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Crise no Mar Vermelho e seca no Panamá impulsionam tarifas marítimas

A crise no transporte marítimo no Mar Vermelho — e, em menor grau, a seca no Canal do Panamá — resultou no maior crescimento em milhas-tonelada registrado desde 2010, sustentando tarifas em níveis altamente lucrativos para a maioria dos setores de transporte marítimo.

Dados da Clarksons Research indicam que o comércio marítimo global deve crescer 6,5% em milhas-tonelada em 2024, a taxa de expansão mais rápida dos últimos 14 anos. Desde a crise financeira global, o crescimento médio anual em milhas-tonelada foi de 2,9%.

“Com as disrupções e a crescente complexidade do comércio aumentando as distâncias das viagens, isso tem impulsionado significativamente a demanda por embarcações”, destacou a Clarksons em seu relatório semanal mais recente.

O volume do comércio marítimo global deve atingir 12,6 bilhões de toneladas este ano, segundo a corretora londrina, que também prevê um total impressionante de 66,6 trilhões de milhas-tonelada.

Falando no Fórum CEO Marítimo realizado no último mês no Clube de Iates de Mônaco, Jan Rindbo, CEO da gigante dinamarquesa Norden, ressaltou que a frota mundial atual foi projetada para um comércio totalmente otimizado.

“É por isso que temos mercados aquecidos, porque estamos vendo essa fragmentação, seja na Rússia, no Mar Vermelho ou em outros lugares”, explicou Rindbo. “A fragmentação exige mais navios para transportar o mesmo volume de carga.”

O ClarkSea Index — um indicador que mede o desempenho do setor marítimo criado pela Clarksons — atingiu US$ 23.022 por dia na última sexta-feira, 32% acima da média dos últimos dez anos.

Dados da Gersemi Asset Management mostram que os navios porta-contêineres foram os mais afetados pela reconfiguração dos padrões de comércio devido à campanha contínua dos Houthis contra embarcações comerciais no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.

De acordo com a Alphaliner, a crise no Mar Vermelho teve, proporcionalmente, um impacto maior no emprego de navios porta-contêineres do que a pandemia de covid, impulsionando os ganhos para níveis extraordinários este ano.

Estima-se, segundo a consultoria americana Blue Alpha Capital, que a indústria de transporte de contêineres tenha registrado um lucro combinado de US$ 26,8 bilhões no terceiro trimestre, mais que o dobro do que o setor ganhou em qualquer ano completo antes da era covid.

Fonte: Splash247
 https://splash247.com/shipping-toasts-best-year-for-tonne-mile-growth-since-2010/Splash 247 

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Entenda a crise gerada pelo Carrefour da França à carne do Mercosul

A decisão do Carrefour de interromper a compra de carnes do Mercosul para agradar agricultores franceses é apenas a ponta do iceberg de uma insatisfação que se estende por anos contra o acordo de livre comércio entre o bloco e a UE (União Europeia).

O que aconteceu

Carrefour na França decide barrar a comprar de carne do Mercosul. A decisão foi anunciada pelo CEO da rede varejista em comunicado direcionado ao presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França). O texto considera “o desânimo e a raiva dos agricultores face ao acordo de livre-comércio proposto entre a União Europeia e o Mercosul”.

Manifestação surge após ondas de protestos dos agricultores franceses. Os agricultores adotam a oposição na tentativa de barrar novamente o acordo de livre comércio entre os blocos, firmado em 2019. Com a normalização da situação ao longo dos últimos anos e o bom relacionamento entre os presidentes Lula e Emmanuel Macron, havia a expectativa de que a assinatura da proposta fosse formalizada na cúpula do G20, realizada no Brasil na semana passada.

Atos contam com lideranças que temem “concorrência desleal”. Os grupos se opõem à importação de produtos agropecuários sem a cobrança de impostos. Além das carnes, também figuram nos pedidos de embargo as aves e o açúcar. Diante dos protestos, Macron tenta reforçar o compromisso com a agricultura francesa.

Expectativa atual é de assinar o acordo no dia 6 de dezembro. A estimativa foi revelada na manhã desta segunda-feira (25) pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em entrevista à GloboNews. Segundo ele, há um interesse reciproco pela aliança. “Há uma boa perspectiva para que se formalize esse acordo no dia 6 de dezembro, na Cúpula do Mercosul”, afirmou.

Agricultores citam temor sanitário com produtos do Mercosul. A bandeira levantada nos protestos e na decisão do Carrefour é rechaçada por Fávaro, que cita a França como consumidora das carnes nacionais há 40 anos. “O Brasil tem uma das melhores sanidades de produtos alimentícios do mundo”, disse ele, que contesta a manutenção das vendas dos produtos nas lojas da rede instaladas em território nacional.

Aqui está um gráfico interativo mostrando as exportações de carne bovina do Brasil em contêineres para portos europeus entre janeiro de 2021 e setembro de 2024. Os dados são do DataLiner.

Exportações de carne bovina para portos europeus | Jan 2021 – Set 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Reação

Carrefour vira alvo de boicotes após anuncio de interrupção. No Brasil, a rede francesa de supermercados, que conta também com as marcas Atacadão e Sam’s Club, tem sido alvo de boicotes. Em “repúdio” à decisão na França, a Fhoresp (Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo) recomenda que seus associados interrompam as compras nos estabelecimentos. A associação representa cerca de 500 empresas dos setores.

Convocamos a todas deixarem de comprar nas redes Carrefour, Atacadão e Sam’s Clube, do Grupo Carrefour. Solicitamos o engajamento e a adesão nessa campanha de boicote, mostrando a força e a união do nosso setor em defesa da economia nacional e do respeito aos nossos produtos,” publicou a Fhoresp em nota.

Frigorífico aderem ao boicote e suspendem vendas à rede. A interrupção do fornecimento acontece desde a última quinta-feira (21) e exige uma retratação do Carrefour. Segundo apuração do jornal Folha de S.Paulo, a interrupção das vendas já foi adotada pelos grupos JBS, Minerva Foods e Masterboi.

Rede francesa diz “lamentar profundamente” a situação. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a rede destaca a confiança no agronegócio brasileiro e diz entender a importância do segmento para a economia e para a sociedade. No texto, o grupo destaca o esforço para a “retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível”.

FONTE: UOL
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/11/25/entenda-a-crise-gerada-pelo-carrefour-da-franca-a-carne-do-mercosul.htm

 

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