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Queda da inflação na Argentina é resultado de recessão, diz economista

Queda do PIB foi estimulada pelo brutal corte de gastos públicos

A redução da inflação na Argentina registrada nos últimos meses foi motivada pela queda da atividade econômica do país, que deve fechar o ano passado com recessão de 3% a 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Em abril do ano passado, a inflação registrada foi de 289% e, em janeiro de 2025 o índice caiu para 84% (ambos no acumulado de 12 meses). 

A avaliação é do especialista Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, que também ministra cursos sobre a economia dos países, incluindo a Argentina. Segundo ele, a recessão foi estimulada pelo “brutal” corte de gastos públicos promovido pelo governo do ultraliberal Javier Milei, atualmente envolvido no chamado escândalo do Cripto Gate.

“A grande explicação para a queda da inflação na Argentina está na queda do PIB. Ou seja, a economia mergulhou em recessão e a consequência disso é a queda da inflação porque você tem uma economia que para de funcionar e se contrai. Não temos ainda o dado consolidado do PIB, mas ele deve cair de 3% a 4% no ano passado. É o completo oposto do Brasil, que deve ter crescido 3,5%”, explicou o especialista.

Paulo Gala acrescenta que o ajuste fiscal promovido pelo governo, com a suspensão de obras, demissões de funcionários, corte no repasse para províncias e redução de despesas com educação, entre outras, fez da Argentina o país da América Latina com maior superávit fiscal da região.

“O que Milei está fazendo na Argentina é o que a gente chama de um choque clássico de contração de gasto público. Ele segurou os gastos ao máximo, fez um ajuste fiscal gigante, muito duro. A consequência é uma desaceleração econômica muito grande”, completou.

Para o especialista, apesar da melhoria dos indicadores econômicos a partir do final do ano passado, a situação ainda é gravíssima. “Ainda é um caso de UTI. O ano passado foi um ano muito difícil. Então, dificilmente 2025 vai ser pior do que o ano passado. Agora, a dúvida é quão robusta e sustentável vai ser essa recuperação. A inflação ainda é muito alta, próxima de 100%. O desemprego também está muito elevado”, comentou.

A produção industrial da Argentina registrou uma queda de -9,4% no acumulado de 2024. Apesar do número negativo, a taxa é menor que a de abril de 2024, quando a indústria registrou uma retração de -15,4%, considerando os 12 meses anteriores. Os dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec).

Por sua vez, o presidente Javier Milei tem sustentando que a economia está em “franca recuperação”, destacando como grande mérito da sua gestão a queda da inflação e a redução das despesas públicas.

Inflação Argentina acumulada dos últimos 12 meses
Inflação Argentina acumulada dos últimos 12 meses – Arte/EBC

Pobreza

A recessão do país vizinho fez a pobreza disparar na Argentina de 38,7% da população, no primeiro trimestre de 2023, assim que Milei assumiu o governo, para 54,8% da população no primeiro trimestre de 2024, segundo o Observatório da Dívida Social da Argentina, da Universidade Católica do país.

Ao longo do ano passado, os indicadores de pobreza melhoraram, chegando novamente em torno dos 38% da população no terceiro trimestre de 2024. Segundo os pesquisadores do Observatório, a queda na pobreza deve ser analisada com cautela, uma vez que outros serviços registraram aumento de custos.

“A queda do nível de pobreza não implica que as famílias tenham recuperado os níveis de consumo já reduzidos que existiam antes do ajuste: o aumento dos custos fixos dos serviços de transporte, comunicação, eletricidade, água, gás, etc. faz que a capacidade de consumir alimentos e outros bens básicos na verdade caiu”, afirmam.

São consideradas pobres as famílias que têm uma renda que consegue cobrir os custos da cesta básica de alimentação, mas não sobra dinheiro para outros gastos, como saúde, educação e roupas. Já a classificação de indigente é para as famílias que têm uma renda abaixo do valor da cesta básica alimentar.

Outro indicador utilizado para medir a pobreza é a chamada pobreza multidimensional que, além de considerar a renda das famílias, avalia se elas têm acesso a serviços básicos, como moradia digna, água, saneamento, emprego e seguridade social.

No caso desse indicador, houve uma piora em 2024, com a pobreza multidimensional passando de 39,8% em 2023 para 41,6% da população no ano passado. “Esses dados permitem-nos inferir na realidade uma acentuação de privações estruturais entre as famílias sujeitas à pobreza de renda”, afirmou o Observatório.

Índice de pobreza e indigência na Argentina
Índice de pobreza e indigência na Argentina – Arte/EBC

FONTE: Agencia Brasil
Queda da inflação na Argentina é resultado de recessão, diz economista | Agência Brasil

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Webinar sobre oportunidades de negócios na Argentina para empreendedores brasileiros

No dia 20 de fevereiro, a Câmara de Comércio Argentino-Brasileira organizará o evento online “Como fazer negócios na Argentina a partir da perspectiva brasileira”.

Este webinar oferecerá ferramentas fundamentais para entender o sistema tributário argentino e otimizar as estratégias comerciais entre os dois países.

Durante a sessão, serão analisados os impostos aplicáveis às empresas; bem como acordos para evitar a dupla tributação e considerações fiscais para empresas-mãe estrangeiras. Além disso, serão abordadas oportunidades no âmbito do Mercosul e das zonas francas argentinas; tópicos essenciais para quem busca expandir sua presença na Argentina.

Os palestrantes serão María Laura Acevedo, associada da SMS Buenos Aires, e Eugenia Sleet, gerente comercial da SMS São Paulo; especialistas em direito tributário e comércio exterior. A transmissão será online via Zoom das 9h00 às 10h30 (horário do Brasil), e as inscrições estão disponíveis no Sympla.

Este evento representa uma oportunidade única para empresários e profissionais interessados em conhecer o mercado argentino e fortalecer sua rede de contatos.

FONTE: Todo logística News
Webinar sobre oportunidades de negócios na Argentina para empreendedores brasileiros – TodoLOGISTICA NEWS

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Diálogo é saída para superar tarifas dos EUA, diz CEO da Amcham

Para Abrão Neto, experiência anterior mostra que compor com governo Trump reduz impactos econômicos e pode garantir manutenção de interesses brasileiros.

CEO da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), Abrão Neto, 42 anos, afirma que o “diálogo” é a solução para que o governo brasileiro reduza os impactos das medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que reassumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, o republicano vem impondo tarifas de importação a outros países. Já anunciou sobretaxas no aço e no alumínio que atingem o Brasil, assim como indicação de barreiras para o etanol.

Abrão Neto divulga nesta 2ª feira (17.fev.2025), na arena da Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, a pesquisa anual “Plano de Voo 2025”, em evento realizado em parceria com o Poder360. O levantamento exclusivo com 775 empresários, ouvidos entre 16 de dezembro e 21 de janeiro, trata de questões internas do Brasil, como riscos econômicos, reforma tributária e crescimento dos negócios, e também de questões envolvendo a relação com os EUA. Eis a íntegra (PDF – 481 KB). “Se nós fizermos uma avaliação do que aconteceu em 2018, no primeiro mandato do Trump, quando também houve a aplicação de sobretaxa sobre o aço e o alumínio, o Brasil conseguiu uma negociação para o setor do aço que foi positiva para o setor e para os interesses brasileiros”, disse o CEO da Amcham nesta entrevista ao Poder360, em que ele aborda a conjuntura nacional e internacional.

Assista à entrevista (16min04s):

Leia a entrevista:

Poder360 – A pesquisa “Plano de Voo 2025” diz que 72% dos empresários afirmam que a incerteza do cenário econômico brasileiro é o principal desafio para o crescimento. O que é preciso para dissipar essa incerteza?

Abrão Neto –  Essa pesquisa mostra resultados muito interessantes e atualizados da percepção do setor empresarial sobre o  desempenho da economia em 2025. Por um lado, há um sentimento de certo otimismo, quando 92% dos participantes dessa pesquisa indicam uma expectativa de crescimento nas suas receitas. Crescimento esse que viria pelo aumento do mercado doméstico, pelo aumento das suas produções e vendas e também por ganhos de eficiência. Desses 92%, mais de um terço entende que os seus ganhos em 2025 serão superiores a 15%, ou seja, um percentual bastante relevante. Agora, esse otimismo vem temperado por um conjunto muito significativo de desafios, tanto em relação à economia como em relação à política. Esses foram os dois fatores principais de desafios [apontados na pesquisa] para o bom resultado das empresas em 2025. Em primeiro lugar, são os fatores econômicos; em segundo lugar, a incerteza política.

Dentro da dimensão econômica, são conhecidos os principais elementos de apreensão do setor empresarial, a começar pelos juros crescentes, passando pelo equilíbrio fiscal —há muita preocupação em relação a um deficit fiscal e ao crescimento da dívida pública. Também há uma preocupação com a inflação. E, por fim, com o câmbio. Então, esses quatro grandes elementos que influenciam diretamente a atuação das empresas estão no radar de acompanhamento e terão, obviamente, um impacto direto no resultado dos negócios neste ano. Importante destacar que, no cenário econômico, existem elementos internos —o nosso cenário interno é desafiador por essas questões —, mas há também uma conjuntura internacional bastante delicada e que inspira cuidados. Isso também apareceu na pesquisa.

Mas o que, internamente, o governo precisa fazer para dissipar essa essa incerteza? Acho que a discussão principal hoje está muito relacionada ao equilíbrio fiscal. Então, é a adoção de medidas adequadas para estabilizar esse cenário fiscal, estabilizar o deficit público e, com isso, gerar mais confiança nos agentes de mercado, retomada e crescimento de investimentos, um quadro econômico que permita tanto um crescimento saudável do PIB —a previsão do Boletim Focus, para esse ano, é de 2% —e também um quadro que leve a um retrocesso, uma redução dos juros nos próximos anos.
Levando em consideração a guerra comercial aberta, levada adiante pelo presidente Donald Trump agora no início do seu mandato, como isso deve afetar? Qual o impacto para o Brasil? E qual o impacto, na sua avaliação, para os negócios?

Brasil e Estados Unidos têm uma relação comercial e econômica extremamente importante. Os Estados Unidos são a principal economia do mundo, e as políticas adotadas pelos governos americanos têm uma influência determinante nos rumos da economia mundial.

A pesquisa também mostra que o principal fator de atenção no cenário externo são as medidas e políticas da nova administração americana. Então, há, obviamente, uma consciência, um interesse e um reconhecimento do impacto que essas novas medidas, as novas prioridades do governo Trump, trarão para a economia mundial, em particular para a economia brasileira.

E aí eu acho que há algumas dimensões pelas quais essa análise pode ser feita. Primeiro ponto de vista macroeconômico: várias das medidas que vêm sendo anunciadas pela nova administração dos Estados Unidos são consideradas medidas que podem ter um viés inflacionário para alta. Então, restrições de migração, restrições comerciais, restrição de arrecadação —tudo isso pode ter um impacto inflacionário. Um exemplo: um estudo da Goldman Sachs fala que, para cada aumento de 10 pontos percentuais no imposto de importação dos Estados Unidos, isso pode se traduzir no aumento de 1 ponto percentual na inflação americana.

Só para deixar claro que é um impacto inflacionário nos Estados Unidos.

É um impacto inflacionário nos Estados Unidos, mas um impacto inflacionário nos Estados Unidos que, se concretizado, tem um efeito sobre todo o mundo. Se os Estados Unidos, para conter uma alta da inflação, precisam elevar os seus juros, isso muda o equilíbrio em todo o globo e afeta todas as demais economias, em particular as economias emergentes, aí incluído o Brasil. Então, a dimensão macroeconômica e como as políticas dessa nova administração vão afetar os fundamentos econômicos —e isso, por consequência, se distribuir pela economia global —é um ponto fundamental.

O outro ponto diz respeito às medidas comerciais. No primeiro dia de governo, Trump anunciou a sua nova política comercial, e essa nova política comercial é muito calcada na utilização de tarifas. Várias tarifas já foram anunciadas contra Colômbia, México, Canadá e China. Recentemente, tarifas contra todas as importações americanas de aço e alumínio, que inclusive afetam o Brasil. E é interessante que, em todas elas, ou em grande parte delas —Colômbia, México e Canadá —, houve negociações entre os governos desses países e o governo americano, chegando a soluções, em alguns casos, temporárias.

E aí, a pesquisa nos traz talvez o que seja a indicação mais relevante dela: para grande parte desses respondentes, para 60% dos participantes, o Brasil deveria ter uma postura proativa em relação aos Estados Unidos. Deveria buscar se aproximar, ampliar o seu diálogo de maneira a explorar novas oportunidades à luz de uma nova conjuntura e também conseguir resolver de maneira satisfatória, construtiva e amigável eventuais questões que surjam na relação bilateral, como, por exemplo, essa anunciada agora, das restrições do aumento de sobretaxas no aço e alumínio.

Então, isso indica claramente qual é a visão do setor empresarial em relação à forma como o Brasil deve buscar se relacionar com os Estados Unidos, de uma maneira construtiva e positiva.

A pesquisa fala sobre como o Brasil deve agir. Como o senhor avalia a ação do Brasil? Porque foi uma ação, a princípio, de cautela. Lembrando que o presidente brasileiro já chegou a dizer na época da campanha de 2024 que o retorno do Donald Trump seria “fascismo e nazismo voltando a funcionar com outra cara”. Então, existe um tensionamento político anterior, mas existem também as atitudes atuais do governo em relação a essa sobretaxa do aço e do alumínio, principalmente. Queria uma avaliação do senhor sobre as reações de cautela e observação do governo brasileiro agora e como essa relação de cautela e observação do governo brasileiro agora e como essa relação política de Lula — verbal— pode influenciar a relação entre Brasil e Estados Unidos.

Olha, o melhor caminho para se buscar resolver desentendimentos e solucionar essas medidas que foram anunciadas —e novas medidas que serão anunciadas pelo governo americano —é o diálogo. Não há dúvida alguma de que o diálogo, a negociação e a composição oferecem as melhores soluções para preservar os interesses brasileiros e para permitir a continuidade de um fluxo muito importante de comércio e investimentos entre Brasil e Estados Unidos.

Os Estados Unidos são o principal mercado de exportação de bens industriais do Brasil. Hoje, existem quase 10.000 empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos, e os Estados Unidos são o principal investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de investimentos de mais de US$ 350 bilhões. Então, quando a gente discute uma relação desse porte econômico, com interesses importantes de ambos os lados, a solução é certamente a negociação.

O governo brasileiro é um governo experiente. Até o momento, todas as reações em relação às sobretaxas do aço e do alumínio têm sido colocadas de maneira muito ponderada, indicando cautela e interesse em abrir conversas com o governo americano.

Se nós fizermos uma avaliação do que aconteceu em 2018, no primeiro mandato de Trump, quando também houve a aplicação de sobretaxas sobre o aço e o alumínio, o Brasil conseguiu uma negociação para o aço que foi positiva para o setor e para os interesses brasileiros. E se nós observarmos agora as medidas recentes, como eu comentei, com o México, com a Colômbia e com o Canadá, houve interesse do lado americano e disposição desses parceiros para negociar. Nós acreditamos que essa é a melhor saída, que essa tem sido e deve continuar sendo a postura do governo brasileiro, e que isso vai permitir impulsionar os negócios entre os dois países.

E o tensionamento político

O tensionamento político: nós estamos falando de um relacionamento de Estado. Entre dois Estados soberanos, que além dos seus governos, têm uma trajetória longa e muito sólida de relacionamento. Eu acredito que uma visão de Estado prevalece nesse momento e que os interesses de se buscar ter um bom relacionamento também prevalecerão e abrirão um caminho para uma possível construção de soluções negociadas.

Queria voltar um pouco para os aspectos mais internos abordados na pesquisa “Plano de Voo 2025”, que é o impacto da reforma tributária aprovada pelo governo. Trata-se de uma reforma tributária com foco na questão dos impostos sobre consumo, e a pesquisa diz que esse impacto da reforma sobre a competitividade, no médio prazo, vai ser positivo. Ou seja, essa competitividade vai melhorar: 47% dos empresários ouvidos dizem que vai melhorar. Então, de certa forma, há um certo otimismo. Mas o governo, quando foi eleito —e mesmo depois de eleito —falou também de uma reforma no Imposto de Renda. E uma reforma no Imposto de Renda é uma reforma que mexe estruturalmente em questões de desigualdade —e a desigualdade é uma chaga histórica brasileira. O senhor acha que existem condições políticas para o governo aprovar uma segunda reforma tributária com foco no Imposto de Renda?

A aprovação da reforma tributária sobre o consumo aconteceu de maneira inédita depois de quase 30 anos de discussão, em que, nos últimos anos, houve um amadurecimento e uma evolução muito grande no debate público. Essa maturidade certamente foi determinante para se criar as condições políticas que permitiram a aprovação dessa reforma sobre o consumo.

A pesquisa traz dados muito interessantes que mostram que 47% esperam ganhos de médio prazo na sua competitividade. É bom também pontuar o outro lado: 30% entendem que haverá aumento de complexidade e perda de eficiência tributária. Então, ainda há um momento de análise, entendimento e compreensão por parte das empresas sobre como essas mudanças, bastante estruturantes, vão afetar sua atuação.

Outro ponto muito interessante que nós perguntamos é sobre a avaliação da capacidade e da dificuldade de adaptação. Aqui, 47% também entenderam que essa adaptação vai acontecer, obviamente, e grande parte dela com necessidade de ajustes, mas são ajustes factíveis. Isso é uma boa notícia, e a gente espera que essa reforma melhore o ambiente de negócios do Brasil.

A discussão sobre a reforma da renda tem menos maturidade do que a reforma sobre o consumo. Então, eu entendo que ainda há um caminho pela frente: uma discussão com a sociedade, uma discussão com o Congresso, uma discussão mais ampla para que se avalie quais são as condições de se avançar ou não. E o tempo é, obviamente, relativamente curto, em razão da perspectiva de eleições presidenciais em 2026.

FONTE: Poder 360
Diálogo é saída para superar tarifas dos EUA, diz CEO da Amcham

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Brasil tem déficit comercial com a China pela primeira vez na história recente

Pela primeira vez no histórico recente do comércio exterior, o Brasil iniciou o ano com um déficit inédito no intercâmbio com a China, principal parceiro comercial desde 2009.

Em janeiro, a balança registrou superávit chinês de US$ 583 milhões, resultado de exportações brasileiras de US$ 5,470 bilhões frente a importações de US$ 6,052 bilhões.

Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Em janeiro, as exportações para a China recuaram 30%, reduzindo a participação chinesa no total de vendas externas brasileiras, de 24,7% em 2024 para 21,7% em 2025. No mesmo mês do ano passado, as exportações somaram US$ 7,890 bilhões (alta de 53,1% em relação a janeiro de 2023), mas caíram para US$ 5,470 bilhões neste ano.

A mudança drástica de uma balança tradicionalmente superavitária para um déficit foi impulsionada pela forte retração nos embarques de petróleo, minério de ferro e soja — produtos que, juntos, respondiam por 80% das exportações brasileiras para a China, mas em janeiro de 2025 representaram apenas 61%.

Petróleo: Exportações somaram US$ 1,58 bilhão (queda de 38% ou US$ 963 milhões), representando 29% do total embarcado.

Minério de ferro: Totalizou US$ 1,43 bilhão, com retração de 27% (menos US$ 517 milhões), equivalendo a 26% das vendas.

Soja: Teve o maior recuo: 68%, somando US$ 316 milhões (queda de US$ 677 milhões), com participação reduzida para 6% nos embarques totais.

China amplia exportações ao Brasil em meio a medidas protecionistas

Apesar da queda nas compras brasileiras, a China ampliou em 19,6% suas exportações para o Brasil em janeiro, totalizando US$ 6,052 bilhões. Com isso, a participação chinesa nas importações brasileiras subiu de 24,7% em janeiro de 2024 para 26,1% neste ano.

Confira abaixo um histórico das importações brasileiras da China. Os dados são do DataLiner:

Importações de contêineres para a China| Jan 2021 – Dez 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ponderou que os números de janeiro não bastam para prever o cenário anual.

Segundo ele, “é preciso observar o comportamento da balança nos próximos três ou quatro meses para uma avaliação mais precisa do intercâmbio com os chineses em 2025”.

O especialista chama a atenção também para as transformações profundas no comércio exterior com as taxações impostas pelo presidente Donald Trump nas trocas comerciais com os principais parceiros dos Estados Unidos no comércio exterior, com profundos reflexos em todo o mundo e, consequentemente, no Brasil.

Escalada protecionista chinesa preocupa setor agropecuário

A retração nas exportações brasileiras ocorre em meio a medidas protecionistas adotadas pela China desde o início de 2025.

Em janeiro, a Administração Geral de Alfândega da China (GACC) suspendeu as exportações de soja de cinco unidades brasileiras, alegando descumprimento de requisitos fitossanitários. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) espera a retomada das exportações até março.

Além da soja, as exportações brasileiras de carne também foram afetadas. A China, principal destino da carne bovina brasileira, comprou 92.797 toneladas em janeiro, gerando US$ 452 milhões em receita — uma leve queda em relação ao mesmo período de 2024.

Em janeiro ainda, a GACC anunciou ainda a suspensão de importações de carnes de diversos países, justificando a decisão com base em surtos de varíola ovina, varíola caprina e febre aftosa detectados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os países afetados estão Gana, Somália, Catar, Congo, Nigéria, Tanzânia, Egito, Bulgária, Timor-Leste e Eritreia.

Além disso, o bloqueio se estendeu à Alemanha devido à detecção de febre aftosa, com proibição de importação de animais de dedos pares e seus derivados. O Brasil, até o momento, não está incluído nessas restrições.

No final do ano passado, o Ministério do Comércio da China anunciou o início uma investigação abrangente sobre as importações de carne bovina, afetando todos os países exportadores, incluindo o Brasil, um dos maiores fornecedores da proteína animal.

A crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China, intensificada após a posse de Donald Trump, também pode remodelar o cenário do agronegócio brasileiro.

O presidente norte-americano prometeu adotar e já vem adotando medidas protecionistas contra a China, reacendendo a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Para o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, esse cenário pode abrir espaço para o Brasil ampliar sua participação nas exportações ao mercado chinês.

“Enxergamos a movimentação do governo Trump como uma possível oportunidade. O Brasil está preparado para produzir com competitividade e suprir essa demanda”, afirmou Fávaro.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), também vê potencial de ganhos para o Brasil, mas com cautela:

“As tarifas impostas pelos Estados Unidos à China e as retaliações chinesas podem beneficiar nossas exportações. No entanto, precisamos ficar atentos, pois o Brasil também disputa espaço com os Estados Unidos e pode se tornar alvo de políticas protecionistas americanas”, alertou Lupion em entrevista à Jovem Pan.

Fonte: Agrofy News
https://news.agrofy.com.br/noticia/206631/brasil-tem-deficit-comercial-com-china-pela-primeira-vez-na-historia-recente

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Turistas argentinos aproveitam câmbio valorizado. Até quando vai a festa?

Política econômica de combate à inflação no país vizinho mantém o peso menos depreciado ante o dólar do que o Real brasileiro; economistas temem perda de competitividade e aguardam fim de controles cambiais

A volta das cenas de praias brasileiras lotadas de argentinos remetem a décadas passadas e são explicadas pela conjuntura econômica do país. O governo de Javier Milei tem seguido três pilares essenciais para conter uma crise que parece interminável: equilíbrio fiscal, disciplina monetária e redução da inflação – esse último ponto, por meio de uma gestão da taxa de câmbio, que tem gerado um peso momentaneamente valorizado em relação às moedas de países vizinhos, como o Brasil.

O consultor e professor da Universidade de Buenos Aires, Martin Rapetti, explicou a situação atual em tom de brincadeira num post na rede X no início de fevereiro: “deixe-me esclarecer: a taxa de câmbio real é um preço relativo; quando está baixa (atrasada) é melhor ir para o Brasil, Miami ou Punta Del Este [no Uruguai], ou mesmo para Rimini, com odaliscas! Quando estiver alta, vá para Mendoza, Bariloche ou Mar Del Plata”.

De fato, o Índice Multilateral de Taxa de Câmbio Real do Banco Central da Argentina (BCRA), que compara a taxa local com a de seus principais parceiros comerciais, mostra que o peso está experimentando sua maior valorização desde o fim da conversibilidade [a paridade cambial de 1 por 1 que vigorou entre 1992 e 2002], com exceção de um breve período entre agosto a novembro de 2015.

Em relação ao Brasil, a desvalorização do real ante o dólar acelera essa valorização “artificial” do peso, barateando os destinos dos argentinos em férias. Além disso, os produtos que o Brasil oferece ao mundo se tornam mais atrativos que os feitos Argentina. Isso pode pressionar o peso, que é apoiado por um alto nível de restrições (o famoso “cepo”) e adicionar tensão à diferença cambial.

Logo quando assumiu, a equipe econômica de Milei, comandada pelo ministro Luis “Toto” Caputo, praticou uma desvalorização da moeda, implementando na sequência o esquema de “crawling peg”, com ajustes mensais do dólar oficial em torno de 2% – recentemente reduzido para 1%, uma taxa menos que a da inflação mensal.

Isso tem permitido conter parcialmente as expectativas inflacionárias, mas a estratégia acabou resultando em uma taxa de câmbio que não reflete nem os preços internos nem as tendências do dólar em nível global.

Em termos reais, o dólar oficial acumulou uma subida de 183% no último ano, ante uma inflação anualizada de 193%. Por sua parte, os dólares financeiros paralelos CCL e MEP, com alta de apenas 29%, experimentaram aumentos muito menores em termos reais. Como resultado, o peso argentino continuou sobrevalorizado, gerando distorções significativas em setores como o turismo.

Em artigo recente publicado em seu blog, o ex-ministro Domingo Cavallo disse que “há uma valorização real exagerada do peso que pode ser estimada em cerca de 20%”, o que “gera preocupação nos setores agrícolas exportadores e outros setores industriais que competem com as importações”.

Há especulações que numa nova desvalorização da moeda está a caminho, mas Milei disse em entrevista: “Não vamos desvalorizar, de forma alguma”. Insatisfeito com as declarações de Cavallo, decidiu demitir sua filha, Sonia Cavallo, do cargo de representante argentina na ONU, sem esconder que foi uma represália aos comentários do pai.

Prós e contras
Especialistas locais destacam que o atraso cambial foi uma ferramenta recorrente na história econômica argentina para conter a inflação no curto prazo. No entanto, seus custos se acumularam em médio e longo prazos, afetando a competitividade de setores chaves.

Eles argumentam que, embora as políticas de equilíbrio fiscal e de estabilidade monetária tenham sido passos importantes para normalizar a economia, podem não compensar os efeitos adversos de um dólar artificialmente mais baixo.

A fuga de turistas argentinos para fora do país por conta do dólar barato se intensificou a partir de janeiro, quando a quando a cobrança do imposto PAIS sobre as compras com cartão no exterior caiu de 60% para 30%, incentivando ainda mais as viagens.

E o turismo é apenas a ponta do iceberg. Na situação atual, os preços locais elevados em dólares desincentivam a colocação de produtos argentinos em mercados internacionais, o que pode trazer consequências indesejadas para a arrecadação federal. Além disso, o investimento direto estrangeiro vê pouca atratividade devido às incertezas e à falta de regras mais claras.

Eleições vem aí
Outro ponto a ser ponderado é que o governo argentino precisa manter apoio popular nesses meses que antecedem a eleição parlamentar — e o controle da inflação é algo essencial nessa busca. Isso pode garantir uma melhora na posição do partido “A Liberdade Avança” no Congresso e tornar o caminho da reformulação econômica menos espinhoso.

É essa situação política também que tem atrasado a meta de levantar as barreiras cambiais, o famoso “cepo” antes das eleições. Embora apresente argumentos técnicos, como a inflação ainda alta e as reservas cambiais do BCRA baixas, há um claro temor que essa liberação pode gerar reajustes nos preços internos enquanto o mercado estiver buscando o câmbio de equilíbrio.

O ex-vice-ministro da Economia, Emmanuel Álvarez Agis, lembrou recentemente que nos períodos anteriores de valorização cambial pelos quais a Argentina passou, foi exatamente a acumulação de reservas que determinou a sustentabilidade.

Na década de 1990, isso foi alcançado por meio de investimento estrangeiro direto (IED), dívida e privatizações; na década de 2000, por meio da repatriação de capital e pelo boom de commodities. Sob a gestão de Mauricio Macri, veio por meio da atratividade gerada pelas estratégias de “carry trade”.

(Com informações dos jornais Âmbito Financiero, La Nación, Clarin, Página 12 e dos sites InfoBae e Noticias Argentinas)

FONTE: InfoMoney
Turistas argentinos aproveitam câmbio valorizado. Até quando vai a festa?

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O líder da China abraça os negócios, até mesmo Jack Ma. Mas será o suficiente?

Jack Ma, segundo da esquerda, e outros líderes empresariais chineses durante uma reunião em Pequim presidida por Xi Jinping, líder da China, na segunda-feira

O fundador do Alibaba, que já foi marginalizado, estava entre os executivos que se reuniram com Xi Jinping, no que foi visto como uma demonstração de apoio à iniciativa privada por Pequim. Quando Pequim afastou Jack Ma, o empresário mais proeminente da China, pisando no freio em seus negócios em 2020, enviou uma mensagem inconfundível de que nenhuma empresa estava acima do Partido Comunista Chinês.

Na segunda-feira, o principal líder da China, Xi Jinping, tentou uma abordagem diferente.

Xi se reuniu com chefes corporativos, incluindo Ma, que se manteve fora dos olhos do público nos últimos quatro anos, em uma demonstração de apoio em um momento economicamente precário.

Os chefes das empresas de eletrônicos Huawei e Xiaomi, a fabricante de baterias CATL e a gigante de veículos elétricos BYD estavam entre os líderes empresariais que aplaudiram e tomaram notas enquanto Xi presidia a reunião, de acordo com um vídeo publicado pela mídia estatal.

Xi pediu às empresas privadas que “tenham ambição de servir ao país”, em um aceno ao papel que os empresários chineses desempenham no desenvolvimento de tecnologias no centro do confronto geopolítico da China com os Estados Unidos.

Foi a primeira reunião entre Xi e líderes corporativos desde que o presidente Trump atacou a China em uma série de tarifas, somando-se a uma lista crescente de ameaças à economia chinesa, além de uma crise imobiliária, queda de preços e sentimento frágil do consumidor.

O setor privado ficou em segundo plano sob Xi, que colocou maior ênfase nas empresas estatais em um esforço pela autossuficiência. Relatos no fim de semana de que Xi poderia se encontrar com líderes empresariais provocaram otimismo entre os investidores de que Pequim poderia mudar de rumo.

As ações em Hong Kong, onde muitas grandes empresas chinesas negociam, subiram nas últimas semanas, impulsionadas em grande parte pela notícia de que a DeepSeek, uma start-up chinesa, havia construído um poderoso programa de inteligência artificial usando surpreendentemente poucos chips de computador. Liang Wenfeng, fundador da DeepSeek, esteve na reunião na segunda-feira, de acordo com a mídia chinesa.

Na segunda-feira, o índice Hang Seng em Hong Kong inicialmente se recuperou, mas terminou o dia ligeiramente abaixo. As ações na China continental subiram cerca de 0,25 por cento.

A cúpula foi um dos principais tópicos de discussão no Weibo, uma plataforma online popular na China, na segunda-feira. Para muitos, a questão mais importante antes da reunião era se Ma, o fundador do Alibaba Group, estaria presente. Foi a primeira vez que Ma foi visto em público com Xi desde que o governo interveio para impedir a oferta pública inicial de US$ 34 bilhões do Ant Group de Ma em 2020, depois que o executivo criticou publicamente os reguladores chineses por sufocar a inovação. A medida para impedir o que teria sido o maior IPO do mundo foi um desenvolvimento fundamental em uma repressão governamental de vários anos aos empresários chineses. Ma tem se mantido em grande parte fora dos olhos do público desde então.

Fred Hu, fundador da empresa de investimentos Primavera Capital em Hong Kong, chamou a reunião de segunda-feira de uma simbólica “correção de curso”.

“Nos últimos anos, o setor privado foi atingido por políticas, políticas e regulamentações”, disse ele.

A presença de Ma enviou uma mensagem “de que os empresários privados bem-sucedidos serão respeitados em vez de penalizados”, acrescentou Hu.

O Alibaba não respondeu a um pedido de comentário. Embora o alcance de Xi tenha sido repleto de simbolismo esperançoso, não estava claro se isso resultaria em mudanças substanciais para as empresas ou ajudaria a resolver os problemas econômicos mais amplos da China.

Xi reuniu os chefes da China corporativa em uma reunião chamativa em 2018, onde enfatizou o apoio do Partido Comunista às empresas privadas e prometeu que “isso não mudará nem um pouco”.

Não muito tempo depois, Pequim começou a reprimir as empresas privadas, implementando regulamentações para conter o financiamento imobiliário, empresas de aulas particulares, corrupção percebida na saúde e práticas salariais de serviços financeiros. Em suas campanhas, o partido cortou o financiamento de bancos estatais, proibiu empresas e deteve alguns dos magnatas mais famosos da China.

Os governos locais sobrecarregados com dívidas passaram a multar empresas privadas e famílias e até mesmo deter executivos para arrecadar dinheiro extra.

Essa prática alimentou uma sensação de insegurança entre as pessoas comuns sobre sua riqueza financeira e futuro, disse Chen Zhiwu, professor de finanças da Universidade de Hong Kong.

Abordando o problema na segunda-feira, Xi disse que “a supervisão da aplicação da lei deve ser fortalecida e acusações arbitrárias, multas, inspeções e apreensões devem ser tratadas para proteger genuinamente os direitos e interesses legais de empresas privadas e empresários de acordo com a lei”.

Mas especialistas disseram que Pequim precisará fazer mais para aumentar o investimento de empresas chinesas e estrangeiras se quiser criar empregos e estimular os gastos do consumidor. Seu maior gesto nos últimos meses foi o anúncio de um plano de US $ 1,4 trilhão para resgatar os governos locais, um plano que muitos economistas disseram não ser ousado o suficiente.

Nem mesmo o retorno de Ma aos holofotes pode ser suficiente para resolver as preocupações persistentes.

“No final das contas, a realidade é que o setor empresarial privado na China só tem valor quando o partido precisa de algum crescimento ou precisa estabilizar a economia”, disse Chen.

“Uma vez que a economia esteja estabilizada, os empresários privados seriam jogados na lata de lixo mais uma vez.”

Li You contribuiu com pesquisas.
Alexandra Stevenson é a chefe da sucursal de Xangai do The Times, relatando a economia e a sociedade da China.

FONTE: Nytimes
Jack Ma e outros líderes empresariais chineses se reúnem com Xi Jinping – The New York Times

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Reino Unido acelera consulta a siderúrgicas em resposta às tarifas dos EUA

O governo trabalhista disse anteriormente que queria investir 2,5 bilhões de libras na indústria siderúrgica

A Grã-Bretanha publicou uma importante consulta para sua indústria siderúrgica neste domingo (16), semanas antes do previsto devido ao anúncio do presidente Donald Trump de novas tarifas sobre todas as importações de aço para os Estados Unidos.

O “Plano para o Aço” analisará questões enfrentadas pela indústria do Reino Unido, como altos custos de energia e “práticas comerciais desleais” de outros países, disse o Departamento de Negócios e Comércio em comunicado.

O governo trabalhista disse anteriormente que queria investir 2,5 bilhões de libras (US$ 3,15 bilhões) na indústria siderúrgica e que publicaria uma estratégia sobre seus planos para impulsionar o setor na primavera.

“A indústria siderúrgica do Reino Unido tem um futuro de longo prazo sob este governo. Dissemos isso durante a eleição e estamos cumprindo agora”, disse o secretário de negócios e comércio Jonathan Reynolds na declaração.

Na semana passada, Reynolds afirmou que a Grã-Bretanha tentaria persuadir o governo dos EUA de que seus produtos de aço e alumínio deveriam evitar tarifas devido ao papel sensível que desempenham no setor de defesa dos EUA e em suas cadeias de suprimentos de manufatura.

Trump disse hoje que introduziria novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA, além das tarifas existentes sobre metais. Ele pontuou no início de fevereiro, ao falar sobre tarifas em geral, que achava que algo poderia ser “resolvido” com a Grã-Bretanha.

Reynolds declarou às emissoras no domingo que vinha construindo relacionamentos com autoridades do governo Trump, que, segundo ele, viam a Grã-Bretanha sob uma “luz diferente” de outros países que foram alvo de tarifas.

A Grã-Bretanha e os Estados Unidos comercializam centenas de bilhões de dólares em bens e serviços anualmente. O órgão da indústria UK Steel alertou que as tarifas poderiam ser “devastadoras”, já que os EUA são o segundo maior mercado de exportação de aço do Reino Unido, valendo mais de 400 milhões de libras por ano.

FONTE: CNN Brasil
Reino Unido acelera consulta a siderúrgicas em resposta às tarifas dos EUA | CNN Brasil

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Governo descarta adoção de moeda comum no BRICS, mas quer reduzir dependência do dólar

O Brasil não proporá uma moeda comum para o BRICS em 2025, mas aposta em reduzir a dependência do dólar.

O governo brasileiro não pretende utilizar sua presidência do BRICS em 2025 para propor a adoção de uma moeda comum entre os países-membros. Em vez disso, o foco estará na interligação dos sistemas de pagamento entre as nações do bloco, com o objetivo de fomentar o comércio, estimular investimentos e ampliar o uso de moedas locais como alternativa ao dólar.

A informação foi confirmada por quatro fontes do governo, que destacam a importância da redução de custos e maior eficiência nas transações internacionais.

Alternativas à moeda única

Bandeiras dos Brics em uma mesa de escretório
Imagem: William Potter/shutterstock.com

Apesar das especulações sobre a criação de uma moeda comum para o BRICS, todas as fontes consultadas afirmaram que essa possibilidade nunca esteve oficialmente em discussão nas reuniões técnicas do grupo. Os países que compõem o bloco são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Indonésia.

A discussão sobre alternativas ao dólar ganhou força especialmente após as sanções ocidentais à Rússia, em resposta à guerra na Ucrânia. O interesse do BRICS está em criar um sistema que permita transações em moedas locais de forma mais eficiente e menos onerosa.

O papel do Brasil na presença do BRICS

O Brasil busca promover avanços na digitalização financeira e na interconexão entre sistemas de pagamentos. O Banco Central e o Ministério da Fazenda têm debatido propostas para reduzir a dependência do dólar sem criar embates diretos com os Estados Unidos, especialmente considerando a postura do presidente Donald Trump, que já demonstrou resistência a qualquer iniciativa que enfraqueça o papel da moeda americana.

A expectativa é que a estratégia brasileira seja apresentada na próxima reunião do BRICS, que ocorrerá na África do Sul, paralelamente às reuniões do G20. O Brasil pretende sugerir o uso de novas tecnologias, como blockchain, para tornar os pagamentos transfronteiriços mais baratos e eficientes.

Como funcionaria um sistema de pagamentos interligado?

A interconexão dos sistemas de pagamento entre os países do BRICS poderia seguir o modelo do Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), já adotado pelo Brasil em relação à Argentina, Uruguai e Paraguai. Esse sistema permite transações diretas em reais, eliminando a necessidade do dólar como moeda intermediária. No entanto, ele ainda apresenta desafios, como o prazo de liquidação de três dias útis e uma adoção limitada pelos agentes econômicos.

Com a ascensão de sistemas de pagamentos instantâneos, como o Pix, o Brasil acredita que é possível modernizar as transações internacionais. O próprio presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou que a programabilidade do Pix pode facilitar sua integração com outros sistemas internacionais.

Repercussão e desafios políticos

bandeiras de países do Brics
Imagem: Oleg Elkov / Shutterstock

A iniciativa do Brasil é vista como um movimento estratégico para fortalecer o BRICS sem criar tensões desnecessárias. O governo evita antagonizar os Estados Unidos ao apresentar a proposta como um meio de redução de custos e eficiência, e não como uma tentativa de desdolarização da economia global.

Contudo, Trump já sinalizou que poderia retaliar países do BRICS que reduzam sua dependência do dólar. Ele ameaçou impor tarifas de até 100% sobre esses países caso avançassem com planos de substituição da moeda americana em suas transações internacionais.

Considerações finais

O Brasil não pretende propor a criação de uma moeda comum para o BRICS, mas sim facilitar o uso das moedas locais nos comércios bilaterais do bloco. A interconexão dos sistemas de pagamento, aliada à adoção de novas tecnologias, pode representar um avanço significativo na redução da dependência do dólar. O desafio estará em equilibrar essas mudanças sem gerar conflitos geopolíticos, principalmente com os Estados Unidos.

FONTE:
Brasil rejeita moeda do BRICS e reduz dependência do dólar

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‘Cripto Gate’: governo argentino enfrenta nova crise política

A iniciativa do presidente da Argentina, Javier Milei, ao promover o lançamento de uma criptomoeda por uma empresa privada desencadeou uma nova crise política no país, forçando-o a anunciar uma investigação contra si mesmo.

O episódio que parte da imprensa argentina está tratando como o “cripto gate” envolve a suspeita de funcionários do governo federal, incluindo o próprio presidente, em supostas irregularidades envolvendo a criação da $Libra, uma criptomoeda que, segundo Milei, ajudaria a financiar pequenas empresas e empreendimentos argentinos.

As críticas e as reações à iniciativa de Milei se avolumaram depois que o presidente argentino publicou, nas redes sociais, um texto de apoio ao projeto Viva La Libertad, que é encabeçado pelo lançamento da $Libra.

Assim que o presidente tornou público seu apoio à iniciativa, o valor do ativo digital disparou, valorizando-se exponencialmente. Os poucos detentores da criptomoeda começaram então a vendê-la, com lucros altíssimos. Porém, o valor da $Libra voltou a cair tão logo especialistas e oposicionistas a Milei começaram a apontar o risco de fraude no empreendimento.

A primeira reação do presidente argentino foi apagar a publicação promocional de sua conta no X (antigo Twitter), substituindo-a por uma nova mensagem na qual afirmava não ter nenhum vínculo com o “suposto empreendimento privado”, do qual não conhecia os “pormenores”.

O esclarecimento não conteve a escalada da crise, a ponto do jornal La Nacion, um dos mais influentes do país, noticiar que o “escândalo $Libra abriu uma caixa de pandora”, com acusações de que pessoas próximas a Milei teriam pedido vantagens pessoais a empresários em troca de franquear o acesso ao presidente argentino.

Pressionado, o governo argentino anunciou duas medidas. Em uma nota oficial divulgada neste sábado (15), a equipe de Milei informou que o presidente determinou ao Gabinete Anticorrupção que apure se algum membro do governo nacional, incluindo ele mesmo, agiu de forma imprópria. Além disso, Milei informou que será criada, no âmbito da própria presidência, uma força-tarefa composta por representantes de vários órgãos e organizações interessadas no tema para que avaliem o projeto Viva La Libertad, a $Libra e todas as empresas ou pessoas envolvidas com a iniciativa.

Ainda na nota, a equipe de Milei esclarece que o primeiro contato do presidente com os representantes da empresa responsável pela $Libra aconteceu em 19 de outubro de 2024, durante um encontro no qual os empresários comentaram a intenção de “desenvolver um projeto para financiar empreendimentos privados na Argentina utilizando tecnologia blockchain”. O encontro, público, foi devidamente registrado na agenda de Milei, segundo sua equipe.

Cerca de dois meses e meio depois, em 30 de janeiro deste ano, por sugestão dos mesmos empresários, Milei se reuniu com o sócio do empreendimento que forneceria toda a infraestrutura tecnológica necessária.

“Finalmente, nesta sexta-feira, o presidente [Milei] compartilhou uma publicação em suas contas pessoais comunicando o lançamento do projeto, tal como faz cotidianamente em relação a muitos empreendedores que querem lançar um projeto para criar empregos e investir na Argentina”, acrescenta, na nota, a equipe do chefe do executivo da Argentina, reafirmando que ele não participou da criação e do desenvolvimento da criptomoeda.

“Frente as repercussões [negativas] que o anúncio do projeto gerou, para evitar qualquer especulação e para não dar mais publicidade [à iniciativa], [o presidente argentino] decidiu eliminar a publicação [de sua conta pessoal no X]”, finaliza a equipe presidencial, garantindo que todas as informações sobre o assunto que forem reunidas pelo Gabinete Anticorrupção e pela força-tarefa que será criada serão encaminhadas à Justiça, “para que esta determine se alguma empresa ou pessoa vinculada ao projeto cometeu algum delito”.

Na manhã deste domingo, representantes de duas organizações sociais (Observatório do Direito à Cidade e Movimento A Cidade Somos Nós Que A Habitamos) e de um partido político (Unidade Popular) ingressaram na Justiça com uma denúncia contra o presidente argentino, a quem acusam de ter prejudicado a mais de 40 mil pessoas ao se associar a um esquema que, segundo os denunciantes, teriam causado um prejuízo da ordem de US$ 4 bi.

FONTE: Uol
‘Cripto Gate’: governo argentino enfrenta nova crise política

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Fazenda vê efeitos ‘limitados’ de tarifas de Trump sobre aço e alumínio nas exportações brasileiras

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda avalia que as tarifas de importação sobre aço e alumínio anunciadas por Donald Trump devem exercer impacto limitado nas exportações brasileiras, se efetivamente implementadas.

“As exportações brasileiras de produtos de ferro, aço e alumínio para os Estados Unidos corresponderam a apenas 1,9% do valor total exportado pelo Brasil em 2024, mas a cerca de 40,8% do valor total de ferro, aço e alumínio exportado”, diz o documento “2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025?, apresentado pela SPE nesta quinta-feira, 13.

Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, diz que ainda é difícil avaliar os impactos da política comercial adotada pelos Estados Unidos. Foto: Washington Costa/MF

“Nesse sentido, tarifas de 25% sobre importações de produtos de ferro, aço e alumínio devem ter impactos relevantes na indústria de metalurgia, porém limitados no total das exportações e no PIB brasileiro”, diz o documento.

O secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que ainda é difícil avaliar os impactos da política comercial adotada pelos Estados Unidos.

“Acho que é cedo para incorporar esse tema em qualquer cenário. Claro que podemos construir cenários alternativos, mas temos ainda que entender melhor como isso vai correr, em que prazo, como vai ser afetado”, afirmou.

“Ainda leva tempo para ter mais clareza sobre esse cenário. Hoje é muito difícil apontar possíveis impactos. Por enquanto, do que foi anunciado, você pode ter algum impacto setorial, mas o impacto macro é mais difícil.”

FONTE: Estadão 150
Fazenda vê efeitos ‘limitados’ de tarifas de Trump sobre aço e alumínio nas exportações brasileiras – Estadão

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