmo mês do ano passado, as exportações somaram US$ 7,890 bilhões (alta de 53,1% em relação a janeiro de 2023), mas caíram para US$ 5,470 bilhões neste ano.

A mudança drástica de uma balança tradicionalmente superavitária para um déficit foi impulsionada pela forte retração nos embarques de petróleo, minério de ferro e soja — produtos que, juntos, respondiam por 80% das exportações brasileiras para a China, mas em janeiro de 2025 representaram apenas 61%.

Petróleo: Exportações somaram US$ 1,58 bilhão (queda de 38% ou US$ 963 milhões), representando 29% do total embarcado.

Minério de ferro: Totalizou US$ 1,43 bilhão, com retração de 27% (menos US$ 517 milhões), equivalendo a 26% das vendas.

Soja: Teve o maior recuo: 68%, somando US$ 316 milhões (queda de US$ 677 milhões), com participação reduzida para 6% nos embarques totais.

China amplia exportações ao Brasil em meio a medidas protecionistas

Apesar da queda nas compras brasileiras, a China ampliou em 19,6% suas exportações para o Brasil em janeiro, totalizando US$ 6,052 bilhões. Com isso, a participação chinesa nas importações brasileiras subiu de 24,7% em janeiro de 2024 para 26,1% neste ano.

Confira abaixo um histórico das importações brasileiras da China. Os dados são do DataLiner:

Importações de contêineres para a China| Jan 2021 – Dez 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ponderou que os números de janeiro não bastam para prever o cenário anual.

Segundo ele, “é preciso observar o comportamento da balança nos próximos três ou quatro meses para uma avaliação mais precisa do intercâmbio com os chineses em 2025”.

O especialista chama a atenção também para as transformações profundas no comércio exterior com as taxações impostas pelo presidente Donald Trump nas trocas comerciais com os principais parceiros dos Estados Unidos no comércio exterior, com profundos reflexos em todo o mundo e, consequentemente, no Brasil.

Escalada protecionista chinesa preocupa setor agropecuário

A retração nas exportações brasileiras ocorre em meio a medidas protecionistas adotadas pela China desde o início de 2025.

Em janeiro, a Administração Geral de Alfândega da China (GACC) suspendeu as exportações de soja de cinco unidades brasileiras, alegando descumprimento de requisitos fitossanitários. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) espera a retomada das exportações até março.

Além da soja, as exportações brasileiras de carne também foram afetadas. A China, principal destino da carne bovina brasileira, comprou 92.797 toneladas em janeiro, gerando US$ 452 milhões em receita — uma leve queda em relação ao mesmo período de 2024.

Em janeiro ainda, a GACC anunciou ainda a suspensão de importações de carnes de diversos países, justificando a decisão com base em surtos de varíola ovina, varíola caprina e febre aftosa detectados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os países afetados estão Gana, Somália, Catar, Congo, Nigéria, Tanzânia, Egito, Bulgária, Timor-Leste e Eritreia.

Além disso, o bloqueio se estendeu à Alemanha devido à detecção de febre aftosa, com proibição de importação de animais de dedos pares e seus derivados. O Brasil, até o momento, não está incluído nessas restrições.

No final do ano passado, o Ministério do Comércio da China anunciou o início uma investigação abrangente sobre as importações de carne bovina, afetando todos os países exportadores, incluindo o Brasil, um dos maiores fornecedores da proteína animal.

A crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China, intensificada após a posse de Donald Trump, também pode remodelar o cenário do agronegócio brasileiro.

O presidente norte-americano prometeu adotar e já vem adotando medidas protecionistas contra a China, reacendendo a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Para o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, esse cenário pode abrir espaço para o Brasil ampliar sua participação nas exportações ao mercado chinês.

“Enxergamos a movimentação do governo Trump como uma possível oportunidade. O Brasil está preparado para produzir com competitividade e suprir essa demanda”, afirmou Fávaro.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), também vê potencial de ganhos para o Brasil, mas com cautela:

“As tarifas impostas pelos Estados Unidos à China e as retaliações chinesas podem beneficiar nossas exportações. No entanto, precisamos ficar atentos, pois o Brasil também disputa espaço com os Estados Unidos e pode se tornar alvo de políticas protecionistas americanas”, alertou Lupion em entrevista à Jovem Pan.

Fonte: Agrofy News
https://news.agrofy.com.br/noticia/206631/brasil-tem-deficit-comercial-com-china-pela-primeira-vez-na-historia-recente

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Quase 50% das exportações dos EUA ao Brasil entram sem tarifa, diz entidade

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) informou nesta sexta-feira (14) que 48% das exportações norte-americanas para o Brasil entram sem tarifas. Cerca de 15% dos produtos importados dos Estados Unidos estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%.

“Embora a tarifa média nominal brasileira para o mundo seja de 12,4%, a tarifa média efetiva ponderada sobre as importações americanas é de apenas 2,7%”, diz a Amcham Brasil.

Segundo a entidade, essa diferença de alíquota média ocorre devido à alta participação de produtos americanos com alíquota zero nas importações brasileiras, como aeronaves e suas partes, petróleo bruto e gás natural.

A Amcham Brasil também ressalta que a alíquota média de 2,7% é resultado de regimes aduaneiros especiais – como drawback, ex-tarifário e Recof – que reduzem ou eliminam impostos sobre importações dos Estados Unidos.

Dados da entidade indicam que de 2014 a 2023 os Estados Unidos acumularam um superávit de US$ 263,1 bilhões no comércio de bens e serviços com o Brasil. Em 2024, o saldo positivo em bens para os Estados Unidos foi de US$ 7,3 bilhões.

“A relação econômica e comercial entre Brasil e Estados Unidos é equilibrada e benéfica para empresas, trabalhadores e consumidores de ambos os países. A alta complementaridade e o perfil intrafirma do comércio bilateral tornam os Estados Unidos um fornecedor confiável e competitivo para o setor produtivo brasileiro, assim como o Brasil para as empresas americanas”, diz a Amcham Brasil.

Tarifas recíprocas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última quinta-feira (13) que o governo norte-americano vai implementar novas tarifas recíprocas abrangentes para todos os países que impõem impostos sobre importações norte-americanas.

A medida da Casa Branca tem como objetivo identificar e corrigir medidas comerciais consideradas não recíprocas por seus parceiros, incluindo tarifas, barreiras não tarifárias, impostos discriminatórios e subsídios.

Ao anunciar a medida, Trump colocou o etanol brasileiro na mira das tarifas. Na avaliação do presidente dos EUA, há um desequilíbrio na balança comercial do produto.

“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. Mesmo assim, o Brasil cobra das exportações de etanol dos EUA uma tarifa de 18%. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, afirmou Trump em documento divulgado após o anúncio do memorando sobre as tarifas recíprocas.

Fonte: CNN Brasil
Quase 50% das exportações dos EUA ao Brasil entram sem tarifa, diz entidade | CNN Brasil

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Fazenda vê efeitos ‘limitados’ de tarifas de Trump sobre aço e alumínio nas exportações brasileiras

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda avalia que as tarifas de importação sobre aço e alumínio anunciadas por Donald Trump devem exercer impacto limitado nas exportações brasileiras, se efetivamente implementadas.

“As exportações brasileiras de produtos de ferro, aço e alumínio para os Estados Unidos corresponderam a apenas 1,9% do valor total exportado pelo Brasil em 2024, mas a cerca de 40,8% do valor total de ferro, aço e alumínio exportado”, diz o documento “2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025?, apresentado pela SPE nesta quinta-feira, 13.

Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, diz que ainda é difícil avaliar os impactos da política comercial adotada pelos Estados Unidos. Foto: Washington Costa/MF

“Nesse sentido, tarifas de 25% sobre importações de produtos de ferro, aço e alumínio devem ter impactos relevantes na indústria de metalurgia, porém limitados no total das exportações e no PIB brasileiro”, diz o documento.

O secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que ainda é difícil avaliar os impactos da política comercial adotada pelos Estados Unidos.

“Acho que é cedo para incorporar esse tema em qualquer cenário. Claro que podemos construir cenários alternativos, mas temos ainda que entender melhor como isso vai correr, em que prazo, como vai ser afetado”, afirmou.

“Ainda leva tempo para ter mais clareza sobre esse cenário. Hoje é muito difícil apontar possíveis impactos. Por enquanto, do que foi anunciado, você pode ter algum impacto setorial, mas o impacto macro é mais difícil.”

FONTE: Estadão 150
Fazenda vê efeitos ‘limitados’ de tarifas de Trump sobre aço e alumínio nas exportações brasileiras – Estadão

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Tarifas recíprocas de Trump potencialmente aumentam custos para o Brasil

EUA citam tarifas brasileiras sobre etanol, carnes e laticínios como práticas comerciais desleais

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a implementação de tarifas recíprocas, com o objetivo de igualar as taxas que outros países impõem aos exportadores americanos. Embora Trump não tenha mencionado explicitamente o Brasil durante seu anúncio, um memorando divulgado pela Casa Branca destacou o etanol brasileiro e as exportações agrícolas como assuntos de preocupação devido às disparidades tarifárias percebidas.

Como exemplo de “injustiça tarifária”, o documento observa que, enquanto os EUA impõem uma tarifa de 2,5% sobre as importações brasileiras de etanol, o Brasil aplica uma tarifa de 18% sobre o etanol americano. “Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, segundo o memorando.

Durante uma coletiva de imprensa após o anúncio, Trump criticou as barreiras comerciais que restringem as exportações de carne e laticínios dos EUA para o Brasil, conforme relatado pelo The Washington Post.

“Agora, estamos nivelando o campo de jogo”, disse Trump, referindo-se a todos os parceiros comerciais dos EUA. Ele acrescentou que algumas das novas tarifas podem entrar em vigor nas próximas semanas, priorizando os países com os quais os EUA têm os maiores déficits comerciais.

Trump disse que as tarifas serão determinadas caso a caso pelo indicado ao Departamento de Comércio, Howard Lutnick, e pelo representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.

Ele argumentou que a falta de reciprocidade é um fator-chave do déficit comercial “grande e persistente” dos EUA e disse que o Escritório de Administração e Orçamento emitiria um relatório dentro de 180 dias avaliando o impacto da política. O memorando que descreve o plano de Trump descreve o déficit comercial dos EUA como uma ameaça à segurança nacional – uma classificação que poderia permitir que as tarifas entrassem em vigor sem a aprovação do Congresso.

“É política dos Estados Unidos reduzir nosso grande e persistente déficit comercial anual de mercadorias e abordar outros aspectos injustos e desequilibrados de nosso comércio com parceiros comerciais estrangeiros”, segundo o documento.

As novas tarifas provavelmente desencadearão uma onda de negociações entre os EUA e os países afetados. Em sua coletiva de imprensa, Trump disse que está aberto a acordos comerciais bilaterais e ficaria “feliz” em reduzir as tarifas se outros países fizerem o mesmo.

Uma das práticas que Trump criticou como injusta é o imposto sobre valor agregado (IVA) da União Europeia, que ele rotulou como uma prática comercial “discriminatória e injusta”. O assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse que o imposto efetivamente triplica a tarifa do bloco sobre as exportações.

A UE pode exportar tantos frutos do mar quanto quiser para os EUA. No entanto, a UE proíbe as exportações de frutos do mar de 48 estados dos EUA, disse a Casa Branca em um comunicado. Como resultado, em 2023, os EUA importaram US$ 274 milhões em frutos do mar da UE, mas exportaram apenas US$ 38 milhões, de acordo com o documento.

Além da UE, a Índia também foi citada como um país que se beneficia do atual sistema comercial dos EUA e pode estar entre os primeiros afetados pelas novas medidas. A Casa Branca afirma que a tarifa média dos EUA sobre produtos agrícolas é de 5%, enquanto a tarifa média da Índia sobre os mesmos produtos é de 39%.

Durante a coletiva de imprensa após a assinatura da nova medida, Trump foi questionado sobre a potencial criação de uma moeda comum para o bloco BRICS – liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ele alertou que, se o grupo seguir em frente com o plano, seus membros poderão enfrentar tarifas de “pelo menos 100%”.

FONTE: VALOR INTERNACIONAL
Tarifas recíprocas de Trump podem aumentar custos para o Brasil | Relações Exteriores | valorinternational

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Trump e Modi revelam plano para duplicar o comércio entre EUA e Índia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu nesta quinta-feira (13) com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, na Casa Branca, onde anunciou planos para o comércio bilateral e que o governo americano aumentará as vendas militares para a Índia a partir deste ano.

Em entrevista coletiva conjunta, no Salão Oval, logo após a reunião, Trump afirmou que ele e o premiê irão “anunciar um plano para fortalecer ainda mais [seus] laços econômicos”, incluindo o aumento das vendas militares para a Índia em “muitos bilhões de dólares”.

“Também estamos abrindo caminho para, no futuro, fornecer à Índia o caça F-35”, disse o presidente dos EUA.

Além disso, Modi disse que os EUA e a Índia estabeleceram a meta de dobrar seu comércio bilateral. “Estabelecemos a meta de mais que dobrar nosso comércio bilateral para alcançar US$ 500 bilhões até 2030. Nossas equipes trabalharão para concluir, muito em breve, um acordo comercial mutuamente benéfico”, disse o premiê.

Disparidades comerciais

Durante a coletiva, Trump também anunciou que a Índia reduzirá tarifas sobre produtos americanos e que ele e Modi iniciariam negociações para corrigir disparidades comerciais, com o objetivo de assinar um acordo.

O presidente americano relembrou que, durante seu primeiro mandato, discutiu as altas tarifas da Índia, mas não conseguiu obter concessões. Agora, sob o novo sistema de tarifas recíprocas anunciado nesta quinta-feira, os EUA simplesmente aplicarão as mesmas taxas cobradas pela Índia.

“É muito difícil vender para a Índia porque eles têm barreiras comerciais e tarifas muito altas”, disse Trump. “Neste momento, somos uma nação recíproca… Vamos cobrar da Índia o mesmo que eles nos cobram. O mesmo vale para qualquer outro país. Isso se chama reciprocidade, o que considero uma abordagem muito justa.”

Fonte: Valor Econômico
Trump e Modi anunciam plano para dobrar o comércio entre EUA e Índia | Mundo | Valor Econômico

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Trump assina decreto de tarifas e usa etanol brasileiro como alvo

Em um movimento estratégico para reequilibrar a balança comercial, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (13/2) uma série de tarifas recíprocas a serem impostas sobre países que aplicam altas taxas aos produtos americanos.

Este plano visa corrigir as disparidades de longa data no comércio internacional. A abordagem, denominada “Plano Justo e Recíproco“, busca tratar cada país de maneira individual, conforme declarou o Departamento de Comércio.

Trump destacou que o enfoque principal está em nivelar o campo de jogo das relações comerciais, garantindo que os Estados Unidos não sejam prejudicados por tarifas injustas impostas por outros países. Ele apontou que o desvio de mercadorias através de terceiros países, a fim de contornar tarifas, será alvo de medidas específicas.

Como as tarifas recíprocas podem impactar?

Tarifas – Créditos: depositphotos.com / tendo23

As tarifas recíprocas impostas pelos Estados Unidos implicam em uma série de mudanças significativas no comércio global. Uma dessas mudanças é a possibilidade de outros países serem estimulados a reduzir suas tarifas para manter boas relações comerciais com os EUA. Trump citou o exemplo da União Europeia, que diminuiu sua tarifa sobre produtos automotivos para 2,5%.

A Casa Branca não descartou a introdução de uma tarifa global fixa, indicando possíveis ajustes futuros nas políticas comerciais do país. Além disso, o impacto potencial dessas medidas inclui um aumento no número de empregos locais, embora o custo de vida possa experimentar um aumento moderado no curto prazo devido às tarifas adicionais.

Como o Brasil e a União Europeia se encaixam?

O Brasil foi especificamente mencionado no exemplo de desequilíbrio comercial com os Estados Unidos. A tarifa americana sobre o etanol é de apenas 2,5%, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol importado dos EUA. Em 2024, os Estados Unidos importaram mais de US$ 200 milhões em etanol brasileiro, mas exportaram apenas US$ 52 milhões de etanol para o Brasil.

Outro exemplo destacado é a União Europeia, que exporta mariscos para os EUA enquanto proíbe a importação de mariscos de 48 estados americanos. Além disso, a União Europeia impõe uma tarifa de 10% sobre carros americanos, contrastando com a tarifa de 2,5% dos EUA sobre carros europeus. Essas disparidades ilustram o tipo de questões que o “Plano Justo e Recíproco” busca corrigir.

Quais são os próximos passos?

A estratégia de tarifas recíprocas ainda está em desenvolvimento, mas já representa uma mudança significativa na política comercial dos EUA. Autoridades destacaram que mais mudanças podem ser anunciadas à medida que o governo avalia práticas comerciais injustas de outros países.

As tarifas não monetárias, como testes rigorosos em produtos estrangeiros, também estão sob consideração. Trump mencionou especificamente medidas relacionadas a carros e produtos farmacêuticos, que poderão ser implementadas com o intuito de proteger a indústria americana e seus trabalhadores.

Embora o impacto total das tarifas recíprocas ainda esteja por se desenrolar, o memorando de Trump visa trazer maior equidade para os acordos comerciais dos EUA. A medida cano também sendo vista com certa cautela por parceiros comerciais, que observam atentamente os desenvolvimentos e possíveis ajustes nas suas próprias políticas tarifárias. Será crucial acompanhar como essas políticas afetarão o comércio internacional e as relações bilaterais nos anos vindouros.

FONTE: Terra Brasil Noticias
Trump assina decreto de tarifas e usa etanol brasileiro como alvo – Terra Brasil Notícias

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Primeiros navios da Marinha dos EUA navegam pelo Estreito de Taiwan desde a posse de Trump

Dois navios da Marinha dos EUA atravessaram o sensível Estreito de Taiwan nesta semana, na primeira missão desse tipo desde que o presidente norte-americano, Donald Trump, assumiu o cargo no mês passado, provocando uma reação irada da China, que disse que a missão aumentou os riscos de segurança.

A Marinha dos EUA, ocasionalmente acompanhada por navios de países aliados, atravessa o estreito cerca de uma vez por mês. A China, que reivindica Taiwan como seu próprio território, diz que a hidrovia estratégica pertence a ela.

Os militares da China disseram que os dois navios norte-americanos, que foram nomeados como o destróier Lyndon B. Johnson e o navio de pesquisa Bowditch, passaram pelo estreito entre segunda e quarta-feira (horário local), acrescentando que as forças chinesas foram enviadas para manter a vigilância.

“A ação dos EUA envia sinais errados e aumenta os riscos de segurança”, disse o Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular em um comunicado na quarta-feira (horário local).

A Marinha dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

As forças militares da China operam diariamente no estreito como parte do que o governo de Taiwan vê como uma campanha de pressão de Pequim.

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, rejeita as reivindicações de soberania de Pequim, dizendo que somente o povo de Taiwan pode decidir seu futuro.

Fonte: Redação Terra
https://www.terra.com.br/noticias/mundo/primeiros-navios-da-marinha-dos-eua-navegam-pelo-estreito-de-taiwan-desde-a-posse-de-trump,8103efa00f9b82682a0e3ea88cc15587jq790f1z.html

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América Latina sai da lista dos maiores superávits comerciais do Brasil

Países asiáticos ganham terreno enquanto Argentina despenca do quarto lugar em 2023 para o 60º em 2024

O Brasil encerrou 2024 com superávit comercial 25% menor que no ano anterior e contribuição reduzida de seus vizinhos. A lista dos dez países que geraram os maiores superávits comerciais do Brasil em 2024 não inclui mais nenhuma nação latino-americana. Em 2023, Argentina, Chile e México fizeram parte desse ranking. O superávit com esses três países encolheu à medida que as exportações diminuíram e as importações cresceram, impulsionadas pela demanda interna.

A China permaneceu no topo da lista em 2024, embora com um superávit menor, seguida por três nações do Sudeste Asiático. Entre eles, Cingapura – uma cidade-estado com cerca de 6 milhões de habitantes – manteve o terceiro lugar, como em 2023. Malásia e Indonésia, na nona e décima posições, respectivamente, também estiveram presentes no ranking no ano passado, mas trocaram de lugar em 2024. Os recém-chegados ao top dez foram Egito e Irã, ocupando o sétimo e o oitavo, acima do 16º e 12º lugares em 2023, respectivamente.

Em um ano em que as exportações caíram 0,8% e as importações aumentaram 9%, o superávit comercial total do Brasil caiu para US$ 74,2 bilhões em 2024, ante US$ 98,9 bilhões em 2023. A América do Sul, que foi a segunda maior fonte de superávit para o Brasil em 2023, caiu para o quarto lugar em 2024, ultrapassada pelo Oriente Médio e África. A Ásia manteve sua liderança nos dois anos.

Argentina despenca

Entre os países latino-americanos que saíram dos dez primeiros, a Argentina – historicamente um mercado-chave para os produtos manufaturados brasileiros – teve o menor superávit comercial com o Brasil em 2024. O saldo positivo de US$ 4,71 bilhões em 2023 caiu para apenas US$ 201 milhões em 2024, empurrando o país do quarto lugar em 2023 para o 60º em 2024. As exportações brasileiras para a Argentina caíram 17,6% ano a ano, enquanto as importações da Argentina aumentaram 13,2%.

Um fator importante por trás dessa mudança foi um aumento atípico nas exportações de soja para a Argentina em 2023, que não se repetiu em 2024, observou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Devido a uma colheita ruim, a Argentina teve que importar soja para cumprir seus contratos de exportação. Em 2023, o Brasil vendeu US$ 2 bilhões em soja para a Argentina, respondendo por 12% do total das exportações para o país naquele ano. Em 2024, os embarques voltaram aos níveis normais, totalizando apenas US$ 90 milhões. Enquanto isso, as importações brasileiras da Argentina foram impulsionadas por automóveis.

Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), destacou que a Argentina passa por uma forte contração de renda. “Na realidade, o país está se redefinindo como muito mais pobre do que se pensava anteriormente. Os níveis de comércio estão se ajustando no curto prazo entre a Argentina e o resto do mundo, e sua participação na agenda de exportações do Brasil está diminuindo.”

O superávit comercial do Brasil com o Chile também encolheu, de US$ 3,63 bilhões em 2023 para US$ 1,71 bilhão em 2024, empurrando o país do sexto para o 18º lugar. O petróleo é o principal produto de exportação do Brasil para o Chile, respondendo por 29% do total de embarques. Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,92 bilhão em petróleo para o Chile, uma queda de 38% em relação a 2023, o que gerou uma queda geral de 16,2% nas exportações para o país. Enquanto isso, as importações do Chile aumentaram 14,8%, principalmente devido ao aumento das compras de cobre.

Com o México, o superávit comercial do Brasil encolheu de US$ 3 bilhões em 2023 para US$ 2 bilhões em 2024, levando o México do sétimo para o 15º lugar. Esse declínio resultou de uma queda de 9% nas exportações e um aumento de 4% nas importações.

O México, outro destino importante para os produtos manufaturados brasileiros, importou US$ 715 milhões em automóveis do Brasil em 2024. Embora os carros tenham permanecido como a principal exportação do Brasil para o México, as vendas caíram 35% em relação a 2023. Enquanto isso, as importações brasileiras de peças e acessórios para veículos do México aumentaram 22,3%.

Welber Barral, sócio do BMJ e ex-secretário de Comércio Exterior, observou que Brasil e México têm um acordo comercial de longa data focado principalmente no setor automotivo. “Há uma proposta para expandir o acordo para incluir mais produtos, mas um grande obstáculo é a postura protecionista do México em relação à agricultura”, disse ele.

Barral acrescentou que as políticas comerciais mais agressivas do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação ao Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) – a versão atualizada do Nafta negociada durante seu primeiro mandato e que deve ser revisada em 2026 – podem levar o México a revisitar as negociações comerciais com o Brasil. “Seria uma oportunidade, embora a instabilidade comercial causada pelas novas tarifas de Trump seja ruim para o mundo inteiro”, disse ele.

Influência crescente

Para Ribeiro, da BRCG, o declínio nos superávits comerciais com os países latino-americanos é parte de uma mudança mais ampla na qual o Brasil está perdendo seu mercado regional tradicionalmente cativo para a China. “Isso é particularmente evidente em 2024, quando a China aumentou suas exportações – especialmente no final do ano – antecipando o agravamento da guerra comercial”, disse ele, referindo-se à esperada escalada das tensões entre a China e os EUA.

Olhando para o futuro, Ribeiro disse que a questão-chave é como o comércio global se equilibrará em 2025. “A agenda comercial de 2024 foi influenciada por fatores específicos, mas, no geral, o Brasil continua sendo um grande fornecedor de commodities, principalmente para a Ásia. Também exporta alguns produtos industriais para as Américas, mas estes estão sendo cada vez mais substituídos por produtos chineses.

Apesar de seu declínio em 2024, o superávit comercial do Brasil com a China continua sendo de longe o maior entre todos os parceiros, totalizando US$ 30,73 bilhões, abaixo dos US$ 51,15 bilhões em 2023. A queda foi impulsionada por exportações mais baixas, que caíram para US$ 94,4 bilhões (quase US$ 10 bilhões a menos que em 2023), e importações mais altas, que subiram de US$ 53,2 bilhões em 2023 para US$ 63,6 bilhões em 2024.

Dados do governo indicam que as exportações de soja foram responsáveis por grande parte do declínio nos embarques para a China. Em 2023, em meio a uma safra recorde de grãos, o Brasil exportou US$ 38,9 bilhões em soja para a China. Em 2024, com menor produção agrícola, as vendas caíram para US$ 31,5 bilhões. Os embarques de petróleo e minério de ferro permaneceram relativamente estáveis e, juntos, esses três produtos representaram 75% do total das exportações do Brasil para a China em 2024.

Os preços das commodities desempenharam um papel significativo nessas tendências. O preço médio das exportações de petróleo bruto caiu 4,4% em 2024, enquanto os preços do minério de ferro caíram 5,2%. Os preços da soja despencaram 16,9%, afetando ainda mais os valores comerciais. Enquanto isso, o crescimento do PIB da China permaneceu estável, aumentando 5,2% em 2023 e 5% em 2024.

O aumento nas importações brasileiras da China foi impulsionado pela demanda doméstica e pela estratégia da China de redirecionar seu excesso de oferta para novos mercados em meio a crescentes medidas protecionistas dos EUA e da Europa. Em 2024, os carros chineses aproveitaram as tarifas favoráveis e se destacaram nos dados de importação do Brasil. Impulsionado por modelos elétricos e híbridos, o Brasil importou US$ 3,1 bilhões em automóveis chineses em 2024 – o triplo do valor de 2023.

Para Castro, da AEB, os superávits comerciais do Brasil com a China, assim como com países como Egito e Irã em 2024, refletem fortes vendas de commodities. O principal produto de exportação para o Egito foi o milho, seguido pelo açúcar e melaço. Para o Irã, as principais exportações do Brasil foram milho, soja e farelo de soja.

Cingapura, que ficou em terceiro lugar em superávits comerciais com o Brasil em 2023 e 2024, serve como um importante centro de reexportação, principalmente para a China e o Sudeste Asiático. A Holanda, que ocupou o segundo lugar nos dois anos, desempenha um papel semelhante para a União Europeia.

FONTE: Valor Internacional
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EUA suspende ajuda internacional a programa de manejo florestal no Brasil

Donald Trump suspende toda a ajuda externa do país a programas internacionais

Nessa terça-feira (11) o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que a suspensão por 90 dias da ajuda internacional dos Estados Unidos no financiamento do Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil não deve gerar impacto direto.

Os Estados Unidos da América, através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid), financiava o programa, contudo, após decreto assinado pelo presidente Donald Trump toda a ajuda externa do país a programas internacionais foi suspensa.

EUA suspende ajuda internacional a programa de manejo florestal no Brasil
Foto: Divulgação

Após a taxação de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiro, Trump determinou a suspensão provisória de todos os projetos internacionais. O Ibama foi informado da suspensão do financiamento via e-mail. O Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios existe desde 2021, após parceria entre os dois países.

De acordo com o Ibama, existiam ainda encontros e reuniões marcadas com o Serviço Florestal dos Estados Unidos, que era a parte executora da parceria. O instituto informou que esses encontros serão avaliados e remarcados.

Ao assinar o decreto Donald Trump alegou que a ajuda financeira dos EUA a iniciativas externas “desestabiliza a paz mundial”, pois promove ideias contrárias a relações estáveis e harmoniosas, tanto internamente quanto entre diferentes países.

FONTE: Guararema News
EUA suspende ajuda internacional a programa de manejo florestal no Brasil – Guararema News

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