O governo da China pediu neste domingo, 13, que os Estados Unidos eliminem por completo as tarifas impostas a produtos chineses. Em comunicado oficial, o Ministério do Comércio chinês classificou como insuficiente a recente decisão do governo Donald Trump de isentar celulares, laptops e outros eletrônicos das chamadas tarifas recíprocas.
“O que vimos foi apenas um pequeno passo para corrigir um erro”, afirmou o ministério, acrescentando que Washington deveria “abolir completamente essa prática equivocada e retornar ao caminho do diálogo baseado no respeito mútuo”.
O ministério chinês também reforçou sua crítica ao que chama de tarifas unilaterais e pediu que os EUA “ouçam as vozes racionais da comunidade internacional” e promovam ajustes mais amplos.

A pasta citou uma decisão anterior, de 10 de abril, em que Washington suspendeu provisoriamente tarifas elevadas contra outros parceiros comerciais.
Isenção de eletrônicos
A medida dos EUA, anunciada na sexta-feira, 11, pelo governo Donald Trump, exclui produtos eletrônicos de consumo de tarifas que chegavam a 145% sobre importações da China — principal polo de fabricação de itens como iPhones e notebooks.
Segundo dados do US Census Bureau, os smartphones foram os produtos mais importados da China em 2024, somando US$ 41,7 bilhões, seguidos pelos laptops, com US$ 33,1 bilhões.
A decisão beneficia gigantes da tecnologia como Apple, Nvidia e Dell, e abrange 20 categorias de produtos, incluindo semicondutores, chips de memória e monitores de tela plana. De acordo com a Bloomberg, esses itens têm produção limitada nos EUA, e a substituição por fabricantes locais exigiria anos de investimentos.
Apesar do alívio para o setor, autoridades americanas afirmaram que a isenção pode ser temporária. A suspensão das tarifas, segundo estimativas do Rand China Research Center, envolve cerca de US$ 390 bilhões em importações, sendo mais de US$ 100 bilhões provenientes da China.
Tarifas de 145%
Na quinta-feira, 10, o presidente Donald Trump havia anunciado uma tarifa de 145% sobre produtos importados da China. Para países que, segundo ele, “não retaliaram de forma alguma”, o governo aplicou uma alíquota reduzida de 10%, válida por 90 dias.
A decisão de isentar eletrônicos busca evitar um aumento imediato de preços.
De acordo com a consultoria TechInsights, transferir a produção de iPhones da China para os EUA levaria anos e elevaria o custo de cada unidade para até US$ 3.500 (R$ 20,5 mil). Com as tarifas vigentes, o preço do iPhone poderia subir cerca de 70% no mercado americano.
Desde março, a Apple tem fretado aviões cargueiros para trazer iPhones da Índia aos EUA como forma de contornar as tarifas. Ao todo, foram transportadas cerca de 600 toneladas — ou 1,5 milhão de unidades do smartphone.
Entre os produtos isentos também estão células solares, cartões de memória e semicondutores. A decisão favorece especialmente a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., que anunciou novos investimentos em território americano.
Ainda que represente um alívio imediato, a exclusão não elimina a possibilidade de novas tarifas sobre o setor. A Casa Branca já sinalizou que pretende estabelecer uma política específica para componentes estratégicos como os chips, seguindo promessas anteriores de Trump.
Fonte: O Antagonista
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