País exportou US$ 54,7 milhões em produções publicitárias, alta de 7% em relação a 2023; previsão para 2025 é repetir o desempenho do ano passado.
Brasil bate recorde de exportações de produções publicitárias em 2024, chegando a US$ 54,7 milhões — 7% a mais que em 2023. Os dados foram divulgados pela FilmBrazil, plataforma de internacionalização da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (APRO).
Os números vêm sendo acompanhados desde 2017 em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Segundo Marianna Souza, presidente da APRO e gestora executiva da FilmBrazil, o recorde reflete uma combinação de qualidade reconhecida internacionalmente, receptividade global ao conteúdo audiovisual brasileiro e um câmbio favorável.
As expectativas para 2025 são de repetir os resultados de 2024, apesar do forte momento vivido pelo Brasil após a vitória do Oscar de Melhor Filme Internacional com “Ainda Estou Aqui”. A projeção cautelosa se deve principalmente aos Estados Unidos — principal mercado de exportação de projetos publicitários do Brasil em 2024, com 18% —, que desencadearam um conflito comercial global ao impor novas tarifas sobre produtos importados.
“A decisão do presidente Trump acendeu um sinal amarelo para o setor. No entanto, como o Brasil tende a favorecer o diálogo, acredito que a perspectiva de longo prazo continua positiva. Podemos enfrentar obstáculos no curto prazo, mas podemos ganhar participação de mercado lá na frente,” disse Marianna Souza ao Valor.
Ela acrescentou que a incerteza quanto aos orçamentos de publicidade já começa a aparecer. “As marcas começaram a perceber que a demanda dos EUA pode encolher, o que as leva a questionar se vale a pena manter os investimentos publicitários planejados para o ano.”
Para mitigar possíveis impactos, a APRO planeja estreitar laços com países asiáticos e ampliar as exportações para a região. No entanto, a competitividade ainda é um obstáculo. Diferente de países como o Uruguai, o Brasil não oferece reembolsos fiscais aos produtores, o que encarece as produções brasileiras. “Falta esse tipo de incentivo,” observou Marianna. Outro desafio é a ausência de regulamentação para plataformas de streaming no país.
Marianna elogiou a abordagem estratégica de longo prazo da Coreia do Sul. “Há pouco tempo, poucas pessoas conheciam a cultura coreana. Aí veio o Oscar de Parasita, e hoje seguimos seus dramas e bandas de pop. A produção audiovisual deve ser tratada como uma política de Estado, pois impulsiona o crescimento econômico.”
Fonte: Valor International