Agronegócio, Importação, Informação

China e preços mais baixos de grãos impulsionam perspectivas de exportação de carne bovina e de frango do Brasil

As exportações de carne bovina e de frango do Brasil, maior fornecedor mundial dos dois tipos de carne, podem quebrar novos recordes em 2025, disseram dois grupos do setor na terça-feira após a divulgação de dados comerciais anuais.

O otimismo deles reflete os efeitos positivos dos preços mais baixos dos grãos e da moeda brasileira fraca, o que pode continuar a impulsionar as exportações de carne e as empresas locais, incluindo a JBS (JBSS3.SA), e BRF (BRFS3.SA).

A China continuou sendo o principal destino do Brasil para as exportações de carne bovina e de frango, de acordo com os grupos comerciais. As exportações de carne bovina para a China sozinhas renderam US$ 6 bilhões, mostraram os dados.

No geral, o Brasil exportou um total de 2,89 milhões de toneladas de carne bovina no ano passado, um aumento de mais de 26% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do governo compilados pelo lobby doméstico da carne bovina Abiec. As vendas totalizaram US$ 12,8 bilhões, 22% a mais do que em 2023.

“Foi um ano histórico para a indústria nacional de carne bovina, para o setor pecuário e para o Brasil”, disse o presidente da Abiec, Roberto Perosa, em nota. “Mesmo sendo cedo para fazer uma previsão, acredito que 2025 tem tudo para quebrar o recorde em volume e também em faturamento.”

A Abiec disse que o governo brasileiro está em negociações para abrir mercados importantes como Japão, Vietnã, Turquia e Coreia do Sul.

As exportações de carne de frango, por sua vez, subiram 3% para 5,294 milhões de toneladas em 2024, segundo a associação que representa as cadeias produtivas de carne de frango e carne suína, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A receita de exportação de frango também foi recorde de US$ 9,928 bilhões, alta de 1,3% em comparação com 2023.

“A balança comercial do ano confirma as expectativas da ABPA e também aponta para novos patamares de volumes médios de embarques superiores a 440 mil toneladas por mês”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin. “Os indicadores seguem positivos para 2025, com potenciais novos aumentos mensais e expectativa de números relativamente maiores do que no ano anterior.”

FONTE: Notícias Agrícolas
China e preços mais baixos de grãos impulsionam perspectivas de exportação… – Notícias Agrícolas

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5 nações que devem agradecer ao agro brasileiro; confira quais são

O Brasil se destaca como uma força agrícola global, e essa posição reflete-se nas relações comerciais com diversas nações ao redor do mundo.

O país possui uma grande capacidade de produção de alimentos e outros produtos agrícolas, sendo um fornecedor chave para muitas economias que enfrentam desafios em suas próprias produções internas. Esta análise aborda os principais países que importam do Brasil, os motivos por trás dessa relação e como isso contribui para a economia brasileira.

Com um território vasto e um clima favorável, o Brasil se estabelece entre os líderes mundiais em exportações de produtos como soja, carnes e café. Esses fatores, aliados a uma tecnologia agrícola avançada, são determinantes para o fortalecimento das exportações brasileiras. Ao explorar essas parcerias comerciais, observa-se um impacto significativo na economia interna e no setor agrícola.

Quais países mais compram do Brasil?

Conforme a Brasil Perfil, os países que mais compram do Brasil:

  1. China: Maior importador de produtos brasileiros, com destaque para commodities como soja, minério de ferro e petróleo.
  2. Estados Unidos: Parceiro importante, comprando produtos industrializados e commodities como petróleo e café.
  3. União Europeia: Compras variadas, incluindo carnes, café, e produtos agrícolas de alto valor agregado.
  4. Japão: Interesse principalmente em alimentos e matérias-primas para a indústria, como carnes e minérios.
  5. Argentina: Foco na importação de produtos industrializados brasileiros, como veículos e máquinas.

Essas exportações são estratégicas para a economia brasileira, fortalecendo setores-chave e promovendo o desenvolvimento econômico.

China: O Maior Parceiro Comercial

A China ocupa o lugar de principal comprador de produtos brasileiros, respondendo por uma parte expressiva das exportações do país. A importância desse parceiro se dá pela ampla demanda chinesa por produtos como soja e carne bovina, itens essenciais para suprir as necessidades de sua vasta população. A relação com a China não apenas gera um fluxo contínuo de receitas para o Brasil, mas também impulsiona investimentos em infraestrutura.

Como os Estados Unidos favorecem a economia brasileira?

A presença dos Estados Unidos na lista de maiores importadores brasileiros se justifica por sua demanda específica por alguns produtos, como café e suco de laranja. Mesmo como um gigante agrícola, o país depende do Brasil para suprir esses itens que não são cultivados em larga escala em solo norte-americano. Essa relação reforça ainda mais a importância do Brasil no comércio agroalimentar global.

União Europeia: Um Mercado Sustentável

A União Europeia representa um mercado de grande valor para o Brasil, principalmente pela demanda por práticas sustentáveis. A carne bovina, soja e frutas tropicais estão entre os principais produtos exportados para esse bloco, que valoriza a origem e a sustentabilidade dos produtos adquiridos. Esses requisitos incentivam melhorias contínuas nas práticas agrícolas brasileiras.

Impacto Econômico das Exportações Brasileiras

  • Fortalecimento do setor agrícola: O agronegócio brasileiro é um pilar fundamental da economia nacional, gerando emprego e renda.
  • Receitas comerciais: As exportações contribuem substancialmente para a balança comercial brasileira, assegurando um fluxo econômico robusto.
  • Desenvolvimento de infraestrutura: As necessidades logísticas para atender à demanda externa promovem investimentos significativos em portos, ferrovias e rodovias.

Portanto, o papel do Brasil como um grande fornecedor global não só reforça sua posição no comércio internacional, mas também garante um progresso contínuo na infraestrutura e na economia interna. As relações comerciais com esses principais países continuam a ser uma parte integrativa do crescimento e desenvolvimento do país.

FONTE: Terra Brasil Notícia
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Por que a indústria de leite vê a demanda como ponto de atenção em 2025

Perspectivas de clima favorável e queda das importações animam segmento, que projeta margem bastante limitada para reajustar preços

A cadeia de produção de leite começa 2025 com a perspectiva de diminuição das importações e quadro climático mais favorável, o que anima laticínios e pecuaristas. O cenário é bem mais positivo do que o de anos anteriores, quando cresceram as compras de matéria-prima do exterior, especialmente de Argentina e Uruguai, e sucessivas estiagens em importantes Estados produtores reduziram a oferta de matéria-prima e afetaram a produtividade no campo. Isso não significa, no entanto, que o segmento terá vida fácil nos próximos 12 meses.

Neste ano, o aumento dos preços dos lácteos no mercado internacional e a desvalorização do real devem enxugar as importações brasileiras de lácteos, que bateram recorde no país em 2024.

“Para a indústria nacional, isso é bastante bom porque o produto importado estava entrando com muita força no Brasil”, afirma Valter Galan, sócio da Milkpoint. “Os preços que Uruguai e Argentina praticam subiram e estão mais próximos dos preços que vemos no Brasil. Isso, somado a uma taxa de câmbio mais elevada, provavelmente reduzirá a importação”. Segundo levantamento da consultoria, os valores, que eram de US$ 3,7 mil a tonelada em agosto, subiram para US$ 4,1 mil no fim do ano.

De janeiro a novembro de 2024, o Brasil importou 252,5 mil toneladas de lácteos, especialmente de Argentina e Uruguai, de acordo com as estatísticas do Ministério da Agricultura. O volume é pouco superior ao do mesmo período de 2023, quando as importações somaram 251,9 mil toneladas, mas 60% maior do que as 151,2 mil toneladas do intervalo entre janeiro e novembro de 2022.

O aumento expressivo das importações levou o segmento a pedir a abertura de investigação sobre a possível prática de dumping por parte de Argentina e Uruguai. O governo brasileiro atendeu a solicitação no início de dezembro.

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Yamna firma acordo para fábrica de amônia verde no Porto do Açu

A inglesa Yamna, especializada na produção de hidrogênio verde e derivados, firmou um acordo com o Porto do Açu para reservar área no complexo portuário no norte do Rio de Janeiro para a implantação de uma fábrica de amônia verde, anunciaram as empresas nesta terça-feira.

A planta de amônia da Yamna, que será o primeiro projeto da empresa no Brasil, está projetada para uma capacidade de produção de até 1 milhão de toneladas por ano.
Segundo a empresa inglesa, que é financiada pela gestora de ativos de “net zero” HYCAP, a decisão final de investimento sobre a fábrica está prevista para 2027, com o início da produção das primeiras moléculas em 2030.
A amônia verde é produzida com recursos renováveis, utilizando fontes de energia limpas em vez de fósseis, e pode ter diversas aplicações, como na produção de fertilizantes verdes ou no armazenamento e transporte do hidrogênio verde.

Para o Porto de Açu, o novo projeto se insere na estratégia do complexo portuário de diversificar suas operações, concentradas atualmente nos setores de petróleo, minério e logística, e se tornar um centro de soluções para transição energética. O porto fluminense, operado pela Prumo, controlada por EIG e Mubadala, assinou nos últimos anos vários acordos com grandes empresas, como Eletrobras e Vale, para projetos ligados à economia de baixo carbono.

O complexo já conta com uma área licenciada de 1 milhão de metros quadrados para plantas de produção de hidrogênio e derivados e, com a nova parceria com a Yamna, serão reservados mais dois milhões de metros quadrados para o desenvolvimento de novos projetos sustentáveis.

“Esta parceria destaca o papel estratégico do Açu como um hub para soluções de energia sustentável e reflete nosso compromisso com projetos inovadores que contribuem para a transição energética global”, afirmou o CEO do Porto do Açu, Eugenio Figueiredo, em comunicado.

“Esperamos desempenhar um papel fundamental no sucesso deste projeto, aproveitando nossa experiência em hidrogênio e amônia verde”, declarou Abdelaziz Yatribi, CEO da Yamna.

FONTE: Investimento e Notícias
Yamna firma acordo para fábrica de amônia verde no Porto do Açu – Investimentos e Notícias

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Vietnã abre caminho para facilitação do comércio de couro brasileiro

Decisão vietnamita pelo fim da exigência do certificado sanitário abre novas oportunidades para o couro brasileiro no mercado asiático

O governo brasileiro recebeu com satisfação a decisão do governo vietnamita pelo fim da exigência do Certificado Sanitário Internacional para a comercialização de couro produzido no Brasil. A mudança é considerada um marco para as relações comerciais entre os dois países e atende a um antigo pleito do setor exportador nacional.

“É um reconhecimento da qualidade dos nossos produtos, que agora permite a simplificação do processo de exportação, seguindo a mesma linha do recente fim da exigência do CSI para pescados exportados aos Estados Unidos. Essa é uma grande oportunidade para fortalecer nossa presença e ampliar as exportações brasileiras nos mercados asiáticos”, disse o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A medida, comunicada na última semana pelo Vietnã, simplifica processos e contribui para a consolidação do Brasil como um dos maiores exportadores globais de couro, com mais de 557 mil toneladas exportadas nos primeiros 11 meses de 2024, o que representa um crescimento de 39,2% em relação ao mesmo período de 2023. Essas exportações foram realizadas por unidades produtivas distribuídas pelo país, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

De janeiro a novembro de 2024, o Vietnã importou mais de US$ 3,51 bilhões em produtos do agronegócio brasileiro. Entre os principais itens estão milho, algodão, farelo de soja, soja em grãos, pimenta, carne suína, carne de aves, madeira, produtos de reciclagem animal e algodão para a indústria têxtil, demonstrando a diversificação e evidenciando o potencial de ampliação da pauta exportadora para aquele mercado asiático. O país também foi o terceiro maior mercado de destino dos couros e seus produtos, somando 59,63 mil toneladas (10,7% de participação), atrás apenas da China, que teve participação de 45,0% (250,91 mil toneladas), seguida pela União Europeia, com 16,2% (90,11 mil toneladas).

Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, a medida promove um fluxo comercial mais eficiente: “Além de representar novas possibilidades de negócio, a mudança reforça a confiança nas práticas sanitárias brasileiras e o esforço do governo brasileiro em fortalecer e ampliar relações comerciais com esse importante parceiro”, afirmou.

A decisão do governo vietnamita possibilita novos negócios para os produtores brasileiros, reforça a confiança nas práticas sanitárias brasileiras e demonstra o esforço do governo brasileiro para fortalecer e ampliar as relações comerciais do país.

Essa nova abertura comercial é resultado do trabalho conjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

FONTE: MAPA.gov
Vietnã abre caminho para facilitação do comércio de couro brasileiro — Ministério da Agricultura e Pecuária

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“Cisne Negro” no Agro da Argentina Ameaça se Tornar Uma Mancha Venenosa

Surcos, Agrofina e Los Grobo se declaram em inadimplência para um setor que enfrenta queda de preços internacionais, aumento de custos e alta pressão tributária.

Nos últimos dias de 2024, enquanto os argentinos preparavam os detalhes das reuniões familiares e com amigos, uma sucessão de notícias preocupantes abalou o setor agropecuário que, segundo declarações dos principais atores do setor, encerrava bem um ano que havia começado com enormes incertezas.

O denominado efeito “cisne negro” veio de três empresas consideradas sólidas – a Surcos, a subsidiária Agrofina SA. e a Los Grobo Agropecuaria SA. – que não conseguiram cumprir os compromissos de dívida financeira assumidos para esta data e os próximos meses. Na economia, o termo “cisne negro” se refere a eventos altamente improváveis, imprevisíveis e que causam um grande impacto econômico, social ou político. A expressão foi popularizada pelo ensaísta Nassim Nicholas Taleb em seu livro “The Black Swan”.

O ocorrido na Argentina acendeu o alerta no setor, diante da possibilidade de o fenômeno se estender a outras empresas da atividade mais competitiva do país, responsável por gerar, via exportações, os dólares que a economia nacional precisa para funcionar.

No entanto, também expôs a inconsistência de uma política agropecuária e de uma estrutura tributária desenhadas para épocas de prosperidade e bons preços internacionais, situação que está muito distante da conjuntura atual. Assim, multiplicaram-se os pedidos por um “dólar estável”, a redução dos custos em dólares e também a eliminação dos direitos de exportação ou retenciones.

Tudo começou na véspera do último fim de semana do ano, quando a Surcos, uma empresa dedicada à nutrição e proteção de cultivos agrícolas, com grande presença territorial, informou à Comissão Nacional de Valores (CNV) sua decisão de iniciar um procedimento preventivo de crise. O objetivo é reduzir sua estrutura de custos, buscando superar uma crise financeira que já está complicando a empresa.

Apenas 24 horas depois, chegou outra notícia que marcou a gravidade da situação, com duas empresas do gigante Los Grobo S.A., criada como a principal empresa da família Grobocopatel, em Carlos Casares, mas que desde 2016 é gerida pelo fundo de investimento Victoria Capital Partners (VCP), informando sobre a impossibilidade de cumprir os compromissos de dívida.

Baixa de Classificação
Em cartas enviadas à CNV, Julieta Gioia, responsável pelas Relações com o Mercado da companhia, informou que “diante da crescente falta de liquidez no mercado de notas promissórias bursáteis para emissores do setor agropecuário, somada à impossibilidade de cobrança de certos créditos a favor da sociedade e às dificuldades financeiras de uma empresa relacionada, a sociedade não conseguiu realizar o pagamento de uma nota promissória bursátil de US$ 100 mil (R$ 618,5 milhões na cotação atual) com vencimento no dia 26 do corrente mês”.

Ela acrescentou: “Como consequência disso, também não poderá cumprir os vencimentos das notas promissórias bursáteis até 31 de março de 2025”. Julieta se referiu à situação de Los Grobo Agropecuaria (insumos e serviços agropecuários) e de sua vinculada Agrofina, dedicada à produção de herbicidas, fungicidas, inseticidas e reguladores de crescimento.

Com isso, ficou claro que a “mancha venenosa” agora ameaçava um setor altamente produtivo, chamado a ser o carro-chefe da recuperação econômica argentina em 2025.

Na quinta-feira (2/1), o portal especializado Valor Soja relatou uma baixa na classificação de Los Grobo pela FIX (associada à Fitch Ratings), de BBB(arg) para C(arg), incorporando “o anúncio de que a empresa não cumprirá seus compromissos financeiros” e mantendo o “Rating Watch Negativo”.

“Uma declaração efetiva de inadimplência implicará uma redução da classificação para a categoria D(arg)”, afirmou a FIX, que estima a dívida a ser liquidada até março em US$ 52 milhões (R$ 321,6 milhões) entre debêntures, notas promissórias bursáteis e descontos de valores.

Mancha Venenosa
“Surcos, Agrofina e Los Grobo se declaram em inadimplência. Há mais empresas em situação complicada, assim como muitos produtores. Já havíamos alertado que o peso sobrevalorizado e altas retenciones levam à destruição da produção. #BaixemAsRetenciones”, escreveu em sua conta no X o ex-ministro da Agroindústria Ricardo Buryaille.

As expressões desse tipo se multiplicaram nas redes sociais, mas uma delas se destacou pelo peso das palavras de quem as disse. “Se o dólar barato com retenciones gera problemas no setor agropecuário, não estamos diante de uma doença holandesa. Estamos diante de um erro de política econômica, que afeta nosso setor mais competitivo”, afirmou o economista Pablo Gerchunoff.

“Alertávamos que esta safra de soja foi semeada com altos custos de insumos, alto custo de arrendamento, com preços internacionais muito baixos, e a isso devemos somar a pressão fiscal”, afirmou Andrea Sarnari, presidente da Federação Agrária, acrescentando que “a situação para o setor agropecuário é difícil e será ainda mais pelas perspectivas quando a colheita de grãos for concluída”.

Por sua vez, Carlos Castagnani, presidente da CRA, destacou que “hoje os produtores enfrentam uma equação insustentável: custos crescentes, direitos de exportação sufocantes e uma pressão fiscal que não dá trégua. É urgente que o governo tome medidas concretas para garantir a continuidade da atividade produtiva no país”.

Em relação à crise nas empresas do setor na Argentina, Lucas Magnano, presidente da Coninagro, considerou que isso “vai afetar o mercado de financiamento, porque provavelmente ficará mais difícil e mais caro o financiamento para as empresas, com impacto nos produtores”, e pediu a eliminação das retenciones, que “deixaram de ser um pedido para se tornar uma necessidade para o produtor”.

O fator-chave Argentina
Hoje, o cenário inclui um “dólar estável”, custos (diesel, fretes, produtos fitossanitários, fertilizantes) que aumentam em dólares em função do atraso cambial, e a plena vigência das retenciones para exportação de grãos, que chegam a 33% para o grão de soja, 31% para derivados (farelo e óleo), 12% para trigo e milho e 7% para girassol.

Mas tudo isso era compensado pelos preços internacionais que vigoraram até meados de 2024. Com a queda nos preços da soja, milho e trigo no mercado de Chicago, baseada na esperada super colheita de soja e milho em nível global e, mesmo no trigo, apesar da guerra na Ucrânia, principal produtor mundial, a equação mudou. E muito, especialmente em campos arrendados, que respondem por 70% da produção agrícola do país.

A isso se soma a pressão tributária. Segundo um relatório recente da Fundação Agropecuária para o Desenvolvimento da Argentina (FADA), o Estado, nos três níveis – nacional, provincial e municipal –, retém 64,3% da renda agrícola.

Após a surpresa inicial, o governo atribuiu as dificuldades financeiras a “más decisões” empresariais, e não a problemas de ordem setorial. Na terça-feira (31/12), ele respondeu com a Resolução Geral 1041/2024 da Comissão Nacional de Valores, relacionada a “certas adequações na regulamentação, adicionando exigências aos emissores, às ALyCs e aos mercados envolvidos nos processos de troca desses instrumentos, com o objetivo de garantir transparência nesses processos e proteger os investidores”. Sobre a redução das retenciones, silêncio absoluto.

FONTE: Forbes
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Superávit da balança comercial brasileira recua 24,6% em 2024, para US$ 74,5 bilhões

Embora as exportações tenham recuado, a diminuição do saldo comercial de 2023 para 2024 está relacionada, principalmente, ao aumento das importações. Para 2025, projeção é de um saldo positivo entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões.

A balança comercial registrou superávit de US$ 74,55 bilhões em 2024, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços nesta segunda-feira (6).
🔎O resultado é de superávit quanto as exportações superam as importações. Quando acontece o contrário, o resultado é deficitário.

De acordo com dados oficiais, houve uma queda de 24,6% no saldo positivo da balança comercial na comparação com o ano de 2023 — que somou US$ 98,9 bilhões (recorde histórico).

Esse também foi o menor saldo para um ano fechado desde 2022 (+US$ 61,5 bilhões).

Contas externas

A piora na balança comercial é um dos fatores que estão pressionando para cima o rombo das contas externas, que somou US$ 46,8 bilhões de janeiro a novembro deste ano, segundo dados do Banco Central. No mesmo período do ano passado, o saldo negativo foi de US$ 18,9 bilhões.

As contas externas de um país são um conjunto de registros financeiros que refletem suas transações econômicas com o resto do mundo. Elas fazem parte do Balanço de Pagamentos e incluem diversos itens que podem ser agrupados em grandes categorias.

Entram no bojo das contas externas:

  • Balança comercial
  • Comércio de serviços
  • Investimentos diretos
  • Investimentos em carteira
  • Rendimento recebido do exterior, como juros, lucros e salários.
  • Pagamentos ao exterior de juros sobre dívidas, lucros de empresas estrangeiras e salários.
  • entre outros itens

O BC costuma explicar que o tamanho do rombo das contas externas está relacionado com o crescimento da economia. Quando cresce, o país demanda mais produtos do exterior e realiza mais gastos com serviços também. Por isso, o déficit também sobe.

Apesar da piora das contas externas, seu saldo negativo tem sido coberto pelos investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira, que totalizaram US$ 68,3 bilhões até novembro, contra US$ 64,4 bilhões no mesmo período de 2023. Isso quer dizer que os investimentos em dólar têm financiado o rombo das contas externas.

Embora as exportações tenham recuado, a diminuição do saldo comercial positivo de 2023 para 2024 está relacionado, principalmente, com o aumento das importações.

No total, em 2024:

  • as exportações somaram US$ 337,03 bilhões, com queda de 2%, pela média diária, na comparação com 2023;
  • As importações totalizaram US$ 262,48 bilhões, com alta de 7,7%, pela média por dia útil, em relação ao ano anterior.

Principais produtos

Exportações

  • Óleos brutos de petróleo: US$ 44,84 bilhões, com aumento de 5,2%
  • Soja: US$ 42,94 bilhões, com queda de 19,4%
  • Minério de ferro: US$ 29,84 bilhões, com recuo de 2,4%
  • Açucares e melaços: US$ 18,63 bilhões, com alta de 18,1%
  • Óleos combustíveis: US$ 11,69 bilhões, com elevação de 3,9%

    Importações

    • Óleos combustíveis: US$ 15,19 bilhões, com queda de 12,3%
    • Adubos e fertilizantes: US$ 13,56 bilhões, com recuo de 7,2%
    • Válvulas termodinâmicas: US$ 8,96 bilhões, com queda de 1,5%
    • Motores e máquinas não elétricos: US$ 8,46 bilhões, com aumento de 28,9%
    • Veículos automóveis de passageiros: US$ 8,29 bilhões, com alta 43,2%

    Expectativa para 2025

    Para este ano, a projeção do Ministério do Desenvolvimento é de que o superávit da balança comercial fique entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões.

    Para as exportações, a expectativa é de um valor entre US$ 320 bilhões e US$ 360 bilhões, e para as compras do exterior entre US$ 260 bilhões e US$ 280 bilhões.

    Fonte: G1
    https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/01/06/superavit-da-balanca-comercial-brasileira-recua-246percent-em-2024-para-us-745-bilhoes.ghtml

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Cacau subiu 150% em 2024

Chicago vê quedas para soja, milho e trigo

O cacau emergiu como a commodity agrícola de destaque de 2024, registrando um extraordinário aumento de 150% no valor na bolsa de Nova York. De acordo com o Valor Data, que baseia seus cálculos no preço médio dos contratos de entrega de segunda posição – os mais negociados – o aumento de preços foi impulsionado por interrupções no fornecimento e raras atividades especulativas.

Em dezembro, o valor médio desses contratos atingiu US$ 10.536 por tonelada, um salto de 30,6% em relação ao mês anterior. Em 18 de dezembro, o cacau atingiu seu preço de fechamento mais alto já registrado, atingindo US$ 12.565.

O otimismo em torno da safra 2024/25 (outubro a setembro) na África Ocidental, que responde por cerca de 70% da produção global de cacau, deu lugar à preocupação. Chuvas excessivas seguidas de seca na região desde setembro frustraram as esperanças de que três temporadas consecutivas de déficits terminassem. Essa incerteza alimentou a especulação dos investidores, elevando os preços.

“Com informações conflitantes sobre a safra africana, o mercado viu um aumento na atividade especulativa”, disse Adilson Reis, analista do mercado de cacau. “Os preços do cacau, que costumavam flutuar em torno de US$ 80 por sessão, agora têm movimentos de até US$ 1.000.”

Embora os fundamentos atuais apontem para preços altos contínuos, Reis prevê ajustes de preços a partir do primeiro trimestre de 2025. “Nesses níveis, a cadeia de suprimentos está enfrentando interrupções. Os fabricantes de chocolate estão se adaptando ao aumento dos custos das matérias-primas. Os preços provavelmente permanecerão elevados, mas podem se estabilizar entre US $ 7.000 e US $ 9.000 por tonelada”, acrescentou.

O café também teve um forte desempenho em 2024, subindo 70,4% no ano. Em dezembro, o preço do feijão arábica aumentou 14,8%, com média de US$ 3,1910 por libra-peso.

Os problemas de oferta foram um fator importante por trás dos ganhos. O Brasil, maior produtor mundial de arábica, enfrentou uma seca severa em setembro, lançando dúvidas sobre a safra 2025/26. A situação foi agravada por rendimentos decepcionantes no Vietnã e incerteza sobre a lei antidesmatamento da União Europeia, o que provocou uma corrida pelo café brasileiro.

Apesar da alta, Antônio Pancieri Neto, da Clonal Coffee Brokerage, não espera que os preços superem o recorde de US$ 3,3415 por libra-peso estabelecido em dezembro. “Os preços permanecerão elevados, mas atualmente não temos impulso para um novo pico”, disse ele.

O suco de laranja concentrado congelado (FCOJ) teve ganhos significativos, com os preços subindo 41,5% em 2024 e 6% em dezembro, atingindo uma média de US$ 4,9762 por libra-peso.

Em contrapartida, os preços do algodão caíram 13.1% no ano e 1.4% em dezembro, com média de US$ 70.32 centavos de dólar por libra-peso. O açúcar também caiu, caindo 12.3% em 2024 e 6.2% em dezembro, para 18.94 centavos de dólar por libra-peso.

Os preços da soja caíram 25,2% em 2024, pressionados pelas expectativas de safras fortes no Brasil e na Argentina. Em dezembro, a soja caiu 1,4%, com média de US$ 9,8968 por bushel.

“A produção combinada do Brasil e da Argentina deve aumentar em 20 milhões de toneladas em 2024/25, empurrando os preços para baixo”, disse Luiz Fernando Pacheco, diretor da T&F Agroeconomic Consulting. “A incerteza sobre as políticas comerciais de Donald Trump com a China está impedindo um declínio mais acentuado”, observou ele.

Os preços do trigo encerraram o ano em queda de 11,71%, com queda de 2,69% em dezembro, para US$ 5,5419 por bushel. Os preços do milho caíram 7,94% ao longo do ano, mas subiram 2,69% em dezembro, para US$ 4,4735 por bushel.

FONTE:  Valor Internacional
Cacau subiu 150% em 2024 | Agronegócio | valorinternational

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Saiba quais são os desafios e oportunidades para o Brasil no transporte marítimo global

A exportação agropecuária figura como uma das maiores do mundo

 

O Brasil é líder mundial na exportação de soja, café, suco de laranja, etanol de cana-de-açúcar, carne bovina e carne de frango. Cerca de 70% da produção nacional é transportada por via marítima para abastecer o mercado internacional.

O Porto de Santos, que atende 197 países, é o principal ponto de escoamento de cargas como soja, milho e cana-de-açúcar. A China se destaca como o principal destino dessas exportações.

Recentemente, a Câmara Italiana de Comércio em São Paulo (Italcam) e o Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV organizaram um encontro que reuniu renomados especialistas e executivos do setor.Marcelo Oliveira, da KPMG, Graziano Messana, da Italcam/SP, Gesner Oliveira, da FGV, Paolo Casadonte, da Ventana Serra, Elisete Belucci, da Rina, José Mamedi, da Italcam/SPArquivo pessoal.

O debate de ideias reforçou o futuro promissor do Brasil no setor de transporte e nas empresas que oferecem serviços logísticos. Foram destacadas a necessidade de modernização dos portos para atender às exigências internacionais de navios elétricos e movidos a biocombustíveis, a questão da vida útil de navios e contêineres, além dos desafios relacionados às mudanças climáticas e seus impactos no setor.

Confira abaixo os principais destaques desse encontro.

O Brasil que atrai empresários italianos

O presidente da Câmara de Comércio Italiana de São Paulo (Italcam/SP), Graziano Messana, destacou que o Brasil desperta grande interesse da Itália por três razões principais: questões geopolíticas, vínculos históricos, culturais e condições econômicas.

“O Brasil é o único país que não tem vínculo direto com oil and gas, é uma democracia consolidada e não enfrenta problemas étnicos ou religiosos. Por isso, torna-se um parceiro natural neste momento de instabilidade geopolítica”, afirmou Messana.

Outra evidência é o fato abrigarmos a maior comunidade de descendentes fora da Itália. Segundo a Italcam/SP, mais de mil empresas italianas já estão investindo no país.

“Apesar de sermos um grupo com investimentos em mais de 20 países e cerca de 60 empresas espalhadas pelo mundo, sempre encontramos no Brasil um contexto de negócios extremamente favorável”, afirmou Paolo Casadonte, CEO da Ventana Serra do Brasil, empresa de logística pertencente ao grupo italiano Arcesi.

Ciclos econômicos e impactos climáticos no transporte marítimo

“O transporte marítimo é diretamente influenciado pelos ciclos econômicos. Não haveria economia sem transportes, especialmente em um mundo globalizado, onde as distâncias se encurtam, apesar das ideias terraplanistas que ainda vemos por aí”, comentou Paolo Casadonte.

Ele também ressaltou a vida útil dos equipamentos do setor: um navio dura entre 25 e 30 anos, enquanto um contêiner tem cerca de 20 anos de uso. Porém, o processo de desmonte é desafiador. “A demolição de navios é altamente poluente. Embora parte dos materiais seja reciclável, o processo está longe de ser sustentável. Anualmente, cerca de 700 navios são desmontados no subcontinente indiano, muitas vezes em condições precárias, como no método chamado beaching — onde o navio é levado até uma praia para encerrar sua vida útil”, explicou.

Paolo destacou como as mudanças climáticas têm afetado drasticamente o setor. “Começamos o ano com inundações na Índia, depois enfrentamos uma seca no Canal do Panamá. Jamais imaginei, em toda a minha carreira, lidar com tantas catástrofes climáticas. Tivemos ainda as enchentes no Rio Grande do Sul, que impactaram os portos da região, e recentemente a seca na Amazônia, que quase comprometeu a chegada de navios a Manaus”, disse Paolo.

Esses eventos causaram atrasos significativos nos terminais brasileiros, dificultando o cumprimento dos cronogramas por parte das empresas de transporte marítimo.

A guerra na Ucrânia e os desafios logísticos do agronegócio

A guerra na Ucrânia também trouxe desafios para a logística brasileira. “Os exportadores de commodities enfrentaram enormes prejuízos devido à necessidade de realocar cargas, especialmente as chamadas soft commodities, que possuem prazo de validade. O resultado? Grandes estoques de commodities acumulados nos portos brasileiros, um cenário que lembra os dias mais difíceis da pandemia. Muitos exportadores, diante das dificuldades, estão priorizando o mercado interno em vez de exportar”, explicou Paolo Casadonte.

O futuro da exportação brasileira

Paolo acredita que o Brasil pode agregar mais valor às suas exportações. “Todos queremos que as exportações brasileiras tenham mais valor agregado. Por que exportar apenas o grão de café, se podemos enviar produtos que incorporam valor ao café? O mesmo vale para a soja”, concluiu.

As novas regras do transporte e navios que usarão energia elétrica e ou biocombustíveis

Os portos brasileiros precisam ser adaptados para atender à demanda por combustíveis alternativos e exigências ambientais.

“ A modernização das instalações portuárias não apenas apoiará a descarbonização, mas também abrirá novas oportunidades para atrair investimentos e fortalecer a resiliência do setor diante das exigências ambientais” explicou Elisete Bellucci, gerente de desenvolvimento de negócios da RINA para a América Latina nos setores de infraestrutura e mobilidade.

O transporte marítimo internacional representa menos de 3% das emissões globais de carbono.

“No entanto, reduzir as emissões de carbono e de gases de efeito estufa é um objetivo comum de todos. Para cobrir o consumo do setor marítimo com combustíveis sintéticos verdes, seria necessária mais da metade de toda a energia renovável atualmente produzida no mundo, o que não é possível”, disse Elisabete.

E ela ainda completou. “Mas não é biocombustível produzido através de soja ou biocombustível através de óleo produzido a partir de origem natural, mas a partir de combustível, biocombustível produzido através de reciclagem de óleo, por exemplo, óleo de cozinha”.

A meta é que os navios estejam preparados para receber energia elétrica em todos os portos e, assim, poderão transportar materiais e terem menor taxação.

“O desafio hoje para os portos brasileiros é, além dos problemas de hidragagem e da adaptação dos portos em geral, eles têm que estar preparados para, primeiro, abastecer os navios com óleo reciclado. E também preparar os portos para abastecer os navios com energia elétrica. Então, existe um grande investimento que precisa ser feito e que começa a partir de agora”, concluiu Elisabete.

Toda essa mudança implicará nas taxas de navegação.

“Todos os materiais produzidos ao redor do mundo, ainda que o material não seja produzido na Europa, ele pagará mais se for transportado por um navio que não tenha essa condição de estar dentro da meta de descarbonização. Então, precisamos preparar os portos para biocombustível, para energia elétrica, porque a descarbonização até 2050 deverá ser total ”, finalizou Elisabete.

Alfredo Pretto, vice-diretor da Italcam/SP e organizador do eventoArquivo pessoal

Como garantir a competitividade do Brasil?

Gesner de Oliveira, professor da FGV e coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais, ressaltou a importância do avanço da infraestrutura para aumentar a competitividade do Brasil. Segundo ele, discutir o transporte marítimo e suas oportunidades, de forma integrada com ferrovias e rodovias, é essencial para posicionar o país nos principais fluxos de comércio global.

“O aumento da competitividade, a redução dos impactos ambientais e a integração nas rotas globais de transporte são os principais pilares de preocupação e pesquisa”, explicou Gesner.

A história da navegação e o arco regulatório do transporte marítimo

A história da navegação costeira no país começou na era colonial, principal forma de transporte de mercadorias e pessoas.

“Com a chegada da Família Real, em 1808, houve um impulsionamento na construção dos portos e da renovação dos navios”, explicou Marcelo Ribeiro, partner-chef do setor regulatório da KPMG do Brasil.

No entanto, esse transporte perdeu espaço no século XX para o rodoviário. A partir daí, tornou-se necessário criar um marco regulatório, que resultou na Lei 14.301, de 2022, conhecida como a ‘BR do Mar’, com o objetivo de estimular o transporte por cabotagem.

“Essa falta de investimentos em portos e na modernização da frota de navios, de cabotagem; a questão da burocracia tornaram a cabotagem menos competitiva quando a gente compara com os outros modais. E, obviamente, isso traz um desbalanceamento de toda a matriz de transporte aqui no país. Marcelo finalizou ressaltando que a cabotagem é essencial para o desenvolvimento logístico e econômico do país.

Desafios brasileiros

Para José Vitor Mamede, vice-presidente do Comitê de Infraestrutura da Câmara de Comércio Italiana de SP, temos sérias restrições: berços para a atracação de navios, o calado e a profundidade necessária para que os navios possam chegar. Além disso, faltam áreas de armazenagem para acomodar as cargas importadas e exportadas.

“Um navio com 24 mil contêineres não pode entrar em qualquer horário, não pode atracar em qualquer momento, porque senão bate no fundo. São navios muito grandes que nós não estamos recebendo aqui. E, com isso, nós estamos perdendo”, explicou Mamede.

Segundo ele, o Brasil está atrasado há 12 anos se compararmos aos navios que circulam no Hemisfério Norte.

“ A gente deixa, por não ter essa facilidade dentro da nossa operação, de movimentar um milhão de contêineres ano nos portos do Brasil. Sabe o que vale isso? Mais ou menos 500 mil toneladas. E sabe o que vale isso na conta corrente nossa do comércio? Mais de 20 bilhões de dólares. A gente deixa de arrecadar por esse problema”, concluiu Mamede.

O Brasil não está preparado para receber os novos navios com as configurações energéticas e novos biocombustíveis.

“ O porto de Santos, especificamente, na questão contêiner, está praticamente saturado. Os navios de contêineres chegam a demorar 21 horas para atracação . Tem ideia desse custo? 20, 30 mil dólares por dia. É muito dinheiro parado que a gente está desperdiçando”, finalizou Mamede.

Uma outra questão que o Mamede pontuou foi o problema com as questões climáticas. “No último trimestre, Santos ficou mais de 300 horas fechado por questões climáticas. Neblina. Sabe o que são 300 horas? São mais de 10 dias parados” explicou.

FONTE: R7 noticias
Saiba quais são os desafios e oportunidades para o Brasil no transporte marítimo global – Noticias R7

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Agronegócio, Comércio Exterior, Exportação, Gestão, Informação, Negócios, Oportunidade de Mercado

Comércio exterior terá mais evidência em 2025, apostam analistas

Após redução no superavit da balança de 2024, especialistas esperam recuperação das exportações neste novo ano e apontam oportunidades e incertezas para o país

Menos exportações e mais importações foram a cara da balança comercial brasileira em 2024 e analistas apostam em nova safra recorde que vai contribuir para aumentar o saldo da balança comercial neste ano que começa.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) estima que, neste ano de 2025, a balança comercial brasileira deve registrar um superavit comercial de US$ 93 bilhões, o que indicaria um aumento de 23,7% em relação aos US$ 75,2 bilhões estimados para 2024. A AEB ainda prevê que as exportações devem atingir US$ 358,8 bilhões, com alta de 5,7% em relação a 2024, e as importações somem US$ 265,7 bilhões no ano que vem, o que representa um aumento de 28,3% em relação ao valor projetado para o ano passado.

A entidade ressalta que, após anos de estabilidade, o valor do dólar voltou a ter importância nas operações de comércio exterior, principalmente pelas fortes oscilações recentes. Considerando o cenário político interno, níveis de taxas de juros internacionais e domésticas, índices de inflação, dívida pública federal, contas governamentais, entre outros fatores, ela projeta um câmbio oscilante entre um piso de R$ 5,60 e um teto de R$ 6,40. Dólar mais forte, apesar de ruim para a inflação doméstica é bom para os exportadores, porque os produtos nacionais ficam mais competitivos.

Saldo menor

Conforme os dados mais recentes divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços (Mdic) até a 3ª semana de dezembro, mostram que as vendas de produtos brasileiros para outros países tiveram queda de 1,9% no acumulado de 2024, somando US$ 329,3 bilhões, enquanto as aquisições cresceram 8,5% e atingiram US$ 258,1 bilhões. Nesse período, a corrente de comércio avançou 2,4%, somando US$ 587,4 bilhões.

Diante disso, o saldo da balança comercial encolheu 27,2%, para US$ 71,1 bilhões no acumulado até a terceira semana do mês passado. Apesar da queda, as exportações devem registrar a segunda ou a terceira melhor marca da história. O resultado negativo foi impulsionado pela forte queda nas exportações do agronegócio, a exemplo da soja, que, até novembro, regredia 17,9%, em relação ao mesmo período de 2023, e o milho, que, na mesma base de comparação, registrava queda de 40,5%.

Apesar da redução nos valores das exportações do agronegócio, a produção se manteve praticamente estável em quantidade, com um leve crescimento de 2,1% no acumulado do ano até novembro. Na avaliação do especialista em comércio internacional e conselheiro e cofundador da BMJ Consultores Associados, Welber Barral, a principal explicação para essa queda na participação de produtos historicamente fortes na balança é decorrente da queda no preço dessas commodities no mercado internacional.

“Nos últimos quatro anos, o Brasil teve um superavit muito grande na balança comercial. Chegou a quase US$ 100 bilhões. Em 2024, começamos a ver uma tendência diferente: o Brasil não diminuiu a quantidade exportada. O Brasil continua a registrar safras recordes, manteve fundamentalmente a quantidade exportada, mas o preço diminuiu em boa parte das commodities. Então, isso afetou o valor total exportado”, explica Barral.

O economista do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR) Carlos Alberto Decotelli, no entanto, avalia que há dois fatores que o agronegócio deve levar em consideração para voltar a ter um ritmo maior de crescimento: aumentar a diversidade logística, com expansão de rotas comerciais, além de expandir a variedade de parceiros.

“Nós temos que ter uma saída pelo Pacífico, para que haja redução do custo logístico. Quanto mais caro for o custo logístico, maior serão os entraves em termos de sustentar o fluxo de comércio”, sustenta Decotelli. “Também haverá maior expansão do agronegócio exatamente no momento em que houver uma diversidade maior em relação aos clientes internacionais que fazem negócio com o Brasil”, afirma, ainda, o economista.

Por outro lado, a indústria extrativa seguiu em ritmo de crescimento ao longo do ano e avançou 6,5% em valor exportado até novembro, com destaques positivos para os minérios de cobre (21%), alumínio (35,1%), além dos óleos brutos de petróleo (9,5%). Também houve crescimento da indústria de transformação, que subiu 3%, com a produção de veículos para transporte de mercadorias, peças de automóveis e aeronaves entre os principais segmentos que avançaram em 2024.

No caso das importações, houve aumento forte no valor dos desembarques de bens industriais, em 20,9%, e de bens de consumo (25,6%), e de bens intermediários (6,9%). Somente os combustíveis registraram retração: de 4,9%. Na análise de Barral, o crescimento das importações está diretamente ligado ao crescimento da atividade econômica no país, com um avanço mais forte do Produto Interno Bruto (PIB).

“Quando há aumento de crescimento econômico no Brasil, cresce a importação, não só a de bens de consumo, como também a de bens de capital, o que é positivo e indica investimento da indústria brasileira. E aumentou também a importação de insumos para atender à demanda interna no Brasil”, avalia Welber Barral. “Devemos fechar este ano com um superavit muito importante, próximo a US$ 70 bilhões, mas inferior ao registrado nos últimos anos”, acrescenta.

Recuperação

Apesar de estimar uma recuperação para o próximo ano, a AEB avalia que ainda é preciso ter cautela, ao considerar que diversas variáveis podem influenciar essa estatística, como as guerras no Leste Europeu e no Oriente Médio e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. “Independentemente do nível da taxa cambial vigente, as exportações de produtos manufaturados do Brasil têm na América do Sul seu principal mercado de destino, embora, neste momento, estejamos assistindo a uma agressiva política comercial da China nesta região, retirando a liderança brasileira nas exportações para seus vizinhos”, destaca.

Mesmo com a balança comercial menos favorável, o ano de 2024 ficará para a história pela celebração da conclusão do acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul, após 25 anos de negociações. Juntos, os dois blocos possuem um PIB de US$ 22 trilhões e, de acordo com uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concretizado-se, o pacto pode gerar um acréscimo de 0,5% no PIB do Brasil por ano.

“É um avanço muito importante, eu acho que o acordo entre Mercosul e União Europeia é extremamente relevante, principalmente nesse momento em que a gente tem um risco de aumento de protecionismo com o governo de Donald Trump, ou ser realista de que não tem um efeito imediato”, avalia Barral. Embora tenha sido anunciado, o acordo ainda precisa ser aprovado pelos parlamentares dos países-membros e isso pode demorar ainda um longo tempo. As principais resistências dentro do bloco europeu são da França e da Itália.

“Ou seja, nós estamos falando de um passo que vai depois para a revisão jurídica entre membros do Mercosul e União Europeia, posteriormente para os parlamentos nacionais e para o Parlamento Europeu para ser aprovado. Então nós estamos falando de um prazo de quatro a cinco anos para começar a vigorar”, explica o especialista em comércio internacional.

Incertezas

Ainda há muita incerteza, também, em relação ao comércio entre Brasil e Estados Unidos, que alcançou um volume de US$ 73,9 bilhões na corrente comercial no acumulado de janeiro a novembro de 2024.

Com a vitória de Trump nas eleições presidenciais, a partir da posse no próximo dia 20, poderá haver mudanças nessa relação. Recentemente, o presidente eleito ameaçou aumentar as tarifas de produtos importados brasileiros, acusando o país de cobrar muitos impostos. Segundo ele, “a Índia cobra muito, o Brasil cobra muito” e, como resposta, sinalizou que os EUA “vão cobrar a mesma coisa”.

Apesar disso, uma mudança tarifária não seria tão simples como se imagina, de acordo com o professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques. “Não é tão fácil assim para o Trump, de repente, mudar isso daí. Porque você imagina os importadores norte-americanos. Eles precisam também das importações dos países do Brics para eles poderem exportar. Então, o jogo é bilateral. Não tem um jogo de um lado só”, destaca.

“Tomar medidas repentinas podem desajustar bastante os parques produtivos e partes econômicas dos países, principalmente dos EUA, porque eles se aproveitaram de preços mais baixos das importações para poder garantir um determinado nível de atividade econômica”, afirma o acadêmico.

Fonte: Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2024/12/7023932-comercio-exterior-tera-mais-evidencia-em-2025-apostam-analistas.html

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