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Informação, Internacional, Notícias, Tributação

Uma camiseta de US$10 pode se tornar uma camiseta de US$24,50 com o fechamento de uma brecha tarifária importante

A partir de sexta-feira, mercadorias da China com valor de até US$800 estarão sujeitas a tarifas e a mais burocracia sob novas regras do governo Trump

Uma brecha que permitia aos consumidores americanos comprarem muitos produtos baratos da China continental e de Hong Kong sem pagar tarifas nem preencher formulários alfandegários será fechada nesta sexta-feira.

Os preços já aumentaram.

Pedidos de muitos produtos importados de varejistas como Shein e Temu podem diminuir à medida que os consumidores recuam diante dos preços mais altos e das novas dificuldades. Mas, como grande parte da guerra comercial do presidente Trump, a política do governo sobre essa brecha passou por mudanças. O presidente havia ordenado o fim da brecha em fevereiro, mas a restabeleceu poucos dias depois. Especialistas em logística disseram que o breve fechamento causou um acúmulo de pacotes nas fronteiras.

O que exatamente está sendo encerrado?
Desde 2016, itens com valor de até US$800 podiam ser importados para os Estados Unidos sem que o destinatário pagasse tarifas ou mesmo precisasse preencher a papelada normalmente exigida para compras de produtos estrangeiros. Essa brecha é conhecida como isenção de de minimis. O Sr. Trump está eliminando a isenção apenas para produtos da China continental — a maior fonte de remessas de minimis — e de Hong Kong.

Um relatório para o Congresso deste ano afirmou que a Alfândega e Proteção de Fronteiras processa mais de um bilhão de pacotes de minimis por ano. O valor médio dessas remessas em 2023 foi de US$54.

Remessas com valor inferior a US$800 eram isentas porque o Congresso acreditava que o custo e o trabalho de processá-las não justificariam a arrecadação em tarifas alfandegárias. O Sr. Trump está encerrando essa isenção, em parte, para tentar impedir o fluxo de fentanil e de substâncias precursoras do fentanil para os Estados Unidos por meio das remessas de minimis.

O número dessas remessas cresceu drasticamente depois que Trump impôs tarifas à China durante seu primeiro mandato, o que sugere que pessoas e empresas passaram a recorrer a pacotes menores para evitar as tarifas.

Como isso está afetando os consumidores?

Como as tarifas sobre produtos chineses são extremamente altas, os itens importados sob a isenção de minimis já estão começando a custar muito mais caro.

Isso está evidente para os consumidores do site chinês de comércio eletrônico Temu. A empresa começou recentemente a detalhar quanto os encargos tarifários adicionam ao valor das compras.

Por exemplo, um carrinho com 10 itens na Temu — incluindo um pacote com 50 cabides reforçados por US$70,50, uma camisa verde de linho masculina por US$19,38 e uma cama rosa fofa para cachorro por US$24,05 — totalizava US$275,03, incluindo o frete internacional e US$10,20 de imposto sobre vendas. No entanto, no momento do pagamento, o site acrescentou US$343,26 em encargos de importação, elevando o total para US$628,49. (A Temu oferece aos clientes a opção de comprar produtos marcados como sendo de armazéns locais, que não geram encargos de importação.)

Na rival Shein, um carrinho com 10 itens semelhantes totalizava US$244,03. Embora não especificasse os encargos adicionais de importação, o site da Shein informava aos consumidores: “As tarifas estão incluídas no preço que você paga. Você nunca terá que pagar nada a mais na entrega.”

Ainda assim, consumidores disseram ter notado o aumento de preços de alguns itens no site da Shein ao longo do fim de semana. Embora a isenção tarifária só deva acabar oficialmente na sexta-feira, as cobranças já estão aparecendo porque os pedidos feitos agora só cruzarão a fronteira depois dessa data.

Lindsay Olive, de Atlanta, que costuma fazer compras na Shein, colocou vários vestidos de verão no carrinho na semana passada — incluindo um azul por US$10,88 e um floral por US$11,29. Quando foi finalizar a compra no fim de semana, o vestido azul já custava US$13,88 e o floral havia subido para US$15,43, segundo capturas de tela que ela compartilhou.

“Eu sabia que os preços iam começar a subir e queria garantir alguns vestidos de verão antes disso,” disse Ms. Olive, de 39 anos. Ela acredita que os preços vão aumentar ainda mais.

A Amazon afirmou na terça-feira que considerou detalhar encargos de importação na parte do seu site chamada Amazon Haul — que compete com a Temu —, mas decidiu não fazê-lo.

“As equipes discutem ideias o tempo todo,” disse o porta-voz Ty Rogers em comunicado. Ele afirmou que isso nunca foi considerado para o site principal da Amazon e acrescentou: “Isso nunca foi aprovado e não vai acontecer.”

Os encargos de importação podem variar dependendo de como os produtos são enviados. Se forem transportados por empresas de entrega expressa, como DHL ou FedEx, os produtos estarão sujeitos a tarifas de até 145% — ou US$14,50 em uma camiseta de US$10.

Remessas enviadas pelo Serviço Postal dos EUA enfrentarão uma tarifa equivalente a 120% do valor dos produtos a partir de sexta-feira, ou uma taxa de US$100 por pacote. Essa taxa aumentará para US$200 em junho.

E quanto à burocracia?
Uma das facilidades das remessas de minimis era que o destinatário não precisava fornecer número do Seguro Social (SSN) para receber os produtos — ao contrário de outras modalidades de importação. Bastava um nome e endereço.

A partir de sexta-feira, remessas de minimis da China serão classificadas como importações de “entrada informal”. Produtos de entrada informal, que podem valer até US$2.500, não exigem número do Seguro Social, segundo a Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP). Ainda assim, a agência afirmou em janeiro que transportadoras costumam exigir esse número, pois ele acelera a liberação alfandegária.

A FedEx informou que, de acordo com as exigências da CBP, não exigirá números do Seguro Social para remessas da China que perderem a isenção de minimis na sexta. A DHL também afirmou que não exigirá o número em remessas de entrada informal. A UPS não quis dizer se exigirá ou não o número, mas afirmou que possui a expertise para ajudar seus clientes a “navegar no comércio global” e que cumpre todas as leis e regulamentos aplicáveis.

Um representante do Serviço Postal afirmou que a agência “não terá papel na cobrança de tarifas sobre remessas postais de valor de minimis”. Em vez disso, as tarifas deverão ser cobradas pela transportadora responsável por trazer os produtos aos Estados Unidos.

Haverá atrasos?
A cobrança de tarifas e a inspeção de um volume muito maior de pacotes pode se tornar um desafio para as transportadoras e para a Alfândega e Proteção de Fronteiras. Mas ainda não está claro se isso causará atrasos de um ou dois dias — ou de muito mais tempo.

A agência aduaneira afirmou, em comunicado, que apesar de ter “uma enorme tarefa pela frente”, está “em posição única para implementar e aplicar as tarifas do presidente.”

Fonte: The New York Times



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Guerra Tarifária e Novo Protecionismo: Desafios e Riscos para o Brasil no Comércio Global

A guerra tarifária deflagrada pelos EUA reconfigura o comércio global, desafia a ordem multilateral e impõe ao Brasil a necessidade de agir estrategicamente

A reconfiguração da ordem econômica internacional é um dos temas mais urgentes e complexos da atualidade. Abaixo, algumas reflexões sobre os principais impactos da atual guerra tarifária deflagrada pelos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump, e suas consequências para o Brasil e para o comércio global.

Desde o primeiro dia do novo governo Trump, houve a uma série de ações que reconfiguraram o conceito de segurança nacional e de alianças estratégicas. Houve também um abandono de compromissos internacionais, como o Acordo de Paris, e a retirada dos EUA de organismos multilaterais importantes, como a OMC e a Comissão de Direitos Humanos. A política externa norte-americana passou a priorizar o “reshoring” — a tentativa de atrair investimentos de volta ao território dos EUA — , reforçada por uma visão peculiar de “reciprocidade” no comércio: para a administração Trump, déficits comerciais são sinônimo de exploração econômica.

Nesse contexto, as tarifas aduaneiras passaram a ser vistas não apenas como instrumento de política comercial, mas também como fonte de arrecadação para o Estado. A ordem executiva de 2 de abril resume essa estratégia: redução do déficit comercial, fortalecimento da indústria doméstica, correção de assimetrias tarifárias e combate a barreiras não tarifárias.

Dentro da equipe econômica de Trump, há nuances entre os diferentes assessores: enquanto alguns ainda defendem a abertura de mercados, outros — como Peter Navarro — advogam pela reindustrialização radical dos Estados Unidos por meio de tarifas massivas. Esse conflito interno reflete-se em políticas muitas vezes contraditórias e pouco ancoradas na realidade econômica de um país cuja economia é majoritariamente de serviços, com apenas 8% de sua força de trabalho na indústria de transformação.

No campo prático, a guerra tarifária resultou em medidas amplas como a aplicação de tarifas de 10% sobre produtos de 70 países, com prazo de 90 dias para negociações bilaterais. Além disso, houve uma expansão agressiva da utilização da Seção 232 — que permite impor tarifas por razões de segurança nacional — , agora aplicada não apenas ao aço e alumínio, mas também a produtos como cobre, madeira e semicondutores, afetando diretamente as exportações brasileiras.

Do ponto de vista brasileiro, o impacto é significativo. Estima-se que dois terços das exportações do Brasil para os EUA sejam afetadas. Além da perda de competitividade, há o risco de desvio de comércio: produtos que perderem acesso aos EUA buscarão novos mercados, pressionando o Brasil e outros países em desenvolvimento. A OMC projeta uma redução de 1% no comércio global em função desse novo cenário.

Outro efeito imediato é o risco de uma espiral protecionista: Índia, União Europeia e outros países já adotaram medidas para proteger seus mercados. Além disso, a reorganização produtiva nos EUA — que dependeria de anos para novas instalações industriais — é complexa e incerta.

O comércio internacional também se vê cada vez mais submetido a fatores geopolíticos. O modelo de crescimento baseado em exportações — tão importante para países asiáticos nas últimas décadas — entra em xeque. E a instabilidade crescente aumenta os riscos para a segurança internacional.

Para o Brasil, os desafios são inúmeros. Primeiro, no setor de tecnologia: projetos de data centers e de energia renovável podem ser afetados pelas barreiras comerciais. Em segundo lugar, há impactos relevantes no sistema multilateral. O Brasil, potência média com grande dependência de commodities, prosperou sob o sistema baseado em regras da OMC. A erosão desse sistema ameaça nossa posição como fornecedor confiável de segurança alimentar e dificulta a promoção de temas como sustentabilidade e nova governança global.

Infelizmente, a capacidade de liderança brasileira no cenário internacional é limitada. Sem apoio firme dos EUA, e com uma Europa e uma China cada vez mais assertivas, será necessário redobrar esforços de coordenação para não perder relevância.

Um terceiro impacto é a crescente imprevisibilidade para investimentos e negócios. A suspensão de projetos à espera de definições nos próximos três meses é apenas o sintoma mais visível. A médio prazo, incertezas afetam acesso a mercados, seguros, logística e investimentos, prejudicando ainda mais economias emergentes como a brasileira.

Quarto ponto: o aumento da dependência da China. Em 2006, 20% das exportações brasileiras iam para os EUA; hoje, mais de 30% têm como destino a China. Caso as tarifas entre EUA e China permaneçam, setores como carne, soja, milho e algodão brasileiros ganharão espaço no mercado chinês, aprofundando ainda mais essa dependência. É uma oportunidade de curto prazo, mas também um risco estratégico de longo prazo.

Consequentemente, torna-se essencial avançar em acordos comerciais, como com o EFTA e a União Europeia, para diversificar mercados e reduzir vulnerabilidades.

Por fim, um alerta: a guerra tarifária já provoca pressões políticas internas no Brasil. Existem movimentos em Brasília para ampliar o uso da Lei de Retaliação, não apenas sobre bens físicos, mas também sobre serviços e propriedade intelectual — algo que, se mal conduzido, pode gerar insegurança jurídica e prejudicar a credibilidade brasileira no comércio internacional.

Em resumo, estamos diante de uma conjuntura de instabilidade estrutural. A guerra tarifária deflagrada pelos EUA reconfigura o comércio global, desafia a ordem multilateral e impõe ao Brasil a necessidade de agir estrategicamente: diversificar mercados, fortalecer cadeias de valor, proteger suas exportações e se posicionar de maneira pragmática diante de um mundo mais fragmentado e competitivo.

Fonte: Medium

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Tarifas entre EUA e China podem ampliar exportações brasileiras

A crescente tensão comercial entre as duas maiores economias mundiais ─ Estados Unidos e China ─ pode criar oportunidades para o Brasil expandir suas exportações, principalmente de produtos agropecuários. A opinião é do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Luis Rua.

“Não só soja, como qualquer outro produto agregado”, comentou o secretário durante a entrevista coletiva que concedeu nesta terça-feira (22), e na qual fez um balanço das ações ministeriais para promover as exportações agropecuárias nacionais.

Questionado sobre as eventuais oportunidades da guerra tarifária deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Rua lembrou que cerca de 30% de toda a carne de aves que a China importa vem dos Estados Unidos, que também respondem por algo entre 16% e 18% da carne suína e 8% da carne bovina que os chineses consomem anualmente.

“Óbvio que, com os EUA saindo deste mercado [chinês], o Brasil se coloca à disposição. Lógico, existem outros players [concorrentes] mas, talvez, nem todos tenham a escala que o Brasil possui para poder apoiar [a China]”, comentou Rua, alegando que o resultado final, para os exportadores, “dependerá do apetite chinês” pelos produtos brasileiros.

“Nos dias atuais, com tudo o que estamos vendo, poucas geografias do mundo têm a condição de entregar o que o Brasil entrega com os mesmos atributos. Porque o Brasil consegue ter um produto com qualidade, competitividade, sustentabilidade e sanidade, já que é livre de todas as doenças de notificação obrigatória para qualquer produto de origem animal e tem uma situação fitossanitária muito privilegiada”, acrescentou o secretário.

Rua ainda assegurou que, apesar de China e Estados Unidos ameaçarem impor sanções às nações que negociarem unilateralmente com o oponente comercial, o Brasil seguirá “falando com todos os países”.

“Temos dito que, nesta disputa entre duas grandes superpotências, cabe-nos o papel de sermos um promotor da geopolítica da paz. E é isso que faremos. Seja [negociando] com os EUA, com a China ou com qualquer outro país. O Brasil fala com todos os países e continuará falando. Não alteramos nossa estratégia”, concluiu o secretário, afirmando ainda ser cedo para mensurar o impacto das tarifas adicionais que os Estados Unidos impuseram aos produtos brasileiros.

Fonte: Agência Brasil

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Impulso para acabar com a dupla tributação renova negociações do tratado entre Brasil e Alemanha

Décadas após o colapso do pacto devido a disputas fiscais importantes, mudanças nas políticas e nos interesses econômicos reavivam os esforços para restaurar a segurança jurídica e impulsionar os investimentos bilaterais.

Mudanças na política tributária sob o governo do presidente Lula e uma mudança na abordagem do Brasil em relação a acordos fiscais internacionais criaram o que tanto o setor privado quanto autoridades governamentais consideram um ambiente favorável para a renovação de um tratado fiscal entre Brasil e Alemanha para eliminar a dupla tributação.

Os dois países mantiveram um tratado fiscal desde a década de 1970 até 2005. A Alemanha se retirou do acordo devido a divergências sobre regras de preços de transferência, cláusulas de “crédito presumido de imposto” (conhecidas como “tax sparing”) e a tributação de serviços técnicos, particularmente relacionados a royalties.

Duas décadas depois, o interesse renovado em um novo tratado entre as 1.600 empresas alemãs que operam no Brasil — responsáveis por até 10% do PIB industrial do país — está ganhando força. Isso ocorre enquanto a política tarifária do então presidente dos EUA, Donald Trump, sinaliza uma possível reestruturação das relações comerciais globais.

Outros fatores que moldam o contexto incluem a ratificação pendente do acordo União Europeia-Mercosul e o papel crescente da China no setor automotivo brasileiro, uma área-chave para os investimentos alemães.

Um estudo da consultoria Tendências, encomendado pela Câmara Brasil-Alemanha de Comércio e Indústria de São Paulo, buscou quantificar os possíveis benefícios econômicos de um novo acordo bilateral para evitar a dupla tributação.

Projeções econômicas

O estudo indica que tal acordo poderia impulsionar significativamente o investimento estrangeiro direto (IED) e melhorar a balança comercial do Brasil. Entre 2010 e o presente, o IED de países com tratados de dupla tributação (DTTs) foi 40% maior do que o de países sem esses acordos, com base em uma amostra de 39 países e um estoque de referência de US$ 13,2 bilhões.

Em termos de comércio, as exportações brasileiras poderiam ter aumentado 19% e as importações 14% entre 1997 e 2023, se o tratado com a Alemanha tivesse permanecido em vigor. O tratado original expirou em janeiro de 2006.

“A modelagem econométrica que aplicamos mostra que, quanto mais tempo um DTT permanece em vigor, maior é seu impacto econômico. Um acordo de curta duração — digamos cinco anos — teria efeitos limitados. A estabilidade regulatória é crucial para os resultados econômicos”, disse Alessandra Ribeiro, sócia e diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências.

Parceria estratégica

A Alemanha é o principal parceiro comercial do Brasil na Europa e o quarto maior no mundo. Em 2024, o comércio bilateral chegou a US$ 19,5 bilhões, com exportações brasileiras totalizando US$ 5,8 bilhões e importações US$ 13,7 bilhões, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, indicou que o tema está em discussão ativa dentro do governo. Especialistas próximos ao ministério acreditam que os pontos controversos que levaram ao fim do tratado em 2005 agora são “negociáveis”.

O advogado tributarista Ricardo Galendi Júnior, do escritório Lacaz Martins, Pereira Neto, Gurevich e Schoueri, observou que conversas sobre um novo tratado ressurgem periodicamente, mas recentemente percebeu um aumento no interesse de clientes do setor privado. Ele atribui isso a uma postura mais flexível do Brasil em relação a acordos tributários.

O tratado original foi assinado em 1975, durante o que Galendi chama de “fase formativa” do Brasil na construção de uma rede de acordos fiscais internacionais. Esses tratados definem qual país tem o direito de tributar a renda transnacional, exigindo concessões mútuas.

Modelos da OCDE vs. ONU

Galendi destacou que o primeiro modelo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da década de 1960, favorecia países exportadores de capital — geralmente permitindo que o país de residência (normalmente o país-sede das multinacionais) tributasse royalties, dividendos e juros.

Nos anos 1970, o Brasil adotou uma postura mais assertiva, promovendo um modelo que acabou influenciando a ONU a criar sua própria versão em 1980. O modelo da ONU concede mais direitos de tributação ao país de origem — neste caso, o Brasil, ao receber investimentos de empresas alemãs.

“Isso permitiu que o Brasil negociasse um acordo com a Alemanha que favorecia fortemente os direitos de tributação brasileiros. Na época, o Brasil era amplamente visto como um país em desenvolvimento, o que ajudou a justificar os termos”, disse Galendi. “Por volta dos anos 2000, no entanto, o status do Brasil como país de renda média levou a Alemanha a reconsiderar o que via como concessões unilaterais.”

Uma das principais preocupações da Alemanha era o regime brasileiro de preços de transferência, que na época usava margens de lucro fixas, muitas vezes sem justificativa econômica. Esse problema foi resolvido por meio da Lei nº 14.596 de 2023, que alinhou as regras brasileiras aos padrões da OCDE.

As cláusulas de “tax sparing” no antigo acordo também eram um ponto importante de discórdia para a Alemanha. Essas cláusulas exigiam que a Alemanha concedesse um crédito por impostos não pagos no Brasil — condição que também impediu o Brasil de assinar um DTT com os Estados Unidos.

Tratados recentes, no entanto, já não incluem essas cláusulas, indicando uma maior flexibilidade do Brasil.

Quanto aos serviços técnicos, o Brasil tradicionalmente tratava pagamentos de royalties como “outros rendimentos”, sujeitos a um imposto de retenção de 15%. A Alemanha argumentava que esses valores deveriam ser classificados como lucros empresariais, tributados com base no lucro líquido, não bruto.

Galendi observou que o Brasil agora negocia cláusulas específicas para esses serviços com base no modelo da ONU, permitindo a tributação no país de origem enquanto esclarece incertezas jurídicas.

“A posição do Brasil sobre a tributação de serviços na fonte é heterodoxa, mas não absurda. É uma abordagem tradicional entre os países latino-americanos”, disse Galendi. “Embora a Alemanha, como membro da OCDE, busque certos padrões, o clima geral é muito mais favorável do que em 2005.”

Segundo fontes técnicas do Ministério, as principais barreiras que levaram ao cancelamento do tratado anterior podem ser resolvidas. “O Brasil talvez não abra mão de tributar serviços por completo, mas os temas estão abertos à negociação”, disse uma delas.

Autoridades veem um novo acordo como meio de aumentar a segurança jurídica nas relações comerciais bilaterais, atrair investimentos e exportações e promover a transferência de tecnologia.

Interesses compartilhados

Líderes empresariais alemães acreditam que Brasil e Alemanha compartilham interesses estratégicos em várias áreas — especialmente tecnologia, inovação, sustentabilidade e combustíveis verdes.

Indústrias globais estão passando por transformação digital, com tecnologias avançadas como inteligência artificial ganhando espaço. Enquanto a Alemanha já está inserida nesse ecossistema, o Brasil precisa importar essas tecnologias para modernizar suas indústrias.

“Sem um tratado fiscal bilateral, importar essa tecnologia é extremamente caro”, disse Sheila Pieroni, gerente de relações governamentais da empresa alemã de engenharia e tecnologia Bosch.

Ainda assim, o Brasil tem seus próprios pontos fortes. “A qualidade do talento brasileiro torna o país competitivo em tecnologia”, disse Afonso Lamounier, diretor de relações governamentais da empresa alemã de software SAP. A empresa opera 18 centros de inovação ao redor do mundo, incluindo um em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, que emprega 2 mil pessoas no desenvolvimento e suporte de soluções globais de software. “Acabar com a dupla tributação certamente atrairia mais investimentos”, afirmou Lamounier.

Os custos de energia da Alemanha dispararam desde que a guerra na Ucrânia interrompeu seu fornecimento de gás da Rússia. O governo acelerou seus planos de energia renovável para sustentar sua base industrial. Nesse contexto, o Brasil é visto como fornecedor estratégico de longo prazo de energia limpa e escalável.

“Há um forte potencial de negócios com o Brasil. Estamos interessados em hidrogênio verde, tecnologias e minerais críticos”, disse Jochen Köckler, presidente da Deutsche Messe AG, organizadora da Hannover Messe — a maior feira mundial de tecnologia industrial, realizada este mês na Alemanha com mais de 4 mil expositores e 300 startups.

O Brasil será o país parceiro da edição de 2026. “Escolhemos o Brasil por seu potencial estratégico de longo prazo, especialmente no cenário geopolítico atual. A Europa e a Alemanha precisam diversificar suas parcerias comerciais. Essa é uma lição fundamental”, disse Köckler. “Esperamos que o presidente Lula participe do evento no próximo ano.”

Para o Brasil, a feira é uma oportunidade de apresentar sua política “Nova Indústria Brasil”. “É o momento ideal e uma plataforma global. Planejamos levar mais de 200 empresas brasileiras, 100 startups e universidades para apresentar tecnologias inovadoras em agronegócio, energia — biocombustíveis, solar, hidrogênio verde —, minerais críticos e data centers”, disse o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana.

A transição energética e a transformação tecnológica são ambos temas centrais para o Brasil, segundo Frederico Lamego, chefe de assuntos internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Esperamos revitalizar as relações estratégicas entre Brasil e Alemanha. A dupla tributação e outras questões estarão em pauta em junho, durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha na Bahia”, afirmou.

Fonte: Valor International



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Powell alerta sobre riscos das tarifas de Trump para objetivos do Fed

Presidente do Fed indica que guerra comercial pode criar cenário desafiador semelhante à estagflação dos anos 1970, com tensões entre controle da inflação e manutenção do emprego

O conflito comercial do presidente Donald Trump pode colocar o Federal Reserve em uma situação difícil que não se via há cerca de meio século, disse o presidente Jerome Powell na quarta-feira (16).

“O nível dos aumentos tarifários anunciados até agora é significativamente maior do que o previsto“, disse o chefe do banco central em comentários preparados para um evento organizado pelo Clube Econômico de Chicago.

“Podemos nos encontrar no cenário desafiador em que nossos objetivos de duplo mandato estão em tensão”.

O Fed é responsável por promover o pleno emprego e manter a inflação sob controle, mas as tarifas de Trump ameaçam ambos os objetivos.

Por enquanto, no entanto, a economia dos EUA permanece em boa forma, de acordo com os dados mais recentes, permitindo que o Fed seja paciente.

Powell disse que a melhor ação do Fed no momento é manter-se estável até que os dados mostrem claramente como a economia dos EUA está respondendo às políticas de Trump.

Outros funcionários do Fed disseram o mesmo em discursos recentes, afirmando que podem alterar as taxas em qualquer direção, dependendo do que a economia necessitar.

Mas é apenas uma questão de tempo até que as tarifas de Trump estimulem a inflação, aumentem o desemprego e enfraqueçam o crescimento econômico, segundo a maioria dos economistas.

Especialmente se as enormes tarifas “recíprocas” que entraram em vigor brevemente em 9 de abril forem reestabelecidas. Trump adiou esse aumento histórico nos impostos de importação até julho.

Até agora, Trump impôs tarifas de 25% sobre alumínio e aço, tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá que não estão em conformidade com um acordo de livre comércio, uma taxa massiva de 145% sobre importações chinesas.

Uma tarifa de 25% sobre carros, com tarifas separadas sobre autopeças previstas para uma data posterior e tarifas base de 10% sobre todas as importações dos EUA.

A administração também introduziu isenções temporárias para alguns produtos eletrônicos, e Trump disse que tarifas separadas provavelmente virão para semicondutores, produtos farmacêuticos, cobre e madeira.

Nas décadas de 1970 e início de 1980, a economia dos EUA sofreu períodos de alto desemprego e inflação de dois dígitos, uma combinação problemática conhecida como “estagflação”.

Na época, sob a liderança do presidente do Fed Paul Volcker, o Fed priorizou o combate à inflação, mesmo que isso significasse infligir alguma dor econômica.

A economia dos EUA parece estar caminhando nessa direção, de acordo com a maioria das previsões, mas não está claro se chegará totalmente a esse ponto.

O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse na semana passada em um evento em Nova York que as tarifas de Trump estão colocando o banco central na mesma situação difícil.

“Uma tarifa é como um choque negativo de oferta. Isso é um choque estagflacionário, o que significa que piora ambos os lados do mandato duplo do Fed ao mesmo tempo”, disse ele.

“Os preços estão subindo enquanto empregos estão sendo perdidos e o crescimento está diminuindo, e não há um manual genérico sobre como o banco central deve responder a um choque estagflacionário”.

Powell disse que se a estagflação se tornar realidade, “consideraríamos o quão distante a economia está de cada objetivo e os horizontes temporais potencialmente diferentes sobre os quais essas respectivas lacunas seriam antecipadas para fechar”.

“Entendemos que níveis elevados de desemprego ou inflação podem ser prejudiciais e dolorosos para comunidades, famílias e empresas”, disse ele.

Vários funcionários do Fed disseram que o banco central deve manter um olho atento na percepção das pessoas sobre os preços, que se deteriorou com base na pesquisa de consumidores da Universidade de Michigan, que é acompanhada de perto.

Não está claro em que ponto as expectativas crescentes de inflação provocariam qualquer ação do Fed e quais seriam essas ações.

E a inflação, embora substancialmente abaixo do pico de quatro décadas atingido em junho de 2022, ainda está ligeiramente acima da meta de 2% do Fed, o que significa que o Fed tem menos motivos para retomar os cortes nas taxas de juros.

Mas por enquanto, a maioria dos funcionários parece concordar que é melhor esperar que qualquer evidência apareça nos dados.

“Este é um conjunto difícil de riscos para a política monetária navegar”, disse a presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, na quarta-feira em um evento em Columbus, Ohio.

“Dado o ponto de partida da economia, e com ambos os lados de nosso mandato sob pressão, há um forte argumento para manter a política monetária estável a fim de equilibrar os riscos provenientes de uma inflação ainda elevada e um mercado de trabalho em desaceleração”.

“Quando a clareza é difícil de obter, esperar por dados adicionais ajudará a informar o caminho à frente”, acrescentou ela.

Fonte: CNN Brasil

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O ESPECIALISTA – PATRÍCIA SOARES

Panorama estratégico do setor reefer: desafios, tendências e oportunidades 

Bem-vindo ao espaço dedicado ao setor Reefer no RêConecta News. 

É com renovado entusiasmo que dou continuidade a este encontro mensal, destinado a refletir e aprofundar as discussões em torno de um dos segmentos mais estratégicos – e, simultaneamente, mais complexos – da logística contemporânea: o setor reefer. Trata-se de uma área vital, que atua na interseção entre a segurança alimentar, a inovação tecnológica e o comércio internacional, exigindo constante adaptação diante de um cenário em permanente transformação. 

Para além das dinâmicas domésticas, torna-se imperativo reconhecer que o desempenho do setor reefer brasileiro está intrinsecamente vinculado ao contexto da economia global. O avanço da interdependência entre mercados, somado à intensificação das tensões geopolíticas, às flutuações cambiais, às renegociações de acordos multilaterais e à ocorrência de eventos climáticos extremos, tem gerado impactos diretos nas cadeias logísticas globais, alterando rotas, cronogramas e estruturas de custo em escala transnacional. 

A dinâmica cambial e seus efeitos na cadeia de frio 

Nesse ambiente de crescente complexidade, um dos fatores de maior relevância para o planejamento estratégico logístico é a dinâmica cambial, em especial no que tange à cotação do dólar americano. Em 2024, o câmbio variou entre R$ 4,75 e R$ 5,30, afetando diretamente o custo de aquisição de tecnologias, equipamentos especializados e a negociação de fretes internacionais – majoritariamente dolarizados. Já em 2025, o mercado cambial mantém-se em níveis elevados, oscilando entre R$ 4,95 e R$ 5,40, em resposta a um quadro de incertezas fiscais internas combinadas à política monetária restritiva do Federal Reserve (Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos). 

Essas flutuações cambiais geram uma série de repercussões em cadeia. Agravam o custo de insumos essenciais à cadeia de frio – como componentes para câmaras frigoríficas e sistemas de sensoriamento remoto –, aumentam significativamente os preços dos fretes internacionais e pressionam as margens de exportadores que operam com contratos de longo prazo. Por outro lado, a valorização do dólar também reforça a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, ampliando a demanda por proteínas animais, frutas tropicais e outros gêneros perecíveis. Tal cenário consolida o papel do Brasil como fornecedor estratégico no sistema agroalimentar global, ainda que acarrete pressões adicionais sobre a infraestrutura logística nacional. 

Paralelamente, a conjuntura econômica internacional impõe desafios operacionais crescentes, como o aumento dos custos energéticos, a escassez de equipamentos e os gargalos persistentes em corredores logísticos cruciais. A crise logística desencadeada pela pandemia de COVID-19, embora em processo de normalização, deixou lições valiosas sobre a importância de cadeias logísticas resilientes, tecnologicamente integradas e orientadas por dados. Hoje, atributos como planejamento preditivo, agilidade operacional e capacidade de adaptação tornaram-se indispensáveis para a sustentabilidade das operações logísticas em ambientes de alta incerteza. 

Outro vetor de transformação é o avanço das exigências regulatórias internacionais, sobretudo no que diz respeito a sustentabilidade e conformidade ambiental. Mercados de alto valor agregado, como União Europeia e Estados Unidos, vêm impondo critérios cada vez mais rigorosos em termos de pegada de carbono, eficiência energética e rastreabilidade da cadeia de suprimentos. Nesse contexto, práticas de governança ESG deixam de ser diferenciais e passam a ser pré-requisitos para a manutenção e expansão dos mercados de exportação. 

Ao mesmo tempo, a diversificação dos destinos das exportações brasileiras abre novas frentes de atuação. Mercados da Ásia, do Oriente Médio e da África têm ampliado substancialmente sua demanda por alimentos perecíveis, oferecendo oportunidades valiosas para o setor brasileiro, mas exigindo um alto grau de sofisticação logística, adaptabilidade normativa e abrangência geográfica. 

É nesse cenário desafiador e repleto de possibilidades que empresas de armazenagem frigorificadas, assumem protagonismo. Por meio de soluções integradas, tecnologicamente avançadas e estrategicamente distribuídas ao longo do território nacional, capazes de conectar a produção brasileira às mais exigentes cadeias de suprimento globais, garantindo eficiência operacional, controle rigoroso de temperatura e alto desempenho logístico. 

Visão de futuro: investimento e acompanhamento estratégico 

Acompanhar os desdobramentos da economia internacional não é mais uma vantagem competitiva, mas uma condição indispensável para a sobrevivência e prosperidade no setor reefer. O Brasil, com sua vocação agroexportadora e capacidade produtiva reconhecida globalmente, tem diante de si um enorme potencial a ser explorado. Para tanto, será necessário investir de forma contínua em infraestrutura, tecnologia e capital humano qualificado. 

Seguiremos, aqui no Rêconecta News, aprofundando essas questões com uma visão estratégica e orientada para o futuro. Até o próximo encontro! 

Patrícia Soares é uma profissional reconhecida no segmento Reefer, com uma sólida trajetória de mais de 19 anos no setor logístico. Atualmente ocupa o cargo de Key Account Manager, onde lidera o relacionamento com clientes estratégicos, contribuindo para soluções logísticas personalizadas e de alto valor agregado.

Por: Patrícia Soares

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Portonave eleva plano de investimento em R$ 440 mi em Navegantes

A Portonave, terminal privado da Terminal Investment Limited (TIL) em Navegantes(SC), acaba de fechar um novo investimento de R$ 439 milhões, para a compra de equipamentos que deverão ampliar sua capacidade do atual patamar de 1,5 milhão de TEUs para 2 milhões de TEUs, a partir de 2026.

Os recursos se somam ao plano de investimento de R$ 1 bilhão, já em curso desde o ano passado. A companhia, que tem como controladora um dos maiores grupos de navegação globais, a MSC, vem trabalhando para reforçar seu cais, para receber os maiores navios do mercado, de até 400 metros de comprimento.

A primeira etapa desse investimento deverá ser concluída em julho, quando se inicia a obra de reforço dos outros 50% do terminal, segundo Osmari Castilho, diretor superintendente administrativo da Portonave. A construção completa deverá se encerrar em meados de 2026.

Também nesse prazo deverão chegar os equipamentos recém-adquiridos pela companhia. Foram comprados dois guindastes “Ship-to-Shore” (STS), com capacidade para carregar e descarregar os contêineres dos maiores navios do mercado. As unidades deverão se somar aos quatro guindastes STS já em operação.

O Portonave também adquiriu 14 guindastes “Rubber Tyred Gantry” (RTG), para fazer a movimentação de contêineres no pátio do terminal, que se somam a outros 18 equipamentos já existentes. Com isso, a empresa conseguirá ampliar a capacidade dinâmica do terminal.

Em 2024, quando todos os terminais de contêineres do país passaram por forte congestionamento, o Portonave chegou a uma ocupação na casa dos 90% em alguns momentos. Neste ano, o fluxo já se normalizou, mas a taxa média está em cerca de 70%.

Além de ampliar a capacidade, o plano de investimentos busca preparar o terminal para a chegada das grandes embarcações que circulam no mundo, que tendem a dar mais eficiência à operação logística. Porém, a entrada desses navios ainda depende de um investimento adicional, para o aprofundamento do canal de acesso do Porto de Itajaí – obra que depende de uma iniciativa do poder público. O plano do governo é fazer uma concessão do canal, que incluiria o aumento do calado. Porém, ainda não há previsão de data para o projeto.

“O ideal é que o cronograma da concessão andasse junto da obra do terminal, para que possamos operar os navios maiores. Esperamos que isso tenha celeridade, estamos acompanhando”, disse Castilho. “[O aprofundamento] vai ter que acontecerem algum momento, o que pode haver é um descasamento, e estarmos preparados antes do canal”, afirmou.

Outra preocupação da empresa para os próximos anos são os possíveis impactos da reforma tributária sobre a movimentação em Santa Catarina, que atraiu carga por meio de incentivos fiscais. Porém, Castilho diz que não prevê um esvaziamento do porto. Para ele, o investimento em infraestrutura na região garante competitividade.“Outra vantagem é a potência da indústria catarinense.”

Fonte: Valor Econômico

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Cerca de 60% das exportações do Rio Grande do Norte em março são da fruticultura

Boletim da Balança Comercial divulgado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (SEDEC), nesta segunda-feira (7), apontou que a fruticultura foi destaque nas exportações de março no Rio Grande do Norte. O levantamento destaca que cinco produtos ligados à cadeia produtiva representaram 58,6% do total exportado no mês.

De acordo com o boletim, outros açúcares de cana liderou a pauta com US$ 7,1 milhões, seguidos por melões frescos (US$ 6,5 milhões), outros produtos de origem animal impróprios para alimentação humana (US$ 4,3 milhões), melancias frescas (US$ 3,2 milhões) e os mamões frescos (US$ 2,3 milhões).

O boletim mostrou ainda que cinco mercados foram responsáveis por quase 70% (69,9%) do total exportado pelo Rio Grande do Norte no período. O principal parceiro de exportação no mês passado, no tocante a produtos exportados, foi os Estados Unidos (US$ 10,5 milhões). Na sequência aparecem Senegal (US$ 5,5 milhões), os Países Baixos (US$ 5,2 milhões), a Espanha (US$ 3,9 milhões) e o Reino Unido (US$ 2,8 milhões).

Segundo o levantamento relativo ao terceiro mês do ano, o estado movimentou US$ 39,9 milhões em exportações e US$ 36,9 milhões em importações. E como saldo positivo das transações do Comércio Exterior, o RN teve US$3 milhões.

“Os resultados apresentados refletem na diversificação da pauta comercial do RN e da expansão cada vez maior de seus produtos em novos mercados. Além disso, o saldo comercial positivo evidencia o potencial que o estado possui em termos de competitividade”, frisa a pasta estadual.

IMPORTAÇÕES

Já em relação às importações, o destaque ficou para outros trigos e misturas de trigo com centeio, com o valor de US$ 7,9 milhões, seguido por outras gasolinas (exceto para aviação) com US$ 7,1 milhões, células fotovoltaicas com US$ 4,6 milhões, hulha betuminosa (tipo de carvão mineral que contém betume e tem um alto teor de carbono) com US$ 1,6 milhão e lulas congeladas com US$ 1,1 milhão.

A SEDEC ressalta que os cinco principais produtos importados, a presença de produto relacionado à energia renovável em terceiro lugar e a presença de um novo item – hulha, um tipo de carvão mineral. Juntos, esses cinco produtos representaram 60,4% do total importado pelo Rio Grande do Norte em março de 2025.

A China liderou como principal fornecedora do Rio Grande do Norte, com US$ 9,2 milhões, seguida pelo Uruguai (US$ 8,1 milhões), os Países Baixos (US$ 7,4 milhões), a Argentina (US$ 1,7 milhão) e a Colômbia (US$ 1,6 milhão). Juntos, estes mercados foram responsáveis por 75,8% do total das importações realizadas pelo Rio Grande do Norte no período.

PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS EM MARÇO (em milhões U$ – Valor FOB)

OUTROS AÇÚCARES DE CANA, SACAROSE QUIMICAMENTE PURA – 7,1

MELÕES FRESCOS – 6,5

OUTROS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL, IMPRÓPRIOS PARA ALIMENTAÇÃO HUMANA – 4,3

MELANCIAS FRESCAS – 3,2

MAMÕES (papaias) FRESCOS – 2,3

 

PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS EM MARÇO (em milhões U$ – Valor FOB)

OUTROS TRIGOS E MISTURAS DE TRIGO COM CENTEIO, EXCETO PARA SEMEADURA – 7,9

OUTRAS GASOLINAS, EXCETO PARA AVIAÇÃO – 7,1

CÉLULAS FOTOVOLTAICAS MONTADAS EM MÓDULOS OU EM PAINÉIS – 4,6

HULHA BETUMINOSA, NÃO AGLOMERADA – 1,6

LULAS, CONGELADAS – 1,1

FONTE: BOLETIM ECONÔMICO SEDEC
DeFato.com – Estado

 

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Acordo UE-Mercosul ‘não é remédio’ para tarifas de Trump, alerta França

O acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul “não é um remédio” para as tarifas de Donald Trump, porque “acrescentaria mais desordem”, declarou nesta terça-feira a ministra francesa da Agricultura, Annie Genevard.

A França lidera um grupo de países europeus que se opõem à ratificação do acordo negociado em dezembro entre a Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, e os países do bloco sul-americano (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), que criaria um mercado de 700 milhões de pessoas.

— O Mercosul era ruim ontem e continua sendo, na minha opinião, para os setores cruciais, agrícola e agroalimentar, do nosso país — disse Genevard à Rádio J, ao ser questionada se as tarifas de Trump enfraquecem sua posição na UE.

Na semana passada, em meio a tarifas de Trump, Josef Síkela, representante para parcerias internacionais da Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia), defendeu o acordo UE-Mercosul. Já o presidente da França, Emmanuel Macron, continua buscando “uma minoria de bloqueio” dentro da UE contra o acordo comercial com o Mercosul.

Se o acordo for ratificado, a União Europeia, primeiro parceiro comercial do Mercosul, poderia exportar com mais facilidade automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos, enquanto o bloco sul-americano poderia exportar para a Europa mais carne, açúcar, soja, mel, entre outros produtos.

A França enfrenta a oposição veemente de seu setor agropecuário, que organizou grandes mobilizações nos últimos anos, e exige que as exportações do bloco sul-americano cumpram as mesmas normas de produção adotadas na UE.

O acordo “favoreceria outras produções (francesas) e em especial a produção de vinho, mas um bom acordo é um acordo equilibrado”, acrescentou Genevard, para quem os setores mais impactados seriam os de carne ovina e bovina, açúcar e etanol.

Embora a ministra tenha considerado que o Mercosul “não é um remédio”, ela chamou de “boa política” que a UE busque acordos alternativos para minimizar as consequências do impacto do aumento de tarifas decretado por Trump.

O presidente dos Estados Unidos assinou no dia 2 deste mês um decreto para adotar uma tarifa alfandegária mínima de 10% para todas as importações que entram no país, e de 20% para os produtos procedentes da UE.

A Comissão Europeia ofereceu aos Estados Unidos um acordo para adotar uma tarifa zero no comércio de produtos industriais — uma oferta que Trump já considerou “insuficiente” — e, ao mesmo tempo, ameaça com medidas de retaliação.

— A agricultura não deve ser uma variável de ajuste da resposta — disse Genevard, diante do temor de que aumentar as tarifas sobre a soja americana, que os pecuaristas europeus precisam, acabe afetando o setor e os consumidores.

FONTE: O Globo
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Análise: Brasil compõe seleto grupo de 5 países que pode sair vencedor do “tarifaço”

O Brasil, como importador líquido de mercadorias dos Estados Unidos, exemplifica a maneira como alguns países podem tirar proveito da guerra tarifária

Dias após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas que chocaram vários parceiros comerciais e os mercados globais, alguns países estão surgindo como possíveis vencedores, embora o risco de uma recessão induzida limite os ganhos.

Com aliados de longa data e parceiros comerciais próximos dos EUA, incluindo a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul, entre os mais atingidos – com tarifas de 20% ou mais – rivais que vão do Brasil à Índia e da Turquia ao Quênia veem uma luz no fim do túnel.

O Brasil está entre as economias que escaparam com a menor tarifa “recíproca” dos EUA, de 10%. Além disso, o país pode se beneficiar das tarifas retaliatórias da China, que provavelmente atingirão os exportadores agrícolas dos EUA.

As mais recentes tarifas dos EUA entrarão em vigor em 9 de abril.

O Brasil, como importador líquido de mercadorias dos Estados Unidos, exemplifica a maneira como alguns países podem tirar proveito da guerra comercial que Trump está travando principalmente contra a China e outros grandes exportadores que têm superávits comerciais com os EUA.

Marrocos, Egito, Turquia e Singapura

Marrocos, Egito, Turquia e Singapura, todos com déficits comerciais com os EUA, podem encontrar uma oportunidade nas dificuldades de países como Bangladesh e Vietnã, que têm grandes superávits e foram duramente atingidos por Trump.

Enquanto os dois últimos estão enfrentando tarifas esperadas de 37% e 46%, respectivamente, os outros, como o Brasil e a maioria de seus vizinhos, terão tarifas de 10% cada – mais como um tapinha na mão na nova ordem mundial de Trump.

“Os EUA não impuseram tarifas apenas ao Egito”, disse Magdy Tolba, presidente da joint venture egípcio-turca T&C Garments. “Eles impuseram tarifas muito mais altas a outros países. Isso dá ao Egito uma excelente oportunidade de crescimento.”

Tolba listou a China, Bangladesh e Vietnã como principais concorrentes do Egito no setor têxtil.

“A oportunidade está à vista de todos”, disse ele. “Nós só precisamos agarrá-la”.

A Turquia, cujas exportações de ferro, aço e alumínio foram afetadas pelas tarifas anteriores dos EUA, agora deve se beneficiar à medida que outros comerciantes globais enfrentam taxas ainda mais altas.

O ministro do Comércio, Omer Bolat, chamou as tarifas sobre a Turquia de “as melhores das piores”, considerando as taxas impostas a muitos outros países.

Da mesma forma, o Marrocos, que tem um acordo de livre comércio com os EUA, poderia emergir como um beneficiário relativo do sofrimento tanto da UE quanto das antigas potências asiáticas.

“A tarifa é uma oportunidade para o Marrocos atrair investimentos de investidores estrangeiros dispostos a exportar para os EUA, dada a tarifa comparativamente baixa de 10%”, disse um ex-funcionário do governo, falando sob condição de anonimato.

Ainda assim, o funcionário e outros observaram que os riscos se aproximam, com o perigo de que grandes investimentos chineses recentes, incluindo US$6,5 bilhões da Gotion High Tech para o que seria a primeira gigafábrica da África, possam atrair atenção negativa de Trump.

Rachid Aourraz, economista do Instituto Marroquino de Análise de Políticas (MIPA), um think tank independente em Rabat, observou que os setores aeroespacial e de fertilizantes do país ainda podem ser afetados.

“Embora o impacto direto pareça limitado, já que os EUA não são um mercado importante para as exportações do Marrocos, as ondas de choque criadas pelas tarifas e o espectro da recessão podem afetar o crescimento econômico marroquino”, disse ele.

O Quênia, país com o qual os EUA têm um superávit comercial, também pode ter efeitos mistos de um golpe tarifário relativamente leve. Os produtores de têxteis, em particular, expressaram a expectativa de que poderiam obter uma vantagem comparativa em relação aos concorrentes dos países mais afetados pelas tarifas.

Preocupações

Preocupações semelhantes estão ocorrendo em Cingapura, onde o índice de referência Straits Times caiu 7,5% na segunda-feira, a maior queda desde 2008, e ampliou as perdas nesta terça-feira.

Embora a cidade-Estado possa se beneficiar de alguns fluxos de investimento à medida que os fabricantes buscam diversificar, eles ainda estariam sujeitos a regras substanciais de fabricação e conteúdo local, disse Selena Ling, economista do OCBC.

“A história absoluta é que não há ‘vencedores’ se a economia dos EUA e/ou global sofrer uma parada brusca ou uma recessão”, disse ela. “É tudo relativo.”

Chua Hak Bin, economista do Maybank, acrescentou: “Cingapura não pode vencer em uma guerra comercial global, dada a forte dependência do comércio.”

A Índia, apesar de uma tarifa de 26%, ainda está procurando oportunidades nas dores de seus rivais asiáticos.

De acordo com uma avaliação interna do governo compartilhada com a Reuters, os setores em que a Índia pode ganhar participação de mercado nos embarques para os EUA incluem têxteis, vestuário e calçados. Logo após o anúncio da tarifa, o Ministério do Comércio indiano disse que estava “estudando as oportunidades que podem surgir devido a esse novo acontecimento na política comercial dos EUA”.

FONTE: InfoMoney
Análise: Brasil compõe seleto grupo de 5 países que pode sair vencedor do “tarifaço”

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