investimento Archives - Reconecta NewsBotão Flutuante com Formulário
Valorizamos a sua privacidade
Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação, veicular anúncios ou conteúdo personalizado e analisar nosso tráfego. Ao clicar em "Aceitar tudo", você concorda com o uso de cookies.
Personalizar preferências de consentimento
Usamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.
Os cookies categorizados como "Necessários" são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para permitir as funcionalidades básicas do site....
Sempre ativo
Os cookies necessários são necessários para habilitar os recursos básicos deste site, como fornecer login seguro ou ajustar suas preferências de consentimento. Esses cookies não armazenam nenhum dado de identificação pessoal.
Nenhum cookie para exibir.
Os cookies funcionais ajudam a executar determinadas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedback e outros recursos de terceiros.
Nenhum cookie para exibir.
Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas como número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego etc.
Nenhum cookie para exibir.
Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.
Nenhum cookie para exibir.
Os cookies de publicidade são usados para fornecer aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que você visitou anteriormente e para analisar a eficácia das campanhas publicitárias.
A governadora Raquel Lyra (PSD) assinou, nesta segunda (9), contrato com a GoVerde Holding S.A. para instalação de uma indústria de produção de e-metanol derivado de hidrogênio verde no Complexo Industrial Portuário de Suape, com um investimento de R$ 2 bilhões na primeira etapa. Inicialmente, a unidade ocupará uma área de 10 hectares (com previsão de crescimento de 20 hectares) e deve gerar 1.500 empregos diretos e indiretos durante a fase de obras, que começa em 2026. A vice-governadora Priscila Krause (PSD) acompanhou a assinatura do contrato.
“Nós estamos assinando, hoje, contrato que autoriza a instalação de uma planta de e-metanol no Complexo de Suape, um investimento da ordem de R$ 2 bilhões que está sendo feito pela empresa GoVerde. Com essa novidade, nós garantimos que Pernambuco cresça de forma sustentável, por meio da economia verde. Ninguém faz nada sozinho, trabalhando juntos vamos fazer nosso Estado se desenvolver sem deixar ninguém para trás”, afirmou a governadora Raquel Lyra.
O contrato para a instalação do empreendimento foi assinado após a homologação do certame público que teve a GoVerde como única proponente, assinado na última sexta (6) pelo diretor-presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Armando Monteiro Bisneto, e publicado na edição de sábado (7) do Diário Oficial do Estado.
Em razão da localização estratégica do Porto de Suape, a produção de e-metanol da GoVerde terá foco na exportação do combustível limpo para clientes europeus e norte-americanos da indústria naval e do setor aéreo. “Esse megaprojeto é fruto da proatividade do governo Raquel Lyra e do time de Suape, posicionando nosso complexo entre os primeiros da América Latina com projetos estruturados para e-metanol. É algo muito consistente, este é um grupo que já tem várias operações aqui em Pernambuco, principalmente na área da energia fotovoltaica. É muito bom ter um parceiro como eles aqui no nosso Estado”, observou Armando Monteiro Bisneto.
A planta industrial terá capacidade inicial de 300 toneladas por dia, com início de operação previsto entre 2027 e 2028 e plano de expansão escalonado para atingir 900 toneladas por dia até 2032. O contrato tem vigência de 12 anos, podendo ser prorrogado. O valor do arrendamento é de R$ 122 mil por mês.
“Trata-se de um projeto industrial transformador para Pernambuco e para o Brasil. O e-metanol é uma das soluções mais concretas para descarbonização imediata do transporte marítimo global. Estamos construindo uma cadeia completa, segura e sustentável para fornecimento do combustível verde. A planta em Suape representa um novo capítulo na inserção do país na rota global da descarbonização marítima e industrial. Estamos muito orgulhosos de implantar essa iniciativa em Suape”, contou o CEO da GoVerde, Ricardo Junqueira.
Descarbonização O e-metanol é um tipo de metanol produzido de forma sustentável, usando energias renováveis e fontes de carbono (biogênico) de baixo impacto ambiental. É considerado uma alternativa promissora aos combustíveis fósseis, especialmente no transporte marítimo e em setores que buscam descarbonizar seus processos. A planta de Suape utilizará hidrogênio verde produzido via eletrolise da água com energia renovável, acrescido de carbono (CO2) biogênico.
O SAF (Sustainable Aviation Fuel, em inglês) é um tipo de combustível alternativo para aeronaves, produzido a partir de fontes renováveis e sustentáveis, como biomassa e óleos vegetais. É uma alternativa ao querosene de aviação tradicional, que é um combustível fóssil, podendo reduzir as emissões de carbono em até 80% e contribuindo para a redução do impacto ambiental da aviação.
Goverde Com sede em São Paulo, o grupo empresarial é especializado na geração e distribuição de energia limpa e já está presente em Pernambuco por meio de um projeto para geração de energia fotovoltaica em Petrolina, no Sertão do São Francisco. Também desenvolve projetos em outros quatro estados brasileiros: Pará, Maranhão, Bahia e Ceará. A empresa planeja, executa, constrói e opera projetos ligados a energias limpas e novos combustíveis, com foco em geração distribuída (GD) e produção de energia própria no mercado livre de energia do país (GC), totalizando 500 projetos.
Enquanto isso, o transporte ferroviário enfrenta entraves que reforçam o papel estratégico das hidrovias. A operação da ferrovia Malha Oeste, para ligar Corumbá a Mairinque, em São Paulo, demandaria investimentos de 18 bilhões de reais, mas a concessionária Rumo já avisou que o baixo potencial de cargas em determinados trechos inviabiliza o projeto. É uma má notícia.
Investimentos privados podem, finalmente, destravar o modal, um dos transportes mais baratos e menos poluentes — e ainda subutilizado no país.
O Brasil está redescobrindo seus rios. Com a iminente concessão de 600 quilômetros da Hidrovia do Paraguai, em Mato Grosso do Sul, o país dará um passo importante para destravar um dos modais de transporte mais eficientes e sustentáveis — e ainda subutilizado. O leilão, previsto para dezembro, marcará a estreia das concessões hidroviárias brasileiras e pode ser o impulso necessário para transformar a logística nacional. Hoje, enquanto 65% das cargas circulam por rodovias, apenas 5% seguem pelos rios, apesar de o país contar com 60.000 quilômetros de vias navegáveis, dos quais só um terço é realmente aproveitado.
Esse desequilíbrio poderá ser enfrentado a partir de iniciativas como a concessão do trecho entre Corumbá e Porto Murtinho. A extensão que será licitada — o Rio Paraguai entre a cidade de Corumbá e a foz do Rio Apa, em Porto Murtinho, mais o leito do Canal do Tamego — já é navegável. Em 2023, passaram pela hidrovia 8 milhões de toneladas de cargas. A partir de 2030, a movimentação poderá chegar a 30 milhões de toneladas com os investimentos do consórcio que assumir a concessão. Nos primeiros cinco anos, estão previstos 74 milhões de reais em investimentos na hidrovia, incluindo a construção de galpão industrial e a aquisição de draga, além de serviços de dragagem, balizamento, sinalização, gestão de tráfego e monitoramento hidrológico.
Para tornar viável esse avanço, a proposta de concessão passou por uma avaliação aberta. AAgência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) submeteu o modelo econômico a contribuições em duas audiências públicas, em fevereiro e abril. Nos próximos meses, o Ministério de Portos e Aeroportos deve encaminhar o edital para análise do Tribunal de Contas da União. Esse processo servirá de base para outras concessões hidroviárias planejadas, como as dos rios Madeira, Tocantins e Tapajós, da Barra Norte (Amazonas) e da Lagoa Mirim (Rio Grande do Sul). Relator do processo e diretor da Antaq, Alber Vasconcelos diz que o grande ganho da concessão é a navegabilidade previsível. “A concessionária fará medições em tempo real do fluxo da água, e o usuário da hidrovia vai saber se poderá carregar uma barcaça com parte ou 100% da sua capacidade”, afirma Vasconcelos.
Enquanto isso, o transporte ferroviário enfrenta entraves que reforçam o papel estratégico das hidrovias. A operação da ferrovia Malha Oeste, para ligar Corumbá a Mairinque, em São Paulo, demandaria investimentos de 18 bilhões de reais, mas a concessionária Rumo já avisou que o baixo potencial de cargas em determinados trechos inviabiliza o projeto. É uma má notícia. Os trilhos seriam uma opção econômica ao transporte rodoviário do minério de ferro e do manganês extraídos da fronteira com a Bolívia. Cada vagão de trem tira três caminhões da estrada, segundo comparação da Antaq. Nesse cenário, a Hidrovia do Paraguai surge como alternativa viável, com um comboio típico carregando 48.000 toneladas — o equivalente a 430 vagões ou 1.200 caminhões.
Além dos benefícios logísticos, o modal hidroviário apresenta vantagens ambientais e econômicas. O estudo “Aspectos gerais da navegação interior no Brasil”, da Confederação Nacional do Transporte, mostra que o modal hidroviário emite 80% menos gás carbônico que o rodoviário e 14% menos que o ferroviário. Além disso, em média, o custo do frete hidroviário é 60% menor que o rodoviário e 30% inferior ao ferroviário. Ainda assim, especialistas defendem que a hidrovia deve ser vista como um elemento complementar, e não substituto, aos grandes eixos rodoferroviários de carga, como ressalta o consultor Frederico Bussinger, sócio da Pezco Economics.
Casos concretos reforçam essa perspectiva de sustentabilidade e eficiência. A operadora de serviços portuários e de logística Wilson Sons estima uma redução de 55% nas emissões com a operação do terminal hidroviário do Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, em comparação com o transporte rodoviário. O terminal Santa Clara está em um canal que acessa o Lago Guaíba e a Lagoa dos Patos em direção ao porto de Rio Grande. “Com o modal hidroviário, desenvolvemos projetos logísticos mais competitivos do ponto de vista de custos, que oferecem menor risco de acidentes e de avarias para as cargas dos clientes, além de contribuir para a diminuição da emissão de gases causadores do efeito estufa”, diz Paulo Bertinetti, diretor-presidente do Tecon Rio Grande, operado pela Wilson Sons.
Mesmo em situações climáticas extremas, a hidrovia demonstrou resiliência. Um levantamento feito por empresas da região detectou a necessidade de dragar apenas quatro pontos da Hidrovia do Paraguai durante a maior seca da região, no ano passado. “Então, mesmo no pior momento climático, não se enfrentariam grandes problemas de navegação”, afirma Adalberto Tokarski, presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável das Hidrovias e dos Corredores de Exportação (Adecon). “Mas o Estado não consegue suprir essa infraestrutura e oferecer segurança para uma navegação fluida o ano inteiro.” A dragagem é bancada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), com recursos limitados, e condicionada ao prazo de licitações públicas, nem sempre tão ágeis quanto às movimentações de mercado.
O setor privado, por sua vez, tem dado sinais claros de confiança no potencial das hidrovias. Impulsionada pela aquisição por parte do grupo J&F, em 2022, a mineradora LHG Mining investiu na ampliação da produção de minérios de ferro e manganês em Corumbá e Ladário, em Mato Grosso do Sul, passando de 2 milhões para 12 milhões de toneladas anuais. “Esse crescimento só foi possível porque contamos com o escoamento de 80% da produção pela Hidrovia do Paraguai, fundamental para a logística de exportação com custos e emissões muito inferiores a qualquer outro modal”, diz Darlan Carvalho, diretor de logística da LHG.
Outro exemplo relevante na mesma região é a operação da Hidrovias do Brasil. Em 2023, a empresa transportou 4 milhões de toneladas de minério de ferro, grãos e fertilizantes. Mesmo com a seca histórica do rio, que impede as embarcações de trafegar com carga total, o desempenho foi compensado com ajuda da frota de empurradores da Hidrovias do Brasil, aptos a navegar com calado de 6,5 pés (cerca de 2 metros), amenizando o impacto causado pela seca. A Hidrovias do Brasil também opera com transporte hidroviário no Pará. Em abril, a Ultrapar – maior acionista da empresa – injetou aproximadamente 1,2 bilhões de reais em outubro do ano passado.
Para entender o potencial do transporte hidroviário brasileiro, basta observar as referências globais. O Rio Mississippi, onde circulam 669 milhões de toneladas de carga por ano nos Estados Unidos, é usado como referência do potencial hidroviário. São 6.900 quilômetros de hidrovias de uso comercial, das quais se retiram cerca de 80 milhões de metros cúbicos de sedimentos ao ano por meio de dragagem. Em comparação, o desafio brasileiro é irrisório. O volume no Rio Paraguai chega a cerca de 400.000 metros cúbicos, mero 0,5% da dragagem feita pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos, que administra o sistema americano.
A Europa e a China também servem como modelos de eficiência e integração. Na Europa, a infraestrutura hidroviária é reconhecida pela grandiosidade das obras de engenharia, como eclusas e elevadores de navios, e pela integração com outros meios de transporte. O custo do modal hidroviário europeu é, em média, 80% inferior ao do rodoviário, segundo relatório elaborado pelo Instituto de Engenharia. A única estrutura semelhante em águas brasileiras é a eclusa de Tucuruí, localizada no Rio Tocantins, no Pará, conforme afirma Moacir de Freitas Júnior, professor do Centro Paula Souza de São Paulo, que estuda a infraestrutura hidroviária da Europa. Assim mesmo, a eclusa permanece sem uso desde a sua inauguração, em 2010. Outro exemplo vem da China, onde metade da produção é escoada por hidrovias, complementa o relatório do instituto. Para um país de dimensões continentais como o Brasil, que pretende ser recordista na produção de commodities, o caminho para aumentar a eficiência passa necessariamente pelas águas.
Unidade será em Perry, Iowa; anúncio ocorre às véspera do início das negociações de ações da empresa na bolsa de Nova York
A JBS, maior empresa de proteínas animais do mundo, anunciou nesta quinta-feira que planeja investir US$ 135 milhões para construir uma fábrica de produção de linguiças (e não salsichas, como foi informado inicialmente pela empresa) em Perry, município com pouco menos de 8 mil habitantes no Estado americano de Iowa. A companhia estima que criará 250 empregos na fase de construção e que a unidade vai gerar 500 novas vagas diretas de emprego. As obras desta que será a primeira fábrica de linguiça da companhia deverão começar no fim deste ano, e o início das operações está previsto para o segundo trimestre de 2026.
Segundo a JBS, a nova planta deverá produzir quase 60 mil toneladas de linguiça por ano, a partir do processamento de cerca de 500 mil suínos. “Esse investimento ressalta nosso compromisso com a América rural e nossa confiança na força do mercado dos Estados Unidos”, afirma Wesley Batista Filho, CEO da JBS USA, em nota. A empresa brasileira fatura mais de R$ 400 bilhões por ano, e a maior parte dessa receita já é gerada nos EUA com carnes (bovina, suína e de frango) e alimentos processados.
Não por coincidência, o anúncio foi feito às vésperas do início das negociações das ações da JBS na bolsa de Nova York, movimento que já tem aval da SEC, a agência reguladora do mercado de capitais dos EUA, e que deverá ocorrer no dia 12 de junho. A dupla listagem de papéis da companhia em Nova York e na B3, no Brasil, foi aprovada em assembleia de acionistas da gigante na sexta-feira da semana passada.
Além da criação de novas vagas de trabalho, com a nova fábrica a JBS USA informou que vai estender seus programas “Hometown Strong” e “Better Futures” para Perry. “Por meio do ‘Hometown Strong’, a empresa está investindo mais de US$100 milhões em comunidades rurais nos EUA e no Canadá, apoiando projetos como novos centros comunitários, moradias populares, melhorias em escolas, instalações esportivas, creches e parques”, informou a empresa. Já o “Better Futures”, por sua vez oferece mensalidade gratuita em faculdades comunitárias para colaboradores da JBS USA e seus filhos.
Investimentos no porto de Itajaí
Poucas horas depois de comunicar sua intenção de investir em Perry, a JBS informou que sua divisão JBS Terminais já investiu R$ 130 milhões desde o início de sua concessão no porto de Itajaí, em Santa Catarina, em outubro do ano passado. Segundo a empresa, novos aportes de R$ 90 milhões estão programados, em tecnologia e infraestrutura. Entre outras melhorias, dois novos guindastes móveis serão instalados.
“Essa operação é, para nós, motivo de muita satisfação e de muita responsabilidade. Sabemos o quão importante esse porto é para o país”, afirmou o empresário Wesley Batista, um dos controladores da JBS, durante evento no porto que contou com a presença do presidente Lula.
A Gás Natural Açu (GNA), joint venture formada entre Siemens Energy Spic Brasil ebp, colocou em operação sua segunda usina de geração de energia no Porto do Açu, no norte fluminense. O projeto recebeu R$ 7 bilhões em investimentos e é a maior termelétrica em operação no Brasil.
Chamada de GNA II, a nova usina tem capacidade instalada de 1.673 megawatts (MW) e recebeu sinal verde da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para começar a operar. Com capacidade para atender cerca de 8 milhões de residências, ela coloca a Gás Natural Açu na posição de operadora do maior complexo de usinas a gás natural da América Latina.
A planta se soma à GNA I, de 1.338 MW de potência e em funcionamento desde 2021, ampliando ainda mais o papel estratégico da empresa na geração de energia termelétrica. Ao Valor, o CEO da empresa, Emmanuel Delfosse, explica que o objetivo foi criar um hub de gás no Porto de Açu. Juntas, as usinas representam 17% da capacidade de geração termelétrica do país e são importantes para o sistema principalmente em épocas de seca, quando as hidrelétricas produzem menos energia.
As plantas estão conectadas ao terminal de regaseificação de GNL de uso privado com capacidade de 21 milhões de metros cúbicos por dia, o que permite importar gás de navios e transformá-lo novamente em estado gasoso para uso.
“As usinas funcionam como um seguro para o sistema elétrico. Elas entram em ação quando é mais necessário”, diz. As térmicas consomem 12 milhões de metros cúbicos por dia. Em equivalências energéticas, isso é igual ao consumo de todo o Estado de São Paulo. “Com a inflexibilidade de GNA II, nossa ociosidade é muito menor”, diz Delfosse. O terminal pode ainda atrair indústrias para a região do porto para consumir o gás.
O empreendimento é operado a gás natural e foi contratado por meio de leilões de energia. A planta funciona com uma configuração de ciclo combinado, ou seja, mais eficiência e menor emissão. Contudo, ela opera com 40% de inflexibilidade, ou seja,o sistema é obrigado por contrato a usar a usina em pelo menos 40% do tempo no período seco, ou seja, entre julho e novembro.
O executivo frisa que a usina opera a um preço competitivo, com custo variável unitário (CVU) de R$ 400 por megawatt-hora. Por outro lado, a usina não funciona, como é conhecido no jargão do setor, com “rampa rápida”, ou seja, a planta precisa ser ligada alguns dias antes para ser preparada para o sistema.
A GNA II faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, voltado a obras de infraestrutura. Já o investimento total no complexo foi de R$ 12 bilhões. “Foi um desafio técnico e de logística em meio à pandemia. Fazer negócios no Brasil é uma complexidade. O primeiro destaque é a magnitude desta aventura industrial com investimento de R$ 12 bilhões”, diz Delfosse.
O projeto pode crescer ainda mais: o potencial de expansão é de mais 3,4 GW, o que mais que duplicaria a capacidade atual. A empresa já tem autorização ambiental para dobrar de tamanho, mas uma eventual expansão dependerá da demanda nos próximos leilões.
Os acionistas tiveram papel relevante. Além dos aportes, a Siemens Energy entrou com o fornecimento de três turbinas a gás e uma turbina a vapor. A bp foi responsável pelo gás. Já a estatal chinesa Spic entrou em um contexto em Pequim fazia pesados aportes no Brasil no setor elétrico. A Prumo Logística, responsável pela infraestrutura do Porto do Açu, também é sócia da usina GNA I.
Governo catarinense vai ao Japão e à China buscar melhor interlocução em defesa do agro, falar sobre atração de investimentos e intercâmbio tecnológico para produção de maçã
Após o êxito da viagem do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, aos Estados Unidos há poucos dias – de 12 a 16 de maio -, o secretário de Articulação Internacional e Projetos Estratégicos do estado, Paulo Bornhausen, avança na agenda da próxima missão internacional do governo, que será de 13 a 22 de junho para a Ásia, ao Japão e à China. As prioridades serão contatos para favorecer o agronegócio e atração de investimentos. Um ponto alto da missão deverá ser a oficialização de um relevante investimento de empresa chinesa em Santa Catarina.
– Vamos fazer contatos visando apoio à agroindústria catarinense que é grande vendedora para o Japão e para a China. Precisamos cuidar disso de perto, porque outros estados e países disputam esse mercado, onde Santa Catarina tem grande tradição. A presença do governador do estado e de empresários é importante. Além disso, o governador Jorginho Mello tem projetos de infraestrutura muito ambiciosos para rodovias e ferrovias. Precisamos apresentar esses projetos com profundidade para atrair investidores e parceiros – explica Bornhausen.
Nessa viagem à China, o governador deve aproveitar para consolidar um investimento chinês que está em fase avançada de negociações com o suporte da Invest SC, a agência de investimentos do estado.
– Pode ser que nessa missão seja possível anunciar a instalação de mais uma filial de indústria chinesa no Estado. Estamos em fase avançada de negociações com três ou quatro empresas. Em meados do ano passado, a TP-Link, grande fabricante chinesa de produtos para redes domésticas de computadores, anunciou unidade em Joinville. Ela já contratou 800 pessoas e planeja dobrar de tamanho por causa das novas tarifas dos Estados Unidos – afirmou o presidente da Invest SC, Renato Lacerda, sem revelar quais são essas empresas chinesas estudam projetos no estado.
Nessa viagem, o governo catarinense vai tentar conseguir uma interlocução com a China e o Japão para que deem maior atenção ao agro catarinense, em especial às proteínas, para que liberem as importações mais rápido quando ocorrem suspensões de compras em função de algum problema sanitário. O desejo de SC é que logo após a solução do problema sanitário, as compras sejam retomadas rapidamente. Em função do caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul em 16 deste mês, que já foi erradicado, as vendas de SC a esses dois mercados e a outros, estão temporariamente suspendas.
Uma das razões da viagem à Ásia agora, apenas um mês após a missão aos EUA, é para levar essa pauta do agro. Outra é atender a um convite feito ao governador Jorginho Mello pelo embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, para ampliar a cooperação entre SC e a província japonesa de Aomori, de onde vieram as mudas e a cultura da maçã na Serra Catarinense. A intenção e ampliar a troca de informações técnicas sobre a cultura da maçã.
Para o secretário de Articulação Internacional, é importante Santa Catarina fazer mais conexões internacionais, apresentar sua economia e suas oportunidades de investimentos nessa fase de guerra de tarifas internacionais em que o Brasil é um dos países mais bem posicionados para a atração de capital.
Na missão aos EUA, o governo de SC apresentaram a economia do estado e setores para investidores globais em Nova York. Em Washington, o governo falou sobre projetos em andamento no Banco Mundial, apresentou novos projetos e também pediu apoio à embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, para trabalhar pela retomada rápida das exportações de proteína de franto à Ásia, depois do caso no Rio Grande do Sul.
Orçamento brasileiro fica atrás de nações com menor PIB, território e população como Austrália, África do Sul, Argentina e Arábia Saudita
O Brasil tem o segundo menor investimento no setor espacial do G20, mostra um levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Estratégico para soberania, desenvolvimento e exploração de novas tecnologias, o setor espacial brasileiro recebeu US$ 47 milhões em recursos públicos em 2023, o equivalente a 0,002% do PIB do Brasil. O montante posiciona o país à frente apenas do México – entre os países e blocos que compõem as 20 maiores economias do mundo – e é cerca de 30 vezes menor do que a média do grupo.
O levantamento da CNI revela todo o ranking, que tem como líder os Estados Unidos. Em 2023, os norte-americanos tiveram um PIB de US$ 27,7 trilhões e investiram US$ 73,2 bilhões no setor, o equivalente a 0,264% do PIB. Em segundo lugar, a Rússia investiu 0,169% do PIB de US$ 2,02 trilhões. A França foi a terceira nação que mais investiu no setor espacial: 0,114% do PIB de US$ 3,05 trilhões.
Usados em áreas estratégicas como comunicação, observação da terra, geolocalização, previsão do tempo, defesa, exploração espacial e voo tripulado, os satélites são ferramentas cada vez mais essenciais em nosso dia a dia. Apenas em 2023, a indústria espacial movimentou cerca de US$ 400 bilhões em todo o globo. Desse total, 71% do faturamento vem da indústria de satélites. Segundo estimativas do Morgan Stanley, o setor deve criar receitas de mais de US$ 1 trilhão até 2040.
O Brasil investe menos no setor espacial do que nações do G20 com menores níveis de PIB, de população e de território, como Austrália, África do Sul, Argentina, Arábia Saudita e Turquia. Como comparação, a África do Sul teve, em 2023, o PIB de US$ 380,7 bilhões (5,7 vezes menor que o brasileiro). Mesmo assim, o orçamento espacial sul-africano foi de US$ 128 milhões (2,7 vezes maior que o brasileiro).
Os governos têm papel essencial na expansão do setor espacial, sendo responsáveis pela maior parte do financiamento global. Segundo dados da Euroconsult, em 2023, o aporte governamental mundial em programas espaciais foi de US$ 117 bilhões. Dois países (Estados Unidos e China) foram responsáveis por 74,7% desse montante. O Brasil representa apenas 0,04% do orçamento mundial. No mesmo ano, segundo a Space Capital, o investimento privado foi de US$ 18,4 bilhões.
“O grande problema de o país investir pouco em engenharia aeroespacial nacionalmente é que, quando você tem a necessidade de comprar serviços desenvolvidos por satélites estrangeiros, você está financiando o desenvolvimento espacial de outras nações e, ao mesmo, deixando de aproveitar e desenvolver a indústria nacional do setor”, destaca o superintendente de Política Industrial da CNI, Fabrício Silveira.
Alta dependência de satélites estrangeiros
O estudo da CNI traz recortes que demonstram a alta dependência mundial do serviço de navegação conhecido como GPS, usado diariamente em serviços de transporte por aplicativo, de entregas e de geolocalização, desenvolvido e mantido pelos Estados Unidos.
Segundo dados da London Economics, uma suspensão no acesso ao sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS da sigla em inglês) por cinco dias traria perdas econômicas da ordem de R$ 32 bilhões. Outro estudo e O’Connor et. al estima perdas econômicas, apenas nos Estados Unidos, de R$ 153,3 bilhões por uma interrupção de 30 dias no sinal do GPS, podendo chegar a R$ 230 bilhões em períodos críticos para a agricultura – de R$ 5,1 bilhões a R$ 7,7 bilhões por dia.
Atualmente, o Brasil opera apenas 24 satélites, entre mais de 13 mil satélites em órbita, e por isso é dependente da infraestrutura estrangeira. Um levantamento do Programa Espacial Brasileiro (PEB) mostra que apenas o Poder Executivo demanda, anualmente, R$ 860 milhões em serviços espaciais. O histórico de baixo investimento no setor impede a redução da dependência por satélites estrangeiros. Entre 2013 e 2023, o orçamento destinado à Agência Espacial Brasileira (AEB) caiu 68%.
De acordo com o Competitividade Brasil 2023-2024, elaborado pela CNI, o Brasil ocupa a 12ª posição no ranking no fator de infraestrutura digital e urbana, em relação a 18 países, que leva em consideração, entre os principais requisitos, satélites em órbita. Os Estados Unidos lideram o ranking enquanto Peru, Índia e Colômbia aparecem atrás do Brasil.
Uma eventual perda de acesso ao GPS causaria interrupções nos serviços de telecomunicações, transporte, no sistema financeiro, na agricultura de precisão, entre outras atividades militares, governamentais e comerciais, provocando um verdadeiro “apagão nacional”.
Atentos a esses possíveis riscos, países como Índia e Japão desenvolveram sistemas de posicionamento próprios. Outros, como Turquia e Emirados Árabes Unidos, estão criando seus próprios sistemas de geolocalização.
Investir no setor espacial significa depender menos dos satélites estrangeiros. Em 2019, por exemplo, o Brasil poderia ter identificado com mais rapidez o derramamento de petróleo na costa do Nordeste e do Sudeste e, consequentemente, atuado com mais rapidez para conter as manchas. Naquela ocasião, o governo brasileiro dependeu de apoio internacional para investigar o caso, o que acabou afetando por mais tempo o meio-ambiente e as atividades pesqueira e turística da região.
“É importante reduzir a dependência do Brasil por infraestrutura espacial estrangeira. Para isso, é fundamental aumentar o investimento no setor. A experiência internacional mostra que o investimento governamental reduz o risco dos projetos e mobiliza o capital privado ao gerar demanda no setor. Instrumentos como as missões espaciais, os editais de financiamento e subvenção e as encomendas tecnológicas podem ser usados para aumentar o engajamento no setor”, sugere Silveira.
Novos investimentos e previsão de recuperação do setor nos próximos 10 anos
O Brasil tem oportunidades no setor aeroespacial. Segundo a Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), o país poderia mudar o cenário de poucos investimentos em um horizonte de 10 anos. “A indústria espacial brasileira pode ser protagonista global, assim como a respeitada indústria aeronáutica. Atualmente dependemos de satélites estrangeiros para atender a necessidades básicas da sociedade brasileira. Temos que mitigar essa vulnerabilidade que ameaça nossa soberania”, avalia o presidente da AIAB, Julio Shidara.
Projetos recentes demonstram que o país tem capacidade de desenvolver o setor espacial. Em 2022, foi lançado o Amazonia-1, o primeiro satélite 100% brasileiro. O satélite foi o primeiro completamente projetado, integrado, testado e operado pelo país.
Em abril de 2023, o primeiro satélite privado de alto desempenho desenvolvido pela indústria brasileira foi lançado. O VCUB1 foi desenvolvido pela Visiona em uma rede de parceiros que inclui o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e será usado para observação da Terra e coleta de dados. Essa parceria continua com o desenvolvimento do SatVHR, um satélite brasileiro de pequeno porte e alta resolução que poderá ser usado para monitorar florestas, rios e mares, ajudar no planejamento de cidades e auxiliar no processo de digitalização da agricultura.
Outro importante projeto em desenvolvimento é o Constelação Catarina. Serão construídos 12 nanossatélites para realizar o sensoriamento remoto do território e atmosfera. O projeto é uma parceria entre o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Entre 2022 e 2023, a Finep lançou três editais para incentivar a inovação no setor aeroespacial. Os investimentos somam R$ 991 milhões em recursos para subvenção e investimento privado. Os recursos serão destinados para desenvolvimento de plataformas demonstradoras de novas tecnologias aeronáuticas; desenvolvimento de satélite de pequeno porte de observação da Terra de alta resolução; e desenvolvimento e lançamento de veículos de pequeno porte para lançamento de nano e/ou microssatélites.
No início de 2024, foi firmado um Acordo de Parceria entre o SENAI-CIMATEC, o Governo Federal e o Governo da Bahia para a criação do Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia. O parque vai integrar atividades de ensino, pesquisas avançadas e inovação no campo aeroespacial.
Nova Indústria Brasil (NIB) – R$ 113 bilhões para a indústria de defesa
O setor aeroespacial também é contemplado na Nova Indústria Brasil (NIB) – política industrial orientada por missões proposta pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). A missão 6 da NIB visa aumentar a autonomia e a soberania do país no setor aeroespacial.
Ao todo, serão aportados cerca de R$113 bilhões na missão, que busca ampliar o domínio brasileiro em áreas como radares, satélites e foguetes. Os investimentos públicos incluem o PAC Defesa, com mais de R$ 31 bilhões, para projetos como o caça Gripen, o avião cargueiro KC-390, viaturas blindadas, fragatas e submarinos.
A prioridade será para ações voltadas ao desenvolvimento de energia nuclear, sistemas de comunicação e monitoramento climático, tecnologia de propulsão, além de veículos autônomos e controlados de forma remota.
A missão tem a meta de alcançar, até 2026, até 55% de domínio das tecnologias críticas para a defesa, e até 2033, cerca de 75% de domínio. Para se ter uma ideia, atualmente a indústria de defesa brasileira possui 42,7% de domínio dessas tecnologias críticas para o setor.
O tema também está presente no Mapa Estratégico da Indústria da CNI (2023 – 2032) e no Plano de Retomada da Indústria, que recomendou, entre outras prioridades, o investimento em tecnologias e inovações de uso dual, que têm aplicação tanto no meio civil como militar, o que fortalece a indústria de defesa e segurança nacional.
XBRI Pneus deverá produzir até 14,6 milhões de pneus por ano
Vem aí uma megafábrica de pneus com DNA chinês e escala global no Brasil. A marca XBRI Pneus, ligada à gigante Sunset Tires Corporation, confirmou a construção de uma unidade em Ponta Grossa, no Paraná, com investimento de R$ 6,2 bilhões.
Com início das obras previsto para o último trimestre deste ano, a planta nasce como um dos maiores projetos industriais da década no país, e já carrega um reforço de peso: uma parceria oficial com a Linglong Tires, uma das maiores fabricantes de pneus do mundo.
Produção gigante, impacto imediato
O novo complexo vai ocupar 1,25 milhão de m² e terá capacidade para fabricar 12 milhões de pneus para carros, 2,4 milhões para caminhões e ônibus, e 200 mil para uso agrícola e industrial por ano.
Produção gigante, impacto imediato
O novo complexo vai ocupar 1,25 milhão de m² e terá capacidade para fabricar 12 milhões de pneus para carros, 2,4 milhões para caminhões e ônibus, e 200 mil para uso agrícola e industrial por ano.
Estoque de aportes superou US$ 300 bilhões no ano passado
Embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil, são os Estados Unidos que lideram os investimentos externos diretos (IED) no país. Cerca de terço do estoque desses aportes feitos aqui são americanos, lembra Fabrizio Panzini, diretor de políticas públicas e relações governamentais da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), superando US$ 300 bilhões no ano passado.
Em 2022 o Brasil estava na 16a posição no ranking de investimentos americanos no mundo, segundo o Bureau of Economic Analysis, agência do Departamento de Comércio dos EUA. Esse dinheiro tem um contorno de prazo mais longo de maturação, olhando a demanda de anos adiante, principalmente em setores como energia e infraestrutura, de acordo com especialistas. Segundo a Amcham, quase 20% desse investimento, que é diversificado, tem como destino o setor financeiro e de seguros, seguido de manufaturas, principalmente químico, alimentos e bebidas, máquinas e automotivo.
Uma característica é a qualidade do IED vindo dos EUA, focado na indústria e em serviços de alta complexidade, desde a citada automobilística e de eletroeletrônicos, passando por vários segmentos de bens de consumo durável e de capitais. Não à toa na última década, segundo o Banco Central brasileiro, os EUA foram o segundo maior país destino de lucros e dividendos saídos do Brasil, com US$ 54,2 bilhões, atrás somente dos Países Baixos, com US$ 56,4 bilhões.
O perfil do investidor americano nos últimos anos, via análise da Amcham, teve uma leve alteração, sendo o setor de tecnologia, especificamente “data centers”, responsável por cerca de 25% do valor na década, seguido por fabricação de veículos, armazenagem e transporte, máquinas e equipamentos e setor elétrico. Há perspectivas positivas em áreas como minerais críticos e energias renováveis.
No último dia 13, porém, um discurso do enviado especial para América Latina do governo Trump, Mauricio Claver-Carone, gerou mal-estar. “O país tem um enorme potencial, mas precisa enfrentar seus três Cs: câmbio, corrupção e crime. Não é uma crítica vazia, é um chamado para o país destravar seu potencial”, disse o advogado – que também foi diretor dos EUA no Fundo Monetário Internacional (FMI) e presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – em jantar em Nova York do Grupo Esfera, think tank e polo empreendedor brasileiro.
“A fala reflete desconhecimento da realidade brasileira e uma visão preconceituosa”, diz Antonio Corrêa de Lacerda, economista e professor da PUC-SP. Para ele, a política cambial brasileira está em linha com as melhores práticas internacionais e é competitiva para quem deseja instalar ou produzir no país. “O Brasil está entre os dez maiores mercados mundiais, por PIB, população, e tem tradição na absorção de IED. Temos nos posicionado há pelo menos duas décadas dentre os dez maiores absorvedores dessa modalidade, que é considerada a mais ‘nobre.”
O país é o segundo com maior IED em 2024, só atrás dos EUA, e atraiu investimento estrangeiro direto global de US$ 70 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Sobre crime e corrupção, Lacerda considera que relatórios como o da Transparência Internacional, que ranqueiam os países considerados mais corruptos, se baseiam em dados de um Brasil que é democrático, transparente, com imprensa livre e que acaba noticiando mais o assunto, criando a impressão de que aqui o problema é maior do que em outros países com controle de mídia. “Mas isso não têm impedido que as maiores empresas do mundo continuem investindo aqui”, diz o economista, que acrescenta que nas últimas décadas poucas empresas americanas saíram do país. O Brasil ocupa o 36º lugar no ranking da Transparência. Em confiabilidade, está à frente de países como China, Índia e México, em 21o lugar, segundo pesquisa 2025 da Kearney.
Economistas sugerem separar a política de Donald Trump das sólidas relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos, que em 2024 comemoraram 200 anos. “Estive em abril em Washington nas reuniões do FMI e em eventos paralelos e havia uma grande divisão entre os investidores americanos: os que achavam que a guerra tarifária teria grandes consequências e os com uma visão um pouco mais benigna”, afirma Marcelo Toledo, economista-chefe da Bradesco Asset. “O que me surpreendeu nos investidores foi uma postura de esperar para ver, pausar, mais do que já terem decisões formadas”.
Ele aponta que pelo lado dos investidores financeiros americanos, os problemas seriam dois: o Brasil não ter grau de investimento e o baixo crescimento da economia brasileira. “Temos projeções para 2025 de 2%, enquanto a Índia, mesmo com uma lista gigantesca de problemas de toda sorte, vai crescer entre 6,5 a 7%”.
João Carmo, economista da MCM 4intelligence, avalia que haverá uma desaceleração do crescimento dos EUA em 2025 para 0,8%, após avançar 2,8% em 2024. “Já para IED, estamos projetando a manutenção dos US$ 70 milhões de 2024. Dada a elevada produtividade, uma oportunidade interessante para os investidores dos EUA no Brasil seria o agronegócio, em que já temos players norte-americanos importantes como Cargill, ADM e Bunge. Outro setor? Eu diria as fintechs financeiras”.
Ele também avalia que o momento atual dos EUA não resultará em uma saída de investimentos feitos no passado, já que a janela operada pelos investidores aqui é de um horizonte de anos. “Na questão do câmbio, estamos 40% acima da média histórica, ou seja, nossos ativos estão baratos”, diz Carmo.
Um dos setores que podem atrair capital árabe para Santa Catarina é o de pesquisas na área de biotecnologia
Comitiva de embaixadores de cinco países árabes, em visita oficial a Santa Catarina desde domingo (03), encerraram a missão com expectativas positivas para investir no Estado, em especial nas áreas de tecnologia e biotecnologia. Ficaram surpresos com avanços na área de biotecnologia, com produtos em fases avançadas de pesquisas, destaca o secretário de Articulação Internacional e Projetos Especiais, Paulo Bornhausen.
O grupo de cinco líderes da região do Golfo Arábico foi integrado pelos embaixadores dos Emirados Árabes Unidos, Saleh Ahmad Salem;do Marrocos, Nabil Adghoghi; do Bahrein, Bader Abbas Alhelaibi; do Catar, Ahmad Mohammed Al Shebani; e do Kuwait, Talal Rashed Almansour.
A missão foi organizada pela secretária de estado de Articulação Nacional, Vânia Franco. O grupo foi recebido pelo governador Jorginho Mello e pela vice-governadora Marilisa Boehm em almoço na Casa D’ Agronômica segunda-feira e cumpriu uma série de agendas para conhecer melhor Santa Catarina.
A programação incluiu visitas à Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), à Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), ao centro de tecnologia Sapiens Parque e também a outras instituições voltadas à tecnologia, como o centro empresarial Espaço +Um e à Fundação de Amparo à Tecnologia e Inovação (Fapesc).
– Uma das visitas que mais despertaram atenção dos líderes árabes foi na Vesper Ventures, um fundo de investimentos de Florianópolis focado em startups de biotecnologia que já investe em 12 empresas nessa área. Elas fazem diversas pesquisas para buscar curas de doenças ou soluções para enfrentar problemas climáticos. Eles ficaram surpresos com essas pesquisas na fronteira do conhecimento, destacadas pelo empresário Gabriel Bottós, cofundador e CEO da Vesper – observou o secretário Paulo Bornhausen.
Na avaliação do secretário, essa visita abriu portas para mais negócios de Santa Catarina com países árabes. A expectativa do governo catarinense colaborar para atrair investimentos árabes em tecnologia e infraestrutura ao Estado e, também, ampliar os negócios atuais. Parte dos países árabes têm fundos de investimentos com elevadas cifras de capital que podem aportar nos setores de tecnolgia, infraestrutura e outros.
Hoje, essa região é grande importadora de proteínas de SC, em especial carnes de aves, máquinas, equipamentos, confecções, celulose e móveis. É exportadora de fertilizantes, algodão, produtos químicos e outros.
Novos contratos dos programas Prodec, Pró-Emprego e TTD 489 contemplam 55 projetos de 52 empresas
O Governo de Santa Catarina habilitou nesta terça (06) 55 novos projetos em programas de incentivo fiscais. Juntas, as 52 empresas contempladas nesta rodada devem investir R$ 3,5 bilhões e criar 10,3 mil empregos diretos e indiretos em Santa Catarina até 2028.
Esta que é a segunda rodada de assinaturas de 2025 e a décima desde o início do atual governo. São 36 projetos enquadrados nos programas Prodec e Pró-Emprego e 19 beneficiados com o chamado Tratamento Tributário Diferenciado 489 (TTD 489).
“Os investimentos realizados a partir deste incentivo movimentam a nossa economia e têm impacto na criação de novos empregos para quem vive aqui”, disse o governador Jorginho Mello.
Os incentivos estaduais concedidos vão da postergação de ICMS (Prodec) à desoneração do imposto na aquisição de bens, mercadorias e serviços (Pró-Emprego). Já o TTD 489 diz respeito à autorização de limites adicionais para transferência de créditos, sendo condicionado a investimentos em projetos de expansão de atividades ou à criação de novos negócios.
As projeções da Secretaria de Estado da Fazenda indicam que as empresas contempladas nesta rodada devem ter um incremento total de R$ 13,7 bilhões nos respectivos faturamentos até 2028, o que voltará aos cofres públicos por meio da arrecadação.
A nova rodada de assinaturas do Prodec, Pró-Emprego e TTD 489 contempla indústrias de setores econômicos como o têxtil, energia, agronegócio, alimentos, entre outros.
“Nós estamos com esse projeto contratando diretamente 276 colaboradores no investimento de mais de R$ 216 milhões para as nossas operações aqui no estado. Esse recurso está sendo direcionado para a ampliação de quatro unidades de negócios que nós temos aqui no estado, no município de Itapiranga, na nossa unidade de suínos; numa granja, em Bom Retiro; e ampliação em Nova Veneza e Itaiópolis”, explicou o presidente da Seara Alimentos, João Campos.
Empresas menores, com formação familiar, também são impactadas pelos benefícios. É o caso da Inovare equipamentos de proteção, da cidade de Meleiro, no Sul do estado.
“Isso vai impactar muito na questão de desenvolvimento e geração de novos empregos para a nossa cidade, para a nossa região, porque vai propiciar que a nossa empresa aumente o portfólio de produtos”, afirmou o CEO da companhia, Márcio Fermo.
Prodec
O Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense tem como finalidade conceder incentivo à implantação ou expansão de empreendimentos industriais que vierem a produzir e gerar emprego e renda no Estado. O incentivo se dá por meio da postergação de percentual pré-determinado sobre o valor do ICMS a ser gerado pelo novo projeto. Criado em 1988, o programa completou 36 anos em junho do ano passado.
Empresas contempladas nesta rodada com o Prodec:
Indústria Sul Brasil de Transformadores Ltda (Massaranduba);
TDV Metal Ltda (Pomerode)Schulz Compressores Ltda (Joinville);
Deliz Indústria do Vestuário Ltda (Tijucas);
Adami S/A Madeiras (Caçador)
Período do Investimento: até 2028 Quantidade de empresas: 12 empresas e 12 projetos Investimentos: R$ 1,2 bilhão ICMS gerado: R$ 71,9 milhões Faturamento acrescido: R$ 1,7 bilhão
Pró-Emprego
Tem como objetivo a geração de emprego e renda por meio de tratamento tributário diferenciado do ICMS, destinando-se a incentivar empreendimentos de relevante interesse socioeconômico situados em SC ou que venham a se instalar no Estado.
Novas empresas contempladas pelo Pró-Emprego:
Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí – Cravil (Trombudo Central);
Cooperativa Agroindustrial Alfa (São Miguel do Oeste e São Domingos);
Du’cava Salgadinhos Ltda. (Joinville);
Mauê S/A – Geradora e Fornecedora de Insumos (Saudades);
BRF S/A (Videira);
Prime Pet Indústria e Comércio Ltda. (Caçador);
Teporti – Terminal Portuário de Itajaí Ltda. (Itajaí);
Ponteiras Rodrigues Indústria de Autopeças Ltda. (Joinville);
PCN – Indústria de Papel e Celulose Nacional Ltda. (Lebon Régis);
Ipira Energia S/A (Chapecó);
LDF Florestal Ltda. (Otacílio Costa);
CGH Pinheiral Energia SPE Ltda. (Capão Alto);
CGH Morro Agudo Energia SPE Ltda. (Capão Alto);
Berneck S/A. Painéis e Serrados (Curitibanos);
Açosvale Distribuidora de Ferro e Aço Ltda. (Capinzal);
Frigorífico José Carlos Wensing Ltda. (Armazém);
Selva Norte Indústria de Madeiras Ltda. (Pouso Redondo);
Nova Aliança Energia Ltda. (Santa Terezinha);
Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos – Copercampos (Campos Novos);
CGH Hoppen Caveiras Energia Ltda. (Caçador);
Futura Fundição Ltda. (Araquari);
Andrealan Indústria de Nutrição Animal Ltda. (São Ludgero);
Eikto Battery Co. Ltda. (Laguna)
Período de investimento: até 2027 Quantidade de empresas: 23 empresas e 24 projetos Investimentos: R$ 1,2 bilhão ICMS a ser gerado: R$ 639,7 mi Faturamento acrescido: R$ 10,1 bilhões
Tratamento Tributário Diferenciado 489
Tem como objetivo autorizar limites adicionais para a transferência de créditos acumulados de ICMS decorrentes de operações ou prestações destinadas ao exterior, isentas ou diferidas.
Novas empresas contempladas com o TTD 489:
Madeireira Seleme (Caçador);
Agropecuária Nutri Meurer Ltda. (Grão Pará);
Orofertil Insumos Agricolas Ltda. (Maravilha);
Copagri – Cooperativa Agropecuária de Irani (Porto União);