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Agronegócio dá sinais de recuperação

O ritmo acelerado das colheitadeiras permitiu recuperar o atraso inicial no plantio e já avançava para 67% da área de soja esperada para o ciclo 2024/25 ao final da primeira semana de novembro, no acompanhamento da Agroconsult.

No ano passado, na mesma época, as máquinas haviam coberto 60% da área total a ser plantada, lembra André Pessoa, CEO da consultoria, diante de 63% na média dos últimos cinco anos. Em seu levantamento de outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previa um novo recorde para a produção de grãos na safra em curso, algo em torno de 322,53 milhões de toneladas, frente a 297,98 milhões de toneladas no ano agrícola anterior, com alta de 6,3% para a produtividade e avanço de 1,8% para a área total.

As estimativas em geral indicam recuperação para uma colheita histórica no caso da soja, estimada em 167 milhões de toneladas pela analista do Rabobank Marcela Marini, em incremento de 9% frente à safra 2023/24. Os preços do grão em Chicago, complementa, baixaram 22% neste ano, mas tiveram alta de 8% em reais, refletindo a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar. Daniel Furlan Amaral, diretor de economia e assuntos regulatórios da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), antecipa um “potencial de produção” até mais elevado, entre 168 milhões a 172 milhões de toneladas, “dos quais 100 milhões a 104 milhões deverão ser exportados (em 2025) e outras 56 milhões a 60 milhões de toneladas devem ser processadas domesticamente para produção de farelo e óleo”.

Segundo ele, as perspectivas são otimistas para as exportações de farelo, enquanto o mercado de óleo deverá ser favorecido pelo aumento para 15% no percentual da mistura de biodiesel ao combustível fóssil a partir de março do ano que vem.

Até aqui, ressalta a Conab, as condições climáticas parecem favorecer a “perspectiva de safra recorde”. Os modelos climáticos indicavam, até o começo de novembro, reforça Pessoa, a possibilidade de ocorrência de um fenômeno La Niña moderado e de curta duração. A perspectiva desenhada para o clima até dezembro pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicava “chuvas abaixo da média para grande parte do país, principalmente no Nordeste”, mas em volumes suficientes para sustentar o desenvolvimento das lavouras.

“O agronegócio vai voltar a ser um setor importante na formação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025”, projeta Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, principalmente em razão do aumento de 8% esperado para a produção de grãos. Num cenário ainda em aberto para os preços agrícolas, muito por conta da expectativa sobre a economia chinesa no próximo ano, Vale aposta em tendência de melhora para o setor em 2025, considerando que o câmbio mantenha a tendência de depreciação e que a produção maior se confirme.

Os dados apurados no primeiro semestre deste ano pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostravam queda de 3,5% para o PIB, no conceito de renda bruta, mas elevação de 2,9% em volume, seguindo metodologia adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para aferir o comportamento das contas nacionais.

Para o restante do ano, diz Maciel Silva, diretor técnico adjunto da CNA, “o desempenho do PIB do agronegócio dependerá principalmente do comportamento dos preços e do ritmo de produção da cadeia da bovinocultura de corte”. O PIB da pecuária em seu conjunto, de fato, já havia anotado salto de 15% no primeiro semestre, sob o ponto de vista da renda real, com evolução de 0,50% em volume, diante de baixas de 1,8% e de 5,1%,respectivamente, para o setor agrícola.

A queda nos preços, comenta Silva, foi o principal vetor do desempenho da renda real no setor como um todo. Espera-se uma recuperação dos preços no último trimestre deste ano, que não deve impedir um “pequeno recuo” do PIB nos 12 meses de 2024, lembra. Em 2025, ele projeta uma reversão na tendência de queda dos últimos três anos no PIB do setor pelo potencial na produção, especialmente grãos.

Os resultados econômicos do agronegócio, de toda forma, tendem a ser díspares,com melhor desempenho esperado para culturas como café e para a pecuária.Segundo os especialistas Bruno Fonseca e Marcela Marini, do Rabobank, as margens operacionais da soja devem atingir algo ao redor de 40% na estimativa para este ano, recuando para 30% em 2025, menos da metade do retorno de 64% colhido em 2022. A rentabilidade do milho, considerando o balanço entre receitas e custos de produção, deve despencar de 8% para 4% entre este e o ano que vem, distante dos 56% alcançados em 2022. A margem operacional estimada para a safra de café em curso, diz Guilherme Morya, também analista do banco, deve atingir perto de 47%,acima da média dos últimos cinco anos, mais próxima de 31%.
Na média, pondera Pessoa, a geração de caixa no setor de grãos será suficiente para cobrir custos de produção, mas não para fazer frente a custos financeiros e à depreciação. Num cenário de rentabilidade baixa e elevação dos juros, o sistema financeiro tenderá a ser ainda mais seletivo, concentrando a alocação de crédito em empresas e produtores com balanços menos alavancados. Segundo ele, “parcela expressiva de produtores teve limites de crédito revistos para baixo pelos bancos”, sendo obrigados a buscar alternativas para financiar a atividade.

O gráfico a seguir fornece uma visão geral das exportações brasileiras de grãos de café em contêineres. As informações vêm dos dados DataLiner da Datamar.

Exportações Brasileiras de Café | Jan 2021 – Set 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)

A “virada” no ciclo pecuário, esperada para 2025 e 2026 por alguns analistas, observa Maurício Nogueira Palma, diretor da Athenagro, já estaria em curso. Os preços médios registrados pelo Cepea entre julho e novembro para a arroba do boi gordo em São Paulo subiram 12,4% na comparação com a primeira metade do ano, saindo de R$ 233 para R$ 262. Palma trabalha com a expectativa de alta em torno de 25% para o preço médio da arroba no próximo ano, algo ao redor de R$ 318. Os níveis de rentabilidade da pecuária em geral, prossegue Palma, devem crescer em todas as áreas do setor, incluindo o ciclo da bovinocultura de corte, com bons resultados para a suinocultura e, em menor intensidade, para a avicultura.

Fonte: Valor Econômico
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Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Informação, Logística, Portos

Terminal de Contêineres de Paranaguá espera ampliar embarques de algodão

Tradings e operadores logísticos vêm avaliando alternativas às exportações por Santos (SP)

O Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) espera aumentar os embarques de algodão, em meio a uma diversificação de rotas logísticas da pluma brasileira. Atualmente, as exportações do produto são amplamente dominadas pelo porto de Santos. Mas tradings e operadores logísticos vêm avaliando outras possibilidades.

Entre os locais que estão movimentando cargas da pluma, buscando ganhar espaço entre os pontos de embarque alternativos ao terminal paulista, estão portos como Itapoá (SC) e Salvador (BA). Em Paranaguá (PR), o TCP não quer ficar para trás nesta tendência.

“A estratégia de diversificação de rotas de exportação de algodão não é uma escolha. É mandatória. Se não fizer isso, não se exporta algodão, ou se exporta de uma maneira limitada, abaixo do que se prevê de meta”, analisa Giovanni Guidolim, gerente comercial, de logística e de atendimento do TCP.

Em todo o ano de 2023, o terminal de Paranaguá embarcou 50,1 mil toneladas de algodão em pluma. De janeiro a agosto de 2024, foram 22 mil toneladas. Com o Brasil assumindo a liderança mundial das exportações do produto, a administração do local acredita que é possível ganhar espaço no segmento.

Nas previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as exportações totais de algodão da safra 2024/24 devem totalizar 2,85 milhões de toneladas. Para a pluma da temporada 2024/25, a projeção é de 2,86 milhões. Neste cenário, a previsão do TCP é encerrar este ano com crescimento. E manter a tendência nos próximos.

“Começamos a retomar esse projeto do algodão em Paranaguá alguns anos atrás. Tivemos um bom volume no ano passado e projetamos continuar crescendo ano a ano. A gente vê uma dinâmica dos terminais e uma demanda do mercado necessitando de mais players na exportação de algodão”, diz Guidolim.

O algodão em pluma chega a Paranaguá por caminhões. Nos armazéns da chamada retroárea portuária, o produto é estufado em contêineres para ser exportado, e direcionado para o terminal de embarque nos navios.

Atualmente, a maior parte da pluma exportada pelo TCP é originada em Mato Grosso. A expectativa é de que volumes cada vez maiores “desçam” do Centro-oeste, considerando que a cotonicultura do Estado prevê aumento na demanda do exterior.

De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as exportações de algodão em pluma do Estado na safra 2023/24 são estimadas em 1,79 milhão de toneladas, 5,66% a mais que na temporada anterior (1,69 milhão). Para o ciclo 2024/25, a previsão é de 1,99 milhão de toneladas, 11,16% a mais.

“A gente espera chegar a mais de 50% de crescimento no algodão. É o que a gente está projetando de mercado e espera fazer. O algodão vem ganhando corpo e a gente quer que continue crescendo”, afirma Guidolim.

Ele avalia que, ao procurar alternativas a Santos, a cadeia produtiva do algodão tende a escolher Paranaguá, entre outros motivos, por proporcionar um alto volume de frete de retorno, que compensa a operação logística. O caminhão que chega carregado com a pluma retorna ao ponto de origem com fertilizantes, ajudando a diluir o custo da operação.

O porto de Paranaguá é um dos principais locais de entrada do fertilizante importado pelo Brasil. De janeiro a setembro de 2024, foram 7,84 milhões de toneladas desembarcadas, 11% a mais que no mesmo período em 2023 (7,05 milhões). É o principal produtor em volume de importações no terminal paranaense.

O executivo do TCP acrescenta que o terminal paranaense concentra rotas logísticas para diversos destinos, especialmente o mercado asiático, principal cliente internacional da cotonicultura brasileira. Outra característica que, em sua avaliação, favorece a escolha do local como ponto de embarque da pluma.

“Paranaguá sempre foi muito estratégico para o fluxo de caminhões com fertilizantes, o que torna o frete de retorno ainda mais competitivo”, diz Guidolim, do TCP. “E, quando você tem, em um terminal, essa concentração de serviços, facilita para o exportador. Conseguimos trabalhar no conceito de ‘one stop shop’, a centralização da logística em um player”, acrescenta.

TCP

Atualmente, o TCP é o segundo maior terminal do Brasil em movimentação de contêineres, atrás apenas de Santos, de acordo com dados estatísticos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A capacidade estática de armazenagem do local está próxima de 45 mil TEU’s (medida equivalente a um contêiner de 20 pés).

Entre 2022 e 2024, a companhia investiu R$ 370 milhões em melhorias na infraestrutura e compra de equipamentos, seja para algodão ou outras cargas, e concluiu obras de modernização de estruturas, como vias e portões de acesso, monitoramento e fluxo de entrada e saída de caminhões, e na área de ferrovia.

“A ferrovia, hoje, não entra tanto no algodão, mas é um produto a ser estudado pelo segmento. Existe a possibilidade de, assim como em outros terminais portuários, a ferrovia na exportação de algodão”, diz Guidolim, ressaltando que, em Paranaguá, há o acesso direto ao terminal alfandegado por via férrea.

Investimentos em estruturas específicas para movimentar algodão, especificamente, afirma o executivo, têm sido feitos por parceiros do TCP. Segundo ele, são armazéns e retroáreas para recebimento e estufagem de contêineres.

Terminal de Contêineres de Paranaguá espera ampliar embarques de algodão

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Agronegócio, Exportação, Informação

Exportações de carne bovina vão crescer em 2024 e 2025, aponta Conab

Embarques das proteínas de frango e suína também devem aumentar

A produção de carne bovina do Brasil deverá crescer 7,4% em 2024 e atingir 10,2 milhões de toneladas, o segundo maior número da série histórica, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para 2025, o setor deve enfrentar uma queda de 4,3%, ficando em 9,8 milhões de toneladas, devido à virada do ciclo pecuário, maior retenção de fêmeas e menor disponibilidade de gado para abate.
Segundo a estatal, os abates já aumentaram 18,7% de janeiro a agosto de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa é que sejam abatidas entre 37 milhões e 38 milhões de cabeças de gado neste ano.
Já as exportações, que ficaram em 3 milhões de toneladas em 2023, apesar do embargo temporário da China por conta do episódio do mal da vaca louca, já aumentaram 28,1% até agosto deste ano. A expectativa é que as vendas externas alcancem 3,6 milhões de toneladas no fechamento de 2024, com alta de 17,8% em relação ao ano passado.
Para 2025, a Conab projeta um cenário de estabilidade após crescimento robusto deste ano. A expectativa é de alta de 2,5% nas exportações de carne bovina, para 3,7 milhões de toneladas.

Gabriel Rabello, gerente de Fibras e Alimentos Básicos da Conab, disse que 2025 vai marcar o início da reversão do ciclo na pecuária. “O preço do bezerro parou de cair e logo deve começar a aumentar. Isso faz com que pecuaristas retenham fêmeas e isso diminui a disponibilidade de animais para abate”, disse em evento online da estatal para apresentação das perspectivas para a safra 2024/25.

Para o quadro de suprimento de carne bovina, a Conab estima que a disponibilidade de carne bovina vai aumentar para 32,7 quilos por habitante em 2024 e caia 8,3% em 2025, para 30 quilos por habitante.

“Corrobora a projeção de aumento nos preços do boi gordo no médio e longo prazo, em torno de R$ 240 a R$ 250 reais a arroba. Tem elementos que levam a concluir que até o fim de 2025 vamos experimentar movimento altista nas cotações do boi gordo”, acrescentou Rabello.

Esse movimento de alta nos preços do boi, e consequentemente da carne bovina aos consumidores, pode favorecer o aumento do consumo de outras proteínas animais, como aves e suínos.

Frango
Para o mercado de carne de frango, a Conab projeta aumento de 1,7% na produção, para 15,2 milhões de toneladas. Para 2025, a estatal estima alta de 2,1%, para 15,5 milhões de toneladas.

As exportações de carne de frango devem ter altas de 1,9% em 2024 e 2025, chegando a 5,1 milhões de toneladas neste ano e 5,2 milhões de toneladas no próximo ano. No acumulado de janeiro a agosto, houve retração de 0,1% nas vendas externas em comparação com o mesmo período de 2023.

Confira a seguir um histórico das exportações brasileiras de frango a partir de janeiro de 2022. O gráfico foi elaborado com dados do DataLiner:

Exportações de carne de frango | Jan 2022 – Julho 2024 | TEUs

“Com a alta de preços da carne bovina, a carne de frango é opção”, disse Rabello. O cenário de estabilidade ou baixa nos preços do milho, principal componente da tabela de custos de avicultores, deve favorecer a produção de aves.

O quadro de suprimento do produto aponta para aumentos consecutivos na disponibilidade interna de carne de frango. A previsão é de que o índice chegue a 50 quilos per capita em 2025, alta de 1,7% sobre os 49,2 quilos por habitante em 2024. O alojamento de pintos de um dia deve ser de 6,9 bilhões de animais em 2024 e 7,1 bilhões em 2025.

O cenário de preços do frango vivo é mais estável, disse Rabello, sem vislumbrar variáveis de aumento das cotações “sobretudo por conta da carne bovina e da conjuntura de custos de milho e soja mais controlados”, disse.

Carne suína
Já para a carne suína, as previsões são de altas de 1,3% na produção em 2024, para 5,37 milhões de toneladas, e de 1,8% nas exportações, para 1,23 milhão de toneladas. Para 2025, a projeção da Conab mostra a produção de carne suína 1,6% maior, com 5,45 milhões de toneladas, e exportações de 1,27 milhão de toneladas, incremento de 3%.

Mesmo com a redução do apetite chinês pela compra de carne suína, a abertura de novos mercados e a ampliação das compras por mercados asiáticos, como Filipinas e Singapura, sustentam as projeções de alta nas exportações brasileiras, disse Rabello.

O quadro de suprimento mostra alta na disponibilidade de carne suína aos brasileiros, passando para 20,2 quilos per capita em 2024 e 20,4 quilos por habitante em 2025. “É um bom horizonte para o consumidor brasileiro ter mais acesso ao produto”, disse o gerente da Conab. O cenário de preços ao produtor também é estável, em paralelo às baixas dos insumos, como milho e farelo de soja. “É bom para o abastecimento da população”, concluiu Rabello.

FONTE: Exportações de carne bovina vão crescer em 2024 e 2025, aponta Conab – DatamarNews

 

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