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Com terminal em Santos, Cofco amplia capacidade de exportação no Brasil

Trading chinesa vai inaugurar em março seu maior terminal portuário agrícola fora da China; investimento total na operação chega a US$ 285 milhões

A chinesa Cofco International, uma das maiores tradings do mundo, vai inaugurar, em março, a primeira fase de seu terminal de exportação no porto de Santos. Com um investimento total de US$ 285 milhões, o terminal agrícola STS-11 promete acabar com um dos problemas da empresa desde que chegou ao Brasil, em 2014: não ter uma saída própria para os produtos originados do país.

Segundo Sérgio Ferreira, diretor de operações da companhia no Brasil, o uso de terminais de terceiros mantinha os custos da empresa entre 10% e 15% superiores aos dos seus concorrentes. “Quando saiu o edital da licitação, em 2021, percebemos que seria uma oportunidade incrível porque, além de exportar grãos, a permissão era para qualquer commodity agrícola”, disse o executivo ao Valor.

A expectativa é que, em 2025, a Cofco use sozinha o terminal e movimente 8 milhões de toneladas entre grãos, açúcar e farelo de soja. A partir de 2026, com a obra totalmente concluída e com a prestação de serviços para terceiros, a movimentação deve chegar a 14,5 milhões de toneladas. Atualmente, a empresa exporta cerca de 4,5 milhões de toneladas pelo porto de Santos.

A locação de espaço para outras empresas mudará o modus operandi da companhia no país. Até hoje, a Cofco era contratante de serviços “take or pay”, e agora passará a oferecê-los. Nesse modelo, o exportador é obrigado a pagar uma taxa mensal de uso do terminal, mesmo que não embarque todo o volume estabelecido no contrato. “Se a safra quebra, por exemplo, ainda temos que pagar o valor acordado. Além disso, o dono do terminal sempre tem prioridade no carregamento dos navios”, afirmou Ferreira.

A Cofco pretende exportar pelo porto de Santos entre 70% e 80% dos produtos que origina no país para exportação. O restante continuará a sair pelo Arco Norte, por meio dos terminais com a Hidrovias do Brasil, em que os contratos de “take or pay” estão mantidos.

Na primeira fase de obra do STS-11, na marginal direita do porto paulista, foram demolidas as instalações antigas da Bracell, Rishis, Rodrimar e Cereal Sul. Já na fase dois, será realizada a demolição de outras estruturas e das conexões de seus equipamentos com os da fase um.

A área do terminal foi arrematada pela Cofco International por R$ 10 milhões, em março de 2022, com direito à concessão por 25 anos e possibilidade de sucessivas prorrogações até o limite máximo de 70 anos.

Os investimentos contemplam obras em dois berços de atracação, incluindo reforço de cais, dragagem de aprofundamento e aquisição de dois shiploaders (carregadores de navios) com capacidade de 3 mil toneladas por hora cada. “Seremos o único terminal com dois shiploaders e, se o clima ajudar, poderemos encher dois navios Panamax por dia”, disse o executivo.

O pátio de descarregamento será composto por quatro linhas ferroviárias, com alimentação de três moegas (local onde são armazenados os grãos) com capacidade de 1,5 mil tonelada por hora. A previsão é receber três composições de até 120 vagões. Além disso, o terminal receberá cargas por caminhões.

Atualmente, a companhia envia a Santos 70% de sua originação de produtos por caminhão, e o restante vai por trem. Agora, a equação deverá se reverter. Os grãos devem chegar pela ferrovia da Rumo que liga Rondonópolis (MT) a Santos, e o açúcar deve usar o terminal rodoferroviário da Cofco em Votuporanga (SP). Os caminhões serão responsáveis pelo escoamento de produtos vindos de Minas Gerais, parte de São Paulo e Goiás.

“Anualmente, serão carregados mais de 200 navios, descarregados mais de 110 mil caminhões e mais de 85 mil vagões por ano”, afirmou o executivo.

Entre os diferenciais da construção, Ferreira destacou que 100% dos transportadores serão enclausurados (completamente fechados), o que é mais sustentável e reduz perdas. Além disso, o fluxo de caminhões e vagões será automatizado.

O STS-11 será o maior terminal portuário da Cofco fora da China. Até então, o campeão estava na Argentina, na região da Grande Rosário, com capacidade de 6 milhões de toneladas anuais. Há ainda outro com capacidade de carregar 5 milhões de toneladas ao ano também na Argentina. Além disso, a Cofco tem um grande terminal na Romênia com capacidade de 5 milhões de toneladas. Os terminais da China são todos para importação.

A Cofco International é o braço de comércio exterior da estatal chinesa Cofco Corporation e atua em mais de 50 países. Em 2023, a trading chinesa faturou US$ 50,1 bilhões ao comercializar 121,7 milhões de toneladas de commodities e alimentos.

FONTE: GLOBO RURAL
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