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Novas regras para o Regime de Origem do Mercosul facilitam o comércio intrabloco a partir de 18 de julho

Emissão do Certificado de Origem para produtos exportados entre países do bloco deixa de ser obrigatória; economia para exportadores pode chegar a R$ 10 milhões anualmente

Regime de Origem do Mercosul (ROM), que define as regras para determinar se um produto pode ser considerado originário de um dos países membros do bloco, terá mudanças significativas a partir do próximo dia 18 de julho. As alterações, que haviam sido acordadas pela cúpula do bloco em julho do ano passado, têm como objetivo facilitar o comércio intrabloco e impactam diretamente empresas que exportam e importam produtos dentro do Mercosul.

Fim da obrigatoriedade do Certificado de Origem — Uma das principais mudanças é o fim da obrigatoriedade de emissão do Certificado de Origem para produtos exportados entre os países do Mercosul. Em vigor há décadas, o documento é exigido para comprovar a origem da mercadoria e garantir a aplicação das tarifas preferenciais do bloco. A partir de agora, o Brasil poderá solicitar que os sócios do Mercosul aceitem a “autodeclaração de origem”, um procedimento mais ágil e menos burocrático. No entanto, cabe ressaltar que essa solicitação deve ocorrer seis meses antes da implementação da autocertificação.

O novo modelo proporciona facilidade e redução de custos ao permitir o uso de uma prova de origem de emissão mais rápida e menos onerosa. O fim da obrigatoriedade do documento implicará em uma economia estimada em R$ 10 milhões por ano aos exportadores. São emitidos anualmente cerca de 600 mil certificados, sendo que 35% do total é endereçado ao Mercosul.

A certificação de origem, no entanto, segue válida. O modelo híbrido atende à realidade de diferentes tipos de produtores e exportadores brasileiros, sobretudo as pequenas e médias empresas que precisam de auxílio para a comprovação de origem.

Menos burocracia e mais agilidade na liberação de mercadorias — As aduanas dos países importadores poderão fazer, quando se julgue necessário e suficiente, consultas simples diretamente aos produtores ou exportadores, sem a necessidade de abertura de um procedimento formal de investigação de origem. Desta forma, será possível, nesses casos, liberar as operações comerciais sob dúvida com maior agilidade, reduzindo o ônus para exportadores e importadores, atendendo-se, assim, outro importante pleito da indústria brasileira de celeridade nas eventuais investigações de origem.

Essa nova forma de investigação também reduz o custo administrativo para os governos. Ao mesmo tempo, esses procedimentos visam a dar mais condições de controle e fiscalização por parte da Receita Federal do Brasil, investindo mais tempo e recursos na aplicação da gestão de risco para combater fraudes.

Aumento do limite de componentes estrangeiros — O Regime de Origem também define um percentual máximo de componentes estrangeiros que um produto pode ter para ser considerado originário de um país do Mercosul. Esse limite, que era de 40%, passa para 45% a partir de 18 de julho. Com isso, para que possa ser considerada nacional, uma mercadoria pode ter no máximo 45% da matéria-prima comprada de países fora do Mercosul.  Essa flexibilização vale para 100% dos produtos industriais e 80,5% dos agrícolas – os outros 19,5% tiveram o percentual mantido em 40%.

Exportação a partir de outro país — Outra novidade trazida pelas novas regras é a possibilidade de exportar um produto brasileiro a partir de um recinto alfandegado em um terceiro país. Essa medida visa facilitar a logística e reduzir custos para as empresas exportadoras.

O novo ROM começou a ser negociado em 2019, com base em acordos comerciais mais modernos do mundo.

Para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, as medidas vêm para simplificar processos e reduzir custos, melhorando o ambiente de negócios no país. “Esta é nossa obsessão. Desburocratizar e diminuir custos para o produtor e o exportador são essenciais para dinamizar a indústria e o comércio exterior”, afirma.  Ele lembra que, embora a economia seja globalizada, a força do comércio internacional é essencialmente intrarregional.

“As mudanças no Regime de Origem do Mercosul são um passo importante para facilitar o comércio intrabloco e fortalecer a integração econômica dos países membros. As novas regras favorecem o fluxo comercial entre os países, impulsionando a competitividade das empresas e gerando novas oportunidades de negócios”, afirma a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres.

É importante destacar que as novas regras do Regime de Origem do Mercosul são válidas apenas para o comércio entre os países membros do bloco. Ou seja, as exportações para países terceiros continuam a seguir as normas específicas de cada país.

A Secex recomenda que as empresas exportadoras e importadoras se familiarizem com as novas regras do Regime de Origem do Mercosul para se adequarem às mudanças e aproveitar ao máximo os benefícios das novas medidas. Para mais informações, as empresas podem consultar o Manual do Novo Regime de Origem do Mercosul.

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Acordo Mercosul-UE tem compromissos modernos para o comércio e o desenvolvimento sustentável, defende CNI

Para a indústria, o acordo vai dinamizar os setores econômicos, fomentar a criação de empregos, e viabilizar um marco contemporâneo de cooperação para o crescimento econômico sustentável e justo

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reitera a defesa da conclusão do Acordo de Associação entre o Mercosul e a União Europeia por considerar uma contribuição fundamental para as agendas de clima, sustentabilidade e comércio. Para a CNI, o acordo reforça os objetivos e compromissos climáticos globais.

O assunto foi citado no Fórum Econômico Brasil-França, realizado ontem (27), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em São Paulo.

O texto, concluído tecnicamente em 2019 e que está sendo aprimorado atualmente nas rodadas de negociações iniciadas em 2023, estabelece um acordo associativo com benefícios equilibrados e concretos aos dois blocos.

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, mesmo tendo 20 anos o início do processo, um recomeço demandaria uma quantidade maior de tempo, o que, certamente, implicará em novos ciclos de ajuste. E assim sucessivamente. Alban destaca que, ao tratar de comércio e desenvolvimento sustentável, o acordo já atende aos mais altos padrões, comparável a outros acordos comerciais modernos.

“A indústria vê este acordo como um marco institucional moderno e responsável para conduzir as relações econômico-comerciais no século XXI, levando em consideração a importância das questões ambientais e sociais junto aos objetivos econômicos”, destaca Ricardo Alban.

Ao longo dos anos, o acordo Mercosul-UE tem passado por evoluções e transformações significativas, o que demonstra a possibilidade de adaptação e resposta a preocupações atuais. Isso é evidente, por exemplo, pelas intensas rodadas de renegociações que têm ocorrido, desde 2023, que reforçam o compromisso de ambos os blocos de alinhar o texto a valores e expectativas contemporâneos.

As discussões contínuas refletem o reconhecimento da necessidade de um acordo comercial que promova o livre comércio e o crescimento econômico, em conformidade com os objetivos globais de desenvolvimento sustentável e justiça social.

“Como qualquer outro acordo comercial, este não é um acordo estático. A negociação faz parte de um processo cíclico, que permite atualizações sempre que for necessário. Nesse sentido, as disposições estabelecidas servem como ponto de partida para ampliarmos o diálogo entre os dois blocos e aprimorar os padrões. Inclusive, faz parte do texto uma disposição específica de revisão, que permite melhorias contínuas dos compromissos originalmente estabelecidos”, explica Alban.

Entenda os compromissos incluídos na negociação do acordo Mercosul-União Europeia

Para a CNI, os compromissos incluídos na negociação atual do acordo respondem a desafios contemporâneos, o que demonstra a preocupação em manter o acordo atual. Confira:

  • Compromissos para que os blocos promovam o comércio de bens sustentáveis, inclusive nas cadeias de energias renováveis;
  • Compromissos e cooperação em comércio e empoderamento feminino;
  • Reforço na cooperação, para que a implementação do acordo promova o desenvolvimento econômico de maneira sustentável, atingindo todos e todas da sociedade;
  • Previsões a respeito de requisitos de importação exigidos em medidas domésticas relacionadas ao clima.

“Se o acordo não for concluído, nenhum dos compromissos dessa agenda moderna de desenvolvimento sustentável se transformará em compromisso jurídico internacional. Quem perde é o Mercosul, a União Europeia e a França, que não poderão contar com uma agenda de cooperação benéfica e de longo prazo para ambos”, avalia Ricardo Alban.

 

Com informações da CNI.

Acordo Mercosul-UE tem compromissos modernos para o comércio e o desenvolvimento sustentável, defende CNI | FIESC

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Brasil pode aproveitar “fragmentação econômica” para se tornar protagonista do comércio internacional, diz ex-presidente do Chile à CNN

Sebastián Piñera defende menos protecionismo econômico e evolução do Mercosul

O ex-presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou nesta segunda-feira (29) em entrevista à CNN que o Brasil pode aproveitar as mudanças no cenário econômico mundial para se tornar um dos protagonistas no comércio internacional.

“O que estamos vendo é uma a fragmentação. Há menos comércio entre os Estados Unidos e a China, mas há muito mais comércio entre China e os EUA e o resto do mundo. Os países emergentes representam 50% do comércio internacional. E o Brasil é protagonista. Então acho que o Brasil está em uma posição muito boa para tirar vantagem”, disse o ex-presidente do Chile.

Piñera listou itens que se aperfeiçoados contribuirão para uma melhor colocação do Brasil na economia mundial.

“Antes de tudo, eles têm que enfrentar os problemas fiscais que o Brasil tem, porque é preciso ter uma economia estável para aproveitar esta enorme oportunidade. Em segundo lugar, acho que o Brasil tem que aumentar a qualidade da política e da educação, esses são duas fraquezas. E a última coisa é que o Brasil teria que abrir sua economia para o mundo”, afirmou.

“Não se pode realmente aproveitar a oportunidade se estiver preso a um sistema protecionista, e é por isso que acho que o Mercosul tem que se abrir”, concluiu.

Piñera participou do primeiro painel do Latin American Investment Conference (LAIC), que completa sua 11ª edição em 2024.

Link com a reportagem completa:
Brasil pode aproveitar “fragmentação econômica” para se tornar protagonista do comércio internacional, diz ex-presidente do Chile à CNN | CNN Brasil

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“Mercosul teria que evoluir”

O ex-presidente chileno defendeu mudanças no Mercosul para que seja possível chegar a um acordo de livre-comércio com a União Europeia. “Acho que o Mercosul teria que evoluir”, disse.

Para o ex-presidente, países da América Latina deveriam contribuir com a integração do bloco com outras economias.

“Temos que caminhar para sermos uma ponte para integrar o Mercosul com o resto do mundo. E eles não têm feito isso. Porque têm divergências com a Argentina e o Brasil, e avançam na velocidade dos mais cautelosos.”

Na opinião de Piñera, existe um protecionismo exacerbado nos dois blocos econômicos

“Você pode culpar ambos. Na União Europeia, é claro, há muito protecionismo, especialmente para proteger o setor da agricultura. E no Mercosul também existe uma atitude protecionista muito forte. E por isso não conseguiram chegar a um acordo e estão negociando há 20 anos”, disse.

Crise climática

Durante a participação no painel “Perspectivas Políticas da América Latina”, Piñera enfatizou que a crise climática é um evento iminente que deve ter atenção priorizada.

“Ainda estamos indo em direção ao desastre a despeito das mudanças”, afirma o ex-presidente.

Segundo Piñera, a América Latina tem que se preparar para o novo mundo com derretimento de geleiras, aumento do nível dos oceanos, seca, escassez de água, insegurança alimentar e desastres naturais.

“Quase 20% da população vive em áreas que estarão submersas daqui 50 anos. Isso é só um exemplo dessa crise. É preciso aumentar a eficiência energética e proteger as florestas e os oceanos”, afirmou.

O ex-presidente ainda reforçou a ameaça da emissão de CO2 em excesso e propôs mais investimentos em energias renováveis por países latino-americanos.

“No ano passado, aumentamos o consumo de combustíveis fósseis em mais de 7%. Todas as projeções indicam que 2024 será ainda pior, estamos rumando a uma tragédia”, afirmou.

Para Piñera, a população nunca viveu em um mundo com tantas mudanças climáticas.

Por outro lado, há um avanço tecnológico que proporciona soluções a longo prazo, mas a América Latina ainda não conseguiu tirar proveito desse cenário.

“Ao invés de investir nas forças da liberdade, nós a afundamos. Não estamos investindo o suficiente pra promover ciência e tecnologia no nosso continente”, concluiu.

Em entrevista à CNN, Piñera reforçou a relevância do Brasil como sede da Conferência do Cima da ONU que acontecerá em Belém, em 2025.

“A COP que acontecerá no Brasil é uma grande oportunidade para mudar o rumo. Porque temos toda a informação e sabemos que a crise climática que enfrentamos agora é produzida pelo homem. Basicamente porque estamos emitindo demasiados gases com efeito de estufa. E isso acontece basicamente porque estamos queimando demasiados combustíveis fósseis. E precisamos mudar isso”, afirmou.

O ex-presidente chileno cobrou ainda um “acordo político real” para contribuir com a mudança do cenário.

Crime organizado

Durante o painel, o ex-presidente afirmou que um problema em comum nos países da América Latina é o narcotráfico, que segue quatro passos:

  1. Os criminosos procuram controlar um corredor para transportar a droga de um país para o outro, dentro do continente;
  2. Depois, os traficantes ficam no controle do território pra a venda das drogas;
  3. Após controlar o corredor e o território, a organização criminosa começa a entrar na sociedade pública, controlando a polícia;
  4. Por fim, a nação se transforma em um país do narcotráfico.

Para combater o crime organizado, Piñera reforçou a importância de seguir as leis democráticas de um estado de direito e lembrou que a democracia está sob ataque em boa parte do mundo, sobretudo na América Latina. “Estamos andando pra trás”, disse.

O ex-presidente do Chile reforçou que para lutar contra o crime organizado é preciso ter apoio popular e uma colaboração maior entre os países latino-americanos.

“A América Latina é um dos continentes onde o crime organizado cresce mais rápido. É uma tendência grande e perigosa”, concluiu.

Reportagem CNN BRASIL
Brasil pode aproveitar “fragmentação econômica” para se tornar protagonista do comércio internacional, diz ex-presidente do Chile à CNN | CNN Brasil

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