Acordo UE-Mercosul ‘não é remédio’ para tarifas de Trump, alerta França
O acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul “não é um remédio” para as tarifas de Donald Trump, porque “acrescentaria mais desordem”, declarou nesta terça-feira a ministra francesa da Agricultura, Annie Genevard.
A França lidera um grupo de países europeus que se opõem à ratificação do acordo negociado em dezembro entre a Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, e os países do bloco sul-americano (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), que criaria um mercado de 700 milhões de pessoas.
— O Mercosul era ruim ontem e continua sendo, na minha opinião, para os setores cruciais, agrícola e agroalimentar, do nosso país — disse Genevard à Rádio J, ao ser questionada se as tarifas de Trump enfraquecem sua posição na UE.
Na semana passada, em meio a tarifas de Trump, Josef Síkela, representante para parcerias internacionais da Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia), defendeu o acordo UE-Mercosul. Já o presidente da França, Emmanuel Macron, continua buscando “uma minoria de bloqueio” dentro da UE contra o acordo comercial com o Mercosul.
Se o acordo for ratificado, a União Europeia, primeiro parceiro comercial do Mercosul, poderia exportar com mais facilidade automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos, enquanto o bloco sul-americano poderia exportar para a Europa mais carne, açúcar, soja, mel, entre outros produtos.
A França enfrenta a oposição veemente de seu setor agropecuário, que organizou grandes mobilizações nos últimos anos, e exige que as exportações do bloco sul-americano cumpram as mesmas normas de produção adotadas na UE.
O acordo “favoreceria outras produções (francesas) e em especial a produção de vinho, mas um bom acordo é um acordo equilibrado”, acrescentou Genevard, para quem os setores mais impactados seriam os de carne ovina e bovina, açúcar e etanol.
Embora a ministra tenha considerado que o Mercosul “não é um remédio”, ela chamou de “boa política” que a UE busque acordos alternativos para minimizar as consequências do impacto do aumento de tarifas decretado por Trump.
O presidente dos Estados Unidos assinou no dia 2 deste mês um decreto para adotar uma tarifa alfandegária mínima de 10% para todas as importações que entram no país, e de 20% para os produtos procedentes da UE.
A Comissão Europeia ofereceu aos Estados Unidos um acordo para adotar uma tarifa zero no comércio de produtos industriais — uma oferta que Trump já considerou “insuficiente” — e, ao mesmo tempo, ameaça com medidas de retaliação.
— A agricultura não deve ser uma variável de ajuste da resposta — disse Genevard, diante do temor de que aumentar as tarifas sobre a soja americana, que os pecuaristas europeus precisam, acabe afetando o setor e os consumidores.
FONTE: O Globo
Acordo UE-Mercosul ‘não é remédio’ para tarifas de Trump, alerta França