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Brasil pode ocupar espaço dos EUA no comércio com a China

Exportações de grãos, soja e milho, e de proteínas devem ser beneficiadas com a guerra comercial entre os países

Relatório do Itaú BBA confirma que o Brasil poderá ser beneficiado na guerra comercial entre Estados Unidos e China, agravada desde a posse do presidente americano Donald Trump, no dia 20 de janeiro. De acordo com relatório dos analistas Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto, o enfrentamento tributário entre as duas nações deverá provocar pressão descendente sobre as exportações agrícolas dos EUA, ajustes de preços no mercado global de grãos e proteínas e redirecionamento da oferta.

Ao mesmo tempo em que o cenário favorece a ampliação de presença do agro nacional no mercado chinês, há possibilidade de elevação de preços dos grãos no Brasil. Por fim, o estudo indica eventual aumento da volatilidade do mercado de commodities em meio à escalada de tarifas.

Proteínas e grãos

Proteínas, principalmente carne bovina, grãos, com destaque para soja e milho, são os setores com potencial para ocupar o espaço aberto pela perda de competitividade dos exportadores americanos.

Em resposta à medidas comerciais determinadas por Trump, Pequim anunciou aumento nas tarifas de importação sobre produtos agrícolas americanos. As novas tarifas incluem um aumento de 15% em aves, trigo, milho e algodão, e um aumento de 10% para carne bovina, suína, soja, sorgo, laticínios, frutos do mar, entre outros. As medidas entrarão em vigor a partir da próxima segunda-feira, dia 10.

“A mudança na demanda deve reforçar a posição do Brasil como um fornecedor-chave de grãos e carne para a China, mas também pode aumentar a volatilidade dos preços nos mercados agrícolas globais, particularmente à medida que os exportadores dos EUA buscam destinos alternativos”, diz o relatório.

Assim, em contrapartida ao ganho adicional no mercado de proteínas, haveria aumento de custos de ração, repetindo fenômeno ocorrido em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, quando o presidente americano deu início ao confronto comercial. “O prêmio dos grãos brasileiros pode aumentar devido ao aumento da demanda da China, tornando os custos da ração mais caros para os produtores locais de proteína”, explica o texto.

Percentuais de participação

Atualmente, a China é o destino de 50% das exportações de soja dos Estados Unidos. A China importa 90% do consumo doméstico da oleaginosa, com o país da América Norte sendo responsável por 23% desse abastecimento. Outro produto negociado entre os dois países é algodão, com a nação asiática absorvendo 37% do total embarcado pelos EUA.

Conforme o relatório, em escala global, 17%, 10% e 2% do fluxo comercial de soja, algodão e carne bovina está concentrado entre as exportações dos EUA enviadas para a China, sugerindo potenciais ventos favoráveis para grandes exportadores secundários.

Nesses produtos, o Brasil representa quase 60%, 30% e 25% da produção global total e 40%, 15% e 20% das exportações globais totais. Atualmente, as exportações brasileiras para a China nessas categorias respondem por 70%, 35% e 50% das exportações totais e 70%, 40% e 45% das importações chinesas em 2024.

Em Porto Alegre

Itaú BBA cita as empresas SLC, com sede em Porto Alegre, e BrasilAgro como os principais players brasileiros beneficiados no contexto. A guerra comercial afasta ainda, conforme o estudo, a possibilidade de a China suspender embarques de soja brasileira em razão de restrições sanitárias.

“O cenário macro não parece ideal para uma proibição generalizada de importações chinesas do Brasil, como algumas notícias apontaram há um mês, e qualquer medida deve ser abordada com cautela em meio a incertezas relacionadas ao risco de sanções no relacionamento comercial entre os EUA e a China”, escrevem os analistas.

Lançadas em janeiro, as investigações chinesas sobre a produção de soja brasileira devem durar oito meses.

FONTE: .Correio do Povo
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