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Brasil registra maior saída de dólar pela via financeira até outubro desde 1982

O saldo líquido negativo dos primeiros dez meses do ano foi de US$ 56,21 bi

O Brasil registrou uma saída recorde de dólares pela via financeira entre janeiro e outubro. No total, o saldo líquido negativo foi de US$ 56,21 bilhões no período, segundo dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira. Esse foi o pior resultado registrado nos dez primeiros meses do ano desde o início da série histórica iniciada em 1982.

Antes disso, o pior desempenho do fluxo financeiro havia acontecido em 2020, quando houve um saldo negativo de US$ 55,36 bilhões. O fluxo financeiro considera as entradas e saídas de dólares no mesmo mercado de capitais, envolvendo movimentações como compra de títulos e remessas de lucros ao exterior. Na visão do chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, a diminuição na entrada de capital estrangeiro pelo mercado de câmbio doméstico é o principal fator a influenciar o saldo negativo líquido recorde neste ano.

— Nós tivemos, no caso dos capitais estrangeiros, que são aqueles capitais de investimento direto, ações, renda fixa, empréstimos e outros, uma redução maior. Eles somaram R$ 54,8 bilhões de janeiro e outubro do ano passado e agora foram R$ 31 bilhões nesse ano, ou seja, houve um ingresso líquido menor — disse.

Rocha ainda apontou que um montante considerável de recursos deve ser enviado ao exterior nos últimos meses do ano. Devido a isso, é provável que o fluxo financeiro de 2024 registre a maior saída de dólares da história. O recorde anterior era de 2019, quando houve uma fuga de US$ 65,8 bilhões.

O diretor de estatísticas do BC diz que as empresas subsidiárias usam os últimos meses do ano para enviar os lucros às matrizes do exterior.
—A gente viu isso em dezembro ao longo dos últimos vários anos. Então se deve esperar que aconteça isso também em dezembro deste ano, observou.

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Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Informação, Logística, Mercado Internacional, Portos

Exportações crescem 23,4% em outubro e atingem US$ 1 bi

No acumulado do ano até outubro, vendas externas do estado somam US$ 9,6 bilhões; Carnes de aves e suínos lideram a pauta exportadora

 As exportações de Santa Catarina alcançaram US$ 1 bilhão em outubro, um aumento de 23,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado de 2024 até outubro, o estado exportou US$ 9,6 bilhões, uma queda de 0,9% em comparação a janeiro a outubro de 2023.

Na liderança da pauta exportadora, as carnes de aves somaram US$ 1,6 bilhão nos dez primeiros meses do ano. Apesar do bom desempenho, houve um recuo de 2,9% no valor das exportações do produto no ano, em relação ao mesmo período do ano anterior.  De acordo com análise do Observatório FIESC, a queda foi resultado da doença Newcastle, encontrada em território brasileiro e que levou à imposição de barreiras sanitárias ao frango brasileiro.

Na segunda posição, a carne suína registrou aumento de 6,5%, para US$ 1,3 bilhão no acumulado do ano. Apenas no mês de outubro, o aumento foi de 58,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Para o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, a indústria de proteína animal catarinense demonstra mais uma vez que, a despeito de situações adversas pontuais, segue competitiva no mercado internacional.

Os motores elétricos também apresentaram crescimento nas vendas internacionais, sendo 25,3% entre janeiro e outubro de 2024 em relação a 2023. As exportações de madeira serrada também foram outro destaque no ano até outubro, com crescimento de 5,2%. Considerando apenas o mês de outubro, em comparação com o mesmo mês de 2023, o crescimento das vendas externas do produto foi de 73,3%.

Destinos
Os Estados Unidos foram o principal país comprador dos produtos catarinenses na análise acumulada, somando US$ 1,4 bilhão, o que representa um incremento 2,1% em relação a igual período do ano anterior.  Na análise do mês de outubro, contra outubro de 2023, os EUA ficam na segunda posição.

A China é o segundo destino no ranking das exportações catarinenses, com cerca de US$ 1,1 bilhão, número que representa um recuo de 24,4% no acumulado do ano. Considerando apenas outubro, o crescimento de vendas para a China foi de 21,3% em relação ao mesmo mês de 2023.

Importações
As importações catarinenses somaram US$ 28,14 bilhões nos dez primeiros meses do ano, um crescimento de 19,5% comparado a igual período de 2023. Apenas no mês de outubro, as compras do exterior atingiram US$ 3,3 bilhões, um aumento de 52,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Entre os principais produtos importados, o cobre refinado liderou o ranking, alcançando o montante de US$ 1,2 bilhão no acumulado de 2024, tendo alta de 39,5%. Esse desempenho é movido pelas indústrias catarinenses que utilizam o cobre na fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Na sequência, a indústria automotiva se destacou com a importações de partes e acessórios para veículos, devido ao aumento da demanda por automóveis no estado e no Brasil. Na mesma análise, a importação de pneus de borracha, que se trata de um bem associado à produção de automóveis, cresceu 21% no acumulado do ano.

Origens
A China é o principal vendedor para SC no acumulado do ano, com aumento de 27,7%, seguida pelo Chile e os Estados Unidos. O economista Matheus Porto, do Observatório FIESC, explica que “a indústria de transformação acompanhou o crescimento da atividade econômica, com destaque para a produção de bens de consumo duráveis e de bens de capitais. Tais segmentos utilizam insumos como polímeros de etilenos, revestimentos de ferros laminados planos, semicondutores, entre outros para a fabricação de diversos produtos catarinenses e isso ajuda a explicar a elevação das importações no estado”.

FONTE: FIESC
Exportações crescem 23,4% em outubro e atingem US$ 1 bi | FIESC

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Canadá se torna 9º principal destino das exportações brasileiras

Recordes nas exportações e saldo positivo para o Brasil – ultrapassando
US$ 2 bilhões – mostram que o Canadá está cada vez mais no radar das empresas brasileiras

O Canadá acaba de subir uma posição no ranking de principal destino das exportações brasileiras, passando de 10º para o 9º lugar. O resultado reflete os recordes contínuos e expressivos no envio de produtos brasileiros para o país norte-americano, segundo dados copilados pelo estudo Quick Trade Facts, elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC).

Do agronegócio até o setor de aviação, da mineração até a indústria: as exportações brasileiras para lá totalizaram US$ 4,4 bilhões (FOB) entre janeiro e setembro de 2024, alcançando o maior nível já visto durante um terceiro trimestre. O avanço representa um crescimento de 7% em comparação com o mesmo período de 2023.

“Considerando apenas a última década, as exportações – no geral – cresceram mais de 60%, o que simboliza um marco na relação bilateral entre os dois países. O resultado reflete um trabalho intenso, realizado não somente de instituições como nós, mas também pelos governos brasileiro e canadense, através de ações comerciais das Embaixadas e Consulados dos dois países. Todo esse esforço visa fomentar novos negócios e permitir que empresas brasileiras utilizem o Canadá como porta de entrada para novos mercados: não apenas na América do Norte, mas também na Europa e até na Ásia”, afirma Hilton Nascimento, diretor comercial da CCBC.

O desempenho visto nas exportações colaborou para que a balança bilateral terminasse com um saldo positivo para o Brasil de US$ 2,2 bilhões (FOB) entre janeiro-setembro deste ano – o maior nível da história. A cifra representa um avanço de 50,5% sobre igual intervalo de 2023, quando o superávit havia sido de US$ 1,5 bilhão (FOB). Para se ter uma ideia, o saldo estava negativo para o Brasil em US$ 362 milhões (FOB) em 2022.

A corrente comercial contabilizou US$ 6,7 bilhões (FOB) entre janeiro-setembro de 2024, um pouco abaixo (-2,6%) dos US$ 6,8 bilhões (FOB) vistos um ano antes. Ainda assim, a expectativa permanece otimista para o acumulado deste ano, ficando ainda mais próxima do recorde visto em 2022, quando o comércio entre os dois países ultrapassou a marca dos US$ 10 bilhões.

Perspectivas

“Estamos confiantes de que 2024 trará resultados significativos. A extensa agenda de encontros e iniciativas para fortalecer e ampliar os negócios entre Brasil e Canadá, somada ao trabalho dos escritórios regionais da CCBC em diferentes localidades de ambos os países para firmar novos acordos, têm colaborado fortemente no processo de ampliação das relações bilaterais”, avalia Daniella Leite, diretora de Associados e Novos Negócios da CCBC.

A executiva lembra que a CCBC realiza diferentes missões comerciais do Brasil para o Canadá a cada ano, relacionadas a temas como: inteligência artificial, alimentos e bebidas, mineração, Indústria 4.0, inovação em saúde e sistema médico-hospitalar, tecnologias limpas, transição energética, educação executiva e até economia criativa.

Exportações a todo vapor

Os principais destaques nas exportações brasileiras ao Canadá e com maior peso na balança comercial no período foram: pedras e metais preciosos, incluindo ouro (28% do total exportado); alumina (óxido de alumínio), representando 24% do total; aeronaves e equipamentos, incluindo suas partes (9,9%); e açúcares e melaços (9,3%).

No ramo do agronegócio, o destaque foi para a predominância do café, ainda não descafeinado e em grãos, que registrou uma alta de 95% nas exportações e que representou quase 3,5% do total de produtos enviados para o Canadá, contabilizando US$ 153,7 milhões (FOB) entre janeiro-setembro de 2024. A cifra mostra que o consumidor canadense está cada vez mais aderindo ao paladar do produto brasileiro.

Importações

A compra de produtos canadenses pelo Brasil contabilizou US$ 2,2 bilhões (FOB) nos primeiros nove meses de 2024, o que representa uma queda de 17,3% em comparação com igual período do ano anterior. O recuo, em especial, é atribuído a uma combinação de fatores, entre eles a desvalorização do real em relação a outras moedas, o que encarece os produtos canadenses para o mercado brasileiro.

As importações de adubos e fertilizantes totalizaram US$ 1,09 bilhão (FOB) entre janeiro e setembro de 2024. O valor total é 33% menor em relação aos US$ 1,95 bilhão visto em igual período de 2023. Apesar da queda, essa categoria de produtos continua na liderança dos itens mais comprados do Canadá, com um peso de 49% no total das importações.

Entre os outros produtos em destaque nas importações estão: motores e máquinas não elétricos que, por sua vez, registraram um aumento de 98,4%, para US$ 191 milhões (FOB); e aeronaves e outros equipamentos (incluindo suas partes), com alta de 37,2%, para US$ 137 milhões (FOB).

Fonte: CCBC.org
Canadá se torna 9º principal destino das exportações brasileiras | Câmara de Comércio Brasil-Canadá

 

 

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CNI critica decisão do Carrefour de interromper compra de carne do Mercosul

Presidente Ricardo Alban manifesta indignação e preocupação com o anúncio e os reflexos negativos da medida para a relação comercial entre as economias dos países, a qual vai de encontro a tão desejada eficiência e produtividade desse setor.

CNI se solidariza com o agronegócio e a agroindústria de proteína animal. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifesta indignação com a decisão da rede de supermercados Carrefour, anunciada esta semana, de interromper a compra de carne de produtores dos países que integram o Mercosul. Tal medida protecionista é injustificada e representa um desserviço aos produtores do bloco, que seguem os mais rígidos padrões de qualidade e sustentabilidade e vêm avançando continuamente na melhoria da excelência da produção, em consonância com as diretrizes internacionais.

Como é sabido, o bloco é líder mundial em exportação de carne de frango e bovina e está entre os principais exportadores de carne suína. A produção de proteína animal dos países sul-americanos é exportada aos mercados mais exigentes do mundo, entre eles Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, China e Japão.

São inquestionáveis, portanto, a qualidade e o nível de excelência dos produtos produzidos pelo bloco, e injustificável a argumentação de que não respeitam critérios e normas do mercado francês. Essa decisão, ademais, contraria as ações que têm sido implementadas pelo governo francês em direção ao aprofundamento das relações com o bloco, sendo um retrocesso no campo das relações internacionais.

Diante disso, a CNI reforça sua contrariedade com o anúncio e se solidariza com as entidades e associações que representam toda a cadeia produtiva do agronegócio, incluindo a agroindústria. Lembra, ainda, que tal decisão equivocada pode, além de afetar as operações de empresas comprovadamente eficientes e competitivas, estimular o crescimento de ações protecionistas nas relações bilaterais.

O que certamente representará prejuízos futuros para as economias locais, com aumento dos custos, empregabilidade e, até mesmo, o objetivo maior que é a segurança alimentar do mercado consumidor mundial, com a busca da produtividade e aumento da produção.

Desta forma, acreditamos que a direção do Carrefour, na França, possa reavaliar essa decisão.

FONTE: Noticias Portal da Industria
CNI critica decisão do Carrefour de interromper compra de carne do Mercosul – Agência de Notícias da Indústria

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JBS planeja investir US$ 2,5 bi na Nigéria

Acordo prevê o desenvolvimento de um plano de investimento de cinco anos que inclui a construção de seis fábricas na Nigéria

A JBS anunciou nesta quinta-feira (21) que assinou com o governo da Nigéria um memorando de entendimentos para possível investimento de 2,5 bilhões de dólares no país mais populoso da África.
O acordo prevê o desenvolvimento de um plano de investimento de cinco anos que inclui a construção de seis fábricas na Nigéria, sendo três de aves, duas de bovinos e uma de suínos. Segundo a JBS, o governo da Nigéria, por sua vez, “assegurará as condições econômicas, sanitárias e regulatórias necessárias para a viabilização e sucesso do projeto”.

“A JBS irá desenvolver um plano de investimento de cinco anos, que abrangerá estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento da cadeia de suprimentos”, afirmou a empresa sem citar quando o plano poderá ser concluído.

Se efetivado, o plano deve elevar o percentual de receita que a JBS obtém do continente africano, região que junto com o Oriente Médio a empresa obteve cerca de 3% do faturamento no ano passado, segundo dados da companhia.

FONTE: CNN
JBS planeja investir US$ 2,5 bi na Nigéria | CNN Brasil

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Balanço da força-tarefa do B20 sobre transformação digital é positivo

Fernando de Rizzo, executivo da Tupy que liderou o grupo temático, explica que o G20 adotou boa parte das recomendações do setor produtivo para esse pilar

Com o desafio de inserir 2,6 bilhões de pessoas no universo digital, a força-tarefa do pilar transformação digital do B20 conseguiu aprovar com o G20 boa parte das recomendações do grupo para políticas públicas. A afirmação é do CEO da Tupy, Fernando de Rizzo, que liderou a força-tarefa composta por 165 lideranças do setor privado, representando 23 países e 13 setores da economia mundial.

“Temos um problema fundamental quando o tema é a transformação digital: o acesso é muito desigual e limitado, o que favorece o aprofundamento de desigualdades”, explicou Rizzo na última sexta-feira, 22, quando apresentou um balanço da iniciativa aos membros da diretoria da Federação das Indústrias de SC (FIESC).

Após 15 reuniões e muita conversa para alcançar consenso, a força-tarefa definiu três tendências para focar suas recomendações e propostas. A primeira delas foi atingir conectividade universal para indivíduos e empresas. Para isso, o grupo do B20 propôs aos governos dos 20 países mais ricos do mundo acelerar os investimentos em infraestrutura de conexão, reduzir as disparidades nas habilidades digitais, investindo na capacitação, e ainda promover a transformação digital em micro, pequenas e médias empresas. As duas primeiras foram aceitas e incorporadas ao documento final do G20 Brasil.

Cibersegurança é uma das preocupações da força-tarefa do B20 Brasil e rendeu 2 recomendações. (Foto: Filipe Scotti)

A segunda tendência escolhida como prioridade foi proteger indivíduos e organizações e promover confiança digital. Segundo ele, leva 277 dias para que se identifique e resolva um ataque digital, ao custo de US$ 4,5 milhões por ataque. Assim, a força-tarefa colocou a cibersegurança como destaque nas propostas, que incluíram melhorar a ação cibernética internacional e avançar no fluxo livre de informações com segurança, esta aceita pelo G20.

Como terceira prioridade, a força-tarefa escolheu explorar de maneira responsável o potencial transformador da inteligência artificial, com a proposta de fortalecer a colaboração internacional e escalar frameworks pró-inovação baseados em gestão de risco para o desenvolvimento, implantação e governança responsáveis da IA. “Hoje, as discussões governamentais em torno da IA estão focadas em nos defender da inteligência artificial, o que pode limitar as possibilidades de uso. O objetivo da recomendação, que foi aceita, era unir forças e harmonizar essas políticas”, afirmou Rizzo.

O B20 é composto por representantes do setor produtivo, que se reúne em forças-tarefas temáticas para propor políticas públicas para os governantes do G20.

FONTE: FIESC Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas
Balanço da força-tarefa do B20 sobre transformação digital é positivo | FIESC

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Brasil quer ‘futuro compartilhado’ com China, mas sem a Nova Rota da Seda

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping firmaram ontem uma declaração conjunta em que elevam o status da relação entre os dois países a uma “Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil-China por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável”.

Os dois líderes assinaram 37 tratados em diferentes áreas. Entretanto, Xi não conseguiu de Lula a adesão total do Brasil ao projeto que ele pretende deixar como legado: a chamada “Nova Rota da Seda”, ou “Cinturão e Rota”. A adesão integral brasileira poderia causar mal-estar com os Estados Unidos.

Na prática, o Planalto pretende mudar o perfil de sua relação com a China, passando de mero exportador de commodities a um parceiro com integração financeira e a participação de suas indústrias nas cadeias de produção industriais chinesas. O fato de Xi ter firmado um comunicado que diz que o status da parceria foi elevado sinaliza, ao menos em tese, uma boa vontade dos chineses. O nome escolhido mescla o “Futuro Compartilhado”, usado por Xi Jinping para definir parcerias estratégicas com nações amigas, com um “tempero brasileiro”, formado por políticas relacionadas à liderança que Lula pretende exercer no palco global.

Lula recebeu Xi ontem em Brasília em uma visita de Estado – mais pomposa que as visitas oficiais. Eles tiveram reuniões no Palácio da Alvorada e, depois, jantaram no Palácio Itamaraty, sede da diplomacia brasileira.

“Estou confiante de que a parceria que o presidente Xi e eu firmamos hoje excederá expectativas e pavimentará o caminho para uma nova etapa do relacionamento bilateral”, disse Lula em declaração à imprensa no Alvorada.

Xi, por sua vez, afirmou que a relação bilateral está “em seu melhor momento”. E que“a China está disposta a trabalhar com o Brasil para substanciar constantemente a comunidade de futuro compartilhado China-Brasil e defender firmemente o verdadeiro multilateralismo”.

“Juntos vamos emitir a voz alta da nova era de buscar desenvolvimento, cooperação e justiça, em vez de pobreza, confrontação e hegemonia, e vamos construir  um mundo melhor”, afirmou.

Diferentemente do que desejavam os chineses, o Brasil decidiu não aderir à iniciativa conhecida como “Nova Rota da Seda”, ou “Cinturão e Rota”. Em vez disso, concordou em usar na declaração conjunta o termo “sinergia”, para integrar a iniciativa chinesa a programas de infraestrutura como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Plano Nova Indústria Brasil.

Com a elevação das relações “a um novo patamar”, diz o texto, “as partes concordaram em estabelecer sinergias estratégicas entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como o Programa de Aceleração do Crescimento, o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana”.

Isso servirá “para impulsionar a atualização e o melhoramento da qualidade da cooperação entre os dois países, promover os processos de modernização do Brasil e da China, e contribuir positivamente para a interconectividade e desenvolvimento sustentável regionais”.

Marca do governo Xi, a “Nova Rota da Seda” foi criada em 2013 com o objetivo de aproximar a China do resto do mundo com investimentos em infraestrutura. Mas vem ganhando contornos militares e geopolíticos nos últimos anos, sobretudo com iniciativas em áreas disputadas, como o mar do Sul da China. Segundo fontes do Planalto, a não adesão do Brasil tem caráter simbólico, evitando enviar sinais ruin spara os EUA, parceiro considerado importante.

O comunicado diz ainda que “o Brasil apoia a China a transformar-se em um grande país moderno em todos os aspectos e promover a revitalização da nação chinesa em todas as frentes através do caminho chinês para a modernização”. Em contrapartida,“a China apoia o Brasil a trilhar seu caminho de desenvolvimento justo, inclusivo, sustentável e livre da fome e da pobreza, e faz votos de novos êxitos de desenvolvimento econômico e social para o Brasil”.

“No processo de estabelecimento de sinergias estratégicas entre o Brasil e a China, as duas partes promoverão prioritariamente a cooperação estratégica em áreas como finanças, infraestrutura, desenvolvimento de cadeias produtivas, investimentos, transformação ecológica, ciência, e tecnologia e inovação”, diz o texto.

Lula e Xi assinaram ainda 37 novos atos bilaterais. Foram firmadas cooperações em diversas áreas como agricultura, tecnologia nuclear, captação de recursos em bancos estatais, troca de experiências entre TVs públicas, bioeconomia, regulação de pesticidas, satélites e regras de normatização.

No âmbito financeiro, os países assinaram um contrato de captação entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o China Development Bank (CDB). Na área de ciência e inovação, foram firmados memorandos de cooperação em bioeconomia, indústria fotovoltaica, tecnologia nuclear e telecomunicações via satélite. Sobre desenvolvimento sustentável foram firmados memorandos sobre transformação ecológica e desenvolvimento sustentável na mineração.

A área agrícola teve o maior número de atos firmados. Foram estabelecidos protocolos fitossanitários para exportação de uvas, requisitos para a inspeção e quarentena para a exportação de gergelim, regras para a importação de farinha de peixe, óleo de peixe e outras proteínas e gorduras derivadas de pescado, e normas para exportação de sorgo do Brasil para a China.

Foram assinadas também uma carta de intenções para promover a cooperação técnica, científica e comercial no setor agrícola e um memorando de entendimento sobre tecnologia e regulação de pesticidas.

E foi firmado um plano de ação na área de saúde para os anos de 2024 a 2026, e um memorando de fortalecimento do turismo. Ainda foram assinados atos de cooperação audiovisual e um acordo de cooperação técnica entre a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a China Media Group (CMG), conglomerado de mídia estatal do país asiático.

Os países assinaram também um acordo de Cooperação entre a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a Administração Estatal para Regulação do Mercado (Administração Nacional de Normalização) da China (SAMR/SAC).

A China é hoje o principal parceiro comercial do Brasil. Entre 2003, primeiro ano do mandato Lula 1, e o ano passado, as trocas entre os dois países subiram de US$ 6,6 bilhões para US$ 157,5 bilhões. As exportações brasileiras para a China são, atualmente, quase o triplo dos embarques para os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do país.

O gráfico abaixo revela o progresso das importações de contêineres provenientes da China nos portos brasileiros entre janeiro de 2021 e setembro de 2024. Os dados são do DataLiner.

Importações de contêineres provenientes da China | Jan 2021 – Set 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Na avaliação do professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e da Fundação Getulio Vargas (FGV) Vinícius Rodrigues Vieira, esse é, de fato, o melhor momento das relações entre Brasil e China.

“Parece que o Brasil conseguiu uma certa horizontalidade nas relações [bilaterais]”,afirma.

Vieira acredita que existem hoje mais chances de os laços entre os dois países prosperarem, mas pondera que as promessas de investimento chineses no Brasil vêm desde o primeiro governo Lula.

“Vejo, no contexto atual, mais chances. Mas não algo que está dado. É porque o Brasil é um grande mercado consumidor, e a China precisa fazer a roda da sua economia girar, e está tendo dificuldades domesticamente”, argumenta.

Para Vieira, a estratégia do Brasil de não aderir à Rota da Seda, mas assinar dezenas de acordos, também indica uma posição de barganha do Brasil com o Ocidente, como outras potências intermediárias, a exemplo de Turquia e Nigéria, têm feito.

“Vale muito mais a aposta de o Brasil se aproximar da China para ver o que o Ocidente tem a lhe oferecer em troca”, diz, acrescentando que já houve movimentação semelhante quando Lula foi à China e a Europa buscou aproximação. “Aderir à Rota mostraria um alinhamento político explícito [com a China].”

Fonte: Valor Econômico
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O país asiático que está transformando o mundo com suas inovações!

A Coreia do Sul, localizada na península coreana no Leste Asiático, é um país que fascina o mundo por sua capacidade única de equilibrar tradições milenares e avanços tecnológicos de ponta. Lar de grandes conglomerados como Samsung e Hyundai, a nação também é reconhecida por sua rica cultura, gastronomia singular e fenômenos globais como o K-pop.

Com uma economia sólida e uma sociedade dinâmica, a Coreia do Sul atrai milhões de turistas todos os anos e tem se consolidado como um dos destinos mais intrigantes do mundo. Abaixo, exploraremos algumas das curiosidades mais interessantes sobre o país que vão desde seus costumes até suas contribuições tecnológicas.

Por que a Coreia do Sul é reconhecida mundialmente?

A Coreia do Sul é referência em vários aspectos, como educação, tecnologia e cultura pop. Mas o que realmente faz do país uma potência global?

  1. Tecnologia de Ponta:
    O país lidera o mercado de eletrônicos, com empresas como Samsung, LG e SK Hynix.
    É pioneiro em conectividade 5G, oferecendo a internet mais rápida do mundo.
  2. K-Culture e K-pop:
    Grupos como BTS, Blackpink e Stray Kids conquistaram milhões de fãs em todo o planeta, promovendo a cultura sul-coreana.
    O cinema também se destacou, com o filme Parasita ganhando o Oscar de Melhor Filme em 2020.
  3. Educação e Competitividade:
    O sistema educacional sul-coreano é um dos mais rigorosos e avançados do mundo, com foco em tecnologia e inovação.
    Universidades como a Universidade Nacional de Seul atraem estudantes internacionais em busca de excelência acadêmica.

Curiosidades que você precisa saber sobre a Coreia do Sul

A Coreia do Sul é rica em peculiaridades que encantam visitantes e despertam a curiosidade de pessoas ao redor do mundo. Confira algumas das curiosidades mais fascinantes sobre o país:

  1. O País das Ilhas:
    A Coreia do Sul possui mais de 3.000 ilhas, sendo Jeju a mais famosa e considerada um destino paradisíaco.
    Jeju é Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO e é conhecida como o “Havaí da Coreia”.
  1. Cultura do Café:
    Os sul-coreanos são apaixonados por café, com cafeterias em cada esquina, desde grandes redes até pequenos estabelecimentos temáticos.
    O país é um dos maiores consumidores de café per capita na Ásia.
  1. Obsessão por Beleza:
    A indústria de cosméticos da Coreia do Sul é líder mundial, ditando tendências globais com produtos inovadores como máscaras faciais e BB creams.
    Cirurgias plásticas são comuns e vistas como algo natural na busca por padrões estéticos elevados.
  1. Tradição e Respeito:
    Os sul-coreanos valorizam muito a hierarquia e o respeito aos mais velhos, que é parte essencial da cultura.
    Cerimônias tradicionais como o hanbok (vestimenta típica) e o kimchi (preparação de alimentos fermentados) são preservadas com orgulho.

    Como a Coreia do Sul inova?

Um dos grandes diferenciais da Coreia do Sul é sua capacidade de inovar enquanto busca soluções sustentáveis para os desafios modernos.

  1. Smart Cities:
    Cidades como Songdo foram projetadas para serem totalmente conectadas e sustentáveis, com sistemas de transporte público inteligente e reciclagem eficiente.
    Infraestruturas verdes estão integradas em áreas urbanas, reduzindo a emissão de carbono.
  2. Energia Renovável:
    A Coreia do Sul investe fortemente em tecnologias de energia limpa, como energia solar e eólica, com metas ambiciosas para 2050. A transição para carros elétricos e a expansão de redes de carregamento são destaques no setor automotivo.
  3. Cultura Digital:
    A população sul-coreana tem amplo acesso à tecnologia de ponta, com taxas de penetração de smartphones e internet acima de 95%. É um dos maiores mercados de eSports, com jogadores profissionais reconhecidos como verdadeiras celebridades.

Como é a gastronomia na Coreia do Sul ?

A culinária sul-coreana é uma atração à parte, com pratos que conquistam pelo sabor intenso e apresentação única. O uso de ingredientes frescos e técnicas tradicionais faz da gastronomia uma experiência inesquecível.

  1. Kimchi: O Símbolo Nacional:

    Um prato fermentado à base de repolho ou rabanete, conhecido por seu sabor picante e propriedades probióticas. É servido em praticamente todas as refeições e tem até um festival anual em sua homenagem.

  2. Bulgogi e Samgyeopsal:

    O bulgogi é um prato de carne marinada grelhada, enquanto o samgyeopsal é um churrasco de barriga de porco, ambos apreciados em reuniões familiares.

  3. Street Food:

    Mercados de rua oferecem delícias como tteokbokki (bolinhos de arroz picantes) e hotteok (panquecas recheadas). A comida de rua sul-coreana é um atrativo para turistas e locais.

    Por Que a Coreia do Sul É um Destino Fascinante?

    A Coreia do Sul combina história, modernidade e uma cultura vibrante que encanta a todos. Seja pelas inovações tecnológicas, pela riqueza gastronômica ou pela sua tradição única, o país continua a se destacar como um destino imperdível para turistas e investidores.
    Com uma economia resiliente, um povo acolhedor e um compromisso com o futuro sustentável, a Coreia do Sul é mais do que um lugar – é uma experiência que redefine o significado de viver bem em um mundo globalizado.

    FONTE: Terra Brasil
    O país asiático que está transformando o mundo com suas inovações! – Terra Brasil Notícias

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    Acordos entre Brasil e China para a agropecuária podem elevar posição do país no ranking de exportação mundial

    Relação entre os países resultou na abertura de cinco mercados, habilitação de 38 plantas frigoríficas e recorde de exportações em 2023

    Dos 37 acordos firmados entre Brasil e China por ocasião da visita oficial do presidente chinês Xi Jinping ao país na última quarta-feira (20), seis estão diretamente ligados ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e outros mantêm relação com o setor, no entanto, o impacto das reuniões sino-brasileiras nos últimos dias vão além dos protocolos assinados no período.

    Junto à Administração Geral de Aduana da China (GACC), o Mapa assinou quatro protocolos de requisitos fitossanitários que representam a abertura do mercado chinês para uvas frescas, gergelim, sorgo e farinha de peixe, óleo de peixe e outras proteínas e gorduras derivadas de pescado para alimentação animal. Os novos mercados se somam ao mercado aberto em junho deste ano, quando a China aprovou os requisitos sanitários para a importação de noz-pecã brasileira. O potencial comercial pode chegar a US$ 500 milhões por ano.

    Mais que possibilitar o acesso de uma pauta diversificada de produtos brasileiros, cultivados em diferentes regiões do país, a um mercado de mais de 1,4 bilhão de habitantes, a abertura desses mercados estimula a produção agropecuária do país com potencial de alavancar o Brasil à primeira posição de exportador mundial, a exemplo do que aconteceu neste ano, quando o país ultrapassou os Estados Unidos na comercialização de algodão no mundo.

    Além disso, merece destaque o acordo articulado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) com a cafeteria chinesa Luckin Coffee, na última terça-feira (19), para a compra de 240 mil toneladas de café brasileiro de 2025 a 2029, num contrato estimado em U$ 2,5 bilhões.

    A iniciativa é fruto das reuniões realizadas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro e o presidente da Apex, Jorge Viana, na China, em junho deste ano, durante as reuniões da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). Na ocasião, foi fechado o primeiro acordo com a cafeteria para a comercialização de 120 mil toneladas de café a US$ 500 milhões.

    Somente este contrato representa mais de seis vezes o valor do café exportado para a China em 2022, que foi de US$ 80 milhões.

    Também foram firmados, durante a visita oficial do presidente chinês, o Memorando de Entendimento para o intercâmbio e colaboração sobre tecnologia e regulação de pesticidas entre o Mapa e o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China e a Carta de Intenções com a Administração Estatal de Regulação de Mercados (SAMR) chinesa para promoção da cooperação técnica, científica e comercial no setor agrícola.

    Para a promoção da agropecuária brasileira, ainda foi assinado o Memorando de Entendimento entre o Grupo de Mídia da China (CMG) e a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil.

    Desde o início da gestão, o ministro Carlos Fávaro realizou duas missões ministeriais na China e o país asiático é o único que conta com dois postos de adidos agrícolas.

    A boa relação fez o país saltar na habilitação de frigoríficos. Foram reabilitadas as exportar para a China 11 plantas e o Brasil conquistou mais 38 habilitações. O mercado chinês é o principal comprador da carne bovina in natura, sendo destino de 51,6% das exportações do produto brasileiro.

    Resultado da retomada da boa relação diplomática entre os países, sob o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a já consolidada posição da China como principal parceiro comercial da agropecuária brasileira, ganhou um salto. Em 2023, as exportações dos produtos agrícolas brasileiros com destino ao mercado chinês atingiram recorde, somando US$ 60,24 bilhões em 2023. A cifra representa um aumento de US$ 9,53 bilhões em relação ao ano anterior.

    FONTE: imprensa@agro.gov.br
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    Megaporto colossal tem o poder de reduzir a rota entre Brasil e China em 10 dias, mas tem um problema: chegar até ele é uma tarefa desafiadora

    Porto promete revolucionar o comércio entre Brasil e China, encurtando a rota em 10 dias. No entanto, desafios logísticos, incluindo travessias pela Amazônia e Andes, dificultam sua utilização plena. O projeto destaca as ambições da China e o potencial da América do Sul no comércio global.

    Enquanto os holofotes internacionais se voltam para a crescente rivalidade comercial entre China e Estados Unidos, um megaporto recém-inaugurado na América do Sul emerge como uma possível solução para encurtar em 10 dias a rota de comércio entre Brasil e China. Apesar do potencial revolucionário, a infraestrutura precária e barreiras geográficas desafiam sua plena utilização, deixando em aberto o futuro dessa ambiciosa empreitada.

    Porto de Chancay: um marco estratégico

    O porto de Chancay, situado a cerca de 70 quilômetros ao norte de Lima, no Peru, foi oficialmente inaugurado em uma cerimônia que reuniu a presidente peruana Dina Boluarte e o líder chinês Xi Jinping. O local é administrado pela gigante chinesa Cosco Shipping e simboliza as ambições de Pequim em fortalecer o comércio com a América do Sul.

    Com uma promessa de reduzir significativamente o tempo de transporte entre os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, o porto reflete os esforços da China em diversificar sua cadeia de suprimentos diante de possíveis restrições comerciais vindas do governo norte-americano.

    No entanto, as dificuldades de transporte entre as regiões agrícolas do Brasil e o litoral pacífico peruano evidenciam a complexidade de transformar essa promessa em realidade.

    Obstáculos geográficos e logísticos

    A travessia da densa floresta amazônica e das imponentes montanhas dos Andes surge como um dos maiores desafios para viabilizar a utilização plena do porto. Atualmente, não há ferrovias conectando as regiões agrícolas brasileiras ao litoral peruano, e as poucas rodovias existentes são insuficientes para o tráfego de caminhões de grande porte. Conforme explicou Edeon Vaz, diretor do Movimento Pro-Logística, os altos custos de transporte associados às limitações das estradas tornam o uso do porto economicamente inviável para muitos produtores agrícolas.

    “É um custo extremamente elevado, especialmente para soja e milho, que precisam ser transportados por caminhões menores devido às restrições das rodovias andinas”, destacou.

    Integração regional: um sonho distante?

    Apesar das dificuldades, especialistas enxergam o porto de Chancay como uma oportunidade para reacender o sonho de integração das costas atlântica e pacífica da América do Sul. Segundo Marco Germanò, pesquisador da Universidade de Nova York, o projeto reflete um antigo desejo de interconexão continental, mas ainda carece de um plano estratégico para superar os obstáculos existentes. Mesmo internamente, o Peru enfrenta desafios de conexão. Conforme apontado por Rafael Zacnich, da ComexPerú, nem mesmo as ligações do porto com regiões produtoras locais, como as de café e cacau, são eficientes. Apesar disso, há esperanças de que o projeto atraia novos investimentos na infraestrutura de transporte.

    Benefícios econômicos e dilemas ambientais

    Além de aumentar a competitividade sul-americana no mercado global, o porto de Chancay pode impulsionar a economia de pequenos estados brasileiros, como o Acre, cuja produção de soja e carne suína tem registrado crescimento. Segundo Assuero Doca Veronez, da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, o transporte via Peru poderia beneficiar a região, desde que houvesse avanços na infraestrutura logística. Contudo, a construção de uma nova rodovia entre Cruzeiro do Sul (AC) e Pucallpa, no Peru, enfrenta resistência. Em 2023, o projeto foi paralisado por preocupações ambientais e pelo impacto sobre comunidades indígenas.
    O governo de Luiz Inácio Lula da Silva expressou interesse em melhorar as estradas próximas à fronteira, mas uma rota controversa no Acre não está nos planos imediatos.

    China, Brasil e o cenário global

    A inauguração do porto de Chancay ocorre em um momento estratégico.
    Com o Brasil consolidado como o maior fornecedor de soja da China, o país asiático busca diversificar rotas e minimizar impactos de uma possível guerra comercial com os EUA. Conforme Wagner Cardoso, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a integração sul-americana exige mais do que infraestrutura portuária.

    “Precisamos de acordos bilaterais que facilitem o trânsito de mercadorias entre as fronteiras e tornem viável o uso desse porto”, afirmou.

    Futuro promissor, mas incerto

    Embora o porto de Chancay represente um passo importante para o comércio sul-americano, sua plena eficácia depende de uma série de fatores: investimentos em transporte, cooperação internacional e superação de barreiras geográficas e ambientais.
    Enquanto isso, o Brasil e seus vizinhos encaram o desafio de transformar potencial em realidade.

    FONTE: CPG Click Petroleo e Gas
    Megaporto colossal tem o poder de reduzir a rota entre Brasil e China em 10 dias, mas tem um problema: chegar até ele é uma tarefa desafiadora – CPG Click Petroleo e Gas

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