Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Industria, Investimento, Negócios

Exportações para os EUA atingem recorde antes das tarifas

As vendas para os EUA atingem picos históricos em volume e valor; AmCham pede cautela à medida que as políticas de Donald Trump se desenrolam

As exportações do Brasil para os Estados Unidos atingiram um recorde em 2024, marcando um ano “histórico”, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AmCham). No entanto, essa conquista coincide com as mudanças iminentes previstas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que deve introduzir novas tarifas.

As exportações do Brasil para os EUA atingiram níveis sem precedentes em valor e volume, de acordo com a Parceria Brasil-EUA da AmCham. Monitor de Trade, conforme noticiado pelo Valor.

Em termos de valor, as exportações totalizaram US$ 40,3 bilhões, refletindo um aumento de 9,2% em relação a 2023. Isso superou o desempenho geral das exportações do Brasil, que teve uma queda de 0,8% e superou as taxas de crescimento de parceiros-chave como União Europeia (4,2%), China (-9,5%) e Mercosul (-14,1%).

Em volume, o Brasil embarcou 40,7 milhões de toneladas para os EUA, uma taxa de crescimento nove vezes maior do que o aumento de 1,1% registrado para as exportações brasileiras globalmente.

As importações brasileiras dos EUA também cresceram, atingindo US$ 40,6 bilhões, alta de 6,9% em relação a 2023. Os EUA mantiveram sua posição como a segunda maior fonte de importações do Brasil, respondendo por 15,5% do total.

Apesar do superávit tradicionalmente favorecer os EUA, o déficit comercial do Brasil foi o menor da última década, em US$ 253,3 milhões.

De acordo com Abrão Neto, presidente da AmCham, as importações americanas cresceram globalmente 5,3% em média em 2024 (até novembro), enquanto as exportações brasileiras para os EUA aumentaram 9,2%, superando concorrentes como México, Alemanha, Japão e Índia. “Isso demonstra que o Brasil está ganhando participação de mercado nos EUA e se posicionando muito bem”, observou Neto.

Ainda assim, a incerteza paira enquanto Trump se prepara para assumir o cargo e deve emitir decretos impondo tarifas sobre várias importações. Embora não se espere que o Brasil seja o alvo principal, como a China foi durante seu primeiro mandato, o estreitamento do superávit comercial e as negociações anteriores sobre as tarifas sobre o aço sugerem que Trump poderia pressionar por novas concessões comerciais.

“Ainda há muitas incertezas para um prognóstico claro. Precisamos aguardar os contornos concretos da política comercial dos EUA para avaliar como isso influenciará o comércio internacional em geral e, em particular, o comércio com o Brasil”, disse Neto.

Em 2024, o fluxo comercial bilateral entre Brasil e Estados Unidos – incluindo importações e exportações – totalizou US$ 80,9 bilhões, um aumento de 8,2% em relação a 2023. Isso marca o segundo maior valor já registrado, atrás apenas dos US$ 88,7 bilhões alcançados em 2022. Os EUA continuam sendo o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China.

As exportações brasileiras para os EUA registraram um crescimento robusto em todos os principais setores: manufatura (5,8%), mineração (21,1%) e agricultura (36,9%). Em todos os casos, essas taxas superaram o crescimento das exportações do Brasil para o resto do mundo, que registrou 2,7% para a manufatura, 2,4% para extrativos e -11% para a agricultura, segundo a AmCham.

“É digno de nota porque não vimos todos os três setores crescendo simultaneamente assim em relatórios recentes”, disse Fabrizio Panzini, diretor de políticas públicas e relações governamentais da AmCham.

Entre os dez principais produtos exportados, oito registraram aumentos de valor, com destaque para o petróleo bruto (alta de 23,1%), que se tornou o principal item de exportação do Brasil; aeronaves (aumento de 36,2%); e café não torrado (alta de 67,6%).

Notavelmente, a carne bovina entrou entre os dez primeiros pela primeira vez, com as exportações subindo 103,5% ano a ano, para US$ 943 milhões, impulsionadas pelo aumento da demanda dos EUA em meio a uma seca que reduziu a qualidade das pastagens e encolheu o rebanho bovino dos EUA.

As exportações industriais do Brasil para os EUA atingiram um recorde histórico de US$ 31,6 bilhões em 2024, solidificando os EUA como o principal destino dos bens industriais do Brasil, com 17,4% do total das exportações, à frente da União Europeia e do Mercosul.

A AmCham enfatizou que o aumento de US$ 1,7 bilhão nas exportações industriais brasileiras para os EUA representou mais de um terço do crescimento total das exportações industriais globais do Brasil. Dos dez principais produtos exportados para os EUA, oito – incluindo aeronaves – pertenciam ao setor manufatureiro.

“As exportações de bens industriais geram mais renda e sustentam mais empregos no Brasil. Os EUA têm sido um motor de crescimento para as exportações brasileiras de bens de maior valor agregado, contribuindo significativamente para a economia e o desenvolvimento industrial do Brasil”, acrescentou Neto.

A indústria de transformação continuou sendo o setor de maior destaque do Brasil para importações dos Estados Unidos em 2024, respondendo por 88,1% do total das importações. Enquanto isso, a indústria extrativa, impulsionada pelo aumento das importações de gás natural, expandiu sua participação de 9,5% para 11,2%.

O gás natural, que não figurou entre os principais produtos importados em 2023, contribuiu com aproximadamente 55% do aumento total das importações em 2024. Esse aumento foi motivado por uma seca prolongada no Brasil que esgotou os reservatórios hidrelétricos e exigiu a ativação de usinas termelétricas, aumentando a demanda por importações de gás. O gás natural sozinho adicionou US $ 1,4 bilhão à conta de importação do Brasil.

Entre as dez principais importações brasileiras dos EUA, sete registraram crescimento, com destaque para aeronaves (alta de 47,3%) e motores e máquinas não elétricos (alta de 27,1%), refletindo o aumento da atividade de construção civil no Brasil. “O fato de o Brasil ter aumentado suas importações de bens de capital é um indicador da qualidade de suas importações”, disse Neto.

Olhando para o futuro, a AmCham prevê que o Brasil e os EUA manterão um fluxo comercial robusto em 2025, com os volumes de comércio permanecendo perto de máximas históricas. Neto citou uma previsão da Organização Mundial do Comércio (OMC) projetando um crescimento de 3% no volume global de comércio de mercadorias em 2025. Da mesma forma, as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) sugerem um crescimento do PIB de 2,8% para os EUA e 2% para o Brasil este ano, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central. Essa expansão econômica em ambos os países, observou Neto, provavelmente impulsionará a demanda por compras estrangeiras.

A AmCham reconhece as incertezas significativas no cenário global, incluindo a potencial introdução de restrições comerciais que podem afetar o comércio bilateral. “As projeções existentes apontam para um fluxo comercial positivo contínuo entre o Brasil e os EUA”, disse Neto. “No entanto, o contexto internacional permanece repleto de incertezas, incluindo disputas geopolíticas, conflitos em vários continentes e questões em torno das políticas comerciais dos EUA, particularmente em relação às tarifas.”

“Na frente de negócios, há uma expectativa de que o Brasil e os EUA continuem a reconhecer sua parceria madura e consolidada. Do ponto de vista econômico, a relação é fundamentalmente pragmática. Espera-se que quaisquer divergências bilaterais sejam resolvidas por meio do diálogo, negociação e diplomacia entre os dois países”, acrescentou.

FONTE: Valor Internacional
Balança comercial brasileira tem superávit de US$ 1,33 bi nas duas primeiras semanas de janeiro – Reconecta News

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Balança comercial brasileira tem superávit de US$ 1,33 bi nas duas primeiras semanas de janeiro

O saldo é resultado de exportações de US$ 9,38 bilhões e importações de US$ 8,05 bilhões no período

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,33 bilhão nas duas primeiras semanas de 2025, informou a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic). O saldo é resultado de exportações de US$ 9,38 bilhões e importações de US$ 8,05 bilhões no período, composto por sete dias úteis.

A média diária de exportações nas duas primeiras semanas de janeiro aumentou 10,5%, quando comparada ao mesmo mês de 2024, totalizando US$ 1,34 bilhão.

O avanço foi sustentado pela indústria de transformação, cujas vendas externas cresceram 22,1% no período. As exportações da indústria extrativa ficaram estáveis enquanto os embarques da agropecuária caíram 8,1%.

Já a média diária das importações no mesmo período subiu 23,4%, para US$ 1,15 bilhão, perante janeiro de 2024.

O crescimento foi impulsionado pelas compras da agropecuária (+62,9%), seguidas da indústria extrativa (+33%) e de transformação (+21,7%).

FONTE: Valor Econômico
Balança comercial brasileira tem superávit de US$ 1,33 bi nas duas primeiras semanas de janeiro | Brasil | Valor Econômico

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Importação da indústria têxtil brasileira salta 14,7% e exportação cai 4,9%

“Os asiáticos, principalmente a China, fortaleceram a agenda de comércio exterior e a indústria brasileira vem perdendo presença relativa”.

Os dados foram levantados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Já as exportações totalizaram US$ 909 milhões, o que equivale a uma queda de 4,9% ante 2023.

O saldo total da balança comercial foi negativo em US$ 5,7 bilhões, uma piora de 15,7% em relação ao saldo do ano anterior.

Para o presidente emérito e superintendente da Abit, Fernando Pimentel, o aumento de custos de produção no Brasil, os acordos ainda limitados entre outros países, a apreciação do dólar frente ao real e o alto nível dos juros estão entre os fatores que levaram a esse cenário.

“A alta do dólar valoriza a exportação, mas também eleva os custos que estão atrelados a moeda estrangeira, como máquina, algodão e produtos químicos que, por sua vez, reverberam nos custos da produção”, diz.

Pimentel ainda destaca que os países asiáticos também são fortes concorrentes e que agravam esse resultado da balança comercial.

“Os asiáticos, principalmente a China, fortaleceram a agenda de comércio exterior e a indústria brasileira vem perdendo presença relativa”, afirma o presidente.

Já em 2025, a Abit aposta nos efeitos do acordo do Mercosul com a União Europeia. Serão eliminadas tarifas para 97% dos bens manufaturados no comércio entre os dois blocos, segundo a associação.

“O tratado deve gerar oportunidades de aumento dos investimentos e exportações, criação de empregos, fomento da produção e aporte tecnológico no Brasil”, completa Pimentel.

FONTE: Dinheirama
Importação da indústria têxtil brasileira salta 14,7% e exportação cai 4,9%

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Brasil volta a ter 8ª maior produção de veículos do mundo e Alckmin celebra: “clara confiança de empresários e consumidores”

Anfavea defende recomposição total de tarifas de importação de veículos eletrificados para retomar patamar de produção pré-pandemia

 O Brasil encerrou o ano de 2024 com um importante avanço na indústria automobilística, recuperando a 8ª posição no ranking mundial de produção de veículos, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O país ultrapassou a Espanha após registrar um crescimento de 9,7% na produção, alcançando 2,55 milhões de unidades fabricadas. China, Estados Unidos, Japão, Índia, México, Coreia do Sul e Alemanha permanecem à frente do Brasil neste ranking.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), celebrou a conquista em suas redes sociais. “O Brasil encerrou 2024 com resultados importantes para nossa indústria automobilística. Voltamos a ocupar a 8ª posição entre os maiores fabricantes de veículos do mundo, superando a Espanha. Demonstração clara do aumento da confiança de nossos empresários e consumidores com o trabalho do governo do presidente Lula, por meio de programas como o Mover, para gerar empregos, promover investimentos e fazer a roda da economia girar”, destacou Alckmin.

Apesar da melhoria na posição global, a indústria automobilística brasileira ainda enfrenta desafios para retornar aos níveis de produção anteriores à pandemia. Em 2019, antes da crise sanitária, o país produziu 2,94 milhões de veículos. Para 2025, a Anfavea projeta um crescimento de 7,8%, o que pode elevar a produção para 2,75 milhões de unidades, ainda abaixo dos patamares pré-pandemia.

Durante a apresentação dos resultados de 2024, a direção da Anfavea alertou para a crescente concorrência externa, especialmente de marcas estrangeiras, como as chinesas, que têm ampliado sua participação no mercado brasileiro, relata a CNN Brasil. Esse cenário levou a entidade a defender a recomposição total das tarifas de importação de veículos eletrificados, prevista apenas para julho de 2026. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ressaltou: “é urgente, uma questão de responsabilidade conosco, com o País, com os investimentos que vêm sendo feitos. Houve um excesso de importação. O mundo fechou, o mundo está elevando as suas tarifas em relação às entradas de produtos. O Brasil precisa fazer, tem que fazer o mesmo”.

Para contornar esses desafios e impulsionar a indústria, a Anfavea está dialogando com o governo e o Congresso sobre a implementação de um programa de renovação de frotas e a antecipação da cobrança de alíquotas sobre veículos híbridos e elétricos importados. Essas medidas são vistas como essenciais para equilibrar o mercado e estimular a produção interna.

Apesar dos desafios, as exportações para a Argentina apresentaram um crescimento de 48%, amenizando a queda geral de 1,3% nas exportações da indústria automotiva brasileira. Esse desempenho reforça a importância de estratégias para ampliar a presença do Brasil em mercados internacionais.

Com essas ações, o setor automobilístico busca retomar o patamar de 3 milhões de veículos produzidos, consolidando o Brasil como um dos principais polos globais da indústria automotiva.

FONTE: Brasil247
Brasil volta a ter 8ª maior produção de veículos do mundo e Alckmin celebra: “clara confiança de empresários e consumidores” | Brasil 247

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Cidade catarinense é líder nacional em importação por dois anos seguidos

O PORTO BRASILEIRO ONDE AS IMPORTAÇÕES CRESCEM ANO A ANO… E OS PE’S SE DESTACAM.

A cidade de Itajaí, localizada no litoral norte de Santa Catarina, foi a cidade brasileira que mais importou mercadorias nos últimos dois anos. Em 2024, o município registrou um volume de 15,91 bilhões de dólares em importações, revelando um crescimento de 21% em relação a 2023 (13,14 bilhões).

Em volumes totais, a quantidade de mercadorias importadas por empresas de Itajaí chegou a 6,6 bilhões de quilogramas líquidos, sendo que mais de 60% das importações vieram da China, com destaque para polímeros de etileno, cobre e acessórios para veículos. É o principal porto da região, sendo o segundo maior do país em movimentação de contêineres. O canal interno do Complexo tem o comprimento 3,2 mil metros, largura entre 120 metros e 150 metros e profundidade de 11 metros.

Além de Itajaí (SC), o “top 3” conta com Manaus (AM), em segundo lugar, seguido por São Paulo (SP). O porto de Manaus também é um grande importador de PE’s. Os dados são do Comex Stat, sistema oficial de estatísticas do comércio exterior, e foram levantados pela empresa especializada em importação e exportação Tek Trade.

FONTE: Veja
Cidade catarinense é líder nacional em importação… | VEJA

 

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Manual de LPCO da Exportação

Confira aqui as informações mais recentes sobre o LPCO de exportação e importação e outras

10/01/2025 – Guia para solicitação de certificado fitossanitário em formato eletrônico (e-Phyto).

Guia para emissão de certificação fitossanitária no formato eletrônico (e-Phyto) foi instituída por meio da Portaria Mapa n° 749, de 24 de dezembro de 2024, passando a ser de uso obrigatório a partir do dia 13 de janeiro de 2025, atendidas as hipóteses e condições previstas na referida Portaria.

NOTA: Os países Taiwan, Vietnã e aqueles integrantes da União Econômica Eurasiática  – UEE (Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia) não aceitam o Certificado Fitossanitário com assinatura eletrônica e tampouco estão registrados no HUB de Certificação Eletrônica (e-phyto) da Convenção Internacional para a Proteção de Vegetais – CIPV. Assim, para os citados países não poderá ser emitido Certificado Fitossanitário eletrônico, via Sistema SHIVA.

09/07/2019 – Informação Vigiagro nº 01/2019 – Certificação Fitossanitária – Novo manual para solicitação de certificação fitossanitária via Portal Único de Comércio Exterior

Atualização do guia para criação de LPCOs para solicitação de certificação fitossanitária para Produtos de Origem Vegetal em operações de exportação comerciais (com ou sem DU-E) ou para produtos transportados como bagagem por viajantes, amostras sem valor comercial e Remessa Expressa ou Postal. Também foram incluídos os modelos de formulários da IN 71/2018 e respectivos drafts editáveis.

 07/11/2018 – Informação Vigiagro nº 01/2018 – Lançado o novo processo de exportação para produtos de origem vegetal via Portal Único

Informa sobre o novo processo de exportação para fins da obtenção de certificados emitidos pelo MAPA na  Produtos de Origem Vegetal utilizando o sistema Portal Único de modo integrado com o SIGVIG 3.

FONTE: MAPA.gov
Manual de LPCO da Exportação — Ministério da Agricultura e Pecuária

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Vendas de veículos elétricos no Brasil crescem 89% em 2024.

Comercialização atinge 177.358 mil unidades, superando as expectativas do mercado.

O mercado brasileiro de veículos leves eletrificados apresentou um crescimento notável em 2024, com a comercialização de 177.358 mil unidades. O número representa um aumento de 89% em relação ao ano anterior, que registrou 93.927 mil unidades vendidas. Os dados foram divulgados pela ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) na 2ª feira (06.jan.2025). Eis a íntegra (PDF – 1 MB).

A expansão do setor superou as projeções, que estimavam vendas em torno de 160 mil unidades. Em dezembro de 2024, as vendas alcançaram 21.634 mil carros, um crescimento de 30% comparado ao mesmo mês de 2023, que estimavam vendas em torno de 160 mil unidades. Em dezembro de 2024, as vendas alcançaram 21.634 mil carros, um crescimento de 30% comparado ao mesmo mês de 2023, que teve 16.279 unidades comercializadas.

A ABVE identificou a venda de veículos 100% elétricos como um dos principais impulsionadores desse avanço, refletindo uma mudança significativa no comportamento do consumidor brasileiro. A preferência por esses veículos é atribuída à sua maior sustentabilidade, eficiência energética e economia devido ao menor custo de recarga em comparação aos combustíveis tradicionais.

“Os veículos elétricos representam uma revolução no setor automotivo, oferecendo muitas vantagens, também em dirigibilidade. Além de mais sustentáveis, apresentam uma eficiência energética superior e maior economia, já que o custo de recarga é menor do que o de combustíveis convencionais. Outro fator importante para este crescimento está conectado ao aumento da disponibilidade da infraestrutura de recarga, seja nas cidades ou nas rodovias. As opções de eletropostos e eletrocentros aumentam a cada dia, com a presença de equipamentos 100% nacionais, muito competitivos e ultra tecnológicos”, disse: Carlos Eduardo Ribas, diretor comercial do Lactec.

 

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Corrente de comércio cresce 16,1% e atinge US$ 17,44 bi até a segunda semana de janeiro

Somente na segunda semana de janeiro, a balança registrou superávit de US$ 0,667 bi, resultado de exportações no valor de US$ 6,5 bi e importações de US$ 5,8 bi

Até a 2ª semana de janeiro de 2025, as exportações registraram, pela média diária, crescimento de 10,5% e alcançaram US$ 9,38 bilhões e a corrente de comércio aumentou 16,1%, alcançando US$ 17,44 bilhões. Somente na segunda semana de janeiro, a balança registrou superávit de US$ 0,667 bilhão, resultado de exportações no valor de US$ 6,5 bilhões e importações de US$ 5,8 bilhões.

No mês, as exportações somam US$ 9,4 bilhões e as importações, US$ 8,05 bilhões, com saldo positivo de US$ 1,3 bilhão. Essas e outras informações foram disponibilizadas nesta segunda-feira (13/01), pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC).

Balança Comercial Preliminar Parcial Mensal – 2º Semana de Janeiro/2025

Nas exportações, comparadas as médias até a 2ª semana de janeiro/2025 (US$ 1.34 bi) com a de janeiro/2024 (US$ 1.2 bi), houve crescimento de 10,5%. Em relação às importações houve crescimento de 23,4% na comparação entre as médias até a 2ª semana de janeiro/2025 (US$ 1.1 bi) com a do mês de janeiro/2024 (US$ 932 milhões).

Assim, até a 2ª semana de janeiro/2025, a média diária da corrente de comércio totalizou US$ 2,49 bilhões e o saldo, também por média diária, foi de US$ 190,1 milhões. Comparando-se este período com a média de janeiro/2024, houve crescimento de 16,1% na corrente de comércio.

Exportações e Importações por Setor e Produtos

No acumulado até a 2ª semana do mês de janeiro/2025, das exportações, comparando com igual mês do ano anterior, o desempenho dos setores pela média diária foi o seguinte: queda de US$ 15,63 milhões (-8,1%) em Agropecuária; crescimento de US$ 0,02 milhões em Indústria Extrativa e crescimento de US$ 142,28 milhões (22,1%) em produtos da Indústria de Transformação.

No acumulado até a 2ª semana do mês de janeiro/2025, das importações, o desempenho dos setores pela média diária foi o seguinte: crescimento de US$ 14,63 milhões (62,9%) em Agropecuária; crescimento de US$ 18,14 milhões (33,0%) em Indústria Extrativa e crescimento de US$ 183,61 milhões (21,7%) em produtos da Indústria de Transformação.

FONTE: MDIC.gov
Corrente de comércio cresce 16,1% e atinge US$ 17,44 bi até a segunda semana de janeiro — Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços

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Brasil exporta menos para Ásia e América do Sul em 2024.

China tem queda no fluxo, mas ainda lidera e concentra 28% das vendas brasileiras ao exterior.

O comércio exterior brasileiro registrou uma redução de exportações para a Ásia em 2024 na comparação com o ano anterior. A queda no volume cambial foi de 5,3% –sem considerar o Oriente Médio, que tem uma configuração no fluxo diferente do resto do continente.  Apesar da retração, os países asiáticos ainda concentram o maior montante (US$ 144,4 bilhões) das vendas do Brasil ao exterior. 

A América do Sul também apresentou retração como destino para as exportações brasileiras. Nesse caso, foi mais expressiva (-14,0%). Por outro lado, houve alta de 6,2% nas exportações à América do Norte. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. 

Leia o detalhamento no infográfico abaixo:

Sócio da BMJ Consultoria, Welber Barral diz que a queda para a Ásia foi influenciada por causa da desvalorização de algumas commodities agrícolas em 2024. O resultado foi puxado especialmente pelo fluxo com a China, o maior parceiro comercial do Brasil. “Quando você pega a exportação brasileira para a China, fundamentalmente está falando de minério de ferro, soja e milho. Esses 3 produtos perderam preço em 2024”, declarou ao Poder360. Commodities são bens básicos de origem natural ou agrícola. Exemplos incluem grãos e metais. Já o aumento para a América do Norte veio pela venda de petróleo, principalmente aos Estados Unidos, segundo Welber.

“O Brasil exporta muito petróleo cru para os EUA e importa derivados”, disse. No caso da América o Sul, o impacto veio por parte da Argentina. O país teve duas quedas consecutivas no PIB (Produto Interno Bruto) e só voltou a crescer no 3º trimestre, o que diminuiu o poder de compra no ano.

“A Argentina é o principal importador de produtos manufaturados brasileiros. Isso acaba afetando também o resultado da balança do Brasil para a América do Sul como um todo”, afirmou o especialista. China, Estados Unidos e Argentina são os 3 maiores parceiros comerciais do Brasil. A nação asiática lidera a participação nas vendas ao exterior e concentra 28% do volume cambial das exportações (US$ 94,4 bilhões).

Leia no infográfico abaixo:

O top 10 de destinos das vendas brasileiras também inclui países da Europa. A maior mudança em relação ao ranking de 2023 foi a Alemanha, que subiu de posição e passou a ocupar o 10º lugar.

Compare o fluxo:

FONTE: Poder 360
Brasil exporta menos para Ásia e América do Sul em 2024

 

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Falta de ‘janelas’ no Porto de Santos faz exportador perder vendas

Dificuldades de entrega ou retirada de cargas geram custos extras e cancelamento de pedidos, o que afeta especialmente os pequenos negócios, segundo o CECIEx. Estudo da Centronave aponta perdas anuais de US$ 20,6 bi

Terminais lotados, falta de berços para atracação, pagamento de taxas de sobreestadia, custos altos, perda de competitividade. Há pelo menos um ano e meio, a carência de janelas de embarque e desembarque, causada pelo congestionamento de navios nos portos – em especial no de Santos, o maior da América Latina -, se intensificou e passou a afetar mais frequentemente as operações de comércio exterior de empresas brasileiras.

A crise logística, que também impacta outros portos, como Paranaguá (PR), Itapoá, Imbituba, Navegantes e Itajaí (SC) e Rio Grande (RS), foi até alvo de ofício, enviado para a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Governo Federal, em dezembro do ano passado, pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e o Conselho das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx), parceiro da SP Chamber of Commerce da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Dados do Ministério de Portos e Aeroportos apontam que, de janeiro a outubro de 2024, o porto paulista movimentou 153 milhões de toneladas de carga, uma alta de 7,7% ante 2023. Para dar conta do fluxo de embarques e desembarques, a movimentação de contêineres totalizou 493,7 mil TEUs.

Entre os principais problemas citados no ofício enviado à Camex, que também são resultados desse crescimento, estão o congestionamento e saturação da infraestrutura portuária em Santos e a sobrecarga das operações, além de constantes atrasos na atracação e na movimentação de mercadorias. Nos portos do Sul, gargalos operacionais e infraestrutura insuficiente têm comprometido a eficiência logística e a previsibilidade dos embarques.

No geral, esses fatores têm provocado aumento de custos operacionais e impactos nas margens das empresas, especialmente exportadoras, que enfrentam dificuldade em manter sua competitividade, já que precisam adequar seus preços aos valores regulados pelo mercado internacional.

Os atrasos e custos adicionais – como taxas de detention (cobrada na exportação quando o contêiner vazio não retorna ao porto de origem dentro do prazo acordado) e débitos junto aos armadores, ou demurrage (na importação, cobrada pelo tempo de estadia do contêiner no terminal de chegada por um prazo maior do que o acordado) – têm levado grandes exportadores a retraírem suas operações, temendo até mesmo retenções de cargas no exterior por inadimplência, de acordo com o documento da CACB e do CECIEx.

“Isso impacta a competitividade do Brasil no mercado local. A falta de infraestrutura adequada e o aumento dos custos logísticos comprometem a confiança de compradores internacionais, além de reduzir a capacidade de entrega de produtos em prazos competitivos”, alertam as entidades.

Damaris Eugênia Ávila da Costa, presidente do CECIEx, vive esse problema na prática, já que também atua em uma comercial importadora-exportadora. Ela reforça que Santos é que tem dado mais problemas nesse sentido por movimentar o maior volume de carga.

“Há dificuldade de janela para importadores e exportadores que precisam retirar e devolver contêineres, pois os portos estão congestionados. E não só por questões envolvendo navios, mas porque muita carga chega e não consegue sair rapidamente.”

Ela explica que as empresas comerciais exportadoras e importadoras precisam cumprir o deadline draft (ou prazo final de apresentação de documentos nas operações de comércio exterior), levam a mercadoria para o porto na data que o navio exige, mas quando a embarcação chega no porto, não consegue entregar ou retirar a carga”.

Sua preocupação principal é o impacto sobre os exportadores, em especial os pequenos, e a potencial perda de negócios para concorrentes de países vizinhos. Ela exemplifica: se o navio chegar com a carga e não tem janela para receber, a taxa média de sobreestadia é de US$ 250 – um custo imprevisto. “Agora, imagine uma empresa com 10, 20 ou 30 contêineres”, diz.

Ela cita outro transtorno, que é a carga ‘rolar’ – como aconteceu com uma associada do CECIEx no Paraná. “Ela precisou embarcar em Itapuá, mas tinha uma carga de 10 contêineres que rolou por três navios. Se acontecer de novo, o caminhão estiver esperando e a carga for para outro terminal, é o exportador que tem que pagar.”

Os exportadores trabalham com margens muito reduzidas para serem competitivos no mundo. E como essas despesas são em dólar, sofrem ainda mais. “Se para um grande exportador é complicado, se for um pequeno ele simplesmente desiste.”

Há operadores que suspenderam as exportações por medo de os contêineres ficarem barrados no destino e ficarem devendo detention. Ou ainda, clientes que cancelaram o pedido por falta de janela para embarque. “Temos um grande comprador da Jordânia que só não cancelou após sua carga rolar por três navios porque é nosso cliente faz tempo”, conta. “Hoje, o exportador brasileiro não está mais escolhendo para quem vender, ele está em stand-by e bastante cauteloso.”

DESAFIOS EM NÚMEROS

Um levantamento do Centronave (Centro Nacional de Navegação Transatlântica), que representa 19 grandes armadores, dá uma ideia do tamanho do problema ao apontar as restrições de infraestrutura para atracação de navios que operam com calado acima de 14 metros. A perda de competitividade para importadores e exportadores brasileiros é de US$ 20,6 bilhões anuais. A estimativa da Solve Shipping, citada no estudo, contempla rotas como Santos-Mediterrâneo, Santos-Europa e Santos-Ásia.

Quando se fala em cargas perdidas, que às vezes precisam ‘rolar’ no próprio porto aguardando um destino, ou seguir para outros, a perda potencial de receitas ao ano por dificuldades de carregamento é de US$ 1 bilhão – considerando o frete médio de US$ 2 mil por TEU (medida equivalente a 20 pés, o volume de um contêiner padrão).

Enquanto o crescimento orgânico da carga chega a 5,5% ao ano, com a alta demanda global das operações de comex, a capacidade operacional dos portos brasileiros está em 70% – percentual a partir do qual a operação deixa de ser eficiente, diz o estudo, baseado em dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Segundo o Centronave, no Porto de Santos o cenário é mais desafiador, pois está saturado e operando com ocupação acima da sua capacidade. Só no primeiro trimestre de 2024, em seus maiores terminais, a ocupação média variou entre 71% (Santos Brasil) e 86% (BTP e DTW), acima do recomendando pela OCDE, que é de 65%, provocando um gargalo em terra, no pátio onde são alojados os contêineres, aponta o estudo.

Outro gargalo é o subaproveitamento dos navios, com embarcações que não operam com capacidade plena já que, dos 17 portos com operação de contêineres, apenas seis (Santos incluso) estão homologados para receber navios de 366 metros, com calado de 16 metros e capacidade para carregar 15 mil TEUs. O porto paulista levou seis anos para ser homologado.

“Após a chegada (deste navio) em 2024, o Brasil está 12 anos e quatro gerações de navios defasado”, destaca o estudo, que mostra ainda que o país deixa de exportar 1 milhão de toneladas por ano e 62,4 mil TEUs por restrição de calado devido à falta de infraestrutura em portos como Santos, Suape (PE), Rio de Janeiro, Pecém (CE) e Salvador (BA).

O QUE DIZEM OS OPERADORES 

Quem atua diretamente no comércio exterior há muito tempo afirma que o problema dos portos é antigo, e alguns se repetem. CEO da comercial-exportadora Paraná Trading, João Fernando Zogheib afirma que sua empresa tem enfrentado diversos desafios logísticos no Porto de Santos – os quais vêm impactando significativamente as operações de comércio exterior e comprometendo sua pontualidade e eficiência no atendimento aos clientes. “Esses problemas têm gerado prejuízos financeiros e operacionais, além de colocar em risco nossa competitividade no mercado internacional”, afirma.

Um dos obstáculos, reforça, é a falta de vazios disponibilizados pelos armadores. E com a escassez de contêineres vazios, ele afirma que as empresas têm enfrentado dificuldades para realizar os carregamentos de exportação dentro do prazo esperado. Já a ausência de contêineres disponíveis tem resultado em rolagens nos navios por parte dos armadores – o que atrasa os embarques e prejudica a cadeia de suprimentos dos seus clientes, explica.

“Fiquei com uma carga destinada aos Estados Unidos dois meses aguardando embarque. Carregamos na empresa para atender o prazo de deadline draft estipulado por eles e, ao chegar em Santos, tive que direcionar ao Redex (Recinto Especial de Despacho Aduaneiro de Exportação), pois o armador alterou o booking (reserva)”, conta Zogheib, que também é delegado regional e membro do comitê gestor do CECIEx.

Este mesmo booking foi alterado diversas vezes, conforme lembra, sob alegação de problemas operacionais e, por isso, a Paraná não conseguia depositar o contêiner no terminal designado. “Só o custo de estadia do Redex foi de R$ 7 mil. Sem contar os outros, que nunca abrem o gate (data que antecede o deadline em que literalmente o terminal portuário abre os portões para que o embarcador deposite o contêiner carregado) no prazo da retirada dos contêineres.”

Não existe um problema, mas vários que vêm se acumulando por anos, afirmou o CEO de uma empresa de logística com mais de 35 anos de experiência. Ele, que preferiu não se identificar, diz que de repente querem achar culpado para uma falta total de gestão pública, independentemente do governo, que se intensifica e faz os problemas se acumularem ao longo dos anos.

Entre os principais que têm afetado Santos, diz, está o fechamento do Porto de Itajai por dois anos, que era o segundo porto no país com maior volume. “Isso acabou afetando todo o entorno. Paranaguá é um porto horroroso onde grande parte da safra é escoada. Já Itapoã foi uma alternativa do Estado, mas não tem nem infraestrutura básica de estradas e terminais. Por isso acaba tudo em Santos, que já estava sobrecarregado há anos em termos de infraestrutura.”

Ele também cita o aumento do dólar, que explodiu agora mas que gradativamente vem aumentando as vendas de safras. O que deveria ser uma boa notícia, acabou virando transtorno para os operadores por conta da infraestrutura deficiente.

“Algodão, por exemplo, está incrível, mas esse aumento de exportação de commodities traz uma baita confusão para Santos porque leva estufagens (contêineres carregados) para lá, entope os terminais e causa trânsito na área de retroporto.”

Sem contar, segundo ele, que os terminais e a infraestrutura são os mesmos há anos. “Santos fez uma obra na Via Anchieta para melhorar algo que devia ter sido melhorado há 10 anos”, afirma. Outro problema, segundo o CEO, é o “jogo de empurra” entre armador e terminal, que na verdade “são só duas peças de um grande quebra-cabeças.”

Hoje, afirma, os exportadores acabam pagando uma conta enorme de pré-stacking (armazenamento do contêiner em um terminal de apoio, até a abertura do gate do navio no qual tem reserva para, aí sim, ser entregue no terminal). Mas se o navio atrasa, gera um valor de armazenagem maior, e isso vira uma briga entre armador e cliente.

“Se o cliente é grande, ele ganha; se é pequeno, torna a conta inviável. Vira briga de cliente e terminal, e de terminal e armador. No fim, parece briga de bar: não se sabe quem está batendo em quem. Essa é a triste situação em que nos encontramos”, diz o CEO logístico, que cita ainda a mão de obra não qualificada de boa parte das empresas, que trabalha sem conhecimento dos procedimentos de funcionamento do mercado internacional. “Tudo isso ajuda a aumentar a confusão”, aponta.

À BEIRA DE UM COLAPSO?

Enquanto os operadores de comércio exterior tentam driblar os prejuízos, portos e empresas de transporte frequentemente culpam uns aos outros pelos atrasos, deixando-os com poucos recursos e enfrentando custos imprevisíveis. 

Procurado para comentar a questão, o Porto de Santos, por meio de sua assessoria de imprensa, indicou os três maiores terminais de contêineres Tecon Santos (Santos Brasil), Brasil Terminal Portuário (BTP) e DP World (Dubai Ports), que têm como acionistas os próprios armadores, para esclarecer a questão da falta de janelas e os atrasos.

“Cabe destacar que o Porto de Santos é a última escala do navio antes que ele deixe o país. Todos os eventuais atrasos ocorridos nas escalas que antecedem sua chegada causam interferências nas operações”, disse a autoridade portuária. 

Já o Ministério dos Portos e Aeroportos explicou, também por meio de sua assessoria de imprensa, que as autoridades têm autonomia para a definição das janelas para embarque/desembarque de cargas, e que, até o momento, não há conhecimento ou notificação de que isso seja um problema geral para as companhias marítimas. “Ressaltamos ainda que os investimentos do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) têm como objetivo melhorar a infraestrutura e otimizar as operações.” 

A Santos Brasil informou ao Diário do Comércio que antecipou em cinco anos a conclusão do projeto de ampliação e modernização do Tecon Santos, “de modo a garantir o atendimento a seus clientes com elevado nível de serviço”, disse, em nota. Segundo a companhia, a ampliação da capacidade operacional do terminal, dos atuais 2,4 milhões de TEUs para 3 milhões de TEUs, inicialmente prevista para 2031, será entregue ao porto de Santos até 2026.

“Só em 2024, a empresa investiu R$ 400 milhões no Tecon Santos para elevar sua capacidade para 2,6 milhões de TEUs já no final do ano. Do total de R$ 2,6 bilhões previstos para o projeto, mais de R$ 1,4 bilhão foram investidos”, informou.

Já a DP World disse, também em nota, que opta por não comentar a questão da falta de janelas, uma vez que este tema está diretamente relacionado aos impactos causados pelos frequentes atrasos de navios sob a gestão dos armadores – incluindo o gerenciamento da rolagem de cargas e da quantidade de janelas que são disponibilizadas para cada navio.

“Reconhecemos, no entanto, os desafios enfrentados pelo setor e reafirmamos nosso compromisso com a ampliação da capacidade operacional de nosso terminal no Porto de Santos. Nesse sentido, já anunciamos um investimento de R$ 450 milhões, que permitirão aumentar a capacidade do terminal de 1,4 milhão para 1,7 milhão de TEUs a partir de 2026, com a possibilidade de uma nova rodada de investimento para atingir 2,1 milhões de TEUs a partir de 2028”, informou.

Mais crítica, a Brasil Terminal Portuário (BTP) também diz reafirmar, em nota, que é urgente e inadiável o aumento de capacidade para operação de contêineres no Porto de Santos. A companhia entende que a modernização da infraestrutura portuária deve acontecer ao mesmo tempo, com a ampliação das capacidades por acesso viário e opção de novas rodovias, como também pela dragagem do canal de navegação e pelo incremento do transporte ferroviário e de cabotagem.

“Todos os investimentos devem estar em sinergia e acontecer em simultaneidade porque juntos contribuem para o desenvolvimento também da infraestrutura e para a representatividade do país no comércio exterior”, diz a nota. “Com demanda de carga de importação e exportação crescendo todos os anos, e a operação nos terminais em taxas que já superam os 85% da capacidade física das instalações (percentual muito acima do que recomenda a OCDE), o Porto de Santos vai entrar em colapso previsivelmente em 2026 se nada for definido e feito agora. E isso porque estamos considerando na conta as expansões contratadas dos terminais do complexo santista”, alerta a BTP.

Damaris Costa, do CECIEx, lembra que outros portos de países da América do Sul, como o Uruguai, Paraguai e até do Peru têm se oferecido para rolagem ou movimentação das cargas de Santos para reduzir esses gargalos logísticos. “Todo mundo sabe que o Porto de Santos é o maior da América Latina e está com problemas, por isso dizem ‘podem usar nosso porto, os nossos armazéns’. Mas, enquanto isso, os nossos portos vão perdendo competitividade.”

POSSÍVEIS SOLUÇÕES (E PERSPECTIVAS A PERDER DE VISTA) 

No documento enviado para a Camex, a CACB e o CECIEx sugerem ações coordenadas entre os Ministérios dos Portos e Aeroportos e do Planejamento para modernização e ampliação das infraestruturas portuárias, priorizando os portos mais críticos, como Santos, Paranaguá e Itajaí, assim como a implementação de medidas emergenciais para aliviar o congestionamento atual e evitar que os problemas se agravem.

Outra sugestão é a convocação da alta gestão dos principais portos, além de diálogo com os administradores para identificar gargalos operacionais e propor soluções imediatas, a criação de um grupo de trabalho interministerial e a formação de um comitê envolvendo Camex, Ministério dos Portos e Aeroportos, representantes do setor privado e demais stakeholders para alinhar ações e propor soluções que combinem eficiência logística com sustentabilidade econômica.

Também foi proposta a redução de custos operacionais e suporte às empresas exportadoras, pelo menos até o problema ser solucionado, além do desenvolvimento de políticas de apoio financeiro e logístico para exportadores que enfrentam dificuldades em honrar custos portuários e de transporte internacional.

Damaris Costa lembra que o governo faz tanta promoção de exportação, mas parece que não tem conhecimento desses gargalos. “Temos bons registros de exportação real, mas que não refletem esse outro lado. Esses números poderiam ser muito maiores, mas parece que não se sabe o que o exportador passa, nem o que ele faz para poder atender o compromisso com o cliente dele no exterior, muitas vezes perdendo dinheiro ou pagando um monte de despesas extras.”

Do lado do Centronave, a solução seria a retomada dos leilões e a promoção de investimentos em terminais com capacidade de receber navios maiores e mais eficientes, com maior armazenamento de carga e emprego de navios ainda maiores para aumentar a capacidade sem onerar atracações e proporcionar ganhos de escala, conforme propõe, em seu estudo.

Porém, para a associação de armadores, o comércio exterior brasileiro vive um impasse: para atender o crescimento do mercado, também seria preciso substituir a frota atual por navios maiores ou adicionar navios. “É inviável, pois falta espaço em terminais, não há berços de atracação suficientes e a estrutura tarifária penaliza o navio, desestimulando renovação, inovação e aumento de capacidade.”

No segundo semestre de 2024, o ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho disse na B3, em São Paulo, que o governo irá licitar neste primeiro semestre de 2025 o STS10, novo grande terminal de contêineres no Porto de Santos, que vinha sendo estudado desde 2019 para entrar na proposta de privatização da autoridade portuária – o que não se concretizou. O novo projeto é construído com o Tribunal de Contas da União (TCU).

Porém, segundo a BTP, um terminal como o projeto STS10 pode levar até dois anos para ficar 100% operacional. E reforça que é necessária uma decisão ágil do governo brasileiro, com solução eficaz e cronograma de ações, “de modo que a iniciativa privada faça seus investimentos em infraestrutura própria, de maneira antecipada, tirando o pé do freio para permitir o crescimento que o país merece para fomentar o comércio internacional e gerar emprego e prosperidade para todos.”

Na última terça-feira (7/1), o ministro Costa Filho disse que o MPor tem investido “de modo consistente” no setor portuário dentro do Novo PAC com uma carteira de R$ 54,7 bilhões, sendo essencialmente investimentos privados. “Fizemos leilão de 13 unidades portuárias nos últimos dois anos e temos 37 novos leilões até o final de 2026, o que vai garantir novos investimentos nos portos brasileiros”, sinalizou. 

FONTE: DC Comércio
Diário do Comércio

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