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Comércio, Exportação

Preço do boi gordo deve cair em maio, mas exportação ainda segura tombo maior

Em comparação ao mesmo período de 2024, houve alta de 46,1% no valor médio diário de exportação de carne bovina

O mercado brasileiro de boi gordo registrou preços mistos ao longo de abril. De acordo com o analista de Safras & Mercado Fernando Iglesias, a primeira metade do mês foi pautada por um aumento das cotações nas principais praças pecuárias do Brasil.

Segundo ele, na segunda metade do mês, a indústria encontrou uma maior oferta de animais para compor suas escalas de abate e os preços acabaram cedendo em grande parte do Brasil, em especial nos estados de São Paulo e Goiás.

Iglesias sinaliza que, para maio, a expectativa é de queda das cotações, diante da sazonalidade já antecipada para o período, que marca o auge da entrada de oferta de boi gordo no mercado.

“O Dia das Mães, no segundo domingo do mês, e exportações em forte ritmo, são fatores limitadores à queda mais expressiva nos preços”, pontua.

Variação da arroba do boi gordo no mês
Os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do Brasil estavam assim no dia 30 de abril em comparação a 31 de março:

  • São Paulo (Capital): R$ 315, recuo de 1,56% (R$ 320)
  • Goiás (Goiânia): R$ 300, queda de 3,23% (R$ 310)
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 320, aumento de 4,92% (R$ 305)
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 320, avanço de 1,59% (R$ 315)
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 325, aumento de 6,56% (R$ 305)
  • Rondônia (Vilhena): R$ 280, alta de 1,82% (R$ 275)


Mercado atacadista
O mercado atacadista apresentou um forte movimento de valorização nos preços ao longo de abril, em meio ao cenário de oferta mais ajustado.

Para maio, a expectativa ainda é de elevação dos preços no decorrer da primeira quinzena do mês, considerando a entrada dos salários na economia e a comemoração do Dia das Mães, data que, historicamente, motiva o consumo de carne bovina.

O quarto do traseiro do boi foi cotado a R$ 25,00 o quilo, queda de 1,96% frente aos R$ 25,50 praticado no mês passado. Já o quarto do dianteiro do boi foi vendido por R$ 20,50 o quilo, avanço de 8,11% frente aos R$ 18,50 registrados no final de março.


Exportações de carne bovina
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 1,062 bilhão em abril (17 dias úteis), com média diária de US$ 62,438 milhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A quantidade total exportada pelo país chegou a 211,548 mil toneladas, com média diária de 12,444 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 5.021,20.

Em relação a abril de 2024, houve alta de 46,1% no valor médio diário da exportação, ganho de 31,8% na quantidade média diária exportada e avanço de 10,8% no preço médio.

Fonte: Jornal da Nova

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Comércio, Importação, Tributação

Especialistas analisam impactos da taxação zero a alimentos importados no Brasil: ‘efeito simbólico’

Medida do governo brasileiro de zerar os impostos importação de alimentos como carne, açúcar, milho e café completa dois meses no próximo dia 14 de maio.

medida do governo brasileiro de zerar os impostos importação de alimentos como carne, açúcar, milho e café completa dois meses no próximo dia 14 de maio. A estratégia visava baratear o preço de itens que compõem a cesta básica como carne, café, açúcar, óleo, macarrão e demais produtos que estão pressionados pela inflação.

Em análise quase unânime, economistas entrevistados pelo g1 Piracicaba e região consideram que a estratégia, embora importante, no sentido de demonstrar preocupação do governo com o cenário de alta nos preços, é ‘simbólica’ e terá efeito mínimo e/ou limitado na economia, bem como no bolso dos brasileiros.

Entre as razões apontadas pelos especialistas sobre a ineficácia econômica da medida de desoneração fiscal dos alimentos está o fato de Brasil ser grande exportador dos produtos que tiveram a tarifa de importação zerada, como por exemplo, o café.

g1 Piracicaba e região conversou com economistas de quatros universidades e centros de pesquisa em economia, durante os meses de março e abril, sobre os impactos positivos e negativos da tarifa de importação zero sobre os alimentos. Veja os comentários, análises e perspectivas apontadas pelos especialistas da USP, Unicamp, FGV e Instituto Federal, abaixo.

Efeito limitado

Renan Pieri, professor de economia na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo afirmou que a política de zerar os impostos sobre os alimentos pode ter algum efeito regional em alguns períodos d ano no Brasil.

“Mas, o efeito é muito limitado, principalmente pelo fato de que a maior parte desses produtos que tiveram tarifas zeradas são produtos que o Brasil exporta e, portanto, tem muito pouca eficácia nesse sentido. Talvez a gente observe os pesos dos alimentos crescendo menos ou até caindo nas próximas semanas, mas não por conta dessa medida, mas sim por conta da safra, desse ano que permite ser recorde e aí com o aumento da falta de alimentos isso deve impactar os seus preços”, explicou.

O professor também observou que houve choques de ofertas específicos para alguns produtos devido à estiagem. “Em alguns lugares por excesso de chuvas. Tudo isso pode se normalizar nas próximas semanas. Mas, possivelmente, o efeito em si dessas medidas de imposto zero, de tarefa de importação, seja muito pequeno”, disse.

Decisão simbólica

O professor livre docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antonio Marcio Buainain, com atuação na áreas de economia agrícola, inovação tecnológica e pesquisas em reforma agrária, agronegócio e propriedade intelectual, elenca os motivos pelos quais as medidas adotadas pelo governo sobre as tarifas de importação sobre alguns alimentos não terão impacto efetivo sobre os preços dos alimentos.

“A decisão do governo é uma decisão simbólica, uma decisão importante, mostrando que o governo está preocupado com o assunto. E, de qualquer maneira, uma decisão que impõe algum limite, porque se houver aqui um movimento de especulação, será possível a importação, talvez a um preço ligeiramente menor, que controle uma elevação, digamos assim, não justificada de preços, mas não será eficaz para combater de imediato a inflação”, pontou.

Clima e safras

“Em primeiro lugar, porque a inflação que está sendo chamada inflação de alimentos, está sendo alimentada por um amplo conjunto de preços que estão subindo. Alguns por razões mais importantes, como o café, que reflete uma quebra de safa por dois anos seguidos, por movimentos dos dólares no começo do ano, outros por razões mais sazonais, como é o caso dos ovos que subiram de preço”, apontou.

O professor lembrou também que, nesse caso do ovos, o impacto do clima levou a uma queda de produtividade das galinhas, como o aumento de consumo de ovos que ocorre sempre durante o período da quaresma, quando uma parte da população deixa as carnes e passa a consumir fundamentalmente ovos, e também da pressão de aumento de preço do milho, que é a principal fonte da ração para as aves.

“O Brasil é o grande exportador dos produtos que tiveram a tarifa de importação zerada. Por exemplo, o café. O Brasil é um exportador de café. Nós importamos cafés pontualmente, cafés de maior qualidade da Colômbia, Costa Rica. Então, zerar a importação desses produtos, que já era baixa, não vai afetar o preço do café na gôndola do supermercado”, destacou.

Que medidas seriam mais eficazes?

O especialista ressalta que outras medidas que estão sendo adotadas poderão impactar mais diretamente, ainda que em médio prazo, os preços os alimentos, entre elas destaca o incentivo para o plantio da próxima safra, a melhora de condições de infraestrutura para facilitar o escoamento e análise de pontos de estrangulamento que tem algumas cadeias-chaves. “Esse tipo [de medidas], sim, é que levará a uma queda sustentável dos preços dos alimentos”, declarou.

O Carlos Vian, professor e pesquisador do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o campus da USP em Piracicaba (SP) concorda com a opinião dos demais especialistas entrevistados pelo g1.

“O governo quis dar uma resposta, mostrar que estava preocupado com a inflação e que olha para a situação. Se bem feitas, as medidas de desoneração fiscal sobre os alimentos, até podem ter um impacto no curto prazo, mas nesse caso, mesmo no médio e no curto prazo, não terão impactos significativos no Brasil. O governo deveria olhar para outras questões, um próprio esclarecimento da população. Deveria estar tratando disso de outra maneira. […] Em vez de reduzir impostos, fazer talvez uma campanha educativa. Uma negociação de prazos entre produtores e varejo e outras medidas nesse sentido”, sugeriu.

Vian explica que o cenário de altas nos preços também é reflexo de efeitos do clima na agricultura e de outros impactos que estão, nas palavras dele, fechando as ofertas,. “Às vezes, vem de uma conjuntura internacional bastante relevante que faz com que haja uma maior exportação”, apontou.

Lei Kandir

O professor e pesquisador da Esalq-USP lembrou que o Brasil já tem uma legislação de taxa zero para as exportações baseado numa lei já lá dos anos 90, chamada Lei Kandir. “Hoje, esses produtos agropecuários exportados no Brasil têm taxa zero”, pontuou.

Em relação a nova medida do governo federal de desoneração fiscal à importação de alimentos no Brasil, o professor afirma que analistas, até os produtores, enxergam as medidas como de “pouca ou nenhuma eficiência” para a queda do preço dos alimentos no país.

“Mesmo porque o Brasil é um dos grandes produtores mundiais de muitos dos alimentos que foram listados e, em muitas situações, também está entre os principais exportadores desses produtos. No mercado, que é globalizado, aquilo que acontece aqui no Brasil influencia o mercado internacional. Acaba se transformando numa situação bastante inusitada. O maior exportador tentando importar. Nessa situação, de sermos grandes produtores exportadores mundiais e, por isso, influenciadores do mercado e nossos preços estando um pouco mais altos, também reflete no mercado internacional”, comentou.

Ação emergencial

Para o professor da área de gestão do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Igor Vasconcelos Nogueira, a decisão de zerar o imposto de importação para alimentos essenciais pode ser uma ferramenta eficaz para aliviar a inflação a curto prazo, mas faz alertas sobre impactos negativos da medida.

“[…] Os potenciais impactos negativos, como o enfraquecimento da produção nacional e o aumento da dependência externa, não devem ser subestimados. Para garantir o abastecimento interno sustentável a longo prazo, é crucial que o governo mantenha monitoramento contínuo e introduza políticas complementares que fortaleçam o setor agrícola brasileiro. A medida, entendida como uma ação emergencial, deve ser acompanhada por esforços duradouros que visem a estabilização dos preços dos alimentos através de estratégias mais amplas e integradas”, comentou.

Nogueira listou alguns dos impactos positivos e negativos que a media pode provocar. Confira, abaixo.

✅Aspectos Positivos

Aumento da oferta de alimentos: segundo o professor, a eliminação das tarifas de importação tem o potencial de aumentar significativamente a oferta de alimentos no mercado interno, “o que por sua vez pode auxiliar na redução dos preços. Esse aumento da oferta pode pressionar os preços para baixo devido à maior competição com os produtos nacionais”.

Alívio para o Consumidor: Uma possível queda nos preços dos alimentos aliviaria o orçamento das famílias, especialmente as mais vulneráveis, que gastam uma proporção significativa de sua renda em alimentação.

Competitividade e Inovação: A competição com produtos importados pode incentivar a inovação e a eficiência entre os produtores nacionais.

⛔Aspectos Negativos

Impacto na Produção Nacional: para Igor Vasconcelos Nogueira, a entrada de produtos importados a preços mais baixos pode prejudicar os produtores nacionais, “que talvez não consigam competir com os preços dos produtos importados”, ressaltou. “Isso pode levar a uma redução na produção local e proporcionar um desaquecimento no setor agrícola. Em casos mais extremos, pode ainda levar à redução de empregos no setor agrícola e ao aumento do êxodo rural”, explicou.

Dependência Externa: o professor aponta que a medida pode aumentar a dependência do Brasil em relação aos alimentos importados e no longo prazo. “A manutenção desses benefícios depende de condições políticas e econômicas estáveis, bem como do comportamento das variáveis cambiais. Flutuações na moeda, por exemplo, podem impactar a eficácia da redução tarifária”, disse.

Impacto Fiscal: “A isenção de impostos de importação significa uma renúncia fiscal substancial, o que pode afetar as receitas governamentais e, consequentemente, o financiamento de serviços públicos”, analisou.

Eficácia Limitada: “A redução nos preços poderá ser comprometida por outros fatores inflacionários, como custos logísticos e de transporte, que não são abordados por esta medida”, observou.

Fonte: G1



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Comércio, Portos

ZPort e Porto de Santos defendem operações com fertilizantes em Itajaí

A ZPort Itajaí se manifestou sobre a suspensão de cargas a granel de fertilizantes no Porto de Itajaí. A empresa defendeu a legalidade das operações no cais peixeiro, destacando que a atividade tem respaldo em licenciamento ambiental e é tecnicamente viável. A Autoridade Portuária de Santos (APS) disse a mesma coisa em petição à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

A ZPort, que agora é chamada de Seaport Itajaí, é operadora do cais público, credenciada para operações com granéis sólidos, cargas gerais e de passageiros. A operadora ficou no meio do impasse sobre a autorização da APS para operações com fertilizantes no porto, barrada pela Antaq na semana passada após denúncia da JBS Terminais.

O porto chegou a receber a instalação de equipamentos para a movimentação de fertilizantes, com liberação da APS que passou por cima de ordem da superintendência do porto local. Segundo a Seaport, as operações previstas com fertilizantes a granel estão amparadas legalmente, ambientalmente licenciadas e tecnicamente viáveis, em conformidade com os marcos regulatórios.

“A atividade encontra respaldo na Licença Ambiental de Operação nº 2610/2019 do Porto de Itajaí, emitida pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), a qual autoriza expressamente a movimentação de cargas a granel (fertilizantes)”, destacou a empresa. A operadora também lembrou que um ofício da superintendência, de 2024, reconheceu que a operação está devidamente licenciada e autorizada.

Assim, conforme a empresa, não haveria qualquer impedimento à movimentação de fertilizantes a granel no Porto de Itajaí. A atividade seria realizada de acordo com os controles ambientais solicitados e aprovados. “A legalidade da operação também é respaldada pela Autoridade Portuária, que prevê a pré-qualificação de operadores portuários para granéis sólidos”, diz o esclarecimento.

A Seaport ainda respondeu que os fertilizantes não são classificados como produtos perigosos ou tóxicos. “Produtos utilizados na agricultura como ureia e cloreto de potássio, por exemplo, não possuem características inflamáveis, reativas ou tóxicas que os enquadrem como perigosos para o transporte ou manuseio”, informa.

Confira a seguir os principais portos de entrada de fertilizantes no Brasil. O dados são do DataLiner?

Principais portos de entrada de fertilizantes no BR | Jan-Março de 2025 | TEU

Geração de empregos e mais arrecadação de impostos
Para além da questão da legalidade, a empresa destacou que a operação traria benefícios econômicos para Itajaí. A estimativa é de geração de 150 empregos diretos e 300 indiretos, arrecadação tributária de mais de R$ 17 milhões por ano, abrangendo ISS, PIS e Cofins, e novas receitas para o porto e para a cidade, por meio de tarifas portuárias, serviços de praticagem, rebocadores e amarração.

A Seaport frisou que teve apoio da Intersindical dos trabalhadores portuários para a nova operação. O entendimento é que a diversificação de cargas no porto contribui pra dar mais trabalho e renda para a mão-de-obra avulsa do porto. Apesar dos preparativos pra movimentação de fertilizantes, por enquanto nenhuma operação está programada.

Segundo a empresa, navios só serão agendados quando forem finalizadas as montagens e testes dos equipamentos. A operação também dependerá de a Antaq rever a suspensão. “A Seaport reitera seu compromisso com a legalidade, a sustentabilidade ambiental e a valorização do trabalho portuário, assegurando que a movimentação de fertilizantes será realizada com responsabilidade, segurança e transparência”, completou.

APS “compra briga” com SPI e JBS
A decisão da Antaq, em medida cautelar, sem análise de mérito, barrou qualquer autorização ou tratativa da APS pra exploração de cargas a granel no Porto de Itajaí, atendendo denúncia da JBS Terminais. A empresa relatou negociações da APS pra liberar cargas de fertilizantes sem prévia consulta aos operadores do porto e sem cumprimento de exigências para a nova modalidade de carga.

Na sexta-feira passada, a APS entrou com um pedido de reconsideração junto à Antaq, tentando reverter a decisão. A autoridade portuária diz que, apesar de a Superintendência do Porto de Itajaí ter se manifestado no processo, inclusive com apoio à denúncia, ela (APS) não recebeu prazo pra responder antes da decisão. Para a APS, “a Superintendência do Porto de Itajaí não possui legitimidade para responder pelo respectivo porto organizado”.

O Porto de Santos apontou que não haveria urgência na medida da Antaq porque não tinha nenhum navio de fertilizante programado pra descarregar, como denunciado. Também esclareceu que a JBS não tem ingerência ou autoridade sobre o cais público, onde são previstas as operações a granel, e que operações de carga geral devem ser harmonizadas e compatibilizadas” com as atividades da arrendatária transitória.

“Portanto, a realização de operações por outros operadores nas áreas públicas do porto não apenas é permitida como integra a rotina consolidada no Porto de Itajaí, em respeito ao interesse público e à necessidade de preservação da dinâmica operacional portuária”, defende a APS no pedido à Antaq. Para a autoridade portuária, o convênio que federalizou a gestão do Porto de Itajaí garante o exercício das atividades administrativas pela APS, como a liberação de operadores para a movimentação de cargas em regime de livre competição.

“De forma que qualquer tentativa inibitória do regular andamento das operações em área pública deve ser prontamente rechaçada por esta Agência”, afirma a APS. A estatal ainda ressaltou que já há licença ambiental prevendo movimentação de carga graneleira sólida, incluindo fertilizantes, no porto de Itajaí, e que não há nenhuma restrição para a atividade no plano de zoneamento portuário.

Fonte: Diarinho 

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Comércio, Exportação

Com tarifa zerada, Brasil pode ampliar exportação de carne suína à Coreia do Sul

País asiático autoriza cota de 10 mil toneladas com isenção

A Coreia do Sul anunciou a criação de uma cota de 10 mil toneladas para importação de carne suína congelada do Brasil com tarifa zero, medida que deve impulsionar o comércio bilateral.

Até então, o produto brasileiro era tributado em 25%. A isenção, no entanto, não se aplica ao corte conhecido como “barriga”.

A medida foi comunicada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e comemorada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que vê na decisão um passo relevante para o fortalecimento das exportações brasileiras ao país asiático.

Hoje, a Coreia do Sul ocupa a 16ª posição entre os principais destinos da carne suína brasileira, com a importação de 3,7 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano.

país é ainda o quarto maior importador global da proteína, com um consumo per capita de aproximadamente 29 quilos e 785 mil toneladas importadas em 2024, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Para Ricardo Santin, presidente da ABPA, a nova cota tarifária representa um avanço nas negociações conduzidas pelo governo brasileiro.

“O estabelecimento de uma cota isenta é um sinal importante para os avanços das exportações brasileiras de carne suína para a Coreia do Sul, conquistada pelo Ministério da Agricultura. Isto, especialmente em meio às negociações lideradas pelo ministro Carlos Fávaro e seus secretários, em função do reconhecimento do Paraná, Rio Grande do Sul e de outros estados como livres de febre aftosa sem vacinação”, afirmou. 

Atualmente, apenas Santa Catarina tem autorização para exportar carne suína ao mercado sul-coreano, por ser o único estado brasileiro com status sanitário reconhecido pelas autoridades do país.

Fonte: Agrofy News

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Comércio, Exportação

Exportações de couro do Brasil têm volume maior e valor menor

As exportações brasileiras de couro fecharam o primeiro trimestre de 2025 com alta no volume, mas com queda no faturamento. Os curtumes nacionais embarcaram 49,8 milhões de metros quadrados, crescimento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em peso, os números são 173,1 mil toneladas, incremento de 25,3% na comparação com os primeiros três meses de 2024. Do mesmo modo, esses totais representaram em valores US$ 298,8 milhões, redução de 4,3% no comparativo ao intervalo de janeiro a março de 2024. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e acabaram sendo analisados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

Rogério Cunha, da Inteligência Comercial do CICB, observa a movimentação dos Estados Unidos nas importações de couro do Brasil no primeiro trimestre. Ao mesmo tempo, os norte-americanos iniciaram o ano caindo da segunda colocação no ranking de maiores compradores (2024) para a quarta colocação em janeiro e fevereiro de 2025, anteriormente ao tarifaço de Donald Trump. Por outro lado, em março, recuperaram uma posição e ocupam agora o terceiro lugar.

Para Cunha, ainda é cedo para avaliar o impacto das novas tarifas norte-americanas. “Mas qualquer análise deve ser feita de forma transversal, considerando mudanças na dinâmica de produção e consumo que as taxas devem acarretar em mercados como Ásia e União Europeia – também clientes majoritários da indústria curtidora brasileira– além da manufatura chinesa”, antecipa.

Mercados internacionais

No primeiro trimestre de 2025, a China (excluindo Hong Kong) foi o principal mercado internacional para o couro brasileiro. Nesse sentido, o país asiático teve uma participação de 31,4% (antes 32,6%) em valor e 46,3% (47,2%) em área, com aumentos de 2,1% (+8,0%) em valor e 27,3% (+33,9%) em área.

A Itália aparece na segunda posição, com uma participação de 13,4% (13,9%) em valor e 15,3% (15,7%) em área, registra crescimento de 9,5% (+19,1%) em valor e 20,0% (+33,5%) em área.

Os Estados Unidos, agora em terceiro lugar no ranking, com 12,9% (11,4%) de participação em valor e 6,3% (5,6%) em área. Quedas de 16,8% (-27,8%) em valor e 10,3% (-18,7%) em área.

Estados exportadores de couro

O Rio Grande do Sul se manteve na liderança entre os estados exportadores de couro no primeiro trimestre. Nesse sentido, os curtumes gaúchos responderam por 27,6% do total em valores. Na sequência aparecem Paraná (15,1%), São Paulo (14,6%), Goiás (12,4%) juntamente com Mato Grosso do Sul (8,3%).

O Curtume Minuano (Lindolfo Collor/RS), especializado em couros com pelo, manteve estabilidade nas exportações no primeiro trimestre de 2025. “Foi dentro das expectativas, muito em linha com o ano passado”, frisa o business manager da empresa gaúcha, Mateus Leão Enzveiler. Ele reitera, sobretudo, que a distribuição no mercado externo “foi equilibrada entre os continentes, principalmente na América do Norte, Europa, de forma geral, não somente China”, comenta Enzveiler.

Fonte: Exclusivo 

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Comércio, Exportação

Exportações de mel disparam e Paraná assume vice-liderança no Brasil

Nos primeiros três meses do ano, o Paraná subiu de terceiro para segundo lugar no ranking nacional de exportação de mel, segundo dados do Agrostat Brasil.

Esse é um dos assuntos detalhados no Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 24 a 30 de abril preparado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento.

Isso se deve a um aumento de 114% no volume e de 181,4% de receita no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2024.

Foram movimentadas 1.641 toneladas de mel e US$ 5.251 milhões, com um preço médio de US$ 3,20 por quilo.

Confira a seguir um histórico das exportações brasileiras de mel a partir de 2022. O gráfico foi elaborado com dados do DataLiner:

Exportações Brasileiras de Mel| Jan 2022 –  Fev 2025 | TEUs

O primeiro lugar do ranking é ocupado por Minas Gerais, que movimentou US$ 7,292 milhões em receita e 2.333 toneladas do produto. E em terceiro lugar se encontra o Piauí com US$ 4,006 milhões em receita e 1.359 toneladas de mel.

No âmbito nacional, as exportações do produto no primeiro trimestre de 2025 alcançaram 9.120 toneladas, um aumento de 19,7% em relação ao ano anterior. Por outro lado, foram movimentados US$ 28,412 milhões em receita, uma queda de 54,3% em comparação com 2024.

O principal destino do mel brasileiro continua sendo os Estados Unidos (EUA), que adquiriu 85,7% do volume total exportado no período, seguido de Canadá e Alemanha.

Fonte: Datamar News

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Comércio, Industria

Autoridades do Japão vêm ao Brasil para discutir inspeção de frigoríficos

Uma delegação japonesa vem ao Brasil, na próxima sexta-feira (2/5), para definir a data e roteiro da inspeção das plantas frigoríficas, visando a abertura de mercado do país oriental às exportações de carne bovina. A informação é do secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcel Moreira, que participou nesta quarta-feira (30/4) de um encontro com empresários do agro e produtores na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).

“Temos uma negociação longa com o Japão para essa abertura de mercado, mas, por meio das nossas boas relações e do status sanitário do Brasil, conseguimos com a visita do presidente Lula ao país a excelente sinalização de ir para o próximo passo. Essa visita vai definir exatamente quando e como será a inspeção das nossas plantas”.

O evento foi promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) no estande da Baldan, fabricante de máquinas agrícolas. Em sua palestra, o secretário disse que o Brasil tem os Estados Unidos como o terceiro maior parceiro comercial e tem adotado uma postura pragmática nesse novo cenário de guerra tarifária. O país analisa oportunidades e pontos de atenção para os principais produtos exportados ao mercado americano, como café, suco de laranja, carne bovina, açúcar e etanol.

“A nossa carne bovina, por exemplo, ganhou uma sobretaxa e pode chegar a ser tarifada em 39% com o acréscimo da tarifa geral de 10%. Estimamos que o Brasil deve manter ou aumentar as exportações pela qualidade e preço de sua carne, mas Canadá e México são pontos de atenção por ter livre comércio com os EUA.”

Pastagens
Moreira também citou o programa do Ministério da Agricultura, chamado de Caminho Verde Brasil, que substitui iniciativa anterior de recuperação e conversão de pastagens degradadas. Segundo ele, um estudo identificou 160 milhões de hectares, dos quais 40 milhões são plenamente compatíveis com atividade agrícola e pecuária por ter bons solos e boas condições hídricas.
“Logicamente, é preciso investir nessas áreas para correção do solo, mas com a conversão dos 40 milhões de hectares, o Brasil pode dobrar a produção de alimentos.”

Nesta semana, o governo federal anunciou a realização do segundo leilão EcoInvest para o programa Caminho Verde Brasil. É uma linha de crédito dentro do Fundo Clima para o programa de recuperação de pastagens.

As instituições financeiras deverão apresentar suas propostas do quanto pretende captar no mercado para complementar o aporte do Tesouro Nacional. O plano é garantir a restauração de pelo menos um milhão de hectares. O produtor que receber recursos se compromete por um período de dez anos a não desmatar, mesmo que legalmente, áreas em sua propriedade.

Na Agrishow, o secretário Márcio Moreira, ressaltou que a intenção é oferecer financiamentos com taxas de juros “bem abaixo” das de mercado para os produtores rurais interessados em converter pastagens degradadas em áreas produtivas.

Fonte: Globo Rural 

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Agronegócio, Comércio, Exportação

Mercado de exportação do arroz segue aquecido segundo Federarroz

Segundo informações da Federarroz, a expectativa é de negócios em boa escala especialmente para países da América Central. A exportação de arroz do Brasil registra em 2025 uma demanda aquecida para países da América Central.

No primeiro trimestre do ano, os principais destinos do produto em casca foram Senegal, México, Gâmbia, Nicarágua e Venezuela. Já entre os meses de abril e junho, a Costa Rica, em especial, deve confirmar uma compra acima de 200 mil toneladas.

A partir deste cenário, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) sinaliza aos produtores para que fiquem atentos às oportunidades de embarques para o cereal, visando o bom andamento do mercado interno.

Conforme o presidente da entidade, Alexandre Velho, essa demanda externa pelo arroz brasileiro trará reflexos para o setor não apenas para este ano. “No próximo ano agrícola, os produtores também sentirão o impacto desta procura”, observa.

Confira a seguir um histórico das exportações brasileiras de arroz a partir de janeiro de 2022. Os dados são do DataLiner:

Exportações Brasileiras de Arroz | Jan 2022 –  Feb 2025 | TEUs

Em março, foi realizado um negócio de 30 mil toneladas para o México ao valor de R$ 82,00 a saca de 50 quilos no Porto de Rio Grande. A operação trouxe um indicativo importante para o mercado, especialmente diante de um cenário de oscilações nos últimos meses. O valor foi considerado positivo, tanto pela representatividade da exportação quanto por sua capacidade de influenciar os preços praticados internamente.

O Rio Grande do Sul responde por cerca de 70% da produção nacional e tem capacidade logística consolidada para atender à demanda internacional, especialmente via Porto de Rio Grande, que é uma das principais saídas para o arroz produzido no Estado.

Fonte: Portal Sou Agro

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Comércio, Internacional

Acordo Mercosul-UE enfrenta batalha difícil apesar da guerra tarifária

Diplomatas brasileiros dizem que as ações comerciais de Trump facilitam o caminho, mas convencer França, Polônia e Itália pode exigir o envolvimento pessoal de Lula.

Apesar das tensões comerciais globais desencadeadas pelos Estados Unidos criarem um ambiente mais favorável à ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, os próximos meses exigirão intensos esforços diplomáticos para que ele avance. Autoridades brasileiras envolvidas nas negociações esperam um período desafiador, marcado por possíveis tentativas de França, Polônia e Itália de bloquear o acordo. Uma campanha coordenada contra o tratado também é esperada neste verão europeu, além de uma possível resistência de última hora no Parlamento Europeu. Ainda assim, o objetivo é conseguir a aprovação final até o fim do ano.

Espera-se que o presidente Lula intervenha mais uma vez para ajudar a conduzir o processo até sua conclusão. Não há um cronograma fixo para a ratificação, mas autoridades brasileiras acreditam que o envolvimento direto de Lula será crucial.

“O presidente [Donald] Trump está, na verdade, ajudando, porque a Europa não tem muitas alternativas além de fortalecer acordos já existentes ou pendentes”, disse Jorge Viana, presidente da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Viana participou recentemente de uma missão diplomática por Portugal, Polônia e Bélgica. A última parada, Bruxelas, é também o coração político da União Europeia.

Negociado desde 1999, o acordo foi anunciado no fim de 2024 pelos chefes de Estado do Mercosul e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Quando implementado, o tratado criará uma área de livre comércio abrangendo 700 milhões de pessoas, com PIB conjunto de US$ 22 trilhões.

Diante da crescente onda de protecionismo alimentada pela escalada tarifária de Trump, o acordo ganhou urgência. Em abril, citando os impactos da política comercial dos EUA, a Organização Mundial do Comércio (OMC) reduziu sua previsão para o comércio global em 2025: de crescimento de 2,7% para retração de 0,2%. Desde então, autoridades da UE e do Mercosul intensificaram a divulgação da importância estratégica e econômica do acordo.

Mas ainda há etapas antes de sua entrada em vigor. O texto está sendo traduzido para os 23 idiomas oficiais da UE, além de versões específicas em português e espanhol para os países do Mercosul.

A próxima fase envolve a aprovação por 65% do Conselho Europeu (chefes de Estado), representando pelo menos 55% da população da UE. Os cálculos são considerados “complexos” e “dinâmicos” — negociadores brasileiros usam até um aplicativo de celular para acompanhar as mudanças diárias nos votos. Um alinhamento entre França, Polônia e Itália seria suficiente para barrar o acordo. França e Polônia já expressaram oposição pública; a posição da Itália é vista como ambígua.

Garantir a neutralidade de países como a Bélgica já é visto como vitória diplomática pelos brasileiros.

A última etapa será uma votação por maioria simples no Parlamento Europeu, com base no número de parlamentares presentes. Essa fase é considerada a mais difícil, pois os parlamentares são mais suscetíveis a pressões de lobbies do que os chefes de Estado.

“Vamos precisar de um grande esforço para conquistar a opinião pública”, afirmou Aloysio Nunes, ex-chanceler e atual chefe de assuntos estratégicos da ApexBrasil na Europa.

Segundo autoridades brasileiras, o envolvimento pessoal de Lula será fundamental nas etapas finais. Jorge Viana é um dos que defendem que a “revitalização da diplomacia presidencial” desde o retorno de Lula em 2023 fortaleceu a posição global do Brasil.

“O engajamento do presidente será decisivo para virar o jogo”, disse Viana, aliado de Lula e ex-governador do Acre e senador pelo PT.

Um possível impulso para o Brasil veio em maio, com o reconhecimento formal esperado da Organização Mundial de Saúde Animal de que o país está livre de febre aftosa sem vacinação — uma antiga preocupação de setores agrícolas europeus.

O embaixador brasileiro na UE, Pedro Miguel da Costa e Silva, prevê que o acordo será “aprovado discretamente”. “Ninguém quer lidar com o custo político disso”, afirmou.

Apesar do otimismo, Costa e Silva alertou que, até o fim do verão europeu, “todos os opositores” do acordo — especialmente o lobby agrícola europeu e ONGs — estarão promovendo uma “campanha implacável”, exigindo uma resposta “exaustiva” do Brasil. “Vai ser intenso”, disse.

No Brasil, a aprovação deve ocorrer com menos obstáculos. Após passar pelo Congresso Nacional e ser sancionado, o tratado entra em vigor para a economia brasileira, sem depender da ratificação pelos demais países do Mercosul.

“Esse conflito global acaba criando oportunidades e janelas de negociação que se tornam vitais para países que buscam se proteger”, afirmou o senador Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. “Não é uma questão de ‘se’, e sim de ‘quando’ — precisamos aprovar isso.”

O acordo deverá passar pelas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Constituição e Justiça e Assuntos Econômicos, antes de ir ao plenário da Câmara dos Deputados e do Senado.

Fonte: Valor International

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Comércio, Internacional, Negócios

Líder da indústria brasileira alerta para uma guerra comercial “perde-perde” com os EUA

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, defende cotas de importação e critica políticas populistas trabalhistas e tributárias em meio às tensões entre EUA e China.

Em meio à guerra tarifária iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, uma delegação empresarial brasileira deve desembarcar em solo americano nesta quarta-feira. Segundo Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a missão é ajudar a preservar a relação complementar entre os setores industriais dos dois países. Na visão dele, “não há ganha-ganha — só perde-perde”.

Alban defende um sistema de cotas como forma de proteger a indústria brasileira de um possível aumento nas importações de produtos que os EUA deixem de comprar de outros países. Ele afirmou que já discutiu a proposta com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. “Está no radar”, disse.

A entrevista foi realizada na véspera do 1º de maio, quando um dos principais apelos dos movimentos trabalhistas era o fim da jornada 6×1 (seis dias de trabalho por um de descanso) — proposta que Alban classifica como “populista”. Para ele, a baixa produtividade brasileira não permite esse tipo de medida.

Sobre o projeto de reforma do Imposto de Renda enviado recentemente ao Congresso, ele se posiciona contra o que considera uma forma de bitributação: um imposto mínimo sobre pessoas físicas de alta renda que já são tributadas na esfera corporativa e agora seriam taxadas também como indivíduos. Alban também demonstrou preocupação com a complexa transição para um novo regime de impostos sobre o consumo.

A seguir, os principais trechos da entrevista ao jornal Valor Econômico:

Valor: O senhor viaja aos EUA na próxima semana?

Ricardo Alban: Sim, vamos na quarta-feira com cerca de dez empresas brasileiras que já têm relações com empresas americanas. Estaremos acompanhados da Amcham, de representantes do governo e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Vamos nos reunir com interlocutores do governo americano.

Valor: Qual o objetivo da viagem?

Alban: Identificar pontos críticos e construir mais alinhamento. Algumas questões envolvem segmentos inteiros das cadeias produtivas, outras são específicas de produtos. Estamos lidando com os debates sobre aço e alumínio, atingidos não só pela tarifa de 10% imposta por Trump, mas também por sobretaxas. Mais importante ainda, temos segmentos integrados — áreas de verdadeira complementaridade entre os dois países. O Brasil exporta produtos semielaborados para os EUA, e eles nos vendem produtos quase finalizados ou finais, como equipamentos. Isso não é ganha-ganha; é perde-perde. Vai apenas aumentar os custos dos dois lados. O Brasil não impõe tarifas tão altas sobre produtos americanos porque há exceções, compensações e mecanismos de equilíbrio.

Valor: Como o senhor avalia as medidas tarifárias de Trump até agora?

Alban: O Brasil precisa aproveitar esse momento com inteligência. Não podemos simplesmente ignorar a China, nem virar as costas para os EUA. Os EUA são parceiros industriais fundamentais, enquanto a China é uma parceira relevante em commodities. Precisamos de equilíbrio.

Valor: A China pesa mais que os EUA hoje?

Alban: Não necessariamente, mas a China domina em escala global. E não dá mais para desprezar a tecnologia chinesa. A época de dizer que “máquinas chinesas são baratas, mas ruins” acabou. A China hoje compete em setores de alta tecnologia, como satélites e data centers. Essa é a nova realidade — e mudou o jogo.

Valor: O setor industrial teme o redirecionamento de produtos chineses para o Brasil. É por isso que a CNI defende cotas de importação?

Alban: É uma questão que precisa ser discutida. Vejo as cotas — como o próprio Trump já usou no caso do aço — como uma forma de lidar com o fluxo crescente de aço chinês no Brasil. Com essa disputa entre EUA e China e o esfriamento do comércio global, é inevitável o aumento de produtos chineses no Brasil. Os dados já mostram isso.

Valor: De que forma?

Alban: No primeiro trimestre deste ano — antes mesmo da situação se agravar, o que começou em março — as exportações de manufaturados da China para o Brasil aumentaram mais de 30%. Isso considerando o total. Imagine o que pode acontecer se a guerra comercial se intensificar. Então, por que não estabelecer uma referência com base nos níveis de 2024 e criar um modelo de cotas ou faixas tarifárias que tragam previsibilidade às cadeias produtivas?

Valor: Mas não há conflitos internos nas cadeias? Alguns setores se beneficiam com insumos mais baratos…

Alban: A indústria tem conflitos internos legítimos e naturais. No agronegócio, por exemplo, soja não compete com milho, nem o milho com o trigo — eles se complementam. Já na indústria, aço e máquinas competem — um é insumo do outro. Políticas de preços petroquímicos competem com a indústria de plásticos. Esses conflitos existem e precisam ser debatidos com transparência e base técnica — e não com foco apenas em produtos isolados.

Valor: O Brasil deveria adotar cotas especificamente para produtos chineses?

Alban: Não especificamente. Não devemos apontar um país só. O que precisamos é aplicar o conceito de cotas dentro de uma política tarifária mais ampla. As duas devem se complementar — para evitar protecionismo excessivo, mas também impedir o enfraquecimento da base industrial.

Valor: Então, as medidas dos EUA são justificáveis?

Alban: A Europa provavelmente terá que fazer o mesmo para se reindustrializar ou modernizar. O que são as medidas dos EUA senão formas de proteger sua indústria? Estão realmente errados? Essa é a pergunta.

Valor: Como o governo brasileiro está tratando a questão das cotas?

Alban: Estamos conversando tanto setor a setor quanto diretamente com o governo. A própria embaixada americana afirmou que o Brasil está tendo um diálogo muito construtivo. O vice-presidente Alckmin parece ter sido o primeiro a iniciar essa conversa. Mas também há uma dimensão geopolítica. Haverá solução de curto prazo? Difícil dizer — a cada dia surge algo novo. Um dia é um anúncio de programa, no outro é uma declaração do presidente dos EUA sobre acordo com a Índia… Isso vai acalmar ou piorar?

Valor: Os EUA alegam que há aço chinês sendo vendido indiretamente via Brasil — uma triangulação. Isso faz sentido?

Alban: É preciso analisar os dados. Também importamos aço para nossa indústria de máquinas. Como eu disse, aço e máquinas têm políticas concorrentes. O mesmo vale para plástico e resinas. Então, não se pode assumir que o aço importado é apenas para reexportação. Temos uma indústria avançada de máquinas agrícolas. O aço vem dos EUA, do México, da China. Esse debate é antigo na relação com os EUA — aço, alumínio. Já passamos por isso no governo Trump, e foi resolvido com cotas. É o que se pede de novo agora.

Valor: Isso não causaria problemas com a OMC? O Brasil costuma respeitar a instituição.

Alban: Os EUA não parecem muito preocupados com a OMC. Sinceramente, precisamos ter um referencial, e não concordo em ignorar a OMC, pois é importante ter um mediador. Mas o mundo está, em muitos aspectos, ignorando a OMC. Isso não significa que o Brasil deva fazer o mesmo — mas ela não dará soluções de curto ou médio prazo. Esse é o ponto.

Valor: O que acha da lei de reciprocidade aprovada pelo Congresso?

Alban: Gostaria que o Congresso tivesse a mesma unidade em outros temas importantes para o país. Precisamos de convergência em torno do que é bom para o Brasil — e não apenas de medidas que nos dividem. A reciprocidade não pode ser nossa única ferramenta.

Valor: Como o 6×1, por exemplo?

Alban: Exatamente.

Valor: O presidente Lula está sob pressão para se posicionar sobre isso…

Alban: Porque é uma pauta populista. E, no momento, tanto o governo quanto a oposição estão apelando ao populismo — isso é claro. Mas qual é a lógica? Tenho plena convicção de que o capital não funciona sem o trabalho. Isso não é demagogia — é fato. Claro que hoje o trabalho tem peso menor comparado ao capital, por causa da automação. Mas o que falta no Brasil hoje? Nos rankings de competitividade, ficamos em último lugar. Produtividade não se melhora da noite para o dia. E temos baixa produtividade. Enquanto isso, fala-se em pleno emprego…

Valor: Os dados oficiais mostram isso…

Alban: Não concordo. Ver o copo meio cheio é dizer que temos pleno emprego. Mas é preciso ver quem realmente está procurando trabalho. Muitos já desistiram. Sim, o emprego aumentou — é fato. Mas temos uma narrativa de pleno emprego combinada com baixa produtividade e falta real de mão de obra qualificada.

Valor: Então o problema é a qualificação?

Alban: É um problema relativamente simples. Não temos nem pedreiro suficiente para obra. Num cenário desses, como se fala em reduzir jornada? Onde vamos encontrar mão de obra para repor? Como vamos melhorar a competitividade com aumento de custo? Isso tudo está sendo discutido com oportunismo. Precisamos de racionalidade.

Valor: A isenção de IR para quem ganha até R$5.000 também é populista?

Alban: Isso é populista, sim — mas é justo. Ainda assim, precisamos de uma abordagem racional para encontrar uma solução. Caso contrário, corremos o risco de judicialização e bitributação. A empresa já é tributada, e agora estamos impondo um imposto adicional à pessoa física. É uma forma de compensação fiscal sobre algo que a empresa já pagou.

Valor: E não houve mudança no Imposto de Renda das Empresas…

Alban: Exato. É apenas um aumento da carga tributária indireta. E tudo isso para atingir os chamados “super-ricos”. Mas sabe quem é realmente afetado? Pequenas empresas e profissionais autônomos.

Valor: Acho que é a primeira vez que venho à CNI e não ouço um apelo por reformas estruturais…

Alban: Vamos ver como será a experiência com essa reforma tributária nos próximos três ou quatro anos. Teremos que lidar com dois regimes tributários paralelos. Vamos precisar de muito esforço para entender todas as novas normas…

Valor: Mas, no longo prazo, a reforma não simplifica o sistema?

Alban: Simplifica — até certo ponto. Não é o ideal, mas pelo menos elimina o efeito cascata dos créditos. Isso é uma grande conquista para o setor industrial. Ainda nem sabemos qual será a alíquota final do IVA. Então, como vamos navegar por esse período de transição, especialmente com dois sistemas sobrepostos? Vai ser confuso.

Valor: O senhor tem alguma proposta concreta sobre o período de transição da reforma? Deveria ser estendido?

Alban: Não, acho que poderia até ser mais curto. Prolongar demais só vai gerar mais disputas.

Valor: Como os juros altos estão afetando a indústria?

Alban: Independentemente dos gastos públicos irracionais do governo, a política monetária está extremamente apertada. Nossos juros reais são absurdos. Não há nada parecido no mundo. Some-se a isso nosso sistema financeiro — com todos os calotes e inseguranças jurídicas, que também questiono — e se chega a um spread médio de 15% a 20%. Como se sustenta um setor produtivo com esse “Custo Brasil”?

Valor: O Banco Central está exagerando?

Alban: É claro que o Banco Central tem uma meta de inflação a cumprir. Mas o Brasil é uma nação. Precisamos de uma visão de médio e longo prazo. Juros altos são uma ferramenta legítima de controle da inflação — mas não nesse nível de juros reais. Não sou contra uma política monetária rígida, especialmente se houver uma política fiscal mais racional. Mas precisamos de racionalidade.

Valor: O que o senhor quer dizer com isso?

Alban: Política fiscal não é só responsabilidade do governo federal — vamos dar a César o que é de César. Os três Poderes não colaboram com a disciplina fiscal. Nenhum deles. Há gastos públicos irracionais em todos os Poderes.

Valor: Por exemplo? O novo arcabouço fiscal depende de medidas que ainda não foram implementadas — como aconteceu com o antigo teto de gastos.

Alban: Esses vínculos obrigatórios de gastos são um grande problema. O orçamento é engessado por causa das receitas carimbadas e da forma como o Congresso administra os recursos disponíveis. Mas sabemos que isso não começou com o atual governo, então não se trata de culpar um só. Temos decisões judiciais… A judicialização virou um problema sério no país.

Valor: Um tema em discussão é a racionalização dos gastos tributários. Como o setor privado pode contribuir? O senhor defende um corte linear ou uma revisão caso a caso?

Alban: Estamos falando de gastos tributários — ou de incentivos fiscais direcionados, necessários ao desenvolvimento de certos setores? Acho que tem um pouco dos dois. Mas aqui vai a questão: por que o lobby não é legalizado neste país? O que impede isso? Por que não temos discussões estruturadas, setor por setor? Talvez seja necessário aumentar incentivos em alguns setores e reduzir em outros. Mas esse tipo de decisão não deveria ser unilateral do Ministério da Fazenda ou da Receita Federal.

Valor: Já há uma proposta no Congresso prevendo corte linear. Qual a sua opinião?

Alban: Isso não é lavar as mãos como Pôncio Pilatos? É o caminho mais fácil — mas você acaba com as mesmas distorções. Acredito que precisamos de uma discussão mais profunda e aberta. A isenção do IR até R$ 5 mil já está definida. Mas alguém que ganha R$ 50 mil por mês não é “super-rico”. Não sei em que lugar do mundo isso é considerado super-riqueza. Se há legislação que dá vantagens injustas aos verdadeiramente ricos, corrija-se isso. Mas isso aqui não resolve nada. Só vai atingir a classe média. Na minha visão, a classe média molda a opinião pública — mas não é formada por super-ricos. Se quem ganha R$ 50 mil por mês fosse super-rico no Brasil, estaríamos com uma distribuição de renda maravilhosa.

Valor: A CNI tem uma posição sobre esse projeto de imposto de renda?

Alban: Temos participado ativamente do debate sobre tributação justa, especialmente sobre as big techs. Mas acho que a sociedade se beneficiaria mais se o foco fosse o combate ao comércio ilegal e ao crime organizado. Em 2023, identificamos comércio ilegal em 17 setores, somando R$ 500 bilhões. A perda potencial de arrecadação? Cerca de R$ 150 bilhões.

Valor: E quanto ao projeto sobre reincidência tributária?

Alban: Inicialmente apoiamos, mas ele travou na Câmara. Agora há duas novas propostas em discussão no Senado.

Fonte: Valor International




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