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Regulação do mercado de carbono cria oportunidades para indústria de SC

Nidec apresentou desafios enfrentados para que a planta de SC fosse a primeira do grupo a ter emissões neutras durante reunião da Câmara de Meio Ambiente e Sustentabilidade.

A reunião da Câmara de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) desta quarta-feira (12) trouxe a experiência da fabricante de compressores Nidec, de Joinville, rumo à descarbonização. A unidade, oriunda da Embraco, foi a primeira do grupo japonês a conquistar tal certificado no mundo, se antecipando em seis anos à meta corporativa.

A gerente de sustentabilidade corporativa da Nidec, Tatiana Valencia Montero, explicou que o primeiro passo da empresa foi fazer o inventário das emissões de forma sistemática, desde a época da Embraco. A partir dos dados, foi possível decidir por onde começar a atacar a questão. “O consumo de energia é um fator relevante, então começamos pela eficiência energética. O que não foi possível reduzir em consumo ou na mudança da matriz para fontes renováveis, compramos créditos de carbono”, explicou.

Os próximos desafios, segundo ela, são reduzir ainda mais as emissões, partindo para ações que envolvam a sua cadeia de valor, incluindo seus fornecedores, o chamado escopo 3. “Ser carbono neutro é uma oportunidade de se diferenciar, de reduzir custos e de mostrar para a sociedade que é possível fazer, trazendo resultados financeiros melhores para a companhia”, destacou. Além do benefício ambiental, as ações geraram uma economia de mais de R$ 4 milhões em gastos com gás natural e energia elétrica na Nidec.

Para o gerente sênior de componentes da Nidec, Rodrigo Dalla Vecchia, a empresa sempre inovou e buscou a eficiência energética em seus produtos. “Foi a inovação que permitiu fazer compressor de geladeira passar de 12 kg para 3 kg com a mesma capacidade, otimizando os materiais utilizados. Faz todo o sentido expandir a eficiência que conseguimos nos produtos para a eficiência da fábrica”, afirmou.

A compra de créditos de carbono – uma das estratégias usadas pela indústria de Joinville – e a regulação do mercado de carbono foram temas debatidos na reunião. O diretor de governança corporativa da LuxCS, Thiago Pamplona Müller, afirmou que a recente regulamentação do mercado de carbono no Brasil e traz conceitos modernos, é enxuta, simples e técnica.

Reunião híbrida da Câmara de Meio Ambiente debateu regulação do mercado de carbono. (Foto: Filipe Scotti)
Reunião da Câmara de Meio Ambiente debateu regulação do mercado de carbono.(Foto: Filipe Scotti)

O especialista do Instituto Senai de Tecnologia Ambiental, Charles Leber, que lidera as atividades do Hub de Descarbonização da FIESC, explicou que fazer o inventário de emissões é o primeiro passo da jornada rumo à descarbonização. Ele apresentou o primeiro inventário feito pelo Hub, com 36 empresas de SC. “A ideia é criar a cultura de empresas fazerem seus inventários, para que as micro, pequenas e médias empresas entendam a relevância e possam gerenciar suas emissões”, explicou.

O especialista lembrou que a tendência é de que a necessidade de reduzir emissões chegue às empresas de menor porte também, já que muitas delas integram a cadeia de valor de empresas que já adotam ações de descarbonização, e passarão a ser cobradas pelos clientes.

Fonte: FIESC
Regulação do mercado de carbono cria oportunidades para indústria de SC | FIESC

 

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Logística

Como compensar as emissões de carbono na logística?

Doutora em Ciências Biológicas, Silvia Fazzolari Corrêa conversou conosco sobre alternativas para a descarbonização logística.

A logística é uma das áreas que mais contribuem para as emissões de carbono, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde o transporte rodoviário predomina.
Com a crescente pressão para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, o setor logístico enfrenta o desafio de equilibrar eficiência operacional com sustentabilidade ambiental.
Controlar e compensar as emissões tornou-se mais do que uma obrigação regulatória. Trata-se também de uma vantagem competitiva, em um mercado cada vez mais consciente.

Para aprofundar o entendimento sobre como as empresas podem medir, reduzir e compensar as emissões de carbono na logística, entrevistamos Silvia Fazzolari Corrêa. Ela é doutora em Ciências Biológicas e coordenadora dos cursos de pós-graduação na área de meio ambiente do Senac EAD.
Com vasta experiência em impactos e gestão ambiental, Corrêa compartilhou conosco um pouco do seu conhecimento no campo logístico. Prossiga a leitura!

As melhores práticas para medir as emissões de carbono

De acordo com Corrêa, a medição das emissões de carbono na logística pode ser realizada de forma aproximada ou precisa, dependendo das ferramentas e métodos utilizados. 

“Uma forma relativamente fácil para medir as emissões de gases por veículos considera a distância percorrida, o porte do veículo e a sua potência, o peso da carga e as condições das estradas”, explica a pesquisadora.

No entendimento de Corrêa, embora esse método forneça apenas uma estimativa, ele pode ser útil para uma avaliação inicial da frota. 

“Sensores infravermelhos são muito utilizados por sua estabilidade e capacidade de seleção em relação ao gás medido, mas há outros equipamentos, como analisadores de gases, aparelhos de cromatografia gasosa e espectrômetros de massa”, detalha a professora.

Além dessas ferramentas, Corrêa destaca a importância do GHG Protocol e do GLEC Framework, que oferecem métodos padronizados para calcular as emissões de carbono em diferentes modos de transporte e operações logísticas. 

“O GLEC Framework é um guia universal que combina métodos existentes de cálculo, preenchendo lacunas e proporcionando uma estrutura comum para expedidores, transportadores e serviços de logística”, afirma ela.

As principais estratégias para reduzir e compensar emissões

Para Corrêa, “as empresas de logística precisam, em primeiro lugar, pensar em diminuir suas emissões”.

A especialista diz que isso começa com uma análise detalhada da frota, identificando oportunidades para otimização dos roteiros e modernização dos veículos. 

“A adoção de veículos elétricos, quando possível, pode trazer uma redução significativa nas emissões de CO² e outros GEE”, observa.

Contudo, nem sempre é possível alcançar a redução desejada, especialmente em operações de grande escala. 

Nesse caso, a compensação a partir de projetos relacionados à contenção ou captura de gases de efeito estufa é a alternativa. 

“Se não for possível alcançar menor nível de emissões, o que pode ser feito é a compensação, com investimentos no mercado de créditos de carbono”, sugere Corrêa.

As certificações e os padrões internacionais

Para que a compensação de carbono seja reconhecida e confiável, Corrêa aponta para a necessidade de certificações por órgãos internacionais. 

“Uma das certificações mais reconhecidas é a VCS – Verified Carbon Standard, que estabelece diretrizes e critérios para a certificação dos créditos de carbono”, explica. Ainda de acordo com a professora, outra certificação importante é a Gold Standard. Ela avalia projetos em áreas como energias renováveis e gestão florestal sustentável.

“É preciso seguir os padrões estabelecidos pelas certificadoras, o que proporciona segurança e confiabilidade aos investidores e compradores desses créditos”, reforça Corrêa.

Os desafios e as soluções aplicáveis ao setor logístico

Um dos maiores desafios enfrentados pelo setor logístico na compensação de suas emissões é a falta de infraestrutura adequada, especialmente no Brasil, onde o transporte rodoviário é predominante. 

“A condição das estradas, muitas vezes péssimas ou intransitáveis, aumenta bastante o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de CO²”, observa Corrêa.

Por conta disso, segundo a docente do Senac EAD, uma solução seria diversificar os modais de transporte, como o fluvial e ferroviário, que apresentam menor consumo de combustível. 

Além disso, a regulamentação do mercado de carbono no Brasil, atualmente em trâmite no Congresso, poderia trazer mais segurança para as transações de créditos de carbono. 

“O Projeto de Lei 412/2022, que regulamenta o mercado de carbono, está em revisão e, ao ser aprovado, trará segurança e confiabilidade às transações”, comenta Corrêa.
Apesar das dificuldades, Corrêa destaca que o mercado de carbono no Brasil tem um grande potencial, mas ainda é incipiente. 

“As negociações são realizadas diretamente entre as empresas no mercado voluntário, mas o volume é muito baixo face ao potencial que o país apresenta”, diz.

A partir dos tópicos apresentados por Corrêa, podemos concluir que investir em tecnologias de medição, otimização de rotas e frota são tópicos importantes para termos uma logística mais sustentável.

FONTE: Como compensar as emissões de carbono na logística? (intermodal.com.br)

 

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