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Comércio Exterior, Economia, Gestão, Importação, Informação, Negócios, Notícias

Lula afirma que está disposto a dialogar com Trump para negociar tarifas

Lula destacou que o Brasil tentará negociar com os Estados Unidos antes de tomar qualquer outra ação, como adotar medidas de reciprocidade ou recorrer à Organização Mundial do Comércio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste sábado (29), que não tem objeções em conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para buscar um acordo e evitar a implementação de tarifas entre os dois países, que entrarão em vigor no próximo dia 2. Em Hanói, durante sua viagem oficial ao Vietnã, Lula disse a jornalistas: “Se eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump, não terei nenhum problema em ligar para ele.”

Lula destacou que o Brasil tentará negociar com os Estados Unidos antes de tomar qualquer outra ação, como adotar medidas de reciprocidade ou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). “Antes de entrar em disputas de reciprocidade ou recorrer à OMC, queremos utilizar todas as possibilidades diplomáticas para buscar o livre comércio com os Estados Unidos”, afirmou.

Ele também mencionou que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, estão em constante contato com representantes comerciais dos Estados Unidos para tratar da questão.

Desde que assumiu a presidência, Donald Trump tem aumentado as tarifas de importação como forma de fortalecer a indústria americana e corrigir o que considera serem desequilíbrios nas relações comerciais. Sobre essa política econômica, Lula disse não saber quais serão os impactos da postura protecionista de Trump, mas destacou que o presidente dos EUA tem o direito de adotar as medidas que considerar necessárias dentro de seu país, assim como o Brasil tem autonomia para conduzir sua própria política econômica.

Na quinta-feira (27), durante uma visita ao Japão, Lula refletiu sobre as consequências do aumento das tarifas, apontando que isso provavelmente resultará em preços mais altos e, consequentemente, em taxas de juros mais elevadas nos Estados Unidos.

“A única coisa que sei é que o povo americano terá que pagar mais caro por produtos. Isso pode gerar um aumento da inflação, o que levaria ao aumento dos juros. O aumento dos juros significa uma desaceleração da economia. Portanto, não prevejo um cenário positivo para essa política de aumento de tarifas”, concluiu Lula.

FONTE: O Hoje
Lula afirma que está disposto a dialogar com Trump para negociar tarifas

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Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Investimento, Logística, Notícias

Expansão do comércio entre países da AL terá apoio do BID; iniciativa tem inspiração brasileira

Transações dentro da região representam apenas 15% das importações e exportações totais de seus países

 

Em meio às turbulências no mapa-múndi do comércio internacional, com uma onda de novas tarifas sendo anunciadas pelo governo americano de Donald Trump, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai apoiar projetos de infraestrutura que possam acelerar a integração da América do Sul.

O Conexão Sul tem o objetivo de fortalecer o comércio intrarregional, superando barreiras logísticas para ampliar fluxos de bens e serviços, reduzir custos e avançar em competitividade e captação de investimento.

O programa é inspirado no Rotas de Integração Sul-Americana, tocado pelo governo brasileiro e iniciado em 2023.

E que prevê cinco circuitos conectando o Brasil com 12 países vizinhos, com obras de construção e de melhorias de rodovias, hidrovias, pontes e outros.

A ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, Simone Tebet, que participa da Reunião Anual do BID em Santiago, no Chile, onde o programa foi lançado neta sexta-feira, sublinha que o projeto que, diante da incerteza trazida pelos EUA, se torna “ainda mais importante e necessário”.

– Temos 200 milhões de sul-americanos a nossa disposição, para comprar nossos produtos, ou seja, consumidores. E eles têm 200 milhões de brasileiros. Então, a gente dobra para nós e dobra para eles – frisa a ministra. – Paralelamente, temos uma coisa que movimenta muito a economia e gera muito emprego: turismo. Com essas rotas, vamos conseguir atrair voos regionais.

US$ 10 bilhões em financiamento
No âmbito federal, o Rotas de Integração Sul-Americana está incluído no Novo PAC. Mas conta ainda com US$ 10 bilhões em financiamento, sendo US$ 3 bilhões vindos do BNDES – apoiando estados e municípios dentro do Brasil – e o restante para as obras nos demais países e com recursos vindos de bancos multilaterais, incluindo o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), além do BID. Parte dos desembolsos já foram realizados.

Ilan Goldfajn, presidente no BID e ex-presidente do Banco Central do Brasil, destaca que o programa responde a uma demanda dos representantes dos países junto à instituição, voltado para a construção de um comércio regional de grande escala, integrado e que seja atraente a investidores.

“Com maior conectividade, cadeias de valor mais sólidas e marcos institucionais modernizados, o programa vai ajudar aos países da América do Sul a superar barreiras históricas e a gerar novas oportunidades”, afirmou ele, reconhecendo que o cenário atual pede o fortalecimento regional.

Na América do Sul, as transações intrarregionais representam apenas 15% do comércio internacional como um todo. É patamar similar ao da África, de 13%. Enquanto essa fatia alcança 40% na América do Norte, 58% na Ásia e chega a 62% na Europa.

Blocos regionais ganham força
O fortalecimento de blocos de comércio regionais, com a diversificação da cadeia de fornecedores de insumos e maior número de destinos para a exportação de bens e serviços, tem importância crescente num momento em Trump vem anunciando tarifas comerciais e exigências de nacionalização de produção dos mais diversos produtos e serviços.

Na Reunião Anual do BID, representantes de 11 países sul-americanos assinaram uma declaração de apoio ao novo programa, Brasil, Chile, Argentina e Colômbia, entre eles.

O plano do BID foi estruturado com foco em três pilares.

Avançar nessa infraestrutura de conexão entre os países é o carro-chefe, olhando para melhorias e expansão de rodovias, portos, hidrovias, redes de energia e também digitais.

Essa infraestrutura vai ajudar a impulsionar cadeias de valor da região, facilitando o comércio, desenvolvendo a produção local e aumentando a inserção desses países nos demais mercados. Haverá ainda esforços na frente regulatória, com apoio a acordos comerciais e outros marcos.

O ministro da Fazenda do Chile, Mario Marcel, destacou os gargalos econômicos da América do Sul, como o custo de transporte 40% maior que o dos Estados Unidos.

Ele frisa que os corredores das Rota Bioceânicas, que incluem o Chile, permitirão reduzir custos de transporte, melhorar a conectividade e as transações comerciais.

Isso pode ajudar a atrair investimento e fomentar inovação, abrindo camino para o esenvolvimento sustentável, disse ele.

Ainda no encontro em Santiago, o BID e o Fonplata assinaram um acordo de cooperação para trabalharem em parceria.

Na prática, isso poderá se traduzir, por exemplo, no cofinanciamento de projetos na região, inclusive dentro do Conexão Sul.

FONTE: O Globo
Expansão do comércio entre países da América do Sul terá apoio do BID, com iniciativa inspirada em projeto do Brasil | Economia | O Globo

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Como o Brasil pode ser afetado pelas tarifas recíprocas de Trump?

Analistas ponderam taxação real dos produtos americanos no Brasil, entre alíquota zero de alguns produtos e barreiras não-tarifárias que podem ser consideradas pelos EUA

A semana começa com forte aversão a risco no mercado, em meio à repercussão sobre as afirmações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que as tarifas recíprocas a serem anunciadas nesta semana cobrirão todos os países, não apenas um grupo menor de 10 a 15 países. Isso provocou temores de que uma guerra comercial global possa levar a uma recessão.

Trump prometeu revelar um enorme plano tarifário na quarta-feira, que ele apelidou de “Dia da Libertação”. Ele já impôs tarifas sobre alumínio, aço e automóveis, além de taxas maiores sobre todos os produtos da China. “Começaria com todos os países”, disse ele a repórteres a bordo do Air Force One. “Essencialmente todos os países dos quais estamos falando.”

As declarações de Trump a repórteres a bordo do Força Aérea Um parecem acabar com as expectativas de que as taxas seriam limitadas a um grupo menor de países com os maiores desequilíbrios comerciais. Trump deve receber recomendações sobre as tarifas na terça-feira e fazer um anúncio na quarta, com a entrada em vigor no dia seguinte de tarifas sobre automóveis.

Neste cenário, as visões de como o Brasil pode ser afetado na prática são diversas. À época dos primeiros anúncios, o Brasil foi citado pelo presidente americano quando ele tratou sobre esse tema como um dos países-alvo.

Segundo Trump, “União Europeia, China, Brasil, México e Canadá nos cobram tarifas injustas [dos EUA]” no comércio exterior. “No dia 2 de abril, tarifas recíprocas serão adotadas. Não deixaremos mais que os Estados Unidos sejam roubados por outros países. Não pagaremos mais subsídios de centenas de bilhões de dólares ao Canadá e México.”

Conforme destacou a equipe econômica do Bradesco em meados de fevereiro, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2024, foi o destino de 12% das exportações brasileiras, totalizando US$ 40,4 bilhões, e origem de 15,5% das importações nacionais (US$ 40,7 bilhões). Sendo assim, o saldo comercial com os Estados Unidos foi praticamente nulo, enquanto a corrente de comércio alcançou 3,6% do PIB brasileiro no ano passado.

Dentre os principais produtos exportados, os economistas do Bradesco destacaram óleos brutos e combustíveis de petróleo, produtos de ferro e aço, aeronaves, café e celulose.

“Ainda não se pode dizer que a batalha contra a inflação terminou”, complementou o membro do conselho do BCE, Fabio Panetta, em discurso em Roma.

Quando analisada a participação dos Estados Unidos na pauta exportadora por produto, os mais dependentes dessa parceria são produtos de ferro e aço, aeronaves, materiais de construção e manufaturas de madeira. Pelo lado das importações, o Brasil é dependente de motores e máquinas não elétricos, óleos combustíveis e brutos de petróleo, aeronaves e gás natural norte-americanos.

As tabelas abaixo trazem um resumo dos 20 principais produtos exportados e importados e seu grau de dependência dos Estados Unidos:

Comércio com os Estados Unidos, pauta exportadora e importadora em 2024 (Fonte: MDIC, Bradesco)

 

Apesar de ser um importante parceiro comercial, o Brasil sempre taxou as importações vindas dos Estados Unidos, ressalta o banco. Utilizando dados do Banco Mundial, o Bradesco observou que a tarifa média atual é de 11,3% (2022, último dado disponível), sendo maior para bens de consumo e quase zerada para combustíveis. Por outro lado, as tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros são consideravelmente inferiores (em média 2,2%). Com uma tarifa um pouco mais elevada para bens de consumo e quase zerada para bens de capital e combustíveis.

Assim, com as tarifas recíprocas, dada a diferença de tarifas, o Brasil poderia sofrer elevação das taxas.

Para medir eventuais impactos na balança comercial, no câmbio e na inflação, o banco fez três cenários hipotéticos de tarifas: (i) os Estados Unidos adotam a reciprocidade; (ii) os Estados Unidos aumentam as tarifas de importação de produtos brasileiros para 25%, em um movimento similar ao feito contra o México e Canadá; e (iii) o Brasil retalia tais medidas, ampliando as tarifas para produtos norte-americanos para os mesmos 25%.

No primeiro cenário, a tarifa média imposta pelos Estados Unidos passaria dos atuais 2,2% para 11,3%, com todas as aberturas se igualando às tarifas de importação cobradas pelo Brasil. Nesse exercício, o banco encontra uma redução de cerca de US$ 2,0 bilhões nas exportações (5% do total embarcado).

Em um exercício hipotético, a depreciação equivalente do real, necessária para compensar essa perda, seria da ordem de 1,5%, com um impacto potencial estimado ligeiramente inferior a 0,1 ponto percentual no IPCA, como resposta direta à depreciação cambial.

O segundo cenário contempla um aumento das tarifas atuais para 25%. O Bradesco estima que tais medidas reduziriam em US$ 6,5 bilhões as exportações brasileiras, com maior impacto em bens intermediários (principal categoria dos produtos exportados para os Estados Unidos) e em combustíveis, dada a diferença entre os 25% e a tarifa atual, de apenas 0,2%.

Para hipoteticamente compensar essa perda, este cenário demandaria uma depreciação equivalente de 4%, elevando a inflação doméstica em até 0,25 ponto percentual.

Já o terceiro exercício contempla um aumento das tarifas atuais brasileiras sobre os produtos norte-americanos para 25%. Neste cenário, as importações recuariam cerca de US$ 4,5 bilhões e o repasse para a inflação ocorreria em dois estágios.

Inicialmente com impactos diretos oriundos apenas da elevação dos preços de importação e posteriormente via repasse dado o aumento do IPA. “Estimamos que o impacto máximo potencial seria de 0,3 ponto percentual, sendo 1/3 direto e 2/3 indireto”, aponta o banco.

Resumo dos cenários de tarifas (Fonte: Bradesco)

 

Por outro lado, há ponderações sobre o tema. Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) feito a partir dos dados do Banco Mundial reitera que a tarifa média simples aplicada pelo Brasil às importações dos EUA foi realmente de 11,3% em 2022 ante 2,2% da tarifa média simples cobrada dos EUA sobre as importações brasileiras.

Contudo, quando se calcula uma média ponderada pelo volume das importações, a taxa brasileira continua maior, mas a diferença cai. Isso ocorre porque a tarifa média paga pelos exportadores na prática é menor, já que produtos com maior volume de importação dos dois lados contam com tarifas mais baixas ouaté mesmo zeradas.

Levando em conta a tarifa efetiva, o Brasil cobrou em média 4,7% sobre importações vindas dos EUA naquele ano, aponta o FGV Ibre, enquanto os produtos brasileiros sofreram taxação efetiva média de 1,3% ao entrarem nos EUA.

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), por sua vez, estima que o Brasil cobrou uma tarifa média ponderada de 2,7% em 2024, um valor ainda menor.

“Essa diferença ocorre devido à alta participação de produtos americanos com alíquota zero nas importações brasileiras, como aeronaves e suas partes, petróleo bruto e gás natural, além do uso de regimes aduaneiros especiais – como drawback, ex-tarifário e Recof – que reduzem ou eliminam impostos sobre importações dos Estados Unidos”, apontou a nota.

Assim, como resultado, mais de 48% das exportações americanas para o Brasil entram sem tarifas, e outros 15% estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%, aponta a Amcham.

A nota aponta que os regimes especiais de tributação citados na nota permitem, sob algumas condições, que empresas importem máquinas e equipamentos para melhorar sua produção tendo desconto nas tarifas de importação. Assim, os produtos, em geral, têm tarifas mais altas, com o objetivo de proteger a indústria de máquinas brasileira.

Em meados de março, a Amcham, em carta obtida pela CNN, escreveu uma carta de 15 páginas ao USTR, escritório de representação comercial da Casa Branca, alertando o governo de Donald Trump sobre o risco de prejudicar o interesse das próprias empresas dos Estados Unidos com a imposição de tarifas adicionais ao Brasil.

Na carta, aponta que o Brasil foi responsável pelo terceiro maior superávit comercial dos Estados Unidos com as economias do G20 e lembra que o saldo positivo não se limita ao comércio de bens. Em serviços, os Estados Unidos acumulam superávit de US$ 165,4 bilhões com o Brasil no período de 2015 a 2024, aponta a Câmara.

Barreiras não-tarifárias no foco dos EUA?

Enquanto isso, estudo feito pelo BTG Pactual avalia que mais de 86% das importações brasileiras são submetidas a algum tipo de barreira não tarifária, o que poderia ser levado em conta pelos EUA ao aplicarem sua nova política comercial. Entre as barreiras, estão  normas sanitárias e fitossanitárias, cotas ou restrições quantitativas para determinados produtos, além de licenças e inspeções de órgãos como o Inmetro ou a Anvisa.

O BTG fez a seleção de 12 países e traçou o “índice de cobertura” das barreiras não tarifárias, que é a medição do valor das importações de cada país sobre as quais existe algum tipo de medida potencialmente restritiva. No caso do Brasil, esse índice alcança 86,4% das compras do exterior enquanto que, na América Latina, perde apenas para a Argentina (94,6% das importações).

Em meados de fevereiro, o economista-chefe da XP, Caio Megale, ressaltou no programa Morning Call que o Brasil está “mal posicionado” sobre a tarifa recíproca.

“O país possui tarifas de importação relativamente elevadas para diversos produtos, enquanto as taxas de exportação para os Estados Unidos não são tão altas. Sob essa perspectiva, o Brasil tende a estar no foco da política comercial dos Estados Unidos”, ressaltou.

Entretanto, o economista-chefe da XP ressalta que o Brasil exporta pouco para os Estados Unidos quando se contabilizam os produtos individualmente. “É um parceiro comercial significativo, mas as exportações do Brasil são relativamente diversificadas”, destacou.

FONTE: InfoMoney
Como o Brasil pode ser afetado pelas tarifas recíprocas de Trump?

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Sobre a arte de negociar com Trump 2.0, por Mario C. de Carvalho Jr

Temos de reconhecer que no passado fomos bons na interpretação do acordo do GATT e em sua solução de controvérsias.

A arte de negociar é um livro escrito pelo então incorporador Donald Trump, antes de se tornar democraticamente eleito – por duas vezes – Presidente dos EUA. Hoje, comanda ainda uma grande economia, que tem a mais dispendiosa e belicosa das forças armadas do mundo moderno. De fato, ele lidera um império com sinais de decadência porque sua economia não apresenta dinamismo econômico e tecnológico no longo prazo devido ao excesso de gastos públicos, ao alto nível da dívida pública, ao contínuo déficit comercial, e ao seu gasto militar que só cresce por ser a gendarme do mundo.

A existência e a manutenção conjunta de déficit comercial e orçamentário fazem com que os principais bancos centrais do mundo diversifiquem os seus ativos que estão nos portfolios de suas reservas internacionais, reduzindo a presença do dólar e o trocando por ouro e outras moedas conversíveis, como o renimbi, yen ou até as recém-criadas moedas digitais. Isso não é um processo de desdolarização, mas um movimento prudente dos Bancos Centrais do resto do mundo face à incerteza e ao risco de carregar nas reservas ativos financeiros denominados em dólar. Isso significa que o dólar está perdendo aos poucos sua função de reserva de valor devido à gradual perda de credibilidade da gestão macroeconômica implantada simultaneamente pelo Federal Reserve, e pelo Departamento do Tesouro norte-americano.

Ao colocar a política denominada de “America First”, como objetivo de política comercial e de trade policy, e, também cobrar das nações que necessitam de proteção militar – exemplo União Europeia – que entrem com um maior valor de gastos para a sua  segurança mostra que são corretas as metas e ações do Governo Trump 2.0 para reduzir o excesso de dispêndio que os EUA fazem no seu complexo industrial militar. Além disso, ao buscar reduzir o peso da máquina pública norte americana obrigando-a ser mais eficiente e efetiva através de sugestões de ações de corte de custos feita pelo departamento DOGE – criado por Trump e gerido por Elon Musk – sinaliza um compromisso com credibilidade de política fiscal para reduzir os gastos públicos correntes.

Vale lembrar, que além de ser um incorporador de renome, Trump tempos atrás também comandou um “reality show,” cuja técnica passou a adotar na gestão da sua agenda de política interna e externa, tanto no período do Trump 1.0, quanto agora no 2.0. Data daquela época o saber ”zoar” os brasileiros. Primeiro, foi provocar o derrotado treinador da seleção de futebol brasileira da época – Tite – sobre a atuação do nosso time. Usando conquistas passadas, em entrevista televisiva, nos EUA, o nosso timoneiro sem rumo da CBF levantou uma mão sinalizando os cinco títulos mundiais ganhos num passado de glória.

Sabiamente, naquele momento Trump não revidou! Mas, ele cutucou os brasileiros de uma forma singular tempos depois. Isso ocorreu ao assinar durante o período Trump 1.0 o novo acordo comercial entre os EUA  com o México e Canadá. O então presidente do EUA – numa atitude comum sua – fez comentários extra pauta, sobre a Índia e o Brasil. Vindo de Trump, devemos num primeiro momento analisar e entender os adjetivos usados à época por Trump – “beauty and toughest” – para se referir aos brasileiros.

De um lado, o “beauty” vem da nossa geografia, afinal ele já conhecia o encanto da Cidade Maravilhosa – o Rio de Janeiro – aonde quase ia fincar uma  ‘’Trump Tower’’. E, ao não fechar negócio no Brasil para implantar um mero empreendimento imobiliário perto do cais do Porto do Rio, este descobriu o emaranhando de impostos, taxas, emolumentos e multas envolvida numa operação comercial com brasileiros. Aliás, já agora no período Trump 2.0, este faz a mesma alusão à burocracia em excesso existente no Brasil ao falar da incidência de taxação de renda e de preço de transferências impostas sobre as empresas multinacionais de origem de capital norte-americano.

Para Trump 1.0 e equipe, o estilo de negociação do ’brasileiro é o de ser “duro” (toughest)! Todavia, antes de aceitar essa pecha, cabe indagar se o brasileiro seria realmente duro numa negociação internacional, seja por via diplomática ou comercial? Para entender a “boutade” de Trump é preciso lembrar o ditado popular: quem bate esquece, quem apanha lembra! No contencioso do algodão com os EUA, resolvido no âmbito do comitê de soluções de controvérsias da OMC, fomos duríssimos usando punhos de rendas. Nossos cisnes do Palácio do Itamaraty com base em princípios claros expostos no acordo multilateral firmado no âmbito do antigo GATT durante a negociação com o Governo dos EUA não aceitaram barganhar.  Resultado: colocaram de joelhos o Poder Executivo Norte-Americano visto que este foi obrigado a negociar com o seu Poder Legislativo – câmara baixa e alta – para mudar a “Farm Bill”. E, isso contrariou à época  e muito os  interesses dos eleitores e dos estados  do sul daquela nação. Tudo isso ocorreu há uns vinte anos, e a estratégia do Itamaraty foi tão precisa que virou “cases” para a área do direito internacional, e em teoria de jogos!

A partir dessa visão calcada no direito internacional oriundo do GATT/OMC e das regras das leis norte-americanas, inclusive a de Comércio que são usados nas argumentações e nas cartas localizadas nos punhos de renda dos nossos negociadores do Itamaraty advém a percepção dos negociadores norte americanos de que somos duros negociadores! Porém, pela cartilha e a prática negocial de Trump 2.0 e sua equipe somos previsíveis por agirmos by the book da OMC/GATT e das leis de comércio norte americana.

De fato, não há clareza por parte dos atores governamentais e dos defensores dos interesses das empresas exportadoras, no Brasil, de que o primeiro book  está, hoje, ao menos em desuso e paralisado ao menos no comitê de soluções de controvérsias da OMC, e, em função da prática de commom law há novas interpretações plausíveis em curso da legislação americana nos tribunais e no executivo e legislativo daquela nação. E, ainda não se entendeu, no Brasil,  que a tarifa aduaneira, em termos históricos, nos EUA, foi usada com três objetivos a saber: a) para arrecadar recursos para fazer face às despesas da União; b) para alterar o padrão de produção local com vistas à proteger à produção doméstica norte-americana contra importações com dumping ou subsídios; ou c) como instrumento para obter reciprocidade nas relações econômicas de setores, indústria, e dos EUA tanto com parceiros comerciais de forma bilateral, regional ou multilateral. Demais, os propósitos desses instrumentos são para atingir objetivos econômicos e não econômicos. Hoje, grosso modo, temos que compreender e distinguir essas intenções quando  Trump 2.0 usar o instrumento de tarifas aduaneiras.

O nosso problema, no período Trump 2.0, caracterizado por novos tempos de negociação internacional em que a linearidade da conduta e da análise do problema dá lugar para o reino da não linearidade, da incerteza e das escolhas de “trade off’’ presente e futuro numa negociação comercial e diplomática só torna frágil nossos negociadores, tanto os nossos cisnes do Itamaraty, quanto os defensores dos interesses empresariais brasileiros junto aos EUA.

Importa reter, no momento presente, que só incorporando os elementos descritos acima com base numa perspectiva de lógica fuzzy é que poderemos agora no período Trump 2.0 nos prepararmos para uma negociação agressiva unilateral, tanto da  parte de Trump, quanto dos membros do seu Governo

Temos de reconhecer que no passado fomos bons na interpretação do acordo do GATT e em sua solução de controvérsias. Mas, foi nesse locus institucional que perdemos  – em termos multilaterais –  o desenho e o fundamento da política industrial e de comercio exterior de governos passados, inclusive o período Lula I e II, e tivemos de oferecer compensações aos nossos parceiros comerciais.

Isso posto é preciso que reconheçamos que apesar do volume da corrente de comercio de bens e serviços entre o Brasil e os Estados Unidos, o saldo comercial favorável aos EUA, e ao crescente número de emigrados legais brasileiros nos EUA trabalhando e investindo tanto lá quanto cá, e que hoje somam a quase quatro milhões de pessoas há um contencioso comercial histórico entre o Brasil e os EUA que vem desde os anos noventa do século passado.

De fato, o Governo Norte Americano monitora de forma constante o contencioso nas nossas relações comerciais, e há revisões anuais, principalmente pelo USTR – United States Trade Representative -, quanto por outros órgãos daquele país. Estivemos  na “lista de observação” da seção 232 e da seção especial 301 da Lei de Comércio dos EUA; temos revisão sempre em curso dos produtos da lista de beneficiários do Sistema Geral de Preferências – SGP, notadamente das exportações oriundas da região Norte e Nordeste; e, os incentivos fiscais e subsídios creditícios que oferecemos a nossas empresas exportadoras estão sob o escrutínio conjunto do departamento do comércio e do USTR. Isso tudo sem falar de toda espécie de medidas de importação, de barreiras não tarifárias, de medidas fito-sanitárias, e barreiras técnicas gerais ou setoriais que impomos, segundo o USTR, aos produtos já comercializados pelos fornecedores dos EUA, ou que eles porventura podem fornecer. E, estamos sempre na lista de país que permite a importação de produtos de marca falsificados e que infringe a propriedade intelectual. Vale lembrar que todas essas análises e diagnósticos do governo norte americano estão descritos em relatórios públicos dessas instituições, e disponíveis na internet.

Hoje, grosso modo, temos que compreender que com Trump 2.0, este contencioso estará subjacente em qualquer negociação, mas dada à amplitude da proposta de tarifa reciproca com vistas a obter reciprocidade para acesso com corte bilateral ao mercado de lá (EUA) e de cá ( BRASIL), e, dada a superposição do antigo contencioso comercial com a nova proposta de reciprocidade de redução tarifária , a pergunta a ser respondida é o  que fazer num contexto de negociação agressiva comandada por Trump?

O primeiro ponto é compreendermos o anuncio a ser feito próximo dia 02 de abril – cunhado por Trump como “liberation day” – em que serão expostas as diretrizes e talvez o nível das tarifas reciprocas proposto pelos EUA. O divertido e o interessante é que nunca antes na história do mundo um grande player que tem a sua economia já aberta irá propor e negociar por meio de tarifas reciprocas um mecanismo de abertura e acesso unilateral, bilateral e multilateral para aumentar o comercio intra indústria entre os EUA e o país ( ou países) que entrar ( ou entrarem) em negociação com os EUA.

Em outras palavras, serão apresentados dois vetores de tarifas reciprocas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos. Provavelmente com base no Harmonized System da TUSA o valor ad valorem da tarifa de importação norte americana será comparado e cotejado com o valor da tarifa de importação do Brasil ( e/ou dos demais países). Essa medida será um tipo de proxy a ser usada pelos EUA para mostrar o grau de trade cost que os produtores norte americanos tem para acessar o mercado brasileiro ( ou em qualquer outro país). E, a partir dessa dispersão ou diferencial, os EUA iram elevar o nível das suas tarifas aduaneiras em relação a sua proposta de tarifa recíproca.

Como o patamar da tarifa norte-americana é muito mais baixo que o observado no resto do mundo – pois ao longo da estória do GATT-OMC a redução de tarifa dos EUA junto com clausula MFN foi usada como um bem público para se avançar nas diversas Rodadas da OMC, hoje, os EUA irão usar o porrete ( stick) das tarifas para viabilizar tanto o acesso e abertura ao seu mercado quanto o acesso e abertura do mercado alvo da tarifa reciproca. Isso é a novidade do dia 02 de abril, pois é diferente do que foi usado nas negociações comerciais do passado. E, a priori , se seguir uma analise de economia positiva com base em dados não se pode afirmar a priori que as medidas são protecionistas ou só semeiam a guerra comercial. De fato, é algo novo em relação à experiência pós a crise de 1929 em que se proliferou as políticas de beggar the country.

De fato, importa perceber que o propósito de “liberation day “ não será a busca de auto suficiência total de todos os setores da economia norte –amerciana, tornando-a uma economia fechada ao comércio internacional. Abertura, acesso ao mercado e possibilidade de lucrar e fazer e negócios continuarão a estar na mesa de negociações entre os operadores dos EUA com cada país. Logo, obter os ganhos de comércio advindos da “dupla abertura” – lá e cá – dependerá fundamentalmente do animal spritis dos empresários exportadores brasileiros. Infelizmente, esses só querem ser comprados, e não querem ir vender até por não terem cultura exportadora. Logo, a atitude tanto dos empresários, de seus representantes e do governo brasileiro será de apatia, desejo de negociação e mera reação. Em outras palavras, ousadia zero face às oportunidades abertas no “liberation day”.

Sem dúvida, para que se possa analisar os efeitos do “liberation day” na estrutura tarifária e de proteção da economia brasileira e na composição das exportações nacionais é preciso que a partir dos dados das tarifas reciprocas a serem divulgados com base no SH do TUSA ( ou do pouco provável SITC) se possa ter acesso aos dados da Secretaria de Receita Federal do Brasil.

Aliás,  será preciso tabular e calcular o nível da tarifa média nominal do imposto de importação que consta da Tarifa Aduaneira do Brasil por NCM com os valores importados e os impostos efetivamente arrecadados ( ou isentados) sob cada regime especial aduaneiro. Ao se obter o somatório desses dados se obterá uma proxy da tarifa aduaneira verdadeira cobrada pelo Brasil. Isso poderá ser calculado tanto para os produtos importados e provenientes dos EUA e do Resto do Mundo. Hoje em dia, essa informação não poderá ser disponibilizada por ser sigilo fiscal segundo norma e interpretação da SRF. Sem dados, o que se poderá afirmar é que o Brasil cobra e coíbe  e protege à economia brasileira é bem menor que o exposto no diário oficial em que se outorga uma proteção ao produto nacional.

Obviamente, entre o diferencial da tarifa legal e a verdadeira se deveria tentar obter os diferenciais dos preços internos e externos desses bens para de fato se obter a proteção efetiva dada pelo Governo à Economia Brasileira. Como não se tem esses dados e não se sabe como os bens entram e são nacionalizados no território nacional segundo regimes aduaneiros se tornou comum principalmente entre lideres empresariais do setor químico e siderúrgico do Brasil que estes venham à público com um mantra mostrando que estão corretamente sofrendo com a competição de produtos chineses. Sem dúvida, por exemplo, esses produtos entram pelo Amapá sem incidência de imposto de importação, de ipi , e com redução de icms para cerca de três por cento e são transportados e consumidos na região sudeste. Mesmo com a reforma tributária isso irá perdurar até 2032, sendo que só não se sabe se as empresas nacionais haverão de sobreviver até lá.

Apesar disso, nosso problema inicial com as tarifas reciprocas criadas por Trump é temos de identificar as vantagens comparativas reveladas, e ainda existente em bens e serviços aqui produzidos e transacionados para potencializarmos ao máximo a capacidade produtiva do sistema da economia nacional face à um necessário processo de mudança de regime de comércio com abertura comercial.

Temos de ousar e ter claro que é decisão soberana e de interesse nosso – do Brasil –  mudar agora o regime de comércio brasileiro, com ou sem ameaça das tarifas reciprocas de Trump. Isso porque para que uma abertura comercial unilateral como está sendo proposta por Trump se produza reduzido número de perdedores, é preciso ter e adotar como princípio uma estratégia de resposta por parte do Brasil uma ação unilateral de mudança dos preços relativos externos e internos, aonde se altere simultaneamente a estrutura de incentivos às exportações, de um lado, e as medidas tarifárias e não tarifárias, de outro lado, de modo que haja um viés pró-exportador para que se produzam vencedores.

Aliás, vale lembrar que no Governo Collor, reduzimos as tarifas sobre insumos do agronegócio e se implementou uma lei agrícola capaz de direcionar crédito a esta atividade cujo resultado – dada a demanda internacional – é que não somos um país com uma parcela pequena no comércio mundial dos produtos do agronegócio. Resultado, o regime de comércio do Agro não é nem pop, nem tóxico, e sim pró-exportador. Não se recolhe impostos indiretos – icms – aos cofres públicos porque se compete com fornecedores de todo o mundo, mas se taxa a renda direta mediante o imposto de renda sobre o produtor rural.  Caso haja sanha por uma derrama para atender aos cofres dos fiscos estaduais por causa do volume de créditos acumulados com exportações de ICMS, e se se quiser taxar as exportações estaremos voltando para a época do  ciclo do café. Isso seria uma solução, pois se obteria renda dos consumidores internacionais até eles terem outra fonte de suprimento e de preferência, como hoje o café colombiano! Aliás, o correto seria eliminar a figura do acúmulo do ICMS nas exportações para evitar que os nossos concorrentes digam que estamos  a subsidiar os produtores e exportadores domésticos.

Isso não ocorre com tanta facilidade nos produtos da indústria em que a estrutura de produção e taxação é mais longa. De fato, há mais etapas para se processar um bem, e a cada momento histórico se há necessidade de proteger temporariamente certas atividades para gerar aprendizagem, escala e escopo na produção doméstica. Este bem se for produzido no Brasil têm de ter condições de ser ofertado de forma competitiva com taxação indireta ou contribuições de PIS e COFINS para o mercado doméstico, e como isenção dessa taxação quando o produto for direcionado para o mercado internacional. Como isso não foi assegurado à indústria ao longo das últimas décadas se assiste a uma grande desindustrialização, cuja necessidade de reindustrialização e mudança no chão de fábrica hoje se faz mais necessária devido à difusão da internet das coisas e a transição energética. Apesar da não outorga de incentivos corretos ao setor industrial, este conseguiu nos últimos anos resistir e apresentar perdas nas exportações por operarem num regime de comércio com viés contra a industrialização de bens e serviços.

Face ao exposto acima, e apesar das ameaças bilaterais de pressão do Governo Trump 2.0, esse deveria ser um bom momento para iniciarmos a revisão do regime de comércio brasileiro. Nesse sentido, um primeiro diagnostico a ser feito seria estabelecer uma taxionomia do contencioso bilateral com os EUA, dos níveis de proteção nominal e efetiva, e dos regimes aduaneiros e acordos de complementação econômica com os nossos parceiros comerciais, inclusive Mercosul.

Sem dúvida, uma equipe pequena deveria ler os documentos disponíveis na internet e os documentos entregues ao Governo Brasileiro pelos representantes dos nossos parceiros comerciais.  Esta equipe não deveria conter, nem analistas de comércio exterior, nem diplomatas de carreira porque o norte da leitura é identificar as “queixas’ e “alegações” bilaterais e multilaterais de barreiras ao comércio sem posições pré concebidas visto que há necessidade de identificar cada item desse contencioso em relação ao que incide na fronteira do país e ao que incide e distorce as condições de venda do produto importado após a entrada no território nacional.

Ao proceder dessa forma poderemos listar as medidas não tarifárias, fitossanitárias e outras que nossos parceiros alegam que restringem o comércio. Verificaremos que boa parte da queixa é decorrência do jeitinho brasileiro de administrar típico de instituições como IMMETRO, INPI, MAPA, ANVISA, etc. Com uma diretriz política da CAMEX se poderá modernizar as normas infraconstitucionais e limpar o contencioso sem ferir a soberania nacional.

Com relação às tarifas, o Governo brasileiro poderia anunciar um processo de convergência da atual estrutura da tarifa nominal para um nível uniforme próximo e em torno de 15% ou 20% de proteção tarifária. Também se buscaria eliminar os regimes aduaneiros especiais e ex-tarifários não ligados à atividade de exportação. Vale destacar que nesse processo de convergência se negociaria com os parceiros do Mercosul a transformação do bloco numa área de livre comércio  visto que essa já de fato isso, e cada membro poderia estabelecer sua própria tarifa aduaneira, e se manteria os princípios fundadores o Mercosul, desde que houvesse um maior controle das regras de origem intra bloco.

Cabe destacar que o Brasil adotou uma inteligente política comercial estratégica no início do século XXI para atrair novas montadoras a se instalarem no solo brasileiro, em função da inovação de um produto nosso – o motor flex – , e seus bons efeitos sobre o meio ambiente. A jabuticaba brasileira foi reduzir significativamente a estrutura dos tributos indiretos – tipo IPI, ICMS, PIS e Cofins – dos carros montados no Brasil e que eram vendidos aos consumidores nacionais, sem que esse “incentivo” fosse dado ao produto importado. Vale lembrar que o produto nacional inovador era o motor flex, e no carro importado à época não havia esse motor. Reduzir a tributação interna funcionou e novas montadoras vieram para o Brasil, mas violamos o princípio de não discriminação a produto importado após a entrada no território nacional conforme reza o acordo do GATT/OMC.

Hoje, em época de transição energética, podemos lançar títulos verdes do governo brasileiro nos Estados Unidos e usarmos esses recursos para fazer inovações na indústria de transformação de setores hard to abate – como siderúrgicos, e químicos – no Brasil, e, podemos de quebra incentivar a complementação produtiva nessa área entre o Brasil e os EUA fazendo com empresas exportadoras nacionais se internacionalizem e comprem unidades nos EUA. Inclusive, podemos fazer isso sem ferir a legislação internacional mostrando proposito de fazer transição energética associada ás exportações.

Além disso, para melhorar o relacionamento Brasil e EUA, devemos combater o contrabando, e a contrafação de bens que tanto violam os direitos de propriedade intelectual com entram no Brasil por situações de descaminhos. Isso é preciso que se torne uma ação perene e constante do Governo. É obvio que esse problema não se restringe à uma unidade da Federação, pois ocorre em todos os estados da federação, e inclui também armas e drogas. Aliás, ter uma presença e controle mais efetivo nas fronteiras é um desejo de toda a autoridade constituída no país. Dada a extensão geográfica das fronteiras terrestres e marítimas do Brasil impor controle e inspeção sobre a movimentação de bens e serviços que passam pela fronteira – sem ferir as normas e leis internacionais – depende de reconhecer a priori a partir da nossa história de que todos aqueles bens que entram ( ou saem) devem ser inspecionados no território quando este ocorrer por meio de um meio de transporte, de uma forma de acondicionamento da carga (tipo container ou pallet), e numa entrada legal ( tipo porto ou aeroporto). Dado que se tem de elaborar documentos que comprovem a transferência de propriedade do bem de um comprador para um vendedor se pode montar “jogos de inspeção” para estabelecer controles, desde que haja instituição capacitada para essa atividade.

No Brasil, hoje, existem sistemas informatizados em que se pode obter tanto o fluxo físico, fiscal, monetário e cambial da exportação quanto da importação em termos de origem e destino, bem como o fluxo de carga podem ser verificados e checados para efeitos de controle comercial, aduaneiro e cambial. Pode-se inspecionar ou pré-inspecionar preço, volume, valor, tipo, etc na entrada e na saída. Só precisa saber analisar esse Big Data e fazer uma mineração de dados perene. Isso pode ser feito se juntar uma força tarefa da Coana/MF com o Decex/Mdic e COAF-MJ sob um mesmo órgão de Governo, se requerendo apenas mudança legal das funções e atribuições dos respectivos Ministérios.

Do exposto, o anúncio do “liberation day” pelo Presidente Trump é um bom  momento para se ousar na condução das negociações com os Estados Unidos.  A partir do mapa de sugestões aqui proposto, caso estas viessem a ser adotadas de forma imediata permitirá que o Governo  resista às pressões a serem feitas pelo o atual Presidente dos EUA na medida que se terá “novas” propostas nas mãos para se negociar com a equipe de Governo dos EUA.  Surpreender e alterar o conteúdo da agenda de negociação de forma não linear tira Trump e sua equipe da sua zona de conforto, e da sua obsessão momentânea. Kim Jong-un fez isso, e o problema Estados Unidos- Coréia do Norte saiu do noticiário internacional. Por sua vez, Xi Jinping trata e negocia com Trump de forma linear e tradicional, e não há grandes avanços nas negociações China – EUA, e, a guerra comercial se aprofunda cada vez mais. Assim, ser não linear e ser inesperado – usando o método ODDA loop conforme demostrado por Tom Cruise nos filmes TOP GUN 1 e 2 sem ser uma missão impossível –  é a essência da arte de se negociar com Trump!

Mario Cordeiro de Carvalho Junior – Professor da Faf-UERJ

FONTE: Jornal GGN
Sobre a arte de negociar com Trump 2.0, por Mario de Carvalho Jr

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Medidas comerciais dos EUA podem impactar a indústria automobilística do Brasil

Além das autopeças brasileiras enviadas para os EUA e usadas em fábricas de automóveis mexicanas, as montadoras podem redirecionar investimentos para fábricas americanas

As tarifas de importação na indústria automotiva, já em vigor ou em discussão pelo governo de Donald Trump, devem impactar o Brasil também. Os Estados Unidos e o México são o segundo e o terceiro maiores mercados de exportação da indústria brasileira de autopeças, respectivamente. Juntos, eles responderam por US$ 2,29 bilhões em 2024, o equivalente a 29,2% da receita total de exportação do setor brasileiro.

A tarifa de 25% imposta aos veículos importados pelos EUA já está surtindo efeito, já que o Brasil fornece componentes para alimentar as linhas de montagem de automóveis do México. Com US$ 923 milhões em embarques, o México representou 11,8% da receita brasileira de exportação de autopeças em 2024.

A situação deve piorar assim que o governo dos EUA definir tarifas para autopeças importadas, como já sinalizou. Se implementadas, essas novas tarifas tornariam as peças brasileiras mais caras no mercado americano.

Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,37 bilhão em autopeças para os EUA, o que representou 17,5% da receita de exportação do setor naquele ano. Os EUA ficaram atrás apenas da Argentina, que gerou 34,6% da receita de exportação de autopeças do Brasil.

O setor está se preparando para mais más notícias. Em nota, o Sindicato Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Sindipeças) disse que vê as medidas “com preocupação”. A organização observou que, após as tarifas sobre carros, “algumas autopeças também enfrentarão tarifas adicionais semanas depois, com a possibilidade de mais itens serem adicionados à lista inicial”. A liderança do Sindipeças disse que está “aguardando todos os detalhes da legislação para avaliar os impactos potenciais mais detalhadamente”.

Os efeitos das novas tarifas sobre o Brasil não se limitam à indústria de autopeças. Embora as fábricas de veículos no Brasil não exportem para os EUA – o segundo maior mercado automotivo do mundo – as novas medidas devem ter um impacto financeiro significativo nas montadoras, afetando potencialmente sua capacidade de investimento em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Além disso, a necessidade de mudar as estratégias de fabricação, aumentando a produção nos EUA como Trump pretende, também pode levar as montadoras a redirecionar mais investimentos para as fábricas americanas, reduzindo o fluxo de recursos para outros países com fortes indústrias automobilísticas, como o Brasil.

Um executivo sênior de uma grande montadora que opera no Brasil disse que não há dúvida de que o impacto será significativo, especialmente no México. Quase 80% dos veículos produzidos nas fábricas mexicanas são destinados aos EUA. Em 2024, 2,8 milhões de veículos cruzaram a fronteira — mais do que toda a produção brasileira de 2,54 milhões de unidades naquele ano.

Muitos veículos fabricados no México são projetados para atender às preferências e ao poder de compra dos consumidores dos EUA. São, portanto, maiores e mais luxuosos do que os modelos exportados para o Brasil. Sob um acordo de livre comércio, 10% dos veículos importados pelo Brasil em 2024 vieram do México.

Com quase 4 milhões de veículos produzidos em 2024, o México foi classificado como o quinto maior produtor de veículos do mundo, atrás da China, Estados Unidos, Japão e Índia. O Brasil ficou em oitavo lugar. O México também é o quinto maior exportador de veículos do mundo, atrás da Alemanha, Japão, EUA e Coreia do Sul.

Aço brasileiro

De acordo com dados da Associação Mexicana da Indústria Automotiva (AMIA), o México possui 37 fábricas de veículos, motores e transmissões. A maioria pertence a empresas que também operam nos EUA e no Brasil, incluindo empresas americanas, europeias e asiáticas, empregando um total de 84.000 trabalhadores.

As preocupações da indústria não se limitam a possíveis tarifas sobre autopeças e às tarifas existentes sobre veículos. Há poucos dias, Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), disse que também está preocupado com as tarifas adicionais sobre o aço brasileiro.

“As montadoras só podem ser fortes se todos os elos da cadeia forem fortes. Uma indústria siderúrgica forte garante maior volume e custos mais baixos”, disse ele.

Alguns, no entanto, permanecem otimistas. Um analista do setor que pediu para não ser identificado acredita que ainda há espaço para negociação entre as montadoras e o governo Trump. Nesse cenário, as montadoras poderiam se comprometer a aumentar a produção nas fábricas dos EUA em troca de um compromisso do governo de reduzir ou adiar as tarifas.

No início de março, Trump concordou em adiar as tarifas sobre veículos em um mês depois de receber um telefonema que incluía os CEOs da General Motors, Ford e Stellantis.

FONTE: Valor Internacional
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Superávit da balança comercial brasileira atinge US$ 1,11 bilhão na terceira semana de março

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,11 bilhão na terceira semana de março, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O resultado reflete exportações de US$ 6,43 bilhões e importações de US$ 5,31 bilhões no período.

No acumulado do mês, o saldo positivo chega a US$ 5,88 bilhões. Já no ano, até agora, o superávit totaliza US$ 7,81 bilhões. O desempenho das exportações foi impulsionado principalmente pelos embarques da agropecuária (+28,4%) e da indústria de transformação (+19,2%), enquanto a indústria extrativa registrou queda de 4,2%.

Do lado das importações, houve alta de 12,5%, puxada também pela agropecuária (+38,7%) e pela indústria de transformação (+14,2%). A indústria extrativa apresentou recuo de 20%.

Apesar do saldo positivo, setores específicos da economia acompanham com atenção fatores externos que podem influenciar a balança nos próximos meses. A Associação Brasileira do Alumínio (Abal), por exemplo, demonstrou preocupação com a recente elevação da tarifa sobre o alumínio nos Estados Unidos, que subiu de 10% para 15% a partir de março.

Mesmo representando uma pequena fração das importações norte-americanas, o Brasil tem nos EUA um destino relevante para seus produtos de alumínio, com 16,8% das exportações nacionais do setor em 2024. A medida, segundo a entidade, pode afetar o fluxo de exportações, pressionar preços regionais e criar um ambiente de concorrência menos equilibrado.

FONTE: Bloglogcomex
Superávit da balança comercial brasileira atinge US$ 1,11 bilhão na terceira semana de março

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Maersk faz apelo contra restrições a armadores no leilão do Tecon Santos 10

Vice-presidente da gigante dinamarquesa defende um leilão aberto para novo megaterminal no Porto de Santos, que deve dobrar capacidade de movimentação de contêineres no país

O vice-presidente de Políticas Públicas e Regulatórias da Maersk, Danilo Veras, fez um apelo ao governo e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que não imponham restrições à participação de armadores (companhias de navegação) no leilão do Tecon Santos 10 — novo megaterminal de contêineres do maior porto da América Latina, previsto para novembro deste ano.

O terminal, antes batizado de STS 10 e agora renomeado, será o maior arrendamento portuário já realizado no país.

O projeto prevê investimentos de R$ 5,6 bilhões em 25 anos de contrato e a movimentação de até 3,5 milhões de TEUs (contêineres-padrão de 20 pés), aumentando em 50% a capacidade do Porto de Santos (SP), que está à beira do esgotamento da capacidade de movimentação desse tipo de carga.

O executivo defende que o megaterminal de contêineres deve possa seguir o modelo de leilão aberto.

Para Veras, a tentativa de promover a concorrência por meio de desverticalização não teve os efeitos esperados no país.

“No Brasil, a experiência mostrou que a ideia de que a desverticalização aumentaria a concorrência, por meio de um terminal ‘bandeira branca’, nunca se concretizou. Precisamos ser responsáveis ao impor restrições. Isso sim pode enfraquecer a competição e direcionar a licitação para um player específico”, afirmou.

O projeto está em consulta pública pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Depois, será remetido para o TCU.

O órgão de controle pode, em tese, determinar mudanças no modelo — por isso o pedido do executivo da Maersk também ao presidente do Tribunal de Contas da União.

O cenário mudou significativamente desde a primeira tentativa de leilão do Tecon Santos 10, em 2022, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde a então, a Santos Brasil — uma das grandes operadoras de contêineres em Santos — teve o controle adquirido pela companhia francesa de navegação CMA CGM. Ela era a maior opositora à possibilidade de verticalização.

Outra operadora “bandeira branca”, a Wilson Sons, foi vendida à italiana MSC. Ela não está no estuário santista, mas reforça essa nova tendência no mercado brasileiro de contêineres.

Também operam, no maior porto da América Latina, a BTP (controlada pela própria Maersk e pela MSC) e a DP World.

FONTE: CNN Brasil
Maersk faz apelo contra restrições a armadores no leilão do Tecon Santos 10 | CNN Brasil

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Protecionismo sinaliza antidumping recorde

O Departamento de Defesa Comercial (Decom), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), poderá receber um número recorde de petições para defesa comercial contra práticas consideradas desleais neste ano, na esteira do crescimento de importações e indicações do governo Lula de adoção de políticas de fomento à indústria.

O potencial rearranjo do fluxo comercial global, com os anúncios do presidente dos EUA, Donald Trump, também deverá dar mais combustível aos pedidos feitos pela indústria demandando medidas de proteção.

Levantamento feito pelo escritório Pinheiro Neto a pedido do Valor identificou que no ano passado o Decom recebeu 117 petições, aumento de 165,9% em relação a 2023 (foram 44), chegando perto do maior patamar já registrado. O atual recorde foi anotado em 2011, ano em que o departamento recebeu 128 petições. Em 2022 foram 17 petições do tipo recebidas.

Grande parte das petições envolve, no geral, pedido para medidas antidumping, que é aquela que envolve casos em que um determinado exportador vende a preço mais baixo a outros países em relação ao mercado interno. Há em menor número ainda as medidas compensatórias, que abarcam aquelas contra a produção de países que receberam, de forma comprovada, subsídios, algo que no geral se concentra contra a China.

Segundo dados do Decom há no momento 43 investigações de defesa comercial em curso, majoritariamente como alvo a China, com 24 dessas investigações. A concentração das investigações está em produto siderúrgicos, plásticos e pneus, mas há caso envolvendo leite em pó e aguas hipodérmicas. Uma das petições esperadas é a da Anfavea, que representa as montadoras tradicionais e que já disse que estuda agir contra empresas chinesas.

Estas são as principais importações da China, embarcadas em contêineres, que chegaram aos portos brasileiros ao longo de 2024. Os dados foram derivados do DataLiner.

Importações provenientes da China | Brasil | 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

No caso da investigação envolvendo o leite em pó, o produto é importado de Argentina e Uruguai e a petição foi protocolada pela Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA). Já a envolvendo agulhas, os produtos importados investigados são chineses. Em vigor há hoje 81 medidas antidumping no Brasil.

As medidas de antidumping, assim como as de subsídios e salvaguardas, estão dentro do arcabouço de regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas muitas ações tarifárias, como as anunciadas por Trump, estão fora desse escopo.

Além do crescimento dos pedidos, existe ainda outra projeção, abordando outro lado do mesmo tema. A estimativa, segundo especialistas, é de que também devem subir a suspensão e alterações por interesse público, o que significa que medidas protetivas podem ser suspensas se identificado, após análise, de que os benefícios da mesma não superam os malefícios. Esse tipo de alteração, contudo, só ocorre ao fim do processo. Na contramão, se espera que o número de medidas temporárias, que são aquelas que adiantam medidas protetivas, caiam. A questão, segundo especialistas, é e como as preocupações do governo em torno da pressão inflacionária afetará as decisões.

O sócio da área de comércio internacional e relações governamentais do Demarest Fernando Benjamin Bueno acredita que a demanda por ações antidumping deverá seguir aquecida ao longo do ano, ainda puxada por toda a dinâmica de mudança do fluxo de comercial global, algo que já vem ocorrendo há alguns anos. “Estamos vendo os mesmos fatores que causaram aumento das petições em 2024, sendo o grande fator o desvio do comércio”, diz.

Segundo ele, esse desvio comercial já tem feito os países a adotarem medidas antidumping. Na Europa, por exemplo, também têm sido mais comum medidas protetivas com viés social ou ambiental, como a proibição para a importação de produtos de áreas de desmatamento. Bueno frisa que a existência de produtos como escova de cabelo com medidas protetivas, por exemplo, prova que o antidumping pode ser para qualquer fabricante que esteja sofrendo concorrência desleal com importados.

Renê Medrado, sócio da área de direito comercial do escritório Pinheiro Neto, aponta que o crescimento do número de petições também decorre de uma demanda reprimida, algo que andou com a mudança de governo, que trouxe uma expectativa de olhar para a indústria. Além de medidas antidumping, o governo implementou medidas tarifárias no intuito de proteger a indústria nacional, mais especificamente envolvendo produtos siderúrgicos e químicos.

Agora, para este ano, Medrado espera novo aumento, também com o “efeito Trump”. “A imposição de medidas tarifárias pelo governo Trump traz mais incerteza para exportadores, que devem buscar mercados relevantes para seus produtos, tal como o Brasil.” Isso significa que, a depender do cenário, a indústria nacional vai procurar defesa contra esse fluxo.

Renata Zucollo, sócia da área de direito concorrencial no escritório Mattos Filho, diz que é comum, em governos mais inclinados à defesa da indústria, o aumento dos pedidos de medidas antidumping. Foi assim, por exemplo, ao longo dos dois primeiros governos de Lula, recorda. Por isso, com seu terceiro mandato, já se esperava uma curva ascendente. O novo catalisador, segundo ela, são as expectativas de desarranjo do comércio global com Trump e os movimentos de adoção no mundo de medidas protetivas.

Pela ótica local, há também um relevante ponto de atenção. A especialista do Mattos Filho destaca, nesse sentido, que medidas protetivas envolvendo bens intermediários, ou seja, aqueles que são insumos para a fabricação do produto final, por exemplo, devem ter um crivo maior na análise diante do ambiente inflacionário no país. Isso porque se um insumo aumenta de preço, a indústria pode absorver, algo que vai corroer sua margem, ou aumentar o preço do produto. “O desafio da defesa comercial será em casos de intermediários, com a inflação mais alta”, diz.

Bueno, do Demarest, acredita, por outro lado, que o impacto dessas medidas na inflação brasileira é baixíssima pelo fato de as medidas protetivas serem direcionadas apenas a uma pequena fração do que é importado pelo país.

Já a sócia do escritório Lefosse da área de compliance, investigações e comércio internacional Adriana Dantas, no entanto, acredita que o ritmo caia ao longo do ano. Isso porquê em 2024 o dólar se valorizou frente ao real – e o câmbio é um fator preponderante quando se fala em volume de importação para um país. Dantas explicou que a análise do Decom é bastante técnica e que a questão cambial tem, assim, um peso relevante. “Acho que o ritmo pode dar uma reduzida, porque o mérito fica mais difícil de ser estruturado”, comenta.

Segundo a especialista, há muitos casos chegando no escritório, mas muitos não se tornam petições porque a viabilidade do mesmo não é identificada.

Procurado, o Mdic não concedeu entrevista.

FONTE: Datamar News
Protecionismo sinaliza antidumping recorde – DatamarNews
Valor Econômico
Protecionismo sinaliza antidumping recorde | Brasil | Valor Econômico

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Prorrogadas as inscrições para curso de qualificação de jovens negros na área de comércio exterior

Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) prorrogaram nesta quinta-feira (27/3), as inscrições para o curso de formação profissional gratuita em comércio exterior a pessoas negras (pretas e pardas), com renda per capita de até dois salários-mínimos, a partir de 16 anos.

A iniciativa, que faz parte do Programa Raízes Comex, tem como objetivo aumentar a presença de pessoas negras no comércio exterior, um setor com grande potencial de crescimento e oportunidades.

As inscrições para as cidades de Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Fortaleza (CE), Joinville (SC), Santos (SP) e Itajaí (SC), foram prorrogadas até o dia 31/03. Ao todo são 120 vagas para Qualificação Profissional em Assistente de Serviços de Comércio Exterior e 20 vagas para Técnico em Comércio Exterior, distribuídas entre os seis municípios.

Em breve estarão disponíveis também as inscrições para o município de Recife (PE), com 20 vagas.

Confira as datas das inscrições para os cursos do primeiro semestre:

Curso Técnico em Comércio Exterior

  • 17 a 31/03/2025: Rio Grande (RS) – 20 vagas

Qualificação Profissional em Assistente de Serviços de Comércio Exterior

  • 17 a 31/03/2025: Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Fortaleza (CE), Joinville (SC), Santos (SP), Itajaí (SC)
  • 01 a 11/04/2025: Recife (PE) – 20 vagas
  • 15/04 a 02/05/2025: Vitória (ES), Salvador (BA), Rio Grande (RS) – 20 vagas em cada município

A iniciativa conta com o apoio de outros parceiros, incluindo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), para que essa oportunidade também alcance, por exemplo, as pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).


Sobre os cursos

Os cursos serão oferecidos presencialmente nas 10 principais zonas portuárias e aeroportuárias do Brasil, de forma escalonada ao longo do ano. Com carga horária de 160 e 800 horas, respectivamente, os cursos técnico e de qualificação profissional estarão disponíveis em Salvador (BA), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ), entre outras cidades. O público-alvo são pessoas negras, a partir de 16 anos, com renda familiar mensal per capita de até 2 salários mínimos e escolaridade mínima de ensino médio (concluído ou em andamento).

A capacitação inclui conteúdos práticos sobre os processos de exportação e importação, negociações, despacho aduaneiro e operações de transporte e armazenamento.


Sobre o Programa Raízes Comex

O Raízes Comex é um programa do MDIC que tem o objetivo de aumentar a participação de pessoas negras no comércio exterior. Por meio de ações estratégicas, como capacitação e suporte para o desenvolvimento profissional, visibilidade internacional dos produtos e serviços oferecidos por empreendedores negros e reconhecimento de empresas que promovam diversidade racial no comércio exterior, o programa contribui para reduzir desigualdades históricas e estruturais, conectando jovens negros a carreiras no comércio exterior.

Sobre o Senac

O Senac é uma instituição de ensino com ampla atuação na capacitação profissional nas áreas de comércio, serviços e turismo. Os cursos do Raízes Comex são oferecidos via Programa Senac de Gratuidade (PSG), iniciativa que promove inclusão proporcionando a qualificação de pessoas em situação de vulnerabilidade social e oferecendo uma educação de qualidade para o mercado de trabalho.

>> Mais informações disponíveis no link: https://bit.ly/RaizesComexCapacitacao

Link direto para o formulário de inscrições: bit.ly/RaízesComexSenac1

FONTE: MDIC.gov
Prorrogadas as inscrições para curso de qualificação de jovens negros na área de comércio exterior — Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços

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Acertando as contas: O momento decisivo para as ambições de emissões zero do setor marítimo

Hoje, mais de 80% das mercadorias trocadas no mundo são transportadas por navios, mas essa indústria também é responsável por até 3% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), já que depende fortemente dos combustíveis fósseis.

Nos últimos anos, houve um intenso debate sobre o uso de combustíveis alternativos para a navegação, e várias ações positivas têm sido tomadas para viabilizar essa mudança. Embarcações que utilizam uma variedade de combustíveis alternativos de baixa emissão, como bio e e-metanol, bio e e-metano, biodiesel e amônia, estão em desenvolvimento, e algumas já estão em operação.

Vários países têm demonstrado visão de futuro e estão apoiando de forma sólida a agenda de descarbonização marítima. Singapura, por exemplo, tem desempenhado um papel de liderança ao promover uma abordagem neutra quanto ao tipo de combustível.

Como maior centro de abastecimento de combustíveis do mundo, Singapura está desenvolvendo cadeias de valor para amônia, hidrogênio e metanol, com o objetivo de apoiar o transporte marítimo internacional.

A Autoridade Marítima e Portuária de Singapura (MPA) também está fomentando a colaboração global para descarbonização e eficiência, estabelecendo seis Corredores de Navegação Verdes e Digitais (GDSCs).

Fechando a lacuna entre os tipos de combustível

Idealmente, a indústria marítima poderia identificar “o melhor” desses combustíveis alternativos. No entanto, nenhum deles possui a escalabilidade necessária para impulsionar toda a frota mercante global por si só.

Esses combustíveis têm origens diferentes, e existem gargalos significativos na cadeia de produção. Para que a oferta desses combustíveis cresça, é necessário um aumento imediato na demanda, estimulando essa oferta que ainda está em seus estágios iniciais.

É fundamental que sejam criadas regulamentações globais pela Organização Marítima Internacional (IMO), estabelecendo padrões para combustíveis verdes, prazos para a eliminação dos combustíveis fósseis e medidas eficazes de médio prazo para reduzir a grande diferença de custos entre os combustíveis fósseis e os verdes.

Em 2025, a IMO planeja alcançar acordos sobre esses temas. Os resultados dessas decisões terão um grande impacto na indústria, na capacidade de nossos clientes de financiar a descarbonização e no ritmo da transição energética.

Fonte: The Business Times
Acertando as contas: é hora de chegar às ambições líquidas zero do transporte marítimo – The Business Times

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