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Comércio Exterior, Economia, Industria, Informação, Negócios, Tributação

Entenda a Lei da Reciprocidade Econômica, a resposta do Senado ao tarifaço de Trump

Medida propõe mecanismos e autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (1º) um projeto que cria a Lei da Reciprocidade Econômica. A medida é uma resposta ao tarifaço do presidente americano Donald Trump e propõe mecanismos e autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros. As informações são do g1.

O texto prevê que o governo federal poderá agir para combater decisões unilaterais estrangeiras que:

  • violem e prejudiquem acordos comerciais do Brasil;
  • ameacem ou apliquem sobretaxas; ou
  • decretem critérios ambientais para produtos brasileiros, mais rígidos do que os aplicados para os mesmos produtos nos países importadores.

A proposta tem apoio do governo e da bancada do agronegócio. Além de responder às sobretaxas anunciadas recentemente por Trump em relação a produtos de fora, a medida também mira em ações da União Europeia contra a agropecuária brasileira — incluindo a resistência em assinar o acordo com o Mercosul — por suposta falta de compromisso ambiental.

— Essa é uma lei que não é só para os EUA, ela contempla todos os mercados que fazem comércio exterior com o Brasil. Não é uma retaliação, é uma proteção quando os produtos brasileiros forem retaliados — afirmou a relatora do texto, senadora Tereza Cristina (PP-MS).

O projeto deve seguir agora para a análise da Câmara dos Deputados, desde que não haja recurso para votação no plenário principal do Senado.

— Mais uma vez, quero dizer que falaremos com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Motta, para que a Câmara possa apreciar essa matéria em caráter de urgência. Muito importante a senadora Tereza fazer o mesmo para que nós possamos ter, na Câmara, uma rápida apreciação — afirmou o presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL), após a votação.

Atualmente, o Brasil não adota tarifas específicas contra países. As regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) preveem o princípio da “nação mais favorecida” entre seus membros — ou seja, a proibição de favorecer ou penalizar um colega de OMC com tarifas. Em discursos recentes, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem defendendo que o Brasil adote a reciprocidade em casos de taxação.

O que diz a proposta

O projeto prevê que o Poder Executivo poderá adotar contramedidas a barreiras comerciais ou legais decretadas, no mercado internacional, contra produtos brasileiros. As medidas poderão ser aplicadas de forma isolada ou de forma cumulativa.

Um dos mecanismos autorizados é a adoção de sobretaxas nas importações de bens ou de serviços contra um país ou bloco econômico que retaliar o Brasil. Nesse caso, o governo poderia, por exemplo, definir um imposto de importação mais alto para os produtos vindos dos Estados Unidos. Também poderá ser decretada a suspensão das obrigações do Brasil com outros acordos comerciais estrangeiros.

Há ainda uma outra medida de retaliação a ser aplicada em “caráter excepcional”: o governo poderia suspender direitos de propriedade intelectual. Nesse caso, o Brasil poderia suspender o envio de royalties e o registro de patentes a indústrias e indivíduos do país atingido. Enquanto a retaliação vigorar, o Brasil deixaria de compensar ou remunerar o titular da patente pelo uso não autorizado.

Pelo relatório da senadora Tereza Cristina, essa medida só poderá ser decretada se as anteriores forem “consideradas inadequadas” para reverter o entrave comercial. A restrição é uma novidade em relação ao texto original aprovado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado.

As retaliações brasileiras poderão ser provisórias ou por tempo indeterminado. Se o projeto virar lei, o governo estará autorizado a alterar ou suspender as medidas conforme o avanço de negociações.

A proposta também determina que as medidas de retaliação do governo brasileiro deverão ser, “na medida do possível”, proporcionais ao impacto econômico causado pelas medidas unilaterais de outros países ou blocos.

Segundo o texto, o governo terá de monitorar os efeitos das medidas e o avanço de negociações com os outros países. Esses dados poderão servir para mitigar ou anular os efeitos das retaliações.

Consultas diplomáticas poderão ser feitas para substanciar esses relatórios, com a participação do Itamaraty e de outros interessados.

FONTE: NSC Total
Entenda a Lei da Reciprocidade Econômica, a resposta do Senado ao tarifaço de Trump – NSC Total

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Como a safra de laranja do Brasil mexeu com o mercado de suco em 2025

Projeções para a oferta no Brasil fizeram cotação cair 50% na bolsa de Nova York

Maior exportador mundial de suco de laranja, o Brasil fez o preço futuro da commodity cair 50% só este ano. No início de janeiro, os contratos de suco concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) bateram US$ 5,1465 por libra-peso na bolsa de Nova York — ontem foram negociados a US$ 2,6210, depois de atingir o piso de US$ 2,4290 em 18 de março. Em 12 meses, o recuo é de 28,7%, segundo o Valor Data.

O motivo para a queda é a expectativa de uma recuperação na produção brasileira na safra 2025/26, que começa em maio, após o volume de 228,52 milhões de caixas no ciclo anterior, quando a cultura foi afetada pela seca.

“Boa parte do mercado trabalha com uma estimativa de produção no Brasil que varia de 260 milhões a caixas a 300 milhões de caixas. Considerando o melhor cenário, poderíamos experimentar um aumento de safra de 30%, voltando próximo aos volumes registrados em 2023, quando o país colheu 307 milhões de caixas”, afirma Andrés Padilha, analista sênior do Rabobank Brasil.

Em fevereiro, o adido do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em Brasília divulgou uma projeção ainda maior, de 320 milhões de caixas, para o novo ciclo.

Na visão de Padilha, a projeção do USDA é a mais otimista, ainda que seja factível. Mas é preciso considerar outros fatores para o desempenho da produção nacional.

“Com a alta dos preços anteriormente, o produtor está investindo mais para tratar os pomares. Por outro lado, a área total está estagnada há anos, e também existe o aumento dos casos de greening”, observa o analista. “Há um aumento das temperaturas a cada ano, as chuvas melhoraram recentemente, é verdade, mas tenho dúvidas se a safra pode mesmo chegar a 320 milhões de caixas”, acrescenta.

A projeção de recuperação na colheita da próxima safra se baseia na perspectiva de um clima menos hostil neste ano.

O analista do Rabobank acredita que as cotações na bolsa de Nova York vão oscilar conforme o tamanho das estimativas oficiais. O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) divulgará a primeira projeção para 2025/26 em maio.

“Um número mais próximo de 260 milhões de caixas pode levar os preços a subirem, já uma estimativa acima das 300 milhões de caixas pode levar à queda adicional de preço”, diz, lembrando que as primeiras projeções otimistas para a safra levaram parte dos investidores a desmontar posições de compra na bolsa.

Apesar da queda dos preços do suco de laranja, não há sinais de que o consumo no mercado global possa se recuperar no curto prazo. E até a CitrusBr, associação que representa os maiores exportadores de suco do Brasil, reconhece isso.

“Essa transição dos [preços] futuros para o mercado consumidor não acontece de forma tão rápida. Os grandes compradores de suco, como as indústrias, conseguiram travar preços antes da movimentação de alta, segurando os repasses, que não foram sentidos pelo consumidor. O mesmo se aplica para este momento de cotações em queda, que não deve se refletir instantaneamente em aumento do consumo”, afirma Andrés Padilha.

Reportagem recente do ‘Financial Times’ informa que consumidores da Europa e dos EUA reduziram as compras de suco de laranja não só pelo preço, mas também pela queda na qualidade. Árvores doentes produziram frutas com gosto amargo, e a escassez forçou as indústrias a serem menos exigentes no blend.

Ao Valor, Ibiapaba Netto, diretor-presidente do CitrusBr (que reúne Louis Dreyfus, Cutrale e Citrosuco), afirma que o problema levou a entidade a avisar os clientes das indústrias, no ano passado, de que, no começo da safra, os produtos entregues seriam “mais heterogêneos”.

A temporada de laranja é feita de frutas precoces, de meia-estação e tardias. As precoces chegam antes às fábricas, mas têm algumas características não desejáveis, como alto grau de acidez. Usualmente, as indústrias usam estoque da safra anterior para fazer o blend. “Ocorre que não tínhamos estoque de laranja e não pudemos entregar o ideal”, afirma Ibiapaba Netto.

A demanda no varejo por suco de laranja reconstituído — feito a partir de suco concentrado congelado — caiu 24,5% nos EUA na semana encerrada em 1 de novembro de 2024 (último dado disponível), em comparação às quatro semanas anteriores, segundo a Nielsen. O consumo de suco fresco recuou 0,9% na mesma comparação.

“Uma vez que o consumidor tem de pagar caro, ele acabou optando pelos produtos de maior qualidade e de percepção de saúde”, afirma Ibiapaba.

Ele avalia que os preços em baixa para o consumidor final e o retorno da qualidade do suco podem dar fôlego a demanda. “Mas isso é mais um desejo do que uma perspectiva efetiva.”

FONTE: Globo Rural
Como a safra de laranja do Brasil mexeu com o mercado de suco em 2025

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Chefe de comércio de Trump falará com o Brasil antes de nova pressão tarifária

País se prepara para choques tarifários enquanto administração Trump pressiona por reciprocidade comercial e substituição de importações

 

O principal assessor comercial de Donald Trump, Jamieson Greer – chefe do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) – deve conversar por telefone nesta segunda-feira com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, poucos dias antes de a Casa Branca revelar uma nova onda de tarifas globais.

Uma fonte em Washington disse que Greer já conversou com representantes de países que provavelmente serão afetados pelo que a equipe de Trump chama de política de “reciprocidade tarifária”. Na semana passada, ele conversou com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng.

De acordo com o USTR, o governo Trump está “estabelecendo uma política comercial robusta e revigorada que promove o investimento e a produtividade, aumenta as vantagens industriais e tecnológicas de nossa nação, defende nossa segurança econômica e nacional e, acima de tudo, beneficia trabalhadores, fabricantes, agricultores, pecuaristas, empresários e empresas americanas”.

Esta será a segunda conversa entre Vieira e Greer e segue a visita de uma delegação brasileira a Washington na semana passada, onde o grupo se reuniu com autoridades da Casa Branca, USTR, Departamento de Comércio, Departamento do Tesouro, Congresso e Câmara de Comércio dos EUA.

Embora a ligação de segunda-feira tenha peso simbólico, é improvável que produza resultados concretos. Em última análise, as decisões sobre o chamado “dia de liberação tarifária recíproca” caberão exclusivamente a Trump.

As autoridades brasileiras estão cientes de como Washington está operando atualmente – sob uma nuvem de incerteza que afeta não apenas os aliados dos EUA, mas também os conselheiros de Trump. Uma das queixas específicas de Trump sobre o Brasil tem sido a tarifa de 18% do país sobre o etanol importado – consideravelmente mais alta do que a taxa dos EUA de 2,5% sobre o etanol estrangeiro. Apesar disso, poucos em Washington acreditam que alguém tenha o poder de mudar a opinião de Trump.

O Brasil não está sozinho em sua incerteza; todos os países enfrentam o mesmo dilema em relação ao que exatamente a Casa Branca anunciará na quarta-feira. Muitos temem que essa busca pela reciprocidade possa se transformar em um banho de sangue para as exportações globais.

Nesse contexto, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil continuam se preparando para o impacto. As autoridades estão focadas na estratégia de longo prazo, incluindo esforços para restaurar as cotas para as exportações brasileiras de aço para os EUA, sabendo que o mundo não acabará em 2 de abril.

Como de costume, Trump enviou sinais contraditórios. Ele disse anteriormente que só consideraria negociar tarifas “se as pessoas estivessem dispostas a dar algo de grande valor” aos Estados Unidos. Mais tarde, ele deu a entender que as próximas tarifas recíprocas podem não ser tão severas quanto inicialmente sugerido.

“Talvez eu dê vantagens a muitos países”, disse Trump. “Talvez sejamos ainda mais gentis do que isso.” Mais tarde, ele reiterou essa mensagem, dizendo que as pessoas ficariam “agradavelmente surpresas” com as tarifas “um tanto conservadoras” destinadas à substituição de importações.

O economista Peter Navarro, um oponente vocal do livre comércio e um forte defensor das tarifas, continua sendo um dos conselheiros mais próximos de Trump. Ele apóia os aumentos tarifários, apesar de seu impacto econômico de curto prazo, enquadrando-os como uma mudança histórica na política dos EUA com implicações fiscais.

Em entrevista à Fox News, Navarro disse que o governo espera arrecadar mais de US$ 100 bilhões com as tarifas de 25% recém-anunciadas sobre carros e autopeças importados – com mais medidas a caminho. “O que veremos na próxima semana”, disse ele, “é uma maneira de pagar pelo maior corte de impostos da história americana”. Ele acrescentou que isso significará “milhares e milhares de dólares” para as famílias de classe média e que os EUA estarão em melhor situação porque terão uma forte base de fabricantes. Navarro também vê salários mais altos e mais empregos. “A vida será boa.”

Os mercados permanecem céticos, no entanto. Muitos analistas alertam que a agenda comercial nacionalista de Trump pode desencadear uma nova recessão, provocar retaliação e prejudicar o crescimento global – custos que seriam sentidos em todos os setores.

FONTE: Valor Internacional
Chefe de comércio de Trump falará com o Brasil antes de nova pressão tarifária | Assis Moreira – Brasil | valorinternational

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Sobre a arte de negociar com Trump 2.0, por Mario C. de Carvalho Jr

Temos de reconhecer que no passado fomos bons na interpretação do acordo do GATT e em sua solução de controvérsias.

A arte de negociar é um livro escrito pelo então incorporador Donald Trump, antes de se tornar democraticamente eleito – por duas vezes – Presidente dos EUA. Hoje, comanda ainda uma grande economia, que tem a mais dispendiosa e belicosa das forças armadas do mundo moderno. De fato, ele lidera um império com sinais de decadência porque sua economia não apresenta dinamismo econômico e tecnológico no longo prazo devido ao excesso de gastos públicos, ao alto nível da dívida pública, ao contínuo déficit comercial, e ao seu gasto militar que só cresce por ser a gendarme do mundo.

A existência e a manutenção conjunta de déficit comercial e orçamentário fazem com que os principais bancos centrais do mundo diversifiquem os seus ativos que estão nos portfolios de suas reservas internacionais, reduzindo a presença do dólar e o trocando por ouro e outras moedas conversíveis, como o renimbi, yen ou até as recém-criadas moedas digitais. Isso não é um processo de desdolarização, mas um movimento prudente dos Bancos Centrais do resto do mundo face à incerteza e ao risco de carregar nas reservas ativos financeiros denominados em dólar. Isso significa que o dólar está perdendo aos poucos sua função de reserva de valor devido à gradual perda de credibilidade da gestão macroeconômica implantada simultaneamente pelo Federal Reserve, e pelo Departamento do Tesouro norte-americano.

Ao colocar a política denominada de “America First”, como objetivo de política comercial e de trade policy, e, também cobrar das nações que necessitam de proteção militar – exemplo União Europeia – que entrem com um maior valor de gastos para a sua  segurança mostra que são corretas as metas e ações do Governo Trump 2.0 para reduzir o excesso de dispêndio que os EUA fazem no seu complexo industrial militar. Além disso, ao buscar reduzir o peso da máquina pública norte americana obrigando-a ser mais eficiente e efetiva através de sugestões de ações de corte de custos feita pelo departamento DOGE – criado por Trump e gerido por Elon Musk – sinaliza um compromisso com credibilidade de política fiscal para reduzir os gastos públicos correntes.

Vale lembrar, que além de ser um incorporador de renome, Trump tempos atrás também comandou um “reality show,” cuja técnica passou a adotar na gestão da sua agenda de política interna e externa, tanto no período do Trump 1.0, quanto agora no 2.0. Data daquela época o saber ”zoar” os brasileiros. Primeiro, foi provocar o derrotado treinador da seleção de futebol brasileira da época – Tite – sobre a atuação do nosso time. Usando conquistas passadas, em entrevista televisiva, nos EUA, o nosso timoneiro sem rumo da CBF levantou uma mão sinalizando os cinco títulos mundiais ganhos num passado de glória.

Sabiamente, naquele momento Trump não revidou! Mas, ele cutucou os brasileiros de uma forma singular tempos depois. Isso ocorreu ao assinar durante o período Trump 1.0 o novo acordo comercial entre os EUA  com o México e Canadá. O então presidente do EUA – numa atitude comum sua – fez comentários extra pauta, sobre a Índia e o Brasil. Vindo de Trump, devemos num primeiro momento analisar e entender os adjetivos usados à época por Trump – “beauty and toughest” – para se referir aos brasileiros.

De um lado, o “beauty” vem da nossa geografia, afinal ele já conhecia o encanto da Cidade Maravilhosa – o Rio de Janeiro – aonde quase ia fincar uma  ‘’Trump Tower’’. E, ao não fechar negócio no Brasil para implantar um mero empreendimento imobiliário perto do cais do Porto do Rio, este descobriu o emaranhando de impostos, taxas, emolumentos e multas envolvida numa operação comercial com brasileiros. Aliás, já agora no período Trump 2.0, este faz a mesma alusão à burocracia em excesso existente no Brasil ao falar da incidência de taxação de renda e de preço de transferências impostas sobre as empresas multinacionais de origem de capital norte-americano.

Para Trump 1.0 e equipe, o estilo de negociação do ’brasileiro é o de ser “duro” (toughest)! Todavia, antes de aceitar essa pecha, cabe indagar se o brasileiro seria realmente duro numa negociação internacional, seja por via diplomática ou comercial? Para entender a “boutade” de Trump é preciso lembrar o ditado popular: quem bate esquece, quem apanha lembra! No contencioso do algodão com os EUA, resolvido no âmbito do comitê de soluções de controvérsias da OMC, fomos duríssimos usando punhos de rendas. Nossos cisnes do Palácio do Itamaraty com base em princípios claros expostos no acordo multilateral firmado no âmbito do antigo GATT durante a negociação com o Governo dos EUA não aceitaram barganhar.  Resultado: colocaram de joelhos o Poder Executivo Norte-Americano visto que este foi obrigado a negociar com o seu Poder Legislativo – câmara baixa e alta – para mudar a “Farm Bill”. E, isso contrariou à época  e muito os  interesses dos eleitores e dos estados  do sul daquela nação. Tudo isso ocorreu há uns vinte anos, e a estratégia do Itamaraty foi tão precisa que virou “cases” para a área do direito internacional, e em teoria de jogos!

A partir dessa visão calcada no direito internacional oriundo do GATT/OMC e das regras das leis norte-americanas, inclusive a de Comércio que são usados nas argumentações e nas cartas localizadas nos punhos de renda dos nossos negociadores do Itamaraty advém a percepção dos negociadores norte americanos de que somos duros negociadores! Porém, pela cartilha e a prática negocial de Trump 2.0 e sua equipe somos previsíveis por agirmos by the book da OMC/GATT e das leis de comércio norte americana.

De fato, não há clareza por parte dos atores governamentais e dos defensores dos interesses das empresas exportadoras, no Brasil, de que o primeiro book  está, hoje, ao menos em desuso e paralisado ao menos no comitê de soluções de controvérsias da OMC, e, em função da prática de commom law há novas interpretações plausíveis em curso da legislação americana nos tribunais e no executivo e legislativo daquela nação. E, ainda não se entendeu, no Brasil,  que a tarifa aduaneira, em termos históricos, nos EUA, foi usada com três objetivos a saber: a) para arrecadar recursos para fazer face às despesas da União; b) para alterar o padrão de produção local com vistas à proteger à produção doméstica norte-americana contra importações com dumping ou subsídios; ou c) como instrumento para obter reciprocidade nas relações econômicas de setores, indústria, e dos EUA tanto com parceiros comerciais de forma bilateral, regional ou multilateral. Demais, os propósitos desses instrumentos são para atingir objetivos econômicos e não econômicos. Hoje, grosso modo, temos que compreender e distinguir essas intenções quando  Trump 2.0 usar o instrumento de tarifas aduaneiras.

O nosso problema, no período Trump 2.0, caracterizado por novos tempos de negociação internacional em que a linearidade da conduta e da análise do problema dá lugar para o reino da não linearidade, da incerteza e das escolhas de “trade off’’ presente e futuro numa negociação comercial e diplomática só torna frágil nossos negociadores, tanto os nossos cisnes do Itamaraty, quanto os defensores dos interesses empresariais brasileiros junto aos EUA.

Importa reter, no momento presente, que só incorporando os elementos descritos acima com base numa perspectiva de lógica fuzzy é que poderemos agora no período Trump 2.0 nos prepararmos para uma negociação agressiva unilateral, tanto da  parte de Trump, quanto dos membros do seu Governo

Temos de reconhecer que no passado fomos bons na interpretação do acordo do GATT e em sua solução de controvérsias. Mas, foi nesse locus institucional que perdemos  – em termos multilaterais –  o desenho e o fundamento da política industrial e de comercio exterior de governos passados, inclusive o período Lula I e II, e tivemos de oferecer compensações aos nossos parceiros comerciais.

Isso posto é preciso que reconheçamos que apesar do volume da corrente de comercio de bens e serviços entre o Brasil e os Estados Unidos, o saldo comercial favorável aos EUA, e ao crescente número de emigrados legais brasileiros nos EUA trabalhando e investindo tanto lá quanto cá, e que hoje somam a quase quatro milhões de pessoas há um contencioso comercial histórico entre o Brasil e os EUA que vem desde os anos noventa do século passado.

De fato, o Governo Norte Americano monitora de forma constante o contencioso nas nossas relações comerciais, e há revisões anuais, principalmente pelo USTR – United States Trade Representative -, quanto por outros órgãos daquele país. Estivemos  na “lista de observação” da seção 232 e da seção especial 301 da Lei de Comércio dos EUA; temos revisão sempre em curso dos produtos da lista de beneficiários do Sistema Geral de Preferências – SGP, notadamente das exportações oriundas da região Norte e Nordeste; e, os incentivos fiscais e subsídios creditícios que oferecemos a nossas empresas exportadoras estão sob o escrutínio conjunto do departamento do comércio e do USTR. Isso tudo sem falar de toda espécie de medidas de importação, de barreiras não tarifárias, de medidas fito-sanitárias, e barreiras técnicas gerais ou setoriais que impomos, segundo o USTR, aos produtos já comercializados pelos fornecedores dos EUA, ou que eles porventura podem fornecer. E, estamos sempre na lista de país que permite a importação de produtos de marca falsificados e que infringe a propriedade intelectual. Vale lembrar que todas essas análises e diagnósticos do governo norte americano estão descritos em relatórios públicos dessas instituições, e disponíveis na internet.

Hoje, grosso modo, temos que compreender que com Trump 2.0, este contencioso estará subjacente em qualquer negociação, mas dada à amplitude da proposta de tarifa reciproca com vistas a obter reciprocidade para acesso com corte bilateral ao mercado de lá (EUA) e de cá ( BRASIL), e, dada a superposição do antigo contencioso comercial com a nova proposta de reciprocidade de redução tarifária , a pergunta a ser respondida é o  que fazer num contexto de negociação agressiva comandada por Trump?

O primeiro ponto é compreendermos o anuncio a ser feito próximo dia 02 de abril – cunhado por Trump como “liberation day” – em que serão expostas as diretrizes e talvez o nível das tarifas reciprocas proposto pelos EUA. O divertido e o interessante é que nunca antes na história do mundo um grande player que tem a sua economia já aberta irá propor e negociar por meio de tarifas reciprocas um mecanismo de abertura e acesso unilateral, bilateral e multilateral para aumentar o comercio intra indústria entre os EUA e o país ( ou países) que entrar ( ou entrarem) em negociação com os EUA.

Em outras palavras, serão apresentados dois vetores de tarifas reciprocas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos. Provavelmente com base no Harmonized System da TUSA o valor ad valorem da tarifa de importação norte americana será comparado e cotejado com o valor da tarifa de importação do Brasil ( e/ou dos demais países). Essa medida será um tipo de proxy a ser usada pelos EUA para mostrar o grau de trade cost que os produtores norte americanos tem para acessar o mercado brasileiro ( ou em qualquer outro país). E, a partir dessa dispersão ou diferencial, os EUA iram elevar o nível das suas tarifas aduaneiras em relação a sua proposta de tarifa recíproca.

Como o patamar da tarifa norte-americana é muito mais baixo que o observado no resto do mundo – pois ao longo da estória do GATT-OMC a redução de tarifa dos EUA junto com clausula MFN foi usada como um bem público para se avançar nas diversas Rodadas da OMC, hoje, os EUA irão usar o porrete ( stick) das tarifas para viabilizar tanto o acesso e abertura ao seu mercado quanto o acesso e abertura do mercado alvo da tarifa reciproca. Isso é a novidade do dia 02 de abril, pois é diferente do que foi usado nas negociações comerciais do passado. E, a priori , se seguir uma analise de economia positiva com base em dados não se pode afirmar a priori que as medidas são protecionistas ou só semeiam a guerra comercial. De fato, é algo novo em relação à experiência pós a crise de 1929 em que se proliferou as políticas de beggar the country.

De fato, importa perceber que o propósito de “liberation day “ não será a busca de auto suficiência total de todos os setores da economia norte –amerciana, tornando-a uma economia fechada ao comércio internacional. Abertura, acesso ao mercado e possibilidade de lucrar e fazer e negócios continuarão a estar na mesa de negociações entre os operadores dos EUA com cada país. Logo, obter os ganhos de comércio advindos da “dupla abertura” – lá e cá – dependerá fundamentalmente do animal spritis dos empresários exportadores brasileiros. Infelizmente, esses só querem ser comprados, e não querem ir vender até por não terem cultura exportadora. Logo, a atitude tanto dos empresários, de seus representantes e do governo brasileiro será de apatia, desejo de negociação e mera reação. Em outras palavras, ousadia zero face às oportunidades abertas no “liberation day”.

Sem dúvida, para que se possa analisar os efeitos do “liberation day” na estrutura tarifária e de proteção da economia brasileira e na composição das exportações nacionais é preciso que a partir dos dados das tarifas reciprocas a serem divulgados com base no SH do TUSA ( ou do pouco provável SITC) se possa ter acesso aos dados da Secretaria de Receita Federal do Brasil.

Aliás,  será preciso tabular e calcular o nível da tarifa média nominal do imposto de importação que consta da Tarifa Aduaneira do Brasil por NCM com os valores importados e os impostos efetivamente arrecadados ( ou isentados) sob cada regime especial aduaneiro. Ao se obter o somatório desses dados se obterá uma proxy da tarifa aduaneira verdadeira cobrada pelo Brasil. Isso poderá ser calculado tanto para os produtos importados e provenientes dos EUA e do Resto do Mundo. Hoje em dia, essa informação não poderá ser disponibilizada por ser sigilo fiscal segundo norma e interpretação da SRF. Sem dados, o que se poderá afirmar é que o Brasil cobra e coíbe  e protege à economia brasileira é bem menor que o exposto no diário oficial em que se outorga uma proteção ao produto nacional.

Obviamente, entre o diferencial da tarifa legal e a verdadeira se deveria tentar obter os diferenciais dos preços internos e externos desses bens para de fato se obter a proteção efetiva dada pelo Governo à Economia Brasileira. Como não se tem esses dados e não se sabe como os bens entram e são nacionalizados no território nacional segundo regimes aduaneiros se tornou comum principalmente entre lideres empresariais do setor químico e siderúrgico do Brasil que estes venham à público com um mantra mostrando que estão corretamente sofrendo com a competição de produtos chineses. Sem dúvida, por exemplo, esses produtos entram pelo Amapá sem incidência de imposto de importação, de ipi , e com redução de icms para cerca de três por cento e são transportados e consumidos na região sudeste. Mesmo com a reforma tributária isso irá perdurar até 2032, sendo que só não se sabe se as empresas nacionais haverão de sobreviver até lá.

Apesar disso, nosso problema inicial com as tarifas reciprocas criadas por Trump é temos de identificar as vantagens comparativas reveladas, e ainda existente em bens e serviços aqui produzidos e transacionados para potencializarmos ao máximo a capacidade produtiva do sistema da economia nacional face à um necessário processo de mudança de regime de comércio com abertura comercial.

Temos de ousar e ter claro que é decisão soberana e de interesse nosso – do Brasil –  mudar agora o regime de comércio brasileiro, com ou sem ameaça das tarifas reciprocas de Trump. Isso porque para que uma abertura comercial unilateral como está sendo proposta por Trump se produza reduzido número de perdedores, é preciso ter e adotar como princípio uma estratégia de resposta por parte do Brasil uma ação unilateral de mudança dos preços relativos externos e internos, aonde se altere simultaneamente a estrutura de incentivos às exportações, de um lado, e as medidas tarifárias e não tarifárias, de outro lado, de modo que haja um viés pró-exportador para que se produzam vencedores.

Aliás, vale lembrar que no Governo Collor, reduzimos as tarifas sobre insumos do agronegócio e se implementou uma lei agrícola capaz de direcionar crédito a esta atividade cujo resultado – dada a demanda internacional – é que não somos um país com uma parcela pequena no comércio mundial dos produtos do agronegócio. Resultado, o regime de comércio do Agro não é nem pop, nem tóxico, e sim pró-exportador. Não se recolhe impostos indiretos – icms – aos cofres públicos porque se compete com fornecedores de todo o mundo, mas se taxa a renda direta mediante o imposto de renda sobre o produtor rural.  Caso haja sanha por uma derrama para atender aos cofres dos fiscos estaduais por causa do volume de créditos acumulados com exportações de ICMS, e se se quiser taxar as exportações estaremos voltando para a época do  ciclo do café. Isso seria uma solução, pois se obteria renda dos consumidores internacionais até eles terem outra fonte de suprimento e de preferência, como hoje o café colombiano! Aliás, o correto seria eliminar a figura do acúmulo do ICMS nas exportações para evitar que os nossos concorrentes digam que estamos  a subsidiar os produtores e exportadores domésticos.

Isso não ocorre com tanta facilidade nos produtos da indústria em que a estrutura de produção e taxação é mais longa. De fato, há mais etapas para se processar um bem, e a cada momento histórico se há necessidade de proteger temporariamente certas atividades para gerar aprendizagem, escala e escopo na produção doméstica. Este bem se for produzido no Brasil têm de ter condições de ser ofertado de forma competitiva com taxação indireta ou contribuições de PIS e COFINS para o mercado doméstico, e como isenção dessa taxação quando o produto for direcionado para o mercado internacional. Como isso não foi assegurado à indústria ao longo das últimas décadas se assiste a uma grande desindustrialização, cuja necessidade de reindustrialização e mudança no chão de fábrica hoje se faz mais necessária devido à difusão da internet das coisas e a transição energética. Apesar da não outorga de incentivos corretos ao setor industrial, este conseguiu nos últimos anos resistir e apresentar perdas nas exportações por operarem num regime de comércio com viés contra a industrialização de bens e serviços.

Face ao exposto acima, e apesar das ameaças bilaterais de pressão do Governo Trump 2.0, esse deveria ser um bom momento para iniciarmos a revisão do regime de comércio brasileiro. Nesse sentido, um primeiro diagnostico a ser feito seria estabelecer uma taxionomia do contencioso bilateral com os EUA, dos níveis de proteção nominal e efetiva, e dos regimes aduaneiros e acordos de complementação econômica com os nossos parceiros comerciais, inclusive Mercosul.

Sem dúvida, uma equipe pequena deveria ler os documentos disponíveis na internet e os documentos entregues ao Governo Brasileiro pelos representantes dos nossos parceiros comerciais.  Esta equipe não deveria conter, nem analistas de comércio exterior, nem diplomatas de carreira porque o norte da leitura é identificar as “queixas’ e “alegações” bilaterais e multilaterais de barreiras ao comércio sem posições pré concebidas visto que há necessidade de identificar cada item desse contencioso em relação ao que incide na fronteira do país e ao que incide e distorce as condições de venda do produto importado após a entrada no território nacional.

Ao proceder dessa forma poderemos listar as medidas não tarifárias, fitossanitárias e outras que nossos parceiros alegam que restringem o comércio. Verificaremos que boa parte da queixa é decorrência do jeitinho brasileiro de administrar típico de instituições como IMMETRO, INPI, MAPA, ANVISA, etc. Com uma diretriz política da CAMEX se poderá modernizar as normas infraconstitucionais e limpar o contencioso sem ferir a soberania nacional.

Com relação às tarifas, o Governo brasileiro poderia anunciar um processo de convergência da atual estrutura da tarifa nominal para um nível uniforme próximo e em torno de 15% ou 20% de proteção tarifária. Também se buscaria eliminar os regimes aduaneiros especiais e ex-tarifários não ligados à atividade de exportação. Vale destacar que nesse processo de convergência se negociaria com os parceiros do Mercosul a transformação do bloco numa área de livre comércio  visto que essa já de fato isso, e cada membro poderia estabelecer sua própria tarifa aduaneira, e se manteria os princípios fundadores o Mercosul, desde que houvesse um maior controle das regras de origem intra bloco.

Cabe destacar que o Brasil adotou uma inteligente política comercial estratégica no início do século XXI para atrair novas montadoras a se instalarem no solo brasileiro, em função da inovação de um produto nosso – o motor flex – , e seus bons efeitos sobre o meio ambiente. A jabuticaba brasileira foi reduzir significativamente a estrutura dos tributos indiretos – tipo IPI, ICMS, PIS e Cofins – dos carros montados no Brasil e que eram vendidos aos consumidores nacionais, sem que esse “incentivo” fosse dado ao produto importado. Vale lembrar que o produto nacional inovador era o motor flex, e no carro importado à época não havia esse motor. Reduzir a tributação interna funcionou e novas montadoras vieram para o Brasil, mas violamos o princípio de não discriminação a produto importado após a entrada no território nacional conforme reza o acordo do GATT/OMC.

Hoje, em época de transição energética, podemos lançar títulos verdes do governo brasileiro nos Estados Unidos e usarmos esses recursos para fazer inovações na indústria de transformação de setores hard to abate – como siderúrgicos, e químicos – no Brasil, e, podemos de quebra incentivar a complementação produtiva nessa área entre o Brasil e os EUA fazendo com empresas exportadoras nacionais se internacionalizem e comprem unidades nos EUA. Inclusive, podemos fazer isso sem ferir a legislação internacional mostrando proposito de fazer transição energética associada ás exportações.

Além disso, para melhorar o relacionamento Brasil e EUA, devemos combater o contrabando, e a contrafação de bens que tanto violam os direitos de propriedade intelectual com entram no Brasil por situações de descaminhos. Isso é preciso que se torne uma ação perene e constante do Governo. É obvio que esse problema não se restringe à uma unidade da Federação, pois ocorre em todos os estados da federação, e inclui também armas e drogas. Aliás, ter uma presença e controle mais efetivo nas fronteiras é um desejo de toda a autoridade constituída no país. Dada a extensão geográfica das fronteiras terrestres e marítimas do Brasil impor controle e inspeção sobre a movimentação de bens e serviços que passam pela fronteira – sem ferir as normas e leis internacionais – depende de reconhecer a priori a partir da nossa história de que todos aqueles bens que entram ( ou saem) devem ser inspecionados no território quando este ocorrer por meio de um meio de transporte, de uma forma de acondicionamento da carga (tipo container ou pallet), e numa entrada legal ( tipo porto ou aeroporto). Dado que se tem de elaborar documentos que comprovem a transferência de propriedade do bem de um comprador para um vendedor se pode montar “jogos de inspeção” para estabelecer controles, desde que haja instituição capacitada para essa atividade.

No Brasil, hoje, existem sistemas informatizados em que se pode obter tanto o fluxo físico, fiscal, monetário e cambial da exportação quanto da importação em termos de origem e destino, bem como o fluxo de carga podem ser verificados e checados para efeitos de controle comercial, aduaneiro e cambial. Pode-se inspecionar ou pré-inspecionar preço, volume, valor, tipo, etc na entrada e na saída. Só precisa saber analisar esse Big Data e fazer uma mineração de dados perene. Isso pode ser feito se juntar uma força tarefa da Coana/MF com o Decex/Mdic e COAF-MJ sob um mesmo órgão de Governo, se requerendo apenas mudança legal das funções e atribuições dos respectivos Ministérios.

Do exposto, o anúncio do “liberation day” pelo Presidente Trump é um bom  momento para se ousar na condução das negociações com os Estados Unidos.  A partir do mapa de sugestões aqui proposto, caso estas viessem a ser adotadas de forma imediata permitirá que o Governo  resista às pressões a serem feitas pelo o atual Presidente dos EUA na medida que se terá “novas” propostas nas mãos para se negociar com a equipe de Governo dos EUA.  Surpreender e alterar o conteúdo da agenda de negociação de forma não linear tira Trump e sua equipe da sua zona de conforto, e da sua obsessão momentânea. Kim Jong-un fez isso, e o problema Estados Unidos- Coréia do Norte saiu do noticiário internacional. Por sua vez, Xi Jinping trata e negocia com Trump de forma linear e tradicional, e não há grandes avanços nas negociações China – EUA, e, a guerra comercial se aprofunda cada vez mais. Assim, ser não linear e ser inesperado – usando o método ODDA loop conforme demostrado por Tom Cruise nos filmes TOP GUN 1 e 2 sem ser uma missão impossível –  é a essência da arte de se negociar com Trump!

Mario Cordeiro de Carvalho Junior – Professor da Faf-UERJ

FONTE: Jornal GGN
Sobre a arte de negociar com Trump 2.0, por Mario de Carvalho Jr

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Bolsa brasileira e câmbio caminham para melhor 1º trimestre desde 2022

Maior entrada de dinheiro estrangeiro e percepção de ativos baratos impulsionam mercado local

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro caminham para encerrar o primeiro trimestre deste ano com o melhor desempenho para o período desde 2022, sustentados pela maior entrada de dinheiro estrangeiro e a percepção de que os ativos brasileiros estão com preços bastante descontados.

Analistas ouvidos pela CNN também citam expectativas de alívio nos juros e projeções de alternância no governo como fatores que entusiasmaram os investidores neste início de ano.

O Ibovespa encerrou a última semana com ganho acumulado de 9,6%, devolvendo a maior parte das perdas somadas em 2024, quando recuou 10,3%, mostram dados da Elos Ayta Consultoria.

Na direção oposta, o dólar Ptax — calculado pelo Banco Central (BC) — desvalorizou quase 6,9% entre janeiro e março, a R$ 5,766 na venda.

Maior fluxo internacional

O dinheiro de investidores internacionais na bolsa brasileira é citado como um dos principais pontos para a melhora dos indicativos.

Dados da B3 comprovam esse cenário: entre janeiro e março deste ano, o mercado de ações do Brasil registrou a entrada de R$ 12 bilhões, até a última sexta-feira (28).

No mesmo período do ano passado, o resultado era o oposto, com a saída de quase R$ 23 bilhões.

Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, explica que esse movimento é reflexo da rotação do dinheiro global, principalmente com a saída de capital dos Estados Unidos em meio às incertezas geradas pela política tarifária de Donald Trump.

O temor de recessão na maior economia do mundo ganhou musculatura nas últimas semanas, principalmente após recentes declarações do republicano sobre os efeitos das novas diretrizes tarifárias.

Em complemento ao cenário dos EUA, investidores buscam oportunidades em países emergentes, sobretudo em meio ao impulso fiscal, como no Brasil e na China.

“Combina uma provável recessão americana, que aumentou bem a probabilidade, com todos esses estímulos, tanto fiscais quanto a alta de taxa de juros. Isso acaba fazendo com que esse dinheiro vá para os emergentes e, por exemplo, o Brasil é um destino”, explica.

Ações descontadas

O desempenho nos primeiros meses de 2025 vai na direção oposta ao observado em 2024, sobretudo na parte final do ano, com a bolsa encerrando abaixo dos 120 mil pontos, enquanto o dólar era negociado ao redor da máxima histórica, próximo de R$ 6,20.

Rodrigo Simões, economista e professor da Faculdade do Comércio da Associação Comercial de São Paulo (FAC-SP), aponta para esse período de forte depreciação dos ativos domésticos como uma das bases para a recuperação.

Ele ressalta a atratividade dos ativos da bolsa brasileira, mesmo em meio uma de política monetária mais restritiva, com a Selic se mantendo em dois dígitos desde fevereiro de 2022.

“Apesar de todo esse tempo que nós tivemos de juros altos até hoje aqui no Brasil, tem muitos ativos com bons preços na bolsa de valores”, afirma.

Saadia indica o mesmo caminho, reforçando que o valor medido pelo preço sobre lucro (P/L) estava em patamares historicamente baixos, sustentando o movimento de reajuste visto nos últimos meses.

Juros e eleições no radar

Os economistas também apontam o movimento de antecipação por parte do mercado de uma possível queda dos juros e alternância no comando do país.

Na seara da política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) já sinalizou a desaceleração da alta dos juros a partir do próximo encontro, em maio, após três altas seguidas de um ponto, trazendo a Selic ao patamar de 14,25% ao ano.

Apesar de ainda prever ajustes que levarão a taxa básica ao pico e 15% ainda neste ano, o mercado já antevê a reversão do ciclo de alta a partir de 2026, com os juros recuando ao patamar de 12,5%, segundo dados do Boletim Focus.

Segundo Simões, esse quadro de alívio dos juros é justificado por sinais — mesmo que pequenos — de esfriamento da inflação.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) desacelerou a 0,64% em março, ante salto de 1,23% em fevereiro — o maior patamar para o mês desde 2016.

O mercado também enxerga que o indicador vá perder força ao longo deste ano, encerrando em 5,65% — apesar de ainda estourar o teto da meta perseguida pelo BC —, e continuará a trajetória de queda em 2026.

“Faz com que os investidores não olhem somente para ativos de renda fixa, mas comecem também a olhar para os ativos de renda variável, com um pouco mais de risco”, explica o professor da FAC-SP.

A expectativa de mudanças na condução do país também dá base para a melhora dos ativos, afirma Saadia, da Nomos.

Segundo ele, este movimento é observado desde o início do ano, como declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não garantir que irá concorrer à reeleição em 2026 e que só entrará novamente na corrida se estiver “100% de saúde”.

Além da incerteza sobre a posição do petista no próximo ano, Saadia também aponta para a queda da popularidade de Lula nas pesquisas como fator que mexeu com os ânimos do mercado nos últimos meses.

“Essa popularidade muito baixa faz com que o mercado enxergue a questão fiscal um pouco melhor para pós-2026 com essa alternância de governo, e, obviamente, as pessoas acabam se antecipando a uma provável alta que pode acontecer na bolsa”, explica.

FONTE: CNN Brasil
Bolsa brasileira e câmbio caminham para melhor 1º trimestre desde 2022 | CNN Brasil

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Carne do Brasil, Um Negócio Global e Acelerado de US$ 13 Bilhões

As exportações brasileiras de carne bovina, com valores muito próximos de US$ 13 bilhões em 2024 – foram exatos US$ 12,827 bi –, têm alavancas claras: o país é líder global nessa proteína, tem passado nas últimas décadas por uma transformação tecnológica e inovadora do campo ao prato – e, o mais importante, há uma demanda dos mercados interno e mundial em ascensão.

“Nosso trabalho é garantir que a carne brasileira seja reconhecida mundialmente por sua qualidade e competitividade”, diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Roberto Serroni Perosa, 46 anos, foi escolhido em dezembro para comandar a entidade que reúne 46 grupos exportadores brasileiros, donos de 98% das vendas externas. A Abiec é feita de nomes como JBS, Marfrig, Minerva, Frigol, Plena, Frisa, Prima, Barra Mansa, Argus, entre outras companhias. Para ele, o negócio “é promover a carne brasileira, abrir mercados e garantir que a indústria mantenha seu papel de destaque no comércio global”.

O Brasil conseguiu a abertura de 344 novos mercados, um trabalho colocado como prioritário pelo atual chefe da pasta no Ministério da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, nas apresentação das missões para  os anos de 2025 e 2026. É caso do Japão, um mercado de alto valor agregado. Em maio do ano passado, o país fez uma missão de quatro dias, visando as exportações. A última havia ocorrido em 2019. Na semana passada, uma missão  novamente estava no Japão, incluindo no grupo o presidente Luis Inácio Lula da Silva.

“Sobre a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira, já temos avanços previstos a partir desta viagem”, disse Fávaro.  Além disso, estamos prestes a receber, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o certificado que reconhece todo o território brasileiro como livre de febre aftosa sem vacinação, uma exigência fundamental do Japão. Esse reconhecimento deve ocorrer em maio e, com a visita dos especialistas japoneses, estaremos dando um passo decisivo para a abertura do mercado japonês à carne bovina brasileira.”

Não por acaso, nas duas missões, mas cargos separados, lá estava Perosa. Quando assumiu a Abiec. ele disse que entre as suas tarefas imediatas estava a abertura de três escritórios internacionais em mercados estratégicos como China, EUA e Europa, os primeiros da entidade lá fora e que hoje são os principais clientes do país. Para ele, é um passo estratégico. “Abrir mercados é só o começo; consolidar e manter relações comerciais é o verdadeiro desafio”, afirma.

Experiência não lhe falta. O executivo, por sinal, saiu em outubro d0 ano passado de um dos postos mais estratégicos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) dos dias atuais: a prospecção de novos mercados para produtos brasileiros. Reza em sua cartilha que essa entrada em mercados internacionais requer esforços contínuos, tarefa de parcerias para que os produtos brasileiros entrem na agenda do país conquistando algo perene.

FONTE: Forbes
Carne do Brasil, Um Negócio Global e Acelerado de US$ 13 Bilhões

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ICMS sobre importados on-line sobe em dez estados a partir de amanhã, entenda

Comitê de secretários aprovou alta, mas decisão final depende de cada unidade da federação

As compras de produtos importados em sites de e-commerce, como Shopee, Shein e AliExpress vão pagar mais tributos a partir de amanhã, dia 1º de abril. O Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) cobrado sobre compras internacionais vai subir para 20% em dez estados.

Além disso, já há a chamada “taxa da blusinha”, imposto federal que incide sobre compras internacionais com valor até US$ 50.

Os estados e o Distrito Federal fecharam, no ano passado, um acordo que permitiu subir a alíquota sobre remessas importadas de até US$ 3 mil de 17% para 20%. O objetivo, de acordo com o Comitê Nacional de Secretarias de Estado da Fazenda (Comsefaz), é “garantir a isonomia competitiva entre produtos importados e nacionais, promovendo o consumo de bens produzidos no Brasil”, de acordo com nota divulgada em dezembro.

Com isso, dizem os estados em nota, a ideia é “estimular o fortalecimento do setor produtivo interno e ampliar a geração de empregos, em um contexto de concorrência crescente com plataformas de comércio eletrônico transfronteiriço”.

Isso, porém, não foi automático. Em estados em que o teto do ICMS geral é de menos de 20%, isso dependia de aprovação de um decreto do governador ou de lei local. Dessa forma, dez estados terão alíquotas maiores.

Estados que optaram por elevar o ICMS para 20%:

  • Acre
  • Alagoas
  • Bahia
  • Ceará
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Piauí
  • Rio Grande do Norte
  • Roraima
  • Sergipe

Estados em que a alíquota permanece 17%

  • Amazonas
  • Amapá
  • Distrito Federal
  • Espírito Santo
  • Goiás
  • Maranhão
  • Mato Grosso
  • Mato Grosso do Sul
  • Pará
  • Pernambuco
  • Paraná
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul
  • Roraima
  • Santa Catarina
  • São Paulo
  • Tocantins

Como é hoje?

As importações realizadas a partir do Regime de Tributação Simplificada (RTS) são tributadas pelo ICMS, que atualmente tem alíquota uniforme de 17%, independentemente de a compra ser efetuada em sites certificados pela Receita Federal no Programa Remessa Conforme ou não.

O RTS vale para a importação de encomendas internacionais com valor aduaneiro (soma dos bens + frete + seguro) de até US$ 3.000, destinados a pessoas físicas e jurídicas.

Além do ICMS, as compras internacionais feitas em e-commerces de Remessa Conforme e destinadas a pessoas físicas pagam também o Imposto de Importação (a “taxa da blusinha”), alterado em agosto do ano passado. Para compras em que o valor aduaneiro for de até US$ 50 a alíquota é de 20%. Já quando o valor for maior que US$ 50, a alíquota é de 60%.

Como vai ser?

Em dez estados, o ICMS será majorado para 20% para esse tipo de compra on-line. Assim, consumidores irão pagar o Imposto de Importação — que pode ser de 20% ou 60%, a depender do valor da compra — mais 20% de ICMS.

FONTE: O Globo
ICMS sobre importados on-line sobe em dez estados a partir de amanhã, entenda

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Atividade econômica de SC cresce 1,5% em janeiro

Desempenho supera avanço médio brasileiro, de 0,9% no primeiro mês de 2025, contra dezembro passado

A economia de Santa Catarina cresceu 1,5% em janeiro de 2025 na comparação com dezembro do ano passado, superando a média de crescimento da atividade econômica no Brasil. O país registrou crescimento médio de 0,9% no mesmo período, segundo dados do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) do Banco Central, indicador que é considerado uma prévia do PIB.

Para o economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, a despeito da desaceleração da economia brasileira, Santa Catarina tem uma indústria diversificada, o que possibilita uma maior resiliência. “Com as perspectivas de uma safra melhor do que a do ano passado, os setores que fornecem para o agronegócio têm boas perspectivas. Outros vão sofrer mais com o impacto da restrição ao crédito, motivada pelo movimento de alta da taxa básica de juros”, avalia.

Análise do Observatório FIESC aponta que dentre os grandes setores econômicos, a indústria registrou alta de 1,1% em janeiro, contra o mês anterior. O desempenho foi impulsionado pelo aumento de 16% na fabricação de produtos de madeira, pelo incremento de 12,5% na fabricação de móveis e de 10,5% em produtos de minerais não metálicos – como pisos e revestimentos.

Bittencourt sinalizou que o setor de produtos de madeira possivelmente observou um aumento de pedidos de clientes dos Estados Unidos, antecipando as tarifas prometidas pelo presidente norte-americano.

O comércio ampliado avançou 2,2%, impulsionado pelo incremento de 9,1% na comercialização de outros artigos de uso pessoal e doméstico, pela alta de 4,9% nas vendas de móveis e de 4,2% nas de combustíveis e lubrificantes.

De acordo com o Observatório FIESC, o setor de serviços cresceu 3,4% em janeiro sobre dezembro, impactado pela alta de 6% em outros serviços, de 3,3% nos serviços prestados às famílias e de 1,8% nas atividades turísticas.

Considerando os dados de janeiro de 2024 em comparação com o mesmo mês de 2025, o IBCR catarinense apresentou incremento de 5,8%, contra 3,8% da média brasileira para o período. Entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025, a indústria cresceu 7,7%, o comércio 7,6% e os serviços avançaram 5,9%.

FONTE: FIESC
Atividade econômica de SC cresce 1,5% em janeiro | FIESC

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Superávit da balança comercial brasileira atinge US$ 1,11 bilhão na terceira semana de março

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,11 bilhão na terceira semana de março, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O resultado reflete exportações de US$ 6,43 bilhões e importações de US$ 5,31 bilhões no período.

No acumulado do mês, o saldo positivo chega a US$ 5,88 bilhões. Já no ano, até agora, o superávit totaliza US$ 7,81 bilhões. O desempenho das exportações foi impulsionado principalmente pelos embarques da agropecuária (+28,4%) e da indústria de transformação (+19,2%), enquanto a indústria extrativa registrou queda de 4,2%.

Do lado das importações, houve alta de 12,5%, puxada também pela agropecuária (+38,7%) e pela indústria de transformação (+14,2%). A indústria extrativa apresentou recuo de 20%.

Apesar do saldo positivo, setores específicos da economia acompanham com atenção fatores externos que podem influenciar a balança nos próximos meses. A Associação Brasileira do Alumínio (Abal), por exemplo, demonstrou preocupação com a recente elevação da tarifa sobre o alumínio nos Estados Unidos, que subiu de 10% para 15% a partir de março.

Mesmo representando uma pequena fração das importações norte-americanas, o Brasil tem nos EUA um destino relevante para seus produtos de alumínio, com 16,8% das exportações nacionais do setor em 2024. A medida, segundo a entidade, pode afetar o fluxo de exportações, pressionar preços regionais e criar um ambiente de concorrência menos equilibrado.

FONTE: Bloglogcomex
Superávit da balança comercial brasileira atinge US$ 1,11 bilhão na terceira semana de março

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BTG alerta para aumento de tarifas dos EUA se Brasil mantiver barreiras comerciais ocultas

Restrições não tarifárias aumentam riscos sob o esforço de reciprocidade de Washington

 

Os Estados Unidos podem acabar impondo tarifas acima da média sobre as importações brasileiras se buscarem neutralizar as barreiras comerciais regulatórias do Brasil, alertou o BTG Pactual. A tarifa média ponderada do Brasil sobre produtos dos EUA é de cerca de 5,8%, em comparação com apenas 1,3% cobrada pelos EUA sobre produtos brasileiros, de acordo com o banco. A disparidade é ainda maior quando se trata de barreiras não tarifárias: 86,4% dos produtos que entram no Brasil enfrentam algum tipo de exigência regulatória, em comparação com 77% nos EUA e 72% globalmente. Os dados vêm da World Integrated Trade Solution (WITS), uma plataforma do Banco Mundial que analisa 75 países.

“O protecionismo brasileiro decorre principalmente de barreiras não tarifárias, e não de tarifas reais”, escreveram os economistas do BTG Iana Ferrão e Pedro Oliveira em um relatório. Na América Latina, apenas a Argentina aplica regras comerciais não tarifárias mais rigorosas do que o Brasil.

As barreiras não tarifárias são restrições comerciais que não envolvem impostos diretos sobre mercadorias. Isso inclui cotas de importação, requisitos de licenciamento, regulamentos técnicos, medidas sanitárias e fitossanitárias, procedimentos alfandegários complexos e subsídios.

De acordo com Ferrão e Oliveira, a maioria dos produtos importados no Brasil está sujeita a algum tipo de restrição, como licenciamento prévio, inspeções sanitárias rigorosas ou conformidade com normas técnicas estabelecidas por órgãos como o INMETRO e a ANVISA. “Várias indústrias domésticas são protegidas por regulamentações que tornam a concorrência estrangeira significativamente mais difícil, mesmo quando as tarifas são relativamente baixas”, escreveram.

Essas barreiras representam um “custo oculto” para as empresas que tentam exportar para o Brasil, segundo os economistas. Eles citam estudos que sugerem que as regulamentações sanitárias e fitossanitárias do Brasil são equivalentes a tarifas que variam de 20% a 40%, dependendo do setor.

“Nas últimas décadas, à medida que as tarifas globais diminuíram, o Brasil permaneceu relativamente fechado por meio de barreiras não tarifárias. A pesquisa mostra que, após a liberalização do comércio na década de 1990, a proteção por meio da regulamentação aumentou nos últimos 15 anos”, escreveram eles.

A preocupação, observaram Ferrão e Oliveira, é que o governo dos EUA enfatizou que considerará não apenas tarifas diretas, mas também outros obstáculos comerciais ao decidir sobre medidas retaliatórias. “O próprio presidente Trump solicitou uma investigação sobre barreiras tarifárias e não tarifárias. Não sabemos se isso vai acontecer – há uma grande incerteza em torno das políticas comerciais de Trump – mas como a questão está sob revisão, há um risco real de tarifas mais altas”, disse Ferrão.

Combinando as tarifas do Brasil e as restrições não tarifárias sobre produtos dos EUA, o país surge como um dos mais protecionistas em relação aos produtos americanos, diz o relatório. Isso poderia reforçar a visão de Trump de que o Brasil emprega práticas comerciais desleais que bloqueiam o acesso dos EUA ao seu mercado – potencialmente justificando medidas retaliatórias sob a lógica da “reciprocidade tarifária”.

“Isso também sugere que quaisquer futuras negociações comerciais com os EUA provavelmente exigirão que o Brasil reduza gradualmente algumas de suas barreiras como ferramenta de barganha para limitar o impacto negativo em setores específicos e na balança comercial do país”, acrescentaram os economistas. O Brasil poderia seguir uma abordagem estratégica, dizem eles, oferecendo concessões em áreas menos sensíveis para evitar retaliações em áreas mais críticas.

Caso o Brasil seja forçado a reduzir suas barreiras não tarifárias, a pressão recairá sobre indústrias que dependem fortemente de insumos básicos – como metalurgia – e setores como vestuário, máquinas e semimanufaturados. Os metais (incluindo produtos siderúrgicos e siderúrgicos) respondem por cerca de 21% de todas as barreiras não tarifárias no Brasil, observa o relatório. Em segmentos como motores não elétricos e aeronaves, praticamente todas as importações estão sujeitas a algum tipo de restrição ou exigência.

Se os EUA impusessem uma tarifa média de 5,8% – equivalente ao que o Brasil cobra dos produtos americanos – muitos produtos brasileiros atualmente isentos ou com tarifas mínimas enfrentariam o que o BTG classifica como uma barreira tarifária “moderada” no mercado americano. Nesse cenário, o BTG estima que as exportações brasileiras para os EUA podem cair US$ 2 bilhões em 2025 e US$ 3 bilhões em 2026, em comparação com a previsão atual do banco, que já considera a tarifa de importação de aço dos EUA de 25%.

Se, no entanto, os EUA aumentassem as tarifas médias para 25% – para refletir o impacto das barreiras não tarifárias do Brasil – muitas exportações brasileiras que atualmente são competitivas se tornariam comercialmente inviáveis no mercado dos EUA, a menos que os exportadores reduzissem significativamente seus preços, alertaram Ferrão e Oliveira.

O conceito de “equivalente tarifário” procura quantificar o quão alta uma tarifa precisaria ser para produzir o mesmo efeito de redução do comércio que uma barreira não tarifária. Embora 25% represente o “pior cenário”, observaram os economistas, estudos sugerem que o equivalente tarifário médio dos EUA para barreiras não tarifárias varia de 10% a 15%. Isso implicaria que, sob um princípio de reciprocidade, qualquer tarifa equivalente dos EUA no Brasil provavelmente seria inferior a 25%.

Ainda assim, os economistas dizem que o objetivo da simulação é modelar um cenário de retaliação mais severo – um em linha com as tarifas que os EUA impuseram no passado a parceiros como México e Canadá. Nesse cenário, o superávit comercial do Brasil pode encolher R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 13 bilhões em 2026, estimam.

“O impacto direto das tarifas dos EUA na balança comercial geral e na atividade econômica do Brasil tende a ser limitado, uma vez que o Brasil é uma economia relativamente fechada”, disse Ferrão. “No entanto, os efeitos específicos do setor podem ser significativos, já que várias indústrias dependem fortemente do mercado dos EUA. O alto nível de barreiras não tarifárias do país pode exigir negociação.

FONTE: Valor Internacional
BTG alerta para aumento de tarifas nos EUA se o Brasil mantiver barreiras comerciais ocultas | Relações Exteriores | valorinternational

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