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Aeroporto do Galeão bate novo recorde em importações de carga

Recorde comprova acerto na política de reduzir voos de passageiros no Santos Dumont e aumentar no Galeão

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão) continua a se destacar no cenário global de logística e transporte aéreo de carga, alcançando, em 2024, um novo recorde pelo terceiro ano consecutivo. Com um valor superior a US$ 13 bilhões em importações de carga, equivalente a mais de R$ 75 bilhões, o Galeão reforça sua importância estratégica para o setor, não só para o Brasil, mas para o transporte global de mercadorias.

Para a Associação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Rio Indústria), este crescimento contínuo de 18% em valor e 16% em peso reflete a consolidação do aeroporto como um hub essencial para importações, com destaque para os setores de transporte aéreo, petróleo e gás, farmacêutico, automotivo e têxtil.

O recorde foi exaltado pelo ex-secretário estadual Wagner Victer: “Sempre falamos que isso aconteceria como uma derivada segunda desse processo da retomada do Galeão, pois normalmente 60% da carga é naturalmente movimentada na chamada ‘barriga’ dos aviões de passageiros, e, consequentemente, o maior número de voos e de conectividades pelo Galeão permitiria a maior movimentação, o que não era feito via [aeroporto] Santos Dumont, onde não há essa infraestrutura de cargas e de armazenamento.”

“Isso permitiu os operadores do RIOgaleão reduzirem os custos de movimentar cargas e o próprio tempo de desembaraço, contrastando com Guarulhos que se mostrou totalmente ineficaz nessa comparação”, destaca Victer. “Com isso, reduzimos os custos logísticos da indústria de bens e de serviços do Rio, nos tornamos regionalmente mais competitivos, e essa maior movimentação aumentou a arrecadação de impostos no Rio de Janeiro e, consequentemente, são mais empregos gerados”, afirma o ex-secretário.

A redução no tempo médio de permanência das cargas, que caiu para 31h05m, demonstra um avanço significativo na eficiência operacional, predominante para a competitividade da logística internacional. Os dados são da concessionária RIO galeão e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Sérgio Duarte, presidente da Rio Indústria, ressalta que a ampliação das rotas internacionais, especialmente com os Estados Unidos e a Europa, e a introdução de novas rotas, como a cargueira da Atlas Air, são fatores determinantes para esse sucesso.

“O Galeão tem se mostrado cada vez mais preparado para atender à crescente demanda do mercado global. A melhoria na infraestrutura e a eficiência nos processos têm sido fundamentais para garantir que os produtos cheguem com maior agilidade, o que é necessário em um cenário de alta volatilidade econômica”, afirmou.

A queda nos custos logísticos, com uma média de 24% a menos no frete aéreo para mercadorias provenientes dos EUA e 7% para as vindas da Europa, também é um reflexo da melhoria contínua na competitividade do Aeroporto do Galeão. Para a Rio Indústria, esse cenário é visto como um sinal positivo para o setor de comércio internacional, visto que uma logística mais acessível contribui diretamente para o fortalecimento das relações comerciais e da economia global.

“Dessa forma, o Aeroporto do Galeão não apenas se consolida como um polo de transporte aéreo de cargas, mas também como um motor de desenvolvimento econômico, conectando o Brasil ao mundo e abrindo novas possibilidades para empresas que dependem da agilidade e redução de custos para se manterem competitivas”, conclui Sérgio Duarte.

FONTE: Monitor Mercantil
Aeroporto do Galeão bate novo recorde em importações de carga | Monitor Mercantil

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    Queda da inflação na Argentina é resultado de recessão, diz economista

    Queda do PIB foi estimulada pelo brutal corte de gastos públicos

    A redução da inflação na Argentina registrada nos últimos meses foi motivada pela queda da atividade econômica do país, que deve fechar o ano passado com recessão de 3% a 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Em abril do ano passado, a inflação registrada foi de 289% e, em janeiro de 2025 o índice caiu para 84% (ambos no acumulado de 12 meses). 

    A avaliação é do especialista Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, que também ministra cursos sobre a economia dos países, incluindo a Argentina. Segundo ele, a recessão foi estimulada pelo “brutal” corte de gastos públicos promovido pelo governo do ultraliberal Javier Milei, atualmente envolvido no chamado escândalo do Cripto Gate.

    “A grande explicação para a queda da inflação na Argentina está na queda do PIB. Ou seja, a economia mergulhou em recessão e a consequência disso é a queda da inflação porque você tem uma economia que para de funcionar e se contrai. Não temos ainda o dado consolidado do PIB, mas ele deve cair de 3% a 4% no ano passado. É o completo oposto do Brasil, que deve ter crescido 3,5%”, explicou o especialista.

    Paulo Gala acrescenta que o ajuste fiscal promovido pelo governo, com a suspensão de obras, demissões de funcionários, corte no repasse para províncias e redução de despesas com educação, entre outras, fez da Argentina o país da América Latina com maior superávit fiscal da região.

    “O que Milei está fazendo na Argentina é o que a gente chama de um choque clássico de contração de gasto público. Ele segurou os gastos ao máximo, fez um ajuste fiscal gigante, muito duro. A consequência é uma desaceleração econômica muito grande”, completou.

    Para o especialista, apesar da melhoria dos indicadores econômicos a partir do final do ano passado, a situação ainda é gravíssima. “Ainda é um caso de UTI. O ano passado foi um ano muito difícil. Então, dificilmente 2025 vai ser pior do que o ano passado. Agora, a dúvida é quão robusta e sustentável vai ser essa recuperação. A inflação ainda é muito alta, próxima de 100%. O desemprego também está muito elevado”, comentou.

    A produção industrial da Argentina registrou uma queda de -9,4% no acumulado de 2024. Apesar do número negativo, a taxa é menor que a de abril de 2024, quando a indústria registrou uma retração de -15,4%, considerando os 12 meses anteriores. Os dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec).

    Por sua vez, o presidente Javier Milei tem sustentando que a economia está em “franca recuperação”, destacando como grande mérito da sua gestão a queda da inflação e a redução das despesas públicas.

    Inflação Argentina acumulada dos últimos 12 meses
    Inflação Argentina acumulada dos últimos 12 meses – Arte/EBC

    Pobreza

    A recessão do país vizinho fez a pobreza disparar na Argentina de 38,7% da população, no primeiro trimestre de 2023, assim que Milei assumiu o governo, para 54,8% da população no primeiro trimestre de 2024, segundo o Observatório da Dívida Social da Argentina, da Universidade Católica do país.

    Ao longo do ano passado, os indicadores de pobreza melhoraram, chegando novamente em torno dos 38% da população no terceiro trimestre de 2024. Segundo os pesquisadores do Observatório, a queda na pobreza deve ser analisada com cautela, uma vez que outros serviços registraram aumento de custos.

    “A queda do nível de pobreza não implica que as famílias tenham recuperado os níveis de consumo já reduzidos que existiam antes do ajuste: o aumento dos custos fixos dos serviços de transporte, comunicação, eletricidade, água, gás, etc. faz que a capacidade de consumir alimentos e outros bens básicos na verdade caiu”, afirmam.

    São consideradas pobres as famílias que têm uma renda que consegue cobrir os custos da cesta básica de alimentação, mas não sobra dinheiro para outros gastos, como saúde, educação e roupas. Já a classificação de indigente é para as famílias que têm uma renda abaixo do valor da cesta básica alimentar.

    Outro indicador utilizado para medir a pobreza é a chamada pobreza multidimensional que, além de considerar a renda das famílias, avalia se elas têm acesso a serviços básicos, como moradia digna, água, saneamento, emprego e seguridade social.

    No caso desse indicador, houve uma piora em 2024, com a pobreza multidimensional passando de 39,8% em 2023 para 41,6% da população no ano passado. “Esses dados permitem-nos inferir na realidade uma acentuação de privações estruturais entre as famílias sujeitas à pobreza de renda”, afirmou o Observatório.

    Índice de pobreza e indigência na Argentina
    Índice de pobreza e indigência na Argentina – Arte/EBC

    FONTE: Agencia Brasil
    Queda da inflação na Argentina é resultado de recessão, diz economista | Agência Brasil

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    Diálogo é saída para superar tarifas dos EUA, diz CEO da Amcham

    Para Abrão Neto, experiência anterior mostra que compor com governo Trump reduz impactos econômicos e pode garantir manutenção de interesses brasileiros.

    CEO da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), Abrão Neto, 42 anos, afirma que o “diálogo” é a solução para que o governo brasileiro reduza os impactos das medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que reassumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, o republicano vem impondo tarifas de importação a outros países. Já anunciou sobretaxas no aço e no alumínio que atingem o Brasil, assim como indicação de barreiras para o etanol.

    Abrão Neto divulga nesta 2ª feira (17.fev.2025), na arena da Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, a pesquisa anual “Plano de Voo 2025”, em evento realizado em parceria com o Poder360. O levantamento exclusivo com 775 empresários, ouvidos entre 16 de dezembro e 21 de janeiro, trata de questões internas do Brasil, como riscos econômicos, reforma tributária e crescimento dos negócios, e também de questões envolvendo a relação com os EUA. Eis a íntegra (PDF – 481 KB). “Se nós fizermos uma avaliação do que aconteceu em 2018, no primeiro mandato do Trump, quando também houve a aplicação de sobretaxa sobre o aço e o alumínio, o Brasil conseguiu uma negociação para o setor do aço que foi positiva para o setor e para os interesses brasileiros”, disse o CEO da Amcham nesta entrevista ao Poder360, em que ele aborda a conjuntura nacional e internacional.

    Assista à entrevista (16min04s):

    Leia a entrevista:

    Poder360 – A pesquisa “Plano de Voo 2025” diz que 72% dos empresários afirmam que a incerteza do cenário econômico brasileiro é o principal desafio para o crescimento. O que é preciso para dissipar essa incerteza?

    Abrão Neto –  Essa pesquisa mostra resultados muito interessantes e atualizados da percepção do setor empresarial sobre o  desempenho da economia em 2025. Por um lado, há um sentimento de certo otimismo, quando 92% dos participantes dessa pesquisa indicam uma expectativa de crescimento nas suas receitas. Crescimento esse que viria pelo aumento do mercado doméstico, pelo aumento das suas produções e vendas e também por ganhos de eficiência. Desses 92%, mais de um terço entende que os seus ganhos em 2025 serão superiores a 15%, ou seja, um percentual bastante relevante. Agora, esse otimismo vem temperado por um conjunto muito significativo de desafios, tanto em relação à economia como em relação à política. Esses foram os dois fatores principais de desafios [apontados na pesquisa] para o bom resultado das empresas em 2025. Em primeiro lugar, são os fatores econômicos; em segundo lugar, a incerteza política.

    Dentro da dimensão econômica, são conhecidos os principais elementos de apreensão do setor empresarial, a começar pelos juros crescentes, passando pelo equilíbrio fiscal —há muita preocupação em relação a um deficit fiscal e ao crescimento da dívida pública. Também há uma preocupação com a inflação. E, por fim, com o câmbio. Então, esses quatro grandes elementos que influenciam diretamente a atuação das empresas estão no radar de acompanhamento e terão, obviamente, um impacto direto no resultado dos negócios neste ano. Importante destacar que, no cenário econômico, existem elementos internos —o nosso cenário interno é desafiador por essas questões —, mas há também uma conjuntura internacional bastante delicada e que inspira cuidados. Isso também apareceu na pesquisa.

    Mas o que, internamente, o governo precisa fazer para dissipar essa essa incerteza? Acho que a discussão principal hoje está muito relacionada ao equilíbrio fiscal. Então, é a adoção de medidas adequadas para estabilizar esse cenário fiscal, estabilizar o deficit público e, com isso, gerar mais confiança nos agentes de mercado, retomada e crescimento de investimentos, um quadro econômico que permita tanto um crescimento saudável do PIB —a previsão do Boletim Focus, para esse ano, é de 2% —e também um quadro que leve a um retrocesso, uma redução dos juros nos próximos anos.
    Levando em consideração a guerra comercial aberta, levada adiante pelo presidente Donald Trump agora no início do seu mandato, como isso deve afetar? Qual o impacto para o Brasil? E qual o impacto, na sua avaliação, para os negócios?

    Brasil e Estados Unidos têm uma relação comercial e econômica extremamente importante. Os Estados Unidos são a principal economia do mundo, e as políticas adotadas pelos governos americanos têm uma influência determinante nos rumos da economia mundial.

    A pesquisa também mostra que o principal fator de atenção no cenário externo são as medidas e políticas da nova administração americana. Então, há, obviamente, uma consciência, um interesse e um reconhecimento do impacto que essas novas medidas, as novas prioridades do governo Trump, trarão para a economia mundial, em particular para a economia brasileira.

    E aí eu acho que há algumas dimensões pelas quais essa análise pode ser feita. Primeiro ponto de vista macroeconômico: várias das medidas que vêm sendo anunciadas pela nova administração dos Estados Unidos são consideradas medidas que podem ter um viés inflacionário para alta. Então, restrições de migração, restrições comerciais, restrição de arrecadação —tudo isso pode ter um impacto inflacionário. Um exemplo: um estudo da Goldman Sachs fala que, para cada aumento de 10 pontos percentuais no imposto de importação dos Estados Unidos, isso pode se traduzir no aumento de 1 ponto percentual na inflação americana.

    Só para deixar claro que é um impacto inflacionário nos Estados Unidos.

    É um impacto inflacionário nos Estados Unidos, mas um impacto inflacionário nos Estados Unidos que, se concretizado, tem um efeito sobre todo o mundo. Se os Estados Unidos, para conter uma alta da inflação, precisam elevar os seus juros, isso muda o equilíbrio em todo o globo e afeta todas as demais economias, em particular as economias emergentes, aí incluído o Brasil. Então, a dimensão macroeconômica e como as políticas dessa nova administração vão afetar os fundamentos econômicos —e isso, por consequência, se distribuir pela economia global —é um ponto fundamental.

    O outro ponto diz respeito às medidas comerciais. No primeiro dia de governo, Trump anunciou a sua nova política comercial, e essa nova política comercial é muito calcada na utilização de tarifas. Várias tarifas já foram anunciadas contra Colômbia, México, Canadá e China. Recentemente, tarifas contra todas as importações americanas de aço e alumínio, que inclusive afetam o Brasil. E é interessante que, em todas elas, ou em grande parte delas —Colômbia, México e Canadá —, houve negociações entre os governos desses países e o governo americano, chegando a soluções, em alguns casos, temporárias.

    E aí, a pesquisa nos traz talvez o que seja a indicação mais relevante dela: para grande parte desses respondentes, para 60% dos participantes, o Brasil deveria ter uma postura proativa em relação aos Estados Unidos. Deveria buscar se aproximar, ampliar o seu diálogo de maneira a explorar novas oportunidades à luz de uma nova conjuntura e também conseguir resolver de maneira satisfatória, construtiva e amigável eventuais questões que surjam na relação bilateral, como, por exemplo, essa anunciada agora, das restrições do aumento de sobretaxas no aço e alumínio.

    Então, isso indica claramente qual é a visão do setor empresarial em relação à forma como o Brasil deve buscar se relacionar com os Estados Unidos, de uma maneira construtiva e positiva.

    A pesquisa fala sobre como o Brasil deve agir. Como o senhor avalia a ação do Brasil? Porque foi uma ação, a princípio, de cautela. Lembrando que o presidente brasileiro já chegou a dizer na época da campanha de 2024 que o retorno do Donald Trump seria “fascismo e nazismo voltando a funcionar com outra cara”. Então, existe um tensionamento político anterior, mas existem também as atitudes atuais do governo em relação a essa sobretaxa do aço e do alumínio, principalmente. Queria uma avaliação do senhor sobre as reações de cautela e observação do governo brasileiro agora e como essa relação de cautela e observação do governo brasileiro agora e como essa relação política de Lula — verbal— pode influenciar a relação entre Brasil e Estados Unidos.

    Olha, o melhor caminho para se buscar resolver desentendimentos e solucionar essas medidas que foram anunciadas —e novas medidas que serão anunciadas pelo governo americano —é o diálogo. Não há dúvida alguma de que o diálogo, a negociação e a composição oferecem as melhores soluções para preservar os interesses brasileiros e para permitir a continuidade de um fluxo muito importante de comércio e investimentos entre Brasil e Estados Unidos.

    Os Estados Unidos são o principal mercado de exportação de bens industriais do Brasil. Hoje, existem quase 10.000 empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos, e os Estados Unidos são o principal investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de investimentos de mais de US$ 350 bilhões. Então, quando a gente discute uma relação desse porte econômico, com interesses importantes de ambos os lados, a solução é certamente a negociação.

    O governo brasileiro é um governo experiente. Até o momento, todas as reações em relação às sobretaxas do aço e do alumínio têm sido colocadas de maneira muito ponderada, indicando cautela e interesse em abrir conversas com o governo americano.

    Se nós fizermos uma avaliação do que aconteceu em 2018, no primeiro mandato de Trump, quando também houve a aplicação de sobretaxas sobre o aço e o alumínio, o Brasil conseguiu uma negociação para o aço que foi positiva para o setor e para os interesses brasileiros. E se nós observarmos agora as medidas recentes, como eu comentei, com o México, com a Colômbia e com o Canadá, houve interesse do lado americano e disposição desses parceiros para negociar. Nós acreditamos que essa é a melhor saída, que essa tem sido e deve continuar sendo a postura do governo brasileiro, e que isso vai permitir impulsionar os negócios entre os dois países.

    E o tensionamento político

    O tensionamento político: nós estamos falando de um relacionamento de Estado. Entre dois Estados soberanos, que além dos seus governos, têm uma trajetória longa e muito sólida de relacionamento. Eu acredito que uma visão de Estado prevalece nesse momento e que os interesses de se buscar ter um bom relacionamento também prevalecerão e abrirão um caminho para uma possível construção de soluções negociadas.

    Queria voltar um pouco para os aspectos mais internos abordados na pesquisa “Plano de Voo 2025”, que é o impacto da reforma tributária aprovada pelo governo. Trata-se de uma reforma tributária com foco na questão dos impostos sobre consumo, e a pesquisa diz que esse impacto da reforma sobre a competitividade, no médio prazo, vai ser positivo. Ou seja, essa competitividade vai melhorar: 47% dos empresários ouvidos dizem que vai melhorar. Então, de certa forma, há um certo otimismo. Mas o governo, quando foi eleito —e mesmo depois de eleito —falou também de uma reforma no Imposto de Renda. E uma reforma no Imposto de Renda é uma reforma que mexe estruturalmente em questões de desigualdade —e a desigualdade é uma chaga histórica brasileira. O senhor acha que existem condições políticas para o governo aprovar uma segunda reforma tributária com foco no Imposto de Renda?

    A aprovação da reforma tributária sobre o consumo aconteceu de maneira inédita depois de quase 30 anos de discussão, em que, nos últimos anos, houve um amadurecimento e uma evolução muito grande no debate público. Essa maturidade certamente foi determinante para se criar as condições políticas que permitiram a aprovação dessa reforma sobre o consumo.

    A pesquisa traz dados muito interessantes que mostram que 47% esperam ganhos de médio prazo na sua competitividade. É bom também pontuar o outro lado: 30% entendem que haverá aumento de complexidade e perda de eficiência tributária. Então, ainda há um momento de análise, entendimento e compreensão por parte das empresas sobre como essas mudanças, bastante estruturantes, vão afetar sua atuação.

    Outro ponto muito interessante que nós perguntamos é sobre a avaliação da capacidade e da dificuldade de adaptação. Aqui, 47% também entenderam que essa adaptação vai acontecer, obviamente, e grande parte dela com necessidade de ajustes, mas são ajustes factíveis. Isso é uma boa notícia, e a gente espera que essa reforma melhore o ambiente de negócios do Brasil.

    A discussão sobre a reforma da renda tem menos maturidade do que a reforma sobre o consumo. Então, eu entendo que ainda há um caminho pela frente: uma discussão com a sociedade, uma discussão com o Congresso, uma discussão mais ampla para que se avalie quais são as condições de se avançar ou não. E o tempo é, obviamente, relativamente curto, em razão da perspectiva de eleições presidenciais em 2026.

    FONTE: Poder 360
    Diálogo é saída para superar tarifas dos EUA, diz CEO da Amcham

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    Brasil tem déficit comercial com a China pela primeira vez na história recente

    Pela primeira vez no histórico recente do comércio exterior, o Brasil iniciou o ano com um déficit inédito no intercâmbio com a China, principal parceiro comercial desde 2009.

    Em janeiro, a balança registrou superávit chinês de US$ 583 milhões, resultado de exportações brasileiras de US$ 5,470 bilhões frente a importações de US$ 6,052 bilhões.

    Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

    Em janeiro, as exportações para a China recuaram 30%, reduzindo a participação chinesa no total de vendas externas brasileiras, de 24,7% em 2024 para 21,7% em 2025. No mesmo mês do ano passado, as exportações somaram US$ 7,890 bilhões (alta de 53,1% em relação a janeiro de 2023), mas caíram para US$ 5,470 bilhões neste ano.

    A mudança drástica de uma balança tradicionalmente superavitária para um déficit foi impulsionada pela forte retração nos embarques de petróleo, minério de ferro e soja — produtos que, juntos, respondiam por 80% das exportações brasileiras para a China, mas em janeiro de 2025 representaram apenas 61%.

    Petróleo: Exportações somaram US$ 1,58 bilhão (queda de 38% ou US$ 963 milhões), representando 29% do total embarcado.

    Minério de ferro: Totalizou US$ 1,43 bilhão, com retração de 27% (menos US$ 517 milhões), equivalendo a 26% das vendas.

    Soja: Teve o maior recuo: 68%, somando US$ 316 milhões (queda de US$ 677 milhões), com participação reduzida para 6% nos embarques totais.

    China amplia exportações ao Brasil em meio a medidas protecionistas

    Apesar da queda nas compras brasileiras, a China ampliou em 19,6% suas exportações para o Brasil em janeiro, totalizando US$ 6,052 bilhões. Com isso, a participação chinesa nas importações brasileiras subiu de 24,7% em janeiro de 2024 para 26,1% neste ano.

    Confira abaixo um histórico das importações brasileiras da China. Os dados são do DataLiner:

    Importações de contêineres para a China| Jan 2021 – Dez 2024 | TEUs

    Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

    O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ponderou que os números de janeiro não bastam para prever o cenário anual.

    Segundo ele, “é preciso observar o comportamento da balança nos próximos três ou quatro meses para uma avaliação mais precisa do intercâmbio com os chineses em 2025”.

    O especialista chama a atenção também para as transformações profundas no comércio exterior com as taxações impostas pelo presidente Donald Trump nas trocas comerciais com os principais parceiros dos Estados Unidos no comércio exterior, com profundos reflexos em todo o mundo e, consequentemente, no Brasil.

    Escalada protecionista chinesa preocupa setor agropecuário

    A retração nas exportações brasileiras ocorre em meio a medidas protecionistas adotadas pela China desde o início de 2025.

    Em janeiro, a Administração Geral de Alfândega da China (GACC) suspendeu as exportações de soja de cinco unidades brasileiras, alegando descumprimento de requisitos fitossanitários. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) espera a retomada das exportações até março.

    Além da soja, as exportações brasileiras de carne também foram afetadas. A China, principal destino da carne bovina brasileira, comprou 92.797 toneladas em janeiro, gerando US$ 452 milhões em receita — uma leve queda em relação ao mesmo período de 2024.

    Em janeiro ainda, a GACC anunciou ainda a suspensão de importações de carnes de diversos países, justificando a decisão com base em surtos de varíola ovina, varíola caprina e febre aftosa detectados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os países afetados estão Gana, Somália, Catar, Congo, Nigéria, Tanzânia, Egito, Bulgária, Timor-Leste e Eritreia.

    Além disso, o bloqueio se estendeu à Alemanha devido à detecção de febre aftosa, com proibição de importação de animais de dedos pares e seus derivados. O Brasil, até o momento, não está incluído nessas restrições.

    No final do ano passado, o Ministério do Comércio da China anunciou o início uma investigação abrangente sobre as importações de carne bovina, afetando todos os países exportadores, incluindo o Brasil, um dos maiores fornecedores da proteína animal.

    A crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China, intensificada após a posse de Donald Trump, também pode remodelar o cenário do agronegócio brasileiro.

    O presidente norte-americano prometeu adotar e já vem adotando medidas protecionistas contra a China, reacendendo a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

    Para o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, esse cenário pode abrir espaço para o Brasil ampliar sua participação nas exportações ao mercado chinês.

    “Enxergamos a movimentação do governo Trump como uma possível oportunidade. O Brasil está preparado para produzir com competitividade e suprir essa demanda”, afirmou Fávaro.

    O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), também vê potencial de ganhos para o Brasil, mas com cautela:

    “As tarifas impostas pelos Estados Unidos à China e as retaliações chinesas podem beneficiar nossas exportações. No entanto, precisamos ficar atentos, pois o Brasil também disputa espaço com os Estados Unidos e pode se tornar alvo de políticas protecionistas americanas”, alertou Lupion em entrevista à Jovem Pan.

    Fonte: Agrofy News
    https://news.agrofy.com.br/noticia/206631/brasil-tem-deficit-comercial-com-china-pela-primeira-vez-na-historia-recente

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    Alckmin diz que EUA têm mais produtos de exportação com alíquota zero que Brasil

    Alckmin também repetiu que o Brasil não representa um problema comercial para os EUA, porque a balança comercial entre os dois países é equilibrada

    O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira (13) que os Estados Unidos têm mais produtos exportados com alíquota zero ao Brasil do que o Brasil têm nas vendas para os Estados Unidos.

    “Quando a gente analisa os dez produtos que nós mais exportamos para os EUA, dos dez produtos que mais exportamos, (em) quatro a alíquota é zero”, afirmou Alckmin a jornalistas na sede do ministério, em Brasília. “Quando nós importamos dos EUA, oito produtos é (tarifa) zero para entrar no Brasil”, acrescentou.

    Mais cedo nesta quinta-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas recíprocas sobre países que têm taxas de importação sobre produtos norte-americanos.

    Na entrevista, Alckmin também repetiu que o Brasil não representa um problema comercial para os EUA, porque a balança comercial entre os dois países é equilibrada. Segundo ele, a intenção do governo brasileiro é buscar o diálogo com os EUA sobre as tarifas.

    FONTE: InfoMoney
    Alckmin diz que EUA têm mais produtos de exportação com alíquota zero que Brasil

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    Brasil tem condições de chegar a acordo com EUA sobre tarifas de Trump, diz AEB

    Presidente da associação de comércio exterior diz que Brasil tem histórico de bom negociador e ideologias diferentes entre os governos não se sobrepõem a vontades comerciais

    O “tarifaço” de 25% anunciado pelo governo dos Estados Unidos contra o aço e o alumínio brasileiros certamente vai impactar a competitividade da indústria nacional, mas há fortes possibilidades de flexibilização e até de retirada das tarifas. Essa é a visão de Arthur Pimentel, presidente do conselho de administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Segundo ele, o Brasil conseguiu resolver impasses desse tipo no passado, inclusive durante o primeiro governo do presidente Donald Trump – tarifas semelhantes foram anunciadas em seu primeiro mandato, mas posteriormente revogadas e transformadas em cotas.

    “Temos que nos preparar, sim, para a aplicação dessas tarifas. Mas o Itamaraty tem uma quilometragem de experiência nesse tipo de tratativa”, disse Pimentel, ao InfoMoney. Ele elogiou a atuação imediata do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) que se reuniu, ontem à noite mesmo, com o Departamento de Defesa Comercial (Decom) para “colocar na mesa o que pode ser feito”.

    “Também é importante ter as entidades de classe participando dessas conversas”, afirmou o chairman. Para Pimentel, a retórica de Trump é horizontal e abrangente, ou seja, vale para a indústria inteira. Mas quando as discussões chegam em aspectos pontuais, há sempre espaço para flexibilizações.

    Isso mesmo em um Brasil governado por um presidente que é um crítico explícito à gestão do presidente recém-empossado. Vale lembrar que, na primeira era Trump, o governo brasileiro estava mais alinhado ideologicamente com o americano.

    “Não há ideologia crítica o suficiente para barrar uma vontade comercial”, disse Pimentel.

    O chairman da AEB diz que compreende a atitude defensiva de Trump para proteger o mercado interno americano, sobretudo da China, mas avalia que a imposição de tarifas também força o Brasil a buscar outros mercados. “Certamente vão aparecer outras oportunidades, é preciso buscá-las”, afirmou Pimentel.

    Confira outros trechos da entrevista com o presidente do conselho de administração da AEB, Arthur Pimentel. O texto passou por edições para facilitar a compreensão do leitor.

    Arthur Pimentel: O momento agora é delicado. São várias frentes que podem ser abertas e é preciso um diálogo entre técnicos do governo brasileiro e suas partes equivalentes nos Estados Unidos para verificar quais são essas possibilidades. Agora, a indústria brasileira precisa preparar seu chão de fábrica, sua logística e fluxos para possíveis prejuízos e reduções em suas carteiras. Mas tenho convicção que as coisas vão correr bem, pois no passado também passamos por isso e o Brasil conseguiu linhas alternativas de comércio. Apesar do Trump ter sido taxativo em sua retórica, acho que ainda tem muita água para rolar nessas conversas.

    Arthur Pimentel: Nós temos um comércio muito equilibrado com os Estados Unidos, eles tem um olhar de parceria com o Brasil. As condições geopolíticas estão um pouco diferentes das do passado, mas o contexto é o mesmo – eles têm um alvo maior, que a China. Na primeira gestão de Trump, o Brasil negociou alternativas à exaustão e os EUA aceitaram uma cota no lugar da taxa. Não dá para dizer o que vai acontecer agora, mas essa, por exemplo seria uma boa saída. Fora outras possibilidades que poderão existir dentro das negociações.

    AP: Mesmo com todos os seus problemas, é um país que tem se mostrado um bom negociador. E mostrou isso, principalmente, com os Estados Unidos, superando vários outros obstáculos com várias outras mercadorias. A guerra do aço é antiga, os produtos do aço são esteira básica para alimentar diversas cadeias industriais, principalmente a automobilística, a menina dos olhos americanos. Ao mesmo tempo que, por exemplo, os EUA cutucam o México por uma força política, eles precisam incentivas o país vizinho porque precisam dessa troca comercial. Com base nisso e dado o histórico do Brasil em relação a acordos com outros blocos, eu estou otimista. E acrescento que a iniciativa privada tem que ajudar o governo brasileiro a ter mesma altura de mesa nessa negociação, para que possamos ter alternativas, outras variáveis que possam compensar uma eventual manutenção de tarifas mais elevadas.

    FONTE: Infomoney
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    Brasil é 2º fornecedor de aço e ferro aos EUA; fatia nunca foi tão grande

    Aumento do imposto anunciado por Donald Trump ocorrerá no melhor momento da história para a indústria siderúrgica brasileira no mercado americano

    Brasil nunca teve uma participação de mercado tão grande no disputado mercado de aço e ferro nos Estados Unidos. Em 2024, americanos compraram US$ 4,677 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) em produtos brasileiros do conjunto de “Aço e Ferro”. Com o valor, o Brasil foi o segundo maior fornecedor aos EUA.

    Dados da Administração de Comércio Internacional do governo americano mostram que o aumento do imposto anunciado por Donald Trump ocorrerá no melhor momento da história para a indústria siderúrgica brasileira nos EUA.

    Em 2024, o Brasil foi o vendedor de 14,9% de todo o grupo que inclui aço e ferro como matéria-prima. Nunca o Brasil teve uma participação tão grande naquele mercado.

    No chamado “código 72” do sistema harmonizado de mercadorias estão os produtos semimanufaturados de ferro ou aço, além do ferro fundido bruto. Esses itens respondem por boa parte das exportações siderúrgicas aos EUA.
    O Brasil ficou atrás apenas do Canadá, que respondeu por 24,2% daquele mercado. Depois do Brasil, estão México (10,1%), Coreia do Sul (5,9%) e Alemanha (4,6%).

    O Brasil é relevante para os EUA como fornecedor de aço e ferro – com cerca de um quinto do mercado, mas os americanos são ainda mais importantes para os brasileiros.

    Dados do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, mostram que os EUA foram destino de 47,9% das exportações do grupo de aço e ferro em 2024. Nenhum outro cliente é tão essencial para as siderúrgicas brasileiras como os americanos.

    O segundo maior comprador do Brasil é a China, mas a fatia é bem menor: 10,7% dos embarques de aço e ferro.

    Mercado de mais de US$ 100 bilhões

    As medidas anunciadas por Trump em pleno fim de semana afetam importações anuais que superam os US$ 100 bilhões.

    Em 2024, foram US$ 31,3 bilhões em importações de aço e ferro – segmento em que o Brasil é mais afetado, com US$ 4,677 bilhões.

    Também foram registrados US$ 49,7 bilhões na compra de partes de aço e ferro. Nesse segmento, a participação do Brasil é mais tímida: 0,6% do total importado pelos EUA com US$ 306 milhões no ano passado.

    As tarifas afetam ainda outros US$ 27,4 bilhões em partes de alumínio. Nesse segmento, o Brasil também tem posição mais modesta, com 1% das importações dos EUA ou US$ 272 milhões em 2024.

    Fonte: CNN Brasil

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    Guerra comercial entre China e EUA pode piorar? Entenda

    Logo após entrar em vigor uma nova tarifa de 10% sobre todos os produtos chineses enviados aos EUA, a China respondeu com uma tarifa de 15% sobre alguns produtos americanos

    Os primeiros golpes foram trocados entre os Estados Unidos e a China, no que pode equivaler a uma disputa comercial de curta duração, com consequências econômicas limitadas, ou ao início de mais uma longa e dolorosa guerra comercial que lembra o primeiro mandato do presidente Donald Trump.

    Imediatamente após uma nova tarifa de 10% sobre todos os produtos chineses enviados para os EUA entrar em vigor na terça-feira (4), a China respondeu anunciando uma tarifa de 15% sobre alguns produtos que importa dos EUA: certos tipos de carvão e gás natural liquefeito e uma tarifa de 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas, carros de grande cilindrada e caminhonetes.

    Essas tarifas devem entrar em vigor na segunda-feira (10).

    O Ministério do Comércio da China também adicionou duas empresas americanas — a empresa de biotecnologia Illumina e a varejista de moda PVH Group, dona da Calvin Klein e da Tommy Hilfiger — à sua lista de entidades não confiáveis, dizendo que elas “violaram os princípios normais de negociação do mercado”.

    A medida prejudica significativamente a capacidade das empresas de fazer negócios na China.

    É possível que Trump e o presidente chinês Xi Jinping pelo menos concordem em adiar essas ações para se engajarem em mais diálogos, assim como os líderes do México e do Canadá fizeram antes que as tarifas dos EUA sobre os produtos de seus países fossem colocadas em prática.

    “Se um acordo semelhante não for alcançado, então acredito que ele tem potencial para ser bastante intenso”, disse Clark Packard, pesquisador do Centro Herbert A. Stiefel de Estudos de Política Comercial do Cato Institute.

    Esse resultado não parece provável, já que Trump e Xi não conversaram na terça-feira. “Não estou com pressa”, disse Trump aos repórteres naquele dia.

    próximo melhor resultado seria que ambas as nações evitassem novas medidas de escalada, como impor tarifas mais altas. O júri está longe de decidir sobre isso.

    Um impacto limitado na economia dos EUA — por enquanto

    A tarifa que Trump colocou sobre todos os produtos chineses, que ele vinculou em parte ao suposto papel do país de fornecer fentanil e outras drogas ilegais para os EUA, pode fazer com que os consumidores americanos paguem mais por uma ampla gama de produtos.

    Isso inclui eletrônicos de consumo, brinquedos e vestuário, todos os quais estão entre alguns dos principais produtos que os EUA importaram da China no ano passado, de acordo com dados comerciais federais.

    Mas não são apenas os bens que os consumidores compram que podem ficar mais caros. Muitos bens que os EUA importam são matérias-primas, como borracha, plástico e produtos químicos, que as empresas americanas precisam para fazer produtos acabados vendidos em lojas e online.

    “Aumentar os custos dessas importações seria difícil para essas empresas”, disse Packard.

    Ao mesmo tempo, os preços podem não subir tanto se as empresas dos EUA puderem importar produtos que receberam da China de outras nações que enfrentam tarifas mais baixas. A perda de clientes pode prejudicar as empresas chinesas e levar à perda de empregos.

    Da mesma forma, empresas norte-americanas que exportam produtos para a China e que estão prestes a enfrentar as novas tarifas podem sofrer e ser forçadas a demitir funcionários.

    No total, os produtos que a China importa dos EUA cobertos pelas novas taxas valiam US$ 23,6 bilhões em 2024, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence.

    Esse total teria sido muito maior se a China tivesse escolhido aplicar uma tarifa igual de 10% sobre todos os produtos dos EUA exportados para lá, o que, em comparação, totalizou mais de US$ 130 bilhões no ano passado.

    De mal a pior

    Economistas do Morgan Stanley não esperam que Trump pare nas tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses, já que durante a campanha ele prometeu chegar a 60%.

    “Ainda esperamos que os EUA imponham mais tarifas à China no final deste ano como parte de suas metas maiores de política comercial”, disseram eles em nota aos clientes na terça-feira. Isso provavelmente convidará mais retaliações da China.

    Há também uma preocupação persistente de que os EUA não enfrentarão apenas uma guerra comercial unilateral com a China, mas sim uma guerra tripla.

    Isso pode acontecer se Trump acabar seguindo adiante com tarifas de 25% sobre o México e o Canadá após o novo prazo de 1º de março que ele estabeleceu, e os dois países, assim como a China, retaliarem com tarifas mais altas sobre produtos dos EUA.

    A situação pode ficar feia para a economia dos EUA muito em breve.

    Supondo que o Canadá e o México respondam implementando uma tarifa de 10% sobre todos os produtos dos EUA e que a China aplique uma tarifa geral de 5%, os economistas do Citibank preveem que a economia dos EUA se contrairá a uma taxa anual de 0,8% este ano e -1,1% no próximo ano, supondo que as tarifas permaneçam em vigor.

    A economia da China, no entanto, se contrairia em uma quantidade menor em comparação com a dos EUA neste ano e no próximo. As economias do Canadá e do México, no entanto, sofreriam golpes muito maiores em comparação com a dos EUA, preveem economistas do Citi.

    Dito isso, os riscos por si só das tensões entre os EUA e a China são “consequentes”, disse Nathan Sheets, economista-chefe global do Citi, à CNN.

    “Aumentos consideráveis ​​adicionais nas tarifas podem interromper as cadeias de suprimentos e a produção, com implicações adversas para o emprego e o crescimento dos EUA.”

    “É realmente difícil quantificar esses efeitos — mas eles seriam apreciáveis ​​por qualquer medida”, disse ele.

    FONTE: CNN Brasil
    Guerra comercial entre China e EUA pode piorar? Entenda | CNN Brasil

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    BC diz que alta dos alimentos vai se propagar pela economia e que descumprirá a meta de inflação

    Banco Central sob a presidência de Gabriel Galípolo avisou na Ata do Copom desta terça-feira, 4, que deve descumprir a meta de inflação já na largada, agora sob o regime de “meta contínua”.

    Em outras palavras, isso quer dizer que a inflação vai ficar acima do teto de 4,5% por seis meses consecutivos, de janeiro a junho, o que configuraria o descumprimento. A partir de 2025, o descumprimento da meta deixa de ser medida pelo ano calendário, ou seja, pelo resultado de dezembro de cada ano, e passa a ser computado se ficar acima do intervalo de tolerância por seis meses.

    Na reunião da semana passada, a primeira sob a presidência de Galípolo, o BC elevou a Selic em um ponto percentual, para 13,25%. Foi o quarto aumento consecutivo da taxa básica de juros, que marcava 10,5% em setembro do ano passado.

    BC reafirmou em ata que vai subir a Selic em um ponto percentual na reunião de março Foto: José Cruz/Agência Brasil

    Na Ata, o BC também reafirmou que vai subir a Selic em um ponto percentual na reunião de março, mas não quis, assim como no comunicado da reunião, dar outro “forward guidance” (indicação futura) para a reunião de maio.

    De toda forma, ele enfatizou que o ciclo total de alta dos juros será guiado pelo “firme compromisso de convergência de inflação à meta”, o que sinaliza a continuidade do aperto, mesmo que não seja no ritmo de um ponto.

    Pela Ata, o BC indica que há pressão sobre a inflação de todos os lados, mostrando um cenário desafiador para a política monetária.

    “O cenário prospectivo de inflação segue desafiador em diversas dimensões. O Comitê analisou a atividade econômica, a demanda agregada, as expectativas de inflação, a inflação corrente e o cenário internacional”, afirmou.

    Pelo lado externo, principalmente com as incertezas provocadas por Donald Trump nos EUA, há o fortalecimento do dólar, o que torna os bens industriais importados pelo Brasil mais caros.

    Isso também é reforçado pelo risco fiscal no Brasil, que aumenta as incertezas dos investidores e desvaloriza a nossa moeda.

    “No período recente, a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida seguiu impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, diz o Banco Central.

    Internamente, o BC vê a economia sobreaquecida, com o mercado de trabalho mais forte (o desemprego está na mínima histórica), o que pressiona a inflação de serviços.

    E há ainda um alerta sobre a indexação da nossa economia, que terá o efeito de transformar, por exemplo, um choque temporário dos alimentos em permanente.

    É isso que o BC quer dizer quando afirma que “esse aumento (dos alimentos) tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”.

    A Ata indica mais uma vez que o BC não vai deixar de cumprir o seu papel de combate à inflação. Mas ganha tempo para avaliar o cenário até maio, diante da volatilidade internacional que tem sido provocada principalmente pelas medidas de Trump com as barreiras comerciais.

    De todo modo, há o pedido, mais uma vez, para que as políticas monetária e fiscal sejam “harmoniosas”. Ou seja, para que o governo Lula de fato corte gastos. Caso contrário, ainda não há limite, pelas indicações do BC, para o aumento dos juros no País.

    FONTE: O ESTADÃO
    BC diz que alta dos alimentos vai se propagar pela economia e que descumprirá a meta de inflação – Estadão

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    Como as ações de Trump impactam o bolso dos brasileiros

    O presidente Donald Trump tem recuado em aplicar as ações anunciadas

    As ameaças tarifárias feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump já afeta o bolso dos brasileiros, mesmo que de maneira indireta. Contudo, mesmo que as medidas não sejam diretas ao Brasil, se confirmadas, o tarifaço de Trump pode afetar a economia brasileira.

    Um dos efeitos das ações de Trump é uma onda de instabilidade no mercado mundial, pois sempre que incertezas se formam no cenário econômico do mundo, os investidores compram dólares para se proteger de eventuais turbulências.

    Além disso, as ações protecionistas de investidores provocam uma pressão inflacionária, em especial nos países emergentes. Um exemplo disso é que todas as vezes que Trump fala sobre as sobretaxas, o dólar oscila.

    Na segunda-feira (3), a moeda americana disparou com o anúncio da decisão do republicano de impor tarifas de 25% para o Canadá e o México, além de 10% para a China. O dólar registrou uma alta de mais de 1%, cotado a R$ 5,90, por volta das 12 horas.

    Entretanto, o presidente Donald Trump tem recuado em aplicar as ações anunciadas. Isso leva especialistas a acreditarem que tudo é uma estratégia do presidente para obter concessões de países com os quais os EUA já mantêm pendências.

    Na segunda-feira (3), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump também deverá conversar com o presidente da China, Xi Jinping, “provavelmente nas próximas 24 horas”, a respeito da questão das sobretarifas.

    FONTE: GUARAREMA NEWS
    Como as ações de Trump impactam o bolso dos brasileiros – Guararema News

     

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