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Primeira privatização de Milei: IMPSA é vendida para empresa dos EUA por R$ 164 milhões

ARC Energy assume 84,9% das ações da IMPSA, após oferta de US$ 27 milhões e renegociação de dívida de US$ 576 milhões.

O governo da Argentina confirmou nesta quarta-feira, 8, a aquisição da IMPSA pela empresa americana ARC Energy, que passará a controlar 84,9% das ações pertencentes ao Estado e à província de Mendoza. O negócio inclui um aporte de capital de US$ 27 milhões (R$ 164,7 milhões) e assumir  uma dívida de US$ 576 milhões (R$ 3,513 bilhões). As informações são do Clarín.

A decisão foi tomada após análise da Comissão Avaliadora de Ofertas, formada pelo Ministério da Economia e pelo governo de Mendoza. Apesar de ter sido a única proposta recebida, a oferta inicial da ARC foi ajustada para atender às exigências do processo.

A transferência de ações está prevista para fevereiro, condicionada à renegociação da dívida da empresa e à obtenção de concordância dos credores. Entre os principais credores da IMPSA estão Banco Nación, BID, BICE e a corporação chilena Grupo Moneda.

Histórico e relevância da IMPSA

Fundada em 1907 pela família Pescarmona, a IMPSA é uma das principais empresas metalúrgicas e energéticas da Argentina, com participação em projetos hidrelétricos, parques eólicos, energia nuclear e equipamentos para as indústrias petrolífera e de gás. Após anos de crise financeira, agravada por negócios malsucedidos no Brasil e contratos com a Venezuela, a empresa foi estatizada em 2021 pelo governo de Alberto Fernández.

O governo de Javier Milei deu início ao processo de privatização em outubro de 2024, buscando investidores internacionais para garantir a continuidade da IMPSA. A ARC Energy, sediada na Louisiana, nos Estados Unidos, apresentou a única oferta concreta, comprometendo-se a investir no futuro da companhia.

Condicionantes do acordo

A ARC Energy deverá pagar imediatamente 25% do aporte de capital, cerca de US$ 7 milhões (R$ 42,7 milhões). O restante será desembolsado ao longo de 2025, com foco em capital de trabalho e contratos estratégicos. A empresa pretende expandir suas operações com gruas de grande porte para portos e manutenção de usinas hidrelétricas nos Estados Unidos.

Além disso, a ARC negocia a revisão de contratos existentes da IMPSA com entidades como o Ministério da Defesa e a estatal YPF. O objetivo é garantir maior viabilidade financeira para a empresa e manter os 660 funcionários na sede em Mendoza, que aguardam com ansiedade a finalização do processo.

Impactos da privatização

A privatização da IMPSA marca a primeira grande venda do governo Milei e sinaliza o início de sua agenda econômica liberal. A decisão coincide com a viagem de Milei aos Estados Unidos para a posse de Donald Trump, reforçando os laços entre as administrações.

A ARC Energy se posiciona como uma parceira estratégica para revitalizar a IMPSA e explorar novas oportunidades no mercado americano, especialmente com a possível substituição de gruas chinesas nos portos dos Estados Unidos. A chegada de Trump ao poder aumenta as perspectivas de novos contratos para a companhia argentina sob gestão americana.

FONTE: Exame
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Argentina deixa recessão e prevê crescimento em 2025

Sob austeridade de Milei, PIB cresce no terceiro trimestre, mas desigualdade e pobreza ainda preocupam

economia argentina registrou um crescimento de 3,9% no terceiro trimestre de 2024 em comparação ao período anterior, marcando a saída oficial da recessão que havia se instalado no final de 2023. O resultado, divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística da Argentina, representa a primeira expansão do Produto Interno Bruto (PIB) após meses de estagnação e retração econômica.

De acordo com o Financial Times, o desempenho no terceiro trimestre é um marco importante para o presidente Javier Milei, que completa um ano no cargo com políticas focadas em austeridade fiscal e desregulamentação econômica. Milei assumiu o governo com a promessa de restaurar a economia argentina, fortemente abalada por anos de crise financeira, alta inflação e políticas intervencionistas que, segundo ele, corroeram as bases do crescimento sustentável.

A economia, no entanto, ainda enfrenta desafios consideráveis. Em comparação ao mesmo período de 2023, o PIB argentino teve queda de 2,1%, evidenciando que, embora os sinais de recuperação sejam animadores, os efeitos da crise persistem.

Medidas de austeridade e o impacto inicial

Desde que assumiu, Milei implementou medidas severas para conter o déficit fiscal e controlar a hiperinflação, que chegou a ultrapassar os três dígitos anuais em 2023. O ajuste fiscal incluiu cortes drásticos em subsídios estatais, desvalorização do peso argentino e uma desregulamentação intensa do mercado. Como consequência, a população enfrentou um aumento considerável nos preços dos serviços públicos, enquanto a pobreza atingiu 53% no primeiro semestre de 2024, 11 pontos percentuais a mais do que no início de seu mandato.

As políticas econômicas de Milei, descritas por analistas como “dolorosas, porém necessárias”, causaram retração inicial no consumo doméstico e desaceleração em setores como construção e manufatura, que continuam estagnados. No entanto, o terceiro trimestre mostrou uma recuperação expressiva em investimentos e exportações, especialmente no setor agrícola e de mineração.

Agricultura e exportações impulsionam a retomada

A safra agrícola argentina, que sempre teve papel central na economia do país, foi um dos principais motores da recuperação observada no terceiro trimestre. Com o fim de uma sequência de secas severas e o aumento da demanda global por commodities como soja e milho, o país conseguiu retomar o crescimento das exportações. A indústria de mineração também apresentou resultados positivos, beneficiada pelo aumento das exportações de lítio, um mineral estratégico no mercado global de energia limpa.

Outro fator que contribuiu para a recuperação foi o reajuste nos investimentos internos. Após um período de queda acentuada, o terceiro trimestre registrou aumento no fluxo de capital, especialmente em setores estratégicos como infraestrutura e energia. Apesar disso, a construção civil, um dos principais termômetros do mercado de trabalho, continua sofrendo com os efeitos da recessão e das políticas de contenção de gastos.

Perspectivas econômicas e desafios estruturais

O otimismo em relação ao crescimento se reflete nas projeções para os próximos anos. O banco de investimentos JPMorgan estima que a economia argentina fechará 2024 com uma retração de 3%, mas prevê uma recuperação robusta em 2025, com crescimento de 5,2%. Ainda assim, essa expansão deve apenas devolver o PIB per capita ao patamar de 2021, quando o país estava saindo da crise causada pela pandemia de Covid-19.

Especialistas alertam que o desafio de Milei agora será transformar essa recuperação inicial em crescimento sustentável. Entre os principais obstáculos estão os controles de câmbio e capital, que ainda limitam a entrada de investimentos estrangeiros e dificultam a acumulação de reservas internacionais pelo Banco Central argentino. A eliminação desses controles é uma das prioridades do governo, mas a transição precisa ser cuidadosamente gerenciada para evitar choques cambiais adicionais.

Sebastián Menescaldi, diretor da consultoria EcoGo, ressalta que o crescimento econômico de 2025 será desigual entre os setores. “A agricultura e a mineração vão continuar puxando a economia para cima, mas a recuperação no mercado interno será mais lenta. Isso cria uma disparidade significativa entre as indústrias e os trabalhadores, o que pode influenciar o cenário político”, avalia.

Os resultados econômicos também têm forte impacto no cenário político argentino. Milei, que governa com uma minoria no Congresso, dependerá da recuperação econômica para consolidar seu apoio popular antes das eleições legislativas de 2025. O sucesso no terceiro trimestre representa uma vitória para o presidente, mas a insatisfação social com os efeitos das políticas de austeridade ainda é um ponto de atenção.

A melhora no mercado de títulos soberanos argentinos é um reflexo da confiança crescente dos investidores nas políticas de Milei. O prêmio de risco da dívida caiu para 677 pontos-base, uma queda expressiva em relação aos mais de 2.000 pontos registrados no início de seu mandato.

FONTE: Exame
https://exame.com/mundo/argentina-deixa-recessao-e-preve-crescimento-em-2025/

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Economia argentina reflete em mercado automotor brasileiro

No início da administração do novo governo argentino, em dezembro do ano passado, “No hay plata” (não há dinheiro) era um slogan que sintetizava a obsessão do presidente Javier Milei de eliminar subsídios governamentais e acabar com os ministérios considerados irrelevantes.

Mas com o passar dos meses, a projeção recessiva tornou-se mais forte e a frase passou a expressar cada vez mais a realidade da Argentina.

Baixas nas vendas
Na combalida economia local, o “não há dinheiro” se reflete também na queda nos registros de motocicletas. De janeiro a julho deste ano, foram emplacadas 246.488 motocicletas, o que se traduz em um decréscimo de 12,64% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Reflexo no Brasil
E a crise do mercado vizinho se reflete diretamente no Brasil, que sempre teve na Argentina o principal mercado de exportação de suas motocicletas.

Os embarques dos integrantes da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) somaram 19.024 unidades de janeiro a julho, uma queda de 19,8% em relação ao mesmo intervalo de 2023.

Fonte:  Gazeta de São Paulo
Economia argentina reflete em mercado automotor brasileiro – Gazeta de São Paulo (gazetasp.com.br)

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