A China revelou esta semana seu maior pacote de estímulo econômico desde a pandemia, incluindo cortes nas taxas de juros e reduções nas reservas, em uma tentativa de impulsionar sua economia em dificuldades.
Lynn Song, economista-chefe no ING, disse que “ainda há espaço para mais flexibilização nos próximos meses, já que a maioria dos bancos centrais globais está agora em uma trajetória de corte de taxas”.
No entanto, muitos outros economistas estão céticos sobre se as medidas seriam suficientes para resolver os problemas econômicos mais amplos enfrentados pela China.
Eles estão desconfiados quanto à real capacidade do governo de atingir sua meta de crescimento anual de 5% (somente isto?!? E os 10% anuais no passado?!?) enquanto a economia luta contra a deflação e a fraca demanda.
PEQUIM (Reuters) – O banco central da China divulgou nesta terça-feira seu maior pacote de estímulo desde a pandemia para tirar a economia de seu estado deflacionário e voltar a atingir a meta de crescimento do governo, mas analistas alertaram que mais ajuda fiscal é vital para atingir essas metas.
O pacote mais amplo do que o esperado, que oferece mais financiamento e cortes de juros, marca a mais recente tentativa das autoridades de restaurar a confiança na segunda maior economia do mundo, depois que uma série de dados decepcionantes levantou preocupações sobre uma desaceleração estrutural prolongada.
Mas analistas questionaram até onde as injeções de liquidez do Banco do Povo da China serão produtivas, dada a demanda de crédito extremamente fraca por parte de empresas e consumidores, e observaram a ausência de quaisquer políticas destinadas a apoiar a atividade econômica real.
“Esse é o pacote de estímulo mais significativo do banco central desde os primeiros dias da pandemia”, disse Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics.
“Mas, por si só, pode não ser suficiente”, acrescentou, dizendo que pode ser necessário mais estímulo fiscal para que o crescimento retorne a uma trajetória em direção à meta oficial deste ano, de aproximadamente 5%.
As ações e os títulos chineses avançaram e as ações asiáticas atingiram máximas de dois anos e meio com o presidente do banco central, Pan Gongsheng, anunciando planos para reduzir os custos de empréstimos e injetar mais fundos na economia, bem como para aliviar a carga de pagamento de hipotecas das famílias. O iuan saltou para um pico de 16 meses em relação ao dólar.
Pan disse em uma coletiva de imprensa que, em um futuro próximo, o banco central reduzirá o montante de dinheiro que os bancos devem manter como reservas – a taxa de compulsório – em 50 pontos-base, liberando cerca de 1 trilhão de iuanes (142 bilhões de dólares) para novos empréstimos.
Dependendo da situação de liquidez do mercado no final deste ano, a taxa de compulsório poderá ser reduzida ainda mais em 0,25-0,5 ponto percentual, disse Pan.
O banco central também reduzirá a taxa de recompra reversa de sete dias, seu novo índice de referência, em 0,2 ponto percentual, para 1,5%, bem como outras taxas de juros.
“A medida provavelmente chega um pouco tarde demais, mas antes tarde do que nunca”, disse Gary Ng, economista sênior da Natixis. “A China precisa de um ambiente de taxas mais baixas para aumentar a confiança.”
Pan não especificou quando as medidas entrarão em vigor.
MEDIDAS PARA A CRISE IMOBILIÁRIA
O pacote de suporte ao mercado imobiliário incluiu uma redução de 50 pontos-base nas taxas de juros médias para hipotecas existentes e um corte na exigência de entrada mínima para 15% em todos os tipos de moradias, entre outras medidas.
O mercado imobiliário da China tem sofrido uma grave desaceleração desde seu pico em 2021. Uma série de incorporadoras deu calote, deixando para trás grandes estoques de apartamentos indesejados e uma lista preocupante de projetos não concluídos.
Pequim removeu muitas restrições à compra de moradias e reduziu drasticamente as taxas de hipoteca e os requisitos de entrada em resposta, mas até agora não conseguiu reanimar a demanda ou deter a queda dos preços das casas, que caíram no ritmo mais acentuado em mais de nove anos em agosto.
A crise imobiliária pesou muito sobre a economia e prejudicou a confiança do consumidor, uma vez que 70% das economias das famílias estão depositadas em imóveis. Analistas continuam não convencidos de que as medidas mais recentes terão um impacto significativo.
“As famílias que não têm certeza sobre suas perspectivas de renda em um mercado de trabalho fraco podem não estar dispostas a assumir uma alavancagem maior”, disseram os analistas da Gavekal Dragonomics em uma nota sobre as medidas mais recentes.
O banco central chinês também introduziu duas novas ferramentas para impulsionar o mercado de capitais.
A primeira – um programa de swap com tamanho inicial de 500 bilhões de iuanes – permite que fundos, seguradoras e corretoras tenham acesso mais fácil a financiamento para comprar ações; e a segunda oferece até 300 bilhões de iuanes em empréstimos baratos do banco central a bancos comerciais para ajudá-los a financiar compras e recompras de ações de outras entidades.
Os dados econômicos de agosto não atenderam às expectativas, aumentando a urgência para que as autoridades implementassem mais medidas apoio.
Do ponto de vista fiscal, os governos locais têm acelerado a emissão de títulos para ajudar a financiar projetos de infraestrutura, mas analistas dizem que pode ser necessário mais.
“É necessária uma política fiscal agressiva para injetar uma demanda econômica genuína”, disseram os analistas do ANZ em uma nota sobre as medidas do banco central.
BC da China lança pacote de estímulo mais agressivo desde a pandemia (msn.com)