Comércio Exterior, Economia, Exportação, Importação, Industria, Informação, Navegação

Panamá se retira de acordo da nova ‘Rota da Seda’ com a China

Decisão foi anunciada pelo presidente José Raúl Mulino; mais de 100 países aderiram ao acordo lançado em 2013

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou, nesta quinta-feira, 6, o cancelamento do acordo econômico da Rota da Seda com a China, após pressões dos Estados Unidos para reduzir a influência chinesa no Canal do Panamá.

Mulino garantiu que a embaixada do Panamá em Pequim “apresentou o documento correspondente” para “anunciar o cancelamento com 90 dias de antecedência”, como estabelece o acordo.
“Portanto, essa é uma decisão que tomei”, acrescentou ele em coletiva de imprensa.

O anúncio ocorre quatro dias depois da visita ao Panamá do secretário de Estado americano, Marco Rubio, que viajou com a missão de contrabalançar uma suposta ingerência da China no canal interoceânico, que o presidente Donald Trump ameaça retomar.

O acordo da Iniciativa Cinturão e Rota contempla o financiamento de projetos de infraestrutura com fundos chineses para impulsionar o comércio e a conectividade na Ásia, na África e na América Latina. 

Mais de uma centena de países aderiram o acordo, um projeto emblemático do governo de Xi Jinping, lançado em 2013.

Após se reunir com Rubio no domingo, Mulino havia antecipado que deixaria expirar o acordo assinado pelo Panamá em 2017 pelo então presidente Juan Carlos Varela (2014-2019).

Segundo a carta de entendimento, o acordo é renovado a cada três anos de forma automática (a próxima seria em 2026), mas contempla que “pode ser rescindido por qualquer uma das partes” notificando a outra com três meses de antecedência.

“Eu não sei quem incentivou na ocasião quem assinou isto com a China”, acrescentou Mulino. “O que isso trouxe para o Panamá em todos estes anos? Quais são as grandes coisas? O que essa ‘Belt and Road Initiative’ trouxe para o país?”, questionou Mulino, incomodado.

Na segunda-feira, Rubio qualificou como um “grande passo” para fortalecer as relações com Washington a decisão do Panamá de não renovar este acordo.

Os Estados Unidos consideram que esta iniciativa busca a influência de Pequim em todo o mundo e é um perigo para a segurança.

“A cooperação entre a China e o Panamá no marco da Iniciativa Cinturão e Rota está se desenvolvendo com normalidade e vem obtendo resultados frutíferos”, declarou na quarta-feira o porta-voz da chancelaria chinesa, Lin Jian.

O funcionário chinês havia dito que esperava que os panamenhos resistissem “às interferências externas”.

FONTE: Exame
Panamá se retira de acordo da nova ‘Rota da Seda’ com a China | Exame

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agricultura, Agronegócio, Comércio Exterior, Industria, Informação, Sustentabilidade

Missão do Mapa na Alemanha amplia mercados e reforça compromisso com a sustentabilidade

Delegação brasileira participa da Fruit Logistica, promove diálogo com autoridades alemãs e apresenta iniciativas para o avanço do agro sustentável

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) concluiu com sucesso sua missão oficial à Alemanha, realizada entre os dias 3 e 5 de fevereiro. A delegação brasileira marcou presença na Fruit Logistica 2025, o maior evento global do setor de frutas e hortaliças frescas, além de cumprir uma intensa agenda de reuniões estratégicas com autoridades alemãs e representantes do setor produtivo. O objetivo foi fortalecer as relações bilaterais, ampliar a presença dos produtos brasileiros no mercado internacional e reforçar a imagem do Brasil como referência em sustentabilidade agropecuária.

A participação brasileira na Fruit Logistica é essencial para a promoção comercial das frutas nacionais. O Brasil, um dos maiores produtores mundiais, se destaca não apenas pela qualidade e diversidade de seus produtos, mas também pelo compromisso com a inovação e as boas práticas agrícolas. Com cerca de 50 empresas do setor presentes no evento, sob coordenação da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o país consolidou sua posição como um parceiro estratégico no fornecimento global de alimentos frescos e saudáveis.

REUNIÕES BILATERAIS E FORTALECIMENTO DE PARCERIAS

Além da feira, a missão incluiu um encontro com a diretora-geral do Ministério da Agricultura da Alemanha, Swantje Nilsson. A reunião abordou temas como a cooperação comercial entre os dois países, o Acordo Mercosul-União Europeia, o recente foco de febre aftosa e as práticas sustentáveis adotadas pelo Brasil.

Outro destaque foi a participação do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, como palestrante na 18ª Conferência Latino-Americana da Economia Alemã. Durante sua apresentação, ele detalhou oportunidades de negócios para investidores alemães e destacou iniciativas brasileiras, como o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD) e a Lei do Biocombustível do Futuro, reforçando o compromisso do Brasil com uma produção agropecuária sustentável.

DIÁLOGO COM SETORES ESTRATÉGICOS E A IMPRENSA

A delegação brasileira também participou de um encontro sobre o Regulamento Europeu de Cadeias Livres de Desmatamento (EUDR), com representantes dos setores de carne bovina, soja e café. A Alemanha, maior compradora do café brasileiro na Europa, tem papel fundamental no comércio do produto, o que reforça a importância do diálogo sobre as regulamentações ambientais e o fortalecimento das exportações nacionais.

Para ampliar a visibilidade das ações do Brasil, a missão incluiu um bate-papo com a imprensa alemã, destacando os avanços na redução do desmatamento, as práticas sustentáveis da agropecuária nacional e o papel do Brasil como fornecedor confiável de alimentos ao mundo.

Com essa missão, o Mapa reafirma o compromisso do Brasil com a sustentabilidade, inovação e abertura de novos mercados, garantindo que os produtos agropecuários brasileiros continuem a ganhar espaço no cenário global.

Informações à imprensa
imprensa@agro.gov.br
FONTE: Missão do Mapa na Alemanha amplia mercados e reforça compromisso com a sustentabilidade — Ministério da Agricultura e Pecuária

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ANVISA, Comércio Exterior, Exportação, Gestão, Importação, Industria, Informação

Webinar orienta sobre anuência de importação de produtos

Encontro virtual será no dia 20/2, às 10h. Participe!

Os produtos importados sujeitos à vigilância sanitária destinados ao comércio, à indústria ou ao consumo direto precisam ter a anuência (autorização) da Anvisa para sua importação. Clique aqui para saber mais sobre o assunto.

Com o objetivo de orientar empresas e importadores, bem como tirar dúvidas, a Agência irá realizar, no dia 20 de fevereiro, um webinar sobre as normas para anuência de importação de produtos.

Para participar, basta clicar no link abaixo, no dia e horário agendados. Não é preciso fazer cadastro prévio.

Dia 20/2, às 10h – Anuência de importação de produtos sujeitos à intervenção sanitária – regularizações e autorizações da Anvisa

Webinar

O webinar é um seminário virtual que tem como objetivo fortalecer as iniciativas de transparência da Anvisa, levando conteúdo e conhecimento atualizados ao público. A transmissão é via web e a interação com os usuários é feita em tempo real, por um chat realizado durante o evento.

Confira a página específica de webinares realizados pela Agência.

FONTE: ANVISA
Webinares da Anvisa — Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa

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Economia, Industria, Informação, Inovação, Tributação

Produção industrial do Brasil cresce em 2024 mas mostra perda de força no fim do ano

A indústria brasileira cresceu em 2024, apesar da perda de força no fim do ano, com nova queda da produção em dezembro, que reforçou os sinais de desaceleração da economia.

Em dezembro, a produção da indústria teve queda de 0,3% em relação a novembro, terceiro mês consecutivo no vermelho, período em que acumulou perdas de 1,2%, embora o resultado ainda tenha sido um pouco melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de retração de 0,5%.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior a produção aumentou 1,6%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, contra projeção de avanço de 1,1%.

Com isso, o setor terminou o ano de 2024 com alta acumulada de 3,1%, mostrando forte aceleração após avanço de apenas 0,1% em 2023 e marcando o ritmo mais forte desde 2021 (+3,9%), quando a economia se recuperava da pandemia.

“De modo geral, o crescimento do setor industrial em 2024 pode ser entendido a partir de alguns fatores, como o maior número de pessoas incorporadas pelo mercado de trabalho, a queda na taxa de desocupação, aumento na massa de salários e o incremento no consumo das famílias, beneficiado pelos estímulos fiscais, maior renda e a evolução na concessão do crédito”, disse André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE.

O resultado mensal, no entanto, corrobora as expectativas de perda de força da economia no final do ano passado e de desaceleração em 2025, em meio ao aumento da taxa de juros, desvalorização do real e inflação elevada, mesmo com um mercado de trabalho robusto.

“Essa perda de dinamismo da indústria guarda uma relação com a redução nos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, em grande parte, pelo aperto na política monetária, com o aumento das taxas de juros a partir de setembro de 2024, a depreciação cambial, impactando os custos, e a alta da inflação, especialmente de alimentos”, avaliou Macedo.

No mês passado o Banco Central elevou a taxa de juros Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.

Os números de dezembro de vendas no varejo e volume de serviços que ainda serão divulgados pelo IBGE devem dar um cenário mais claro sobre a temperatura da atividade no final do ano.

Os dados da pesquisa sobre a indústria mostraram que em dezembro a produção ainda estava 15,6% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

As principais influências negativas no mês foram exercidas por máquinas e equipamentos, com queda de 3,0% sobre novembro; e produtos de borracha e de material plástico, com recuo de 2,5%.

Entre as categorias econômicas, a produção de bens de consumo recuou 2,2% em dezembro sobre o mês anterior, enquanto os bens de capital tiveram queda de 1,1%. Somente os bens intermediários registraram alta na fabricação, de 0,6%.

Já no ano, colaboraram principalmente para o crescimento as altas de 12,5% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias; de 14,7% em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (14,7%); e de 12,2% de máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Os resultados mostraram ainda que bens de capital tiveram o melhor desempenho no acumulado do ano, com alta de 9,1%, enquanto a fabricação de bens de consumo aumentou 3,5% e a de bens intermediários cresceu 2,5%.

Por Camila Moreira
FONTE: msn.com
Produção industrial do Brasil cresce em 2024 mas mostra perda de força no fim do ano

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Comércio Exterior, Industria, Informação, Internacional, Sustentabilidade, Tecnologia

Governo Federal divulga íntegra do acordo de parceria entre Mercosul e União Europeia

Com 20 capítulos, documento reúne medidas para impulsionar o comércio internacional e contribuir para o desenvolvimento sustentável

O Governo Federal publicou nesta terça-feira, 10 de dezembro, a íntegra do acordo de parceria entre o Mercosul e a União Europeia, com o fim da negociação de todos os pontos do tratado — composto por 20 capítulos, além de anexos e documentos adicionais. A conclusão do acordo foi anunciada na última sexta-feira (6/12), na 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai.

“Esta Cúpula tem um significado especial. Ela marca a conclusão das negociações do Acordo Mercosul-União Europeia, no qual nossos países investiram um enorme capital político e diplomático, por quase três décadas. Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul”, declarou o presidente Lula na ocasião.

A parceria com a União Europeia é o maior acordo comercial já concluído pelo Mercosul. Os dois blocos reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e economias que, somadas, alcançam aproximadamente US$ 22 trilhões de dólares.

“Estamos falando de mais de 27 países da União Europeia, dos mais ricos do mundo. São muitas oportunidades e ganhos recíprocos. Pode ajudar a fazer o PIB do Brasil crescer mais, as exportações brasileiras crescerem, a renda e o emprego crescerem e derrubar a inflação. Os estudos mostram que as exportações para a União Europeia poderiam crescer na agricultura 6,7%, nos serviços 14,8% e na indústria de transformação 26,6%”, ressaltou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

DESENVOLVIMENTO — O Mercosul e a União Europeia negociaram um anexo ao capítulo sobre Comércio e Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de promover o comércio internacional e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo em que reforçam seus compromissos ambientais, as partes rechaçam barreiras desnecessárias ao comércio. O anexo inclui dispositivos a respeito de regimes multilaterais ambientais e trabalhistas; relação entre comércio, investimentos e o desenvolvimento sustentável; comércio e empoderamento feminino; e cooperação.

As partes acordaram uma série de compromissos de proteção ao meio ambiente e de promoção do trabalho decente, além de ações para a promoção de produtos sustentáveis no comércio birregional, promovendo oportunidades para pequenos produtores, cooperativas, povos indígenas e comunidades locais.

O novo anexo conta com seção dedicada à promoção de cadeias de valor sustentáveis para a transição energética. Além disso, pela primeira vez, um acordo comercial do Mercosul contará com dispositivos sobre comércio e empoderamento feminino, com vistas a favorecer a cooperação e troca de melhores práticas em políticas que promovam a participação das mulheres no comércio internacional.

COMPRAS — O capítulo de Compras Governamentais foi renegociado entre Mercosul e UE a partir de 2023. O Brasil propôs ajustes nos termos que haviam sido tratados no passado, para preservar o uso do poder de compra do Estado como ferramenta da nova política industrial brasileira. Dentre os ajustes promovidos, destaca-se a completa exclusão das compras realizadas pelo Sistema Único de Saúde do âmbito do acordo; a manutenção de espaço para políticas de incentivo a micro e pequenas empresas e agricultura familiar; e a preservação de margens de preferências para produtos e serviços nacionais.

SETOR AUTOMOTIVO — O texto final do acordo também estabeleceu a eliminação tarifária em período mais longo para o setor automotivo. Com novas rotas tecnológicas para viabilizar a transição energética e diante da importância do setor para o Brasil, o Mercosul negociou cronogramas mais longos para a redução tarifária nos casos de veículos eletrificados e para veículos de novas tecnologias:

  • veículos eletrificados: a desgravação passará a se dar em 18 anos;
  • veículos a hidrogênio: o período será de 25 anos, com 6 anos de carência;
  • para novas tecnologias: 30 anos, com 6 anos de carência.

Foi estabelecido, ainda, um mecanismo inédito de salvaguardas para veículos. Caso haja uma disparada de importações da União Europeia que cause dano à indústria, o Brasil pode suspender o cronograma de desgravação de veículos ou retomar a alíquota aplicável às demais origens (hoje, de 35%) por um período de três anos, renovável por mais dois anos, sem necessidade de oferecer compensação à União Europeia.

TRANSPARÊNCIA — O Brasil fez questão de incluir no acordo compromissos que garantem a transparência e a inclusividade. Entidades da sociedade civil, sindicatos, organizações não governamentais, além do setor privado e representantes de diversos segmentos sociais, ganham canais para expressar sua voz e monitorar os impactos do acordo, que poderá ser revisado periodicamente para melhor atender aos interesses da sociedade.

PRÓXIMOS PASSOS – Não há prazo definido para a assinatura do acordo, que irá depender do processo de revisão legal e tradução. Confira abaixo um resumo dos próximos passos:

  • Revisão legal: o processo de revisão legal do acordo, voltado a assegurar a consistência, harmonia e correção linguística e estrutural aos textos do documento, está avançado.
  • Tradução: concluída a revisão legal, o acordo passará por tradução da língua inglesa para as 23 línguas oficiais da UE e as 2 línguas oficiais do Mercosul, entre as quais a língua portuguesa.
  • Assinatura: a assinatura, em que as partes manifestam formalmente sua aceitação do acordo, será realizada após concluídas a revisão legal e as traduções.
  • Internalização: seguida da assinatura, as partes encaminharão o acordo para os respectivos processos internos de aprovação. No Brasil, tal processo envolve os Poderes Executivo e Legislativo, por meio da aprovação do Congresso Nacional.
  • Ratificação: as partes notificam sobre a conclusão dos respectivos trâmites internos e confirmam, por meio da ratificação, seu compromisso em cumprir o acordo.
  • Entrada em vigor: o acordo entrará em vigor e, portanto, produzirá efeitos jurídicos no primeiro dia do mês seguinte à notificação da conclusão dos trâmites internos. Como o Acordo Mercosul-UE estabelece a possibilidade de vigência bilateral, bastaria que a UE e o Brasil – ou qualquer outro país do Mercosul – tenham concluído o processo de ratificação para a sua entrada em vigor bilateralmente entre tais partes.

COMÉRCIO — A União Europeia é o segundo principal parceiro comercial do Brasil, com corrente de comércio de aproximadamente US$ 92 bilhões em 2023. O acordo deverá reforçar a diversificação das parcerias comerciais do Brasil, ativo de natureza estratégica para o país, além de fomentar a modernização do parque industrial brasileiro com a integração às cadeias produtivas da União Europeia. Também espera-se que o tratado dinamize ainda mais os fluxos de investimentos, o que deve reforçar a atual posição da UE como a detentora de quase metade do estoque de investimento estrangeiro direto no Brasil.

FONTE: Planalto.gov
Governo Federal divulga íntegra do acordo de parceria entre Mercosul e União Europeia — Planalto

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Para onde a luta comercial de Trump pode ir a seguir

Novas tarifas sobre as importações chinesas estão em vigor, mesmo com o Canadá e o México ganhando um indulto. A União Europeia poderia ser a próxima? E como o presidente está definindo a vitória?

A luta comercial com a China está oficialmente iniciada, com Washington e Pequim trocando golpes que podem aumentar os preços de uma série de produtos. E o presidente Trump ameaçou atacar a União Europeia em seguida.

Mas, como mostrou o turbilhão de notícias de segunda-feira, incluindo adiamentos de última hora para o Canadá e o México, é difícil descobrir o que Trump usará para declarar vitória – ou quais serão os custos da abordagem de tarifas como política. Mergulhamos em tudo isso abaixo.

Além disso, temos um furo sobre um dos principais negociadores que retorna ao Goldman Sachs e pesamos as chances de vários licitantes do TikTok.

O Canadá e o México conseguiram obter um alívio da ameaça tarifária do presidente Trump na segunda-feira – mas uma guerra comercial ainda está em andamento.

Washington avançou com as taxas sobre as importações chinesas, levando a China a retaliar com suas próprias tarifas, incluindo ataques a empresas americanas de energia e tecnologia como o Google. E Trump ameaçou atacar a União Europeia.

O prolongado drama comercial continuou a confundir líderes empresariais e investidores e a levantar a grande questão do que exatamente Trump está tentando realizar.

O mais recente: Trump está adiando as tarifas sobre as importações mexicanas e canadenses por pelo menos 30 dias, concluindo 48 horas de incerteza depois que os dois países concordaram em dedicar mais recursos à segurança da fronteira e acabar com o comércio de fentanil.

Mas as taxas de 10% sobre todas as importações chinesas, além das taxas existentes, entraram em vigor após a meia-noite. Pequim respondeu com tarifas sobre produtos como o gás natural liquefeito americano, bem como restrições a exportações críticas como tungstênio e molibdênio, que são usados em eletrônicos. E anunciou uma investigação antimonopólio sobre o Google, o que poderia limitar o trabalho da gigante da tecnologia com empresas chinesas como a Xiaomi, fabricante de eletrônicos.

Os futuros de ações dos EUA e os mercados europeus caíram ligeiramente esta manhã, depois de terem se recuperado de quedas acentuadas na segunda-feira.

A UE pode ser a próxima na mira de Trump. “A União Europeia abusou dos Estados Unidos por anos, e eles não podem fazer isso”, disse ele na segunda-feira, reiterando reclamações sobre um déficit comercial em automóveis e produtos agrícolas. Autoridades europeias como o presidente Emmanuel Macron, da França, disseram que reagiriam.

É difícil exagerar o quão prejudicial seria uma batalha comercial entre os dois. Os Estados Unidos e a União Europeia respondem por mais de 60% de todo o investimento estrangeiro direto na economia do outro, muito mais do que qualquer outro parceiro comercial.

A grande questão: o que Trump está definindo como uma vitória nessas lutas? Sim, o México e o Canadá concordaram em gastar mais em imigração e fiscalização do fentanil. Mas John Authers, da Bloomberg Opinion, argumenta que as concessões não são enormes e ensinarão aos outros que outros governos “podem evitar ameaças tarifárias dando aos EUA a aparência de uma vitória“.

O comércio com a China vem caindo desde o primeiro governo Trump, então as novas tarifas dos EUA podem ter apenas um efeito limitado na economia. (Eles serão um grande golpe para varejistas online como Shein e Temu, no entanto.)

O principal teste dos objetivos de Trump pode ser as tarifas sobre o bloco, porque não há um ângulo real de imigração ou fentanil lá. As apostas são altas, porque as nações europeias podem responder potencialmente cortando Washington de futuros movimentos comerciais.

O bilionário Rick Caruso planeja um esforço de reconstrução após os incêndios em Los Angeles. O incorporador imobiliário e ex-candidato a prefeito – que ainda tem ambições políticas – anunciou a formação de uma organização sem fins lucrativos de interesses privados para “acelerar a reconstrução” das comunidades devastadas por incêndios florestais que devastaram partes do sul da Califórnia. O grupo inclui Ted Sarandos, o co-CEO. da Netflix; Mike Hopkins, chefe da Amazon MGM Studios;  o capitalista de risco Joe Lonsdale; e Adam Mendelsohn, conselheiro de mídia de LeBron James.

O presidente Trump diz que há limites para o trabalho de corte de custos de Elon Musk. “Elon não pode fazer – e não fará – nada sem nossa aprovação e daremos a ele a aprovação quando apropriado”, disse o presidente a repórteres na segunda-feira, acrescentando: “Se houver um conflito, não o deixaremos chegar perto dele”. Seus comentários foram feitos quando a equipe de corte de custos de Musk obteve acesso a um sistema de pagamento do Departamento do Tesouro e fez progressos para sacudir a burocracia federal.

A senadora Elizabeth Warren critica o secretário do Tesouro, Scott Bessent, sobre o CFPB Depois que Bessent também foi nomeado chefe interino do Departamento de Proteção Financeira do Consumidor, ele ordenou que sua equipe interrompesse grande parte de seu trabalho e interrompesse quaisquer novas investigações de fiscalização. Warren chamou suas ações de “sinal para corporações gigantes e grandes bancos de que é temporada de caça para trapacear, enganar e prender famílias americanas trabalhadoras”.

Ainda há dúvidas sobre como o DeepSeek conseguiu abrir um buraco de US $ 1 trilhão na supremacia americana da IA, dados os controles de exportação supostamente incapacitantes dos EUA.

Para resolver o desafio do DeepSeek, o governo Trump parece pronto para recorrer à arma favorita do presidente: tarifas. Mais tarifas, isto é, além da taxa de 10% que o presidente Trump acabou de impor à China, relata Grady McGregor para o DealBook.

Espere táticas semelhantes quando se trata de IA e China. Howard Lutnick, a escolha de Trump para secretário de Comércio, vinculou os controles de exportação às tarifas em sua audiência de confirmação na semana passada.

Gregory C. Allen, diretor do Wadhwani AI Center no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais e ex-funcionário da defesa dos EUA, disse ao DealBook que o governo Trump poderia impor tarifas específicas sobre as importações de tecnologia da China que incluem peças feitas em violação dos controles de exportação dos EUA.

As empresas chinesas, por exemplo, podem estar usando equipamentos de fabricação de origem ilegal para fabricar chips que são usados para treinar inteligência artificial ou são colocados em utensílios de cozinha inteligentes usados por consumidores americanos, disse ele.

A maior parte da fabricação de chips de ponta ocorre em Taiwan. Na semana passada, Trump prometeu impor tarifas de até 100% aos fabricantes de chips que operam lá e em outros lugares até que concordem em construir mais fábricas nos Estados Unidos.

Isso pode prejudicar a Nvidia. Trump, que se reuniu na semana passada com Jensen Huang, seu CEO, disse que, embora tenha sido uma “boa reunião”, ele ainda planeja impor tarifas sobre chips fabricados fora do país.

Alguns especialistas estão céticos de que tarifas adicionais seriam eficazes para conter os avanços da IA chinesa. As tarifas fariam pouco para impedir que as empresas chinesas de IA baixassem modelos de IA de código aberto, como o Llama, da Meta, disse Martin Chorzempa, pesquisador sênior do Peterson Institute for International Economics.

“O governo Trump acha que as tarifas podem literalmente resolver todos os problemas”, disse Chorzempa ao DealBook. “Mas as tarifas realmente mudarão o que o DeepSeek faria? Eu realmente duvido.”

O presidente Trump assinou uma ordem executiva pedindo a criação de um fundo soberano dos EUA na segunda-feira que, entre outras coisas, poderia ser usado em um acordo para o TikTok. (Lembra do TikTok?)

O presidente disse que o fundo soberano pode se tornar parte de uma jogada de consórcio, uma rota que pode ser mais palatável para as empresas de tecnologia dos EUA que só teriam que contribuir com algum dinheiro e não teriam que alavancar até as guelras. (Dito isso, os detalhes por trás da mecânica do fundo – incluindo de onde viria seu dinheiro – permanecem obscuros.)

Aqui, pesamos os potenciais pretendentes e suas chances de fazer algo. Tudo com a ressalva, é claro, de que a negociação trumpiana está normalmente sujeita a um alto grau de incerteza.

Microsoft. Não temos certeza sobre este. A Microsoft gostaria de passar pela agonia de montar uma aquisição completa novamente, dado o quão árdua foi a última vez que tentou? A Microsoft comprometeu US$ 80 bilhões em gastos com inteligência artificial somente este ano. Isso pode ser um uso melhor do capital do que uma plataforma de consumo que não complementa seu negócio principal.

Oráculo. Este parece um pouco mais provável. Larry Ellison, seu cofundador e presidente, é próximo de Trump. A Oracle recebeu sinal verde para comprar o TikTok uma vez antes e já abriga todos os seus dados de consumidores nos EUA. Mas a Oracle não é uma empresa focada no consumidor e não está claro se ela tem as habilidades para reconstruir um aplicativo de mídia social se a China se recusar a incluir o algoritmo do TikTok em qualquer venda em potencial.

Elon Musk. Musk pode muito bem ser o comprador preferido da China, já que a Tesla fabrica metade de seus carros no país, vinculando grande parte de sua fortuna às políticas de Pequim. Mas esses laços podem atrair o escrutínio de legisladores dos EUA preocupados com a segurança nacional. E Musk realmente quer comprar outra empresa de mídia social?

Outros gigantes da tecnologia. Os líderes da Amazon, Apple, Google e Meta estavam sentados com destaque na posse de Trump e, embora seja altamente improvável, um Trump enigmático pode prevalecer sobre Mark Zuckerberg ou Jeff Bezos para participar de um acordo de consórcio.

Outras considerações. Os investidores do TikTok preferem uma opção que pode não envolver uma venda total. Também há uma chance de que isso signifique cortar o valor de suas participações.

Um caminho que alguns banqueiros estão ponderando: trocar ações da ByteDance por ações do TikTok. Esse tipo de negócio sem dinheiro parece atraente. Mas também é complicado. Ou seja, como você atribui um valor ao TikTok em relação à ByteDance, já que ela não operou como uma empresa independente – e nem está totalmente claro se pode?


 Clifford Asness, fundador da AQR Capital Management, sobre a ordem executiva do presidente Trump orientando seu governo a explorar a criação de um fundo soberano.


As portas giratórias entre os principais banqueiros de tecnologia de Wall Street continuam girando.

O Goldman Sachs recontratou Nick Giovanni, um de seus principais banqueiros, após sua passagem de três anos como CFO da Instacart, Lauren Hirsch, da DealBook, é a primeira a relatar.

Giovanni, que passou mais de duas décadas no Goldman, se tornará sócio de seu grupo de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações, aconselhando em tudo, desde captação de recursos até negócios e IPOs. Ele está programado para começar em 24 de fevereiro.

Giovanni era um grande nome em negócios de tecnologia. Os negócios que ele aconselhou incluem o IPO do Airbnb em 2020 e a venda de quase US$ 30 bilhões do Slack para a Salesforce em 2021.

Ele saiu em 2021 para ajudar a Instacart a se preparar para sua oferta pública, que aconteceu em 2023. Ele saiu no ano passado, mas manteve contato próximo com seus colegas do Goldman, incluindo David Solomon, CEO do banco.

Seu retorno ao Goldman ocorre durante uma reviravolta no rival do Goldman, o Morgan Stanley, onde Michael Grimes, um banqueiro famoso, deve ingressar no Departamento de Comércio.

A grande contratação ocorre no momento em que os bancos se preparam para uma recuperação do negócio. Em dezembro, Solomon disse que a negociação poderia superar a média de 10 anos, dada a agenda pró-negócios do presidente Trump. Giovanni, por sua vez, disse ao DealBook que achava que seu trabalho em um cliente o ajudaria a trazer “um novo nível de percepção” para a função.

Negócios

Política e política

  • Se Robert F. Kennedy Jr. for confirmado como secretário de saúde do presidente Trump pode depender do senador Bill Cassidy, republicano da Louisiana e médico. (NYT)

  • Adam Candeub, que foi recentemente nomeado como o novo conselheiro geral da FCC, já representou uma feminista anti-trans em um processo contra o Twitter que mais tarde foi arquivado. (Semafor)

O melhor do resto

Fonte: nytimes
Para onde a luta comercial de Trump pode ir a seguir, diz The New York Times

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Greve dos auditores fiscais

As forças produtivas, empresários e trabalhadores, a sociedade e a economia do País não podem continuar sendo vítimas dessa falta de diálogo e compreensão entre as partes envolvidas.

03/02/2025 – Dezenas de milhares de encomendas estão paradas, desde novembro do ano passado (2024), abarrotando em especial os terminais de cargas dos aeroportos de Guarulhos e Viracopos em São Paulo, bem como os demais do Brasil.

Estimativas apontam possíveis prejuízos de bilhões de reais ao comércio exterior do País, como em episódios semelhantes no passado.

O motivo é a greve dos auditores fiscais da Receita Federal que entrava as operações de desembaraço aduaneiro.

Dentre os problemas que a paralização dessa categoria dos funcionários públicos federais está causando, além dos efetivos prejuízos à indústria, estão a deterioração de produtos e o risco de quebra e desemprego nas empresas. As mais afetadas são as pequenas e médias que, por seu porte, dependem de fluxo de caixa dentro da pontualidade de entrega e recebimento das mercadorias.

O embate entre os auditores e o governo, que se prolonga sem perspectivas de solução imediata, está afetando sensivelmente a economia brasileira. Esperamos que os dois lados busquem entendimento o quanto antes. As forças produtivas, empresários e trabalhadores, a sociedade e a economia do País, não podem continuar sendo vítimas dessa falta de diálogo e compreensão entre as partes envolvidas.

Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)


FONTE: CIESP
Greve dos auditores fiscais

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Abertura de mercado no Quênia

Com esses anúncios, o agronegócio brasileiro alcança 321 novas oportunidades de negócio desde o início de 2023

O governo brasileiro informa, com satisfação, que a autoridade sanitária do Quênia aprovou o modelo de Certificado Sanitário Internacional (CSI) para exportação de carne bovina, produtos cárneos e miúdos de bovinos do Brasil.

Em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 41 milhões em bens agrícolas para o Quênia. Essa abertura de mercado deverá aumentar o fluxo de comércio entre os dois países. Para o Brasil, trata-se de oportunidade de diversificar parcerias comerciais e fortalecer o setor produtivo nacional. Por sua vez, o Quênia, cuja população é de 55 milhões de habitantes, passará a ter acesso a carnes com qualidade reconhecida internacionalmente, atendendo à crescente demanda naquele país por proteína animal.

De modo a dar início ao comércio de carne bovina e seus derivados, os importadores locais deverão obter licenças de importação e será necessário realizar avaliação de risco para cada estabelecimento brasileiro interessado em exportar.

Com esses anúncios, o agronegócio brasileiro alcança 321 novas oportunidades de negócio desde o início de 2023.

Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

FONTE: MAPA
Abertura de mercado no Quênia — Ministério da Agricultura e Pecuária

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Receita da indústria de máquinas e equipamentos tem queda de 8,6%

A receita líquida da indústria brasileira de máquinas e equipamentos caiu 8,6% no acumulado de janeiro a dezembro de 2024, na comparação com o mesmo período de 2023.

Em 2024, o setor faturou R$ 270,8 bilhões ante R$ 296,2 bilhões no ano anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (29) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

O consumo aparente de bens industriais, definido como o total da produção industrial doméstica e importações, descontadas as exportações – um indicador que mede a demanda interna por bens industriais – ficou praticamente estável no acumulado de 2024, totalizando R$ 369,1 bilhões, com ligeira queda (0,2%) em relação ao ano anterior.

Segundo a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella, o desempenho da indústria de máquinas e equipamentos foi influenciado pela substituição da produção brasileira por importados e pela queda nas exportações.

“Aconteceu aumento de investimento em diversas áreas da economia [brasileira], investimento no transporte, investimento em equipamentos eletrônicos, mas não no nosso setor. E uma parte importante [do nosso resultado de 2024] está relacionada à perda de participação para o importado”, disse Cristina.

De acordo com a diretora da Abimaq, o desempenho das vendas de máquinas agrícolas e equipamentos para a construção civil foi o que mais puxou o resultado geral para baixo. “O setor de máquinas agrícolas foi o que, de fato, puxou o resultado mais para baixo, dentre todos os setores acompanhados. A gente observou também queda na área de construção civil. O mercado doméstico ampliou as compras de máquinas para construção, mas o que resultou em um número mais fraco foram as exportações um pouco menores.”

Importações

As importações brasileiras de máquinas em 2024 atingiram US$ 29,5 bilhões, com aumento de 10,6% em comparação com o ano anterior, segunda maior marca desde 2013. Os equipamentos chineses responderam pela maior parte (31,5%) ao registrarem crescimento de 5,3 pontos percentuais em relação ao período anterior (2023).

Já as importações de máquinas dos Estados Unidos, que vêm logo após as da China, caíram 6%. Da Alemanha, a terceira origem das importações, houve pequeno incremento nos embarques para o Brasil (2,6%).

Exportações

As exportações de máquinas e equipamentos brasileiros alcançaram US$ 13,1 bilhões em 2024, uma diminuição de 5,5% em relação a 2023. O resultado foi a segunda melhor marca da série histórica, perdendo apenas de 2023, quando foram vendidos ao exterior US$ 13,9 bilhões em máquinas e equipamentos.

Em 2024, dentre os países que registraram aumento na aquisição de máquinas e equipamentos brasileiros destacara-se Singapura, Coreia do Sul, México, Guiana, França e Arábia Saudita. Entre os que tiveram queda, aparecem Estados Unidos, Argentina, Paraguai, Chile e Peru. Para os Estados Unidos, a queda foi de 11,2% e ocorreu principalmente em máquinas para construção civil; para a Argentina, a diminuição foi de 17%, sobretudo em máquinas para óleo e gás.

FONTE: OCP News
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Análise: China vai transformar tarifas de Trump em guerra comercial?

Decreto do republicano impõe tarifas de 25% sobre importações canadenses e mexicanas e de 10% sobre os produtos chineses a partir de terça-feira (4)

O presidente Donald Trump cumpriu a promessa de campanha de aumentar as tarifas sobre as importações chinesas – anunciando no sábado (1º) taxas de 10% sobre todos os produtos chineses que entram no país como parte de medidas comerciais abrangentes que também visam o México e o Canadá.

Agora a questão para os líderes chineses é quão fortemente retaliar.

Após o anúncio, autoridades chinesas – que foram atingidas pela ação do republicano enquanto estavam no meio de um feriado público de uma semana – prometeram registrar uma queixa na Organização Mundial do Comércio e “tomar contramedidas correspondentes” sem especificar de que forma.

A imposição de uma tarifa de 10% sobre produtos chineses importados para os Estados Unidos “viola seriamente as regras da OMC”, disse o Ministério do Comércio da China em um comunicado no domingo (2), acrescentando que o país “defenderá resolutamente seus direitos”.

Essa resposta, pelo menos até agora, tem sido notavelmente menos concreta do que as do México e do Canadá, que foram rápidos em prometer tarifas retaliatórias rápidas.

Ao contrário da China, onde as tarifas mais recentes superam as existentes em uma faixa de produtos, o Canadá e o México desfrutavam anteriormente de um relacionamento quase isento de impostos com os EUA.

EUA CHINA ESTADOS UNIDOS
China deve superar os Estados Unidos como maior economia do mundo nos próximos anos • Foto: Jason Lee/Illustration/Reuters

Mas há outras razões além do número ao lado do sinal de porcentagem e do feriado público da China que podem ser responsáveis ​​pela resposta comparativamente branda da segunda maior economia do mundo.

Pequim teve um início inesperadamente caloroso no segundo mandato do republicano — um desenvolvimento bem-vindo para os líderes chineses, pois eles buscam evitar a escalada de atritos comerciais e tecnológicos ao mesmo tempo em que a economia do país dependente de exportações desacelera.

O líder chinês Xi Jinping e Trump tiveram o que o líder americano chamou de uma conversa telefônica “muito boa” dias antes do novo presidente assumir o cargo, e sua cerimônia de posse contou com a presença da autoridade chinesa de mais alto nível já enviada a um evento desse tipo.

O presidente dos EUA também enviou outros sinais de que está em modo de negociação com Pequim — dizendo repetidamente que espera trabalhar com Xi para resolver a guerra da Rússia na Ucrânia e sugerindo em uma entrevista recente à Fox News que ele achava que Washington e Pequim poderiam chegar a um acordo comercial.

Enquanto o republicano fez campanha para vencer a competição econômica com o país e encheu sua administração com falcões da China, o tom recente pode sugerir a Pequim que é melhor não escalar muito extensivamente, pelo menos não ainda.

Ainda há tempo para um acordo?

As tarifas de 10% estão muito longe daquelas de mais de 60% que Trump sugeriu que poderia cobrar sobre produtos chineses durante a campanha eleitoral.

O novo presidente dos EUA tem — pelo menos em sua retórica — vinculado amplamente essa taxação ao papel dos fornecedores chineses no comércio de fentanil, não ao desequilíbrio comercial gritante entre os americanos e chineses.

Em vez disso, a expectativa dentro da China tem sido que o republicano possa estar esperando o momento certo até receber os resultados de uma investigação maior sobre as relações econômicas e comerciais EUA-China que ele encomendou em uma ordem executiva assinada em seu primeiro dia no cargo.

“Trump pode confiar nos próximos resultados de investigações comerciais para impor ou expandir tarifas em países específicos, testando sua tolerância e disposição para negociar”, pontuou uma análise publicada no domingo (2) no site do think tank Fudan Development Institute, sediado em Xangai.

Segundo a avaliação, “o risco de escalar para uma ‘guerra comercial completa’ não pode ser descartado. Antes que quaisquer ações reais sejam tomadas, Trump ainda pode usar estratégias ambíguas para pressionar oponentes e esperar por concessões substanciais deles”.

A revisão ordenada por Trump, prevista para 1º de abril, deve orientar se a Casa Branca impõe mais impostos à China.

Enquanto isso, Pequim tem tempo para construir um relacionamento com o americano, entretê-lo na capital chinesa ou pressionar por um acordo preventivo para evitar penalidades econômicas mais severas.

A mensagem do alto escalão político da China tem sido conciliatória. O vice-primeiro-ministro chinês Ding Xuexiang declarou no mês passado às elites reunidas em Davos que Pequim quer “promover o comércio equilibrado” com o mundo, enquanto Xi pediu um “novo ponto de partida” nos laços EUA-China.

A decisão chinesa de reclamar à OMC sobre as novas tarifas ressalta uma mensagem-chave dos propagandistas do Partido Comunista Chinês: que o país joga pelas regras globais, enquanto os EUA são os únicos que não o fazem.

Pequim também defendeu seus esforços para controlar as exportações de precursores químicos para fentanil e afirmou que a crise das drogas é “um problema da América”.

Resta saber se a China anunciará mais contramedidas comerciais nos próximos dias. Mas sua resposta inicial à taxa de 10% e mensagens nas últimas semanas sugerem que o país ainda possa estar em um modo de esperar para ver antes de cavar muito fundo em sua caixa de ferramentas de medidas retaliatórias.

Um artigo de opinião publicado pela emissora estatal CCTV Sunday condenou as tarifas “errôneas” ao mesmo tempo em que pedia mais cooperação entre os dois países.

Pesando a retaliação

Especialistas dentro do país minimizaram o impacto das tarifas de 10% — em meio a um debate maior sobre se serviria à China intensificar uma guerra comercial como durante o primeiro governo.

Em 2018, Trump aumentou ou impôs tarifas sobre centenas de bilhões de importações chinesas para os EUA, com Pequim revidando com o que analistas dizem ser cerca de US$ 185 bilhões de suas próprias tarifas sobre produtos dos EUA.

O governo Biden manteve em grande parte essas obrigações em vigor, enquanto se concentrava em sua própria abordagem chamada de “quintal pequeno, cerca alta” para negociar com a China – colocando controles de exportação direcionados ao acesso chinês à alta tecnologia que poderia ter aplicações militares.

Isso viu Pequim liberar seus próprios controles – limitando a exportação de certos minerais críticos e tecnologias relacionadas nas quais os países dependem para fabricar produtos, de bens militares a semicondutores.

No final do ano passado, o país reformulou seus regulamentos de controle de exportação, aprimorando sua capacidade de restringir os chamados bens de uso duplo.

Um aumento no uso desses controles, bem como tarifas retaliatórias, podem ser movimentos para Pequim nas próximas semanas ou se Trump cobrar tarifas mais altas nos próximos meses.

China • Neofeed

Enquanto isso, os chineses já tomaram medidas para se isolar de alguns dos impactos das tarifas, que o próprio presidente dos EUA admitiu que poderiam trazer “dor” para os americanos — uma admissão que segue as preocupações de economistas e membros do Congresso de que os americanos arcarão com o custo das medidas.

Os Estados Unidos importaram US$ 401 bilhões em bens da China, com um déficit comercial de mais de US$ 270 bilhões nos primeiros 11 meses do ano passado, conforme dados do governo americano. Isso colocou a China atrás apenas do México como principal fonte de bens importados para o país.

A mídia estatal chinesa declarou no domingo (2) que as exportações do país para os EUA representam apenas 3% do PIB e menos de 15% das exportações totais da China.

“A China vem preparando há muito tempo menos exposição aos Estados Unidos, diversificando de todas as formas, não apenas em termos de parceiros comerciais, investimentos, mas também moedas e sistema de pagamento”, explicou Keyu Jin, professor associado de economia na London School of Economics, a Fareed Zarakia, da CNN, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos no mês passado.

O especialista continuou dizendo, que “as tarifas prejudicarão ambos os países. Mas você já viu um tipo gradual de redirecionamento do comércio para outros países (de empresas chinesas)”.

A China vê “Trump como alguém com quem eles podem negociar, que há espaço para negociação”, acrescentou Jin.

FONTE: CNN Brasil
Análise: China vai transformar tarifas de Trump em guerra comercial? | CNN Brasil

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